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Guia de Estudo – Preparar os Testes – Filosofia 10.

º ano | Capítulo Extra de Lógica

CAPÍTULO EXTRA – LÓGICA PROPOSICIONAL E LÓGICA INFORMAL


Abordagem introdutória à Filosofia e ao filosofar

De acordo com as APRENDIZAGENS ESSENCIAIS para o 10.º ano

Introdução

Lê atentamente o seguinte texto:

Considerem-se as seguintes inferências:

1. Se o ladrão tivesse entrado pela janela da cozinha, haveria pegadas lá fora;


mas não há pegadas lá fora; logo o ladrão não entrou pela janela da cozinha.
2. O João tem os dedos manchados de nicotina; logo o João é um fumador.
(...) A primeira inferência é muito clara. Se as premissas forem verdadeiras,
também a conclusão o terá de ser. Ou, para colocar as coisas de outra forma, as
premissas não podem ser verdadeiras sem que a conclusão também o seja. Os
lógicos chamam às inferências deste tipo dedutivamente válidas.
A inferência número dois é um pouco diferente. A premissa fornece claramente
uma boa razão a favor da conclusão, mas não é completamente conclusiva.
Afinal de contas, o João podia simplesmente ter manchado as mãos para fazer as
pessoas achar que ele era fumador. Logo, a inferência não é dedutivamente
válida. É costume dizer-se que as inferências deste tipo são indutivamente
válidas.
Graham Priest (2002), Lógica: para começar, Lisboa, Temas e Debates

O texto que acabaste de ler refere-se a uma distinção fundamental que se faz
no domínio da lógica, entre os argumentos dedutivos e os não-dedutivos.
Desta distinção resulta uma outra, uma vez que existe uma área da lógica que
trata somente do primeiro tipo de argumentos: a lógica formal, que se
distingue da lógica informal.

Começamos pela lógica formal, de acordo com a qual ao argumentar, desde


que se cumpram todas as regras nela estabelecidas, se é obrigado, “sem apelo
nem agravo”, a aceitar a conclusão de um argumento. Na lógica formal, tal
como a sua designação indica, a forma dos argumentos determina a sua
validade, sendo o conteúdo dos mesmos irrelevante para a aceitação de uma
conclusão. É o que acontece com o primeiro exemplo dado no texto, referente
às inferências dedutivamente válidas. Se mantivermos a mesma forma mas
apresentarmos qualquer outro conteúdo o argumento continuará a ser válido.

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Inversamente, na lógica informal o conteúdo dos argumentos já conta para a


sua avaliação. A verdade das premissas não determina a verdade da conclusão
num argumento válido, como acontecia na lógica formal, mas apenas a
probabilidade dessa conclusão ser verdadeira. Apesar disso, como o texto
refere, nem sempre temos de ter argumentos dedutivamente válidos para
termos bons argumentos. Por outras palavras, há razões que, não sendo
completamente conclusivas, são ainda assim boas razões. Veremos adiante
como.

Ao longo deste caderno analisaremos vários tipos de inferência válidos e as


respetivas falácias formais e informais. Começamos pela lógica formal, que é
aquela que compreende a primeira inferência do texto citado.

1. Formas de inferência válida – lógica


proposicional

Uma inferência equivale a um raciocínio ou argumento. Efetuar uma inferência


é extrair uma proposição a partir de outra(s). Nada nos garante que, sem uma
cuidada construção da inferência, se chegue validamente a uma conclusão. Daí
que haja regras para avaliar argumentos. Veremos agora quais são.

A nossa abordagem centrar-se-á na lógica proposicional (clássica), também


conhecida como cálculo proposicional.

1.1. Conectivas proposicionais


Comecemos por distinguir as proposições simples das proposições complexas.
As primeiras são proposições que não contêm nenhuma das cinco conectivas
que analisaremos em seguida. “Descartes é filósofo” é um exemplo de uma
proposição simples. “Descartes é filósofo e matemático” é uma proposição
complexa, uma vez que, em rigor, é constituída por duas proposições,
“Descartes é filósofo” e “Descartes é matemático”, ligadas por uma conectiva:
a conectiva proposicional “e”. Só a negação, como veremos, não liga duas
proposições, e, precisamente por isso, ao contrário das restantes conectivas,
que são binárias, é unária.

Há cinco conectivas, representadas pelos seguintes símbolos:

1. Conjunção [“e”] = ⋀;
2. Disjunção (inclusiva) [“ou”] = V; e disjunção exclusiva [“ou… ou”] = ⩒;
3. Condicional [“se…, então”] = →;
4. Bicondicional [“se e só se”] = ↔;
5. Negação [“não”] = ¬.

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Cada proposição pode representar-se com as letras P, Q, R, etc., às quais se dá


o nome de variáveis proposicionais. Podemos agora resumir esta informação
no quadro que se segue, adotando como exemplos de proposições simples as
seguintes: “Descartes é filósofo” = P, e “Descartes é matemático” = Q.

Operação lógica Proposição Formalização


Negação Descartes não é filósofo. ¬P
Conjunção Descartes é filósofo e P⋀Q
matemático.
Disjunção (inclusiva) Descartes é filósofo ou PVQ
matemático.
Disjunção exclusiva Ou Descartes é filósofo ou P⩒Q
matemático.
Condicional Se Descartes é filósofo, P→Q
então é matemático.
Bicondicional Descartes é filósofo se e P↔Q
só se for matemático.

1.2. Operações lógicas


Comecemos pelas seguintes conectivas: a conjunção e a disjunção. Analisemos,
em primeiro lugar, a conjunção, tomando como exemplo o seguinte dicionário:

P = John Rawls é um filósofo.

Q = Stephen Hawking é um físico.

CONJUNÇÃO Partindo destas proposições simples podemos construir a conjunção “John


Rawls é um filósofo e Stephen Hawking é um físico”, que se formaliza nos
seguintes termos: P ⋀ Q. Para sabermos se esta conjunção é verdadeira, temos
de saber quais os valores de verdade de P e de Q. Se P for falsa e Q também, P
⋀ Q é falsa. Se P for falsa, mas Q for verdadeira, P ⋀ Q continua a ser falsa. Se P
afinal for verdadeira, e Q for falsa, P ⋀ Q ainda é falsa. P ⋀ Q só é verdadeira se
P for verdadeira e Q também. Aplica-se a este caso a seguinte regra: a
conjunção só é verdadeira se as suas conjuntas forem ambas verdadeiras.

Vamos recorrer agora a uma tabela de verdade para aí vermos aquelas


combinações. Na coluna à esquerda, “V” significa verdadeira e “F” falsa, e aí
são efetuadas todas as combinações possíveis entre os valores de verdade das
conjuntas.

P Q P⋀Q
V V V
V F F
F V F
F F F

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DISJUNÇÃO Vejamos agora a disjunção (inclusiva). Podemos desde já apresentar a


respetiva regra: uma disjunção só é falsa se as suas disjuntas forem ambas
falsas. Recorrendo à sua tabela de verdade:

P Q PVQ
V V V
V F V
F V V
F F F

P V Q formaliza uma disjunção (inclusiva).

Existe, no entanto, um outro tipo de disjunção, a disjunção exclusiva: P ⩒ Q.


Esta disjunção só é verdadeira quando P e Q possuem valores de verdade
distintos (P é verdadeira e Q é falsa, ou vice-versa), pelo que sempre que P e Q
tiverem o mesmo valor de verdade (as disjuntas serem ambas falsas ou serem
ambas verdadeiras), ela será falsa.

Neste caso, recorrendo-se à respetiva tabela de verdade:

P Q P⩒Q
V V F
V F V
F V V
F F F

NEGAÇÃO Observemos agora a negação. Sendo um operador proposicional unário, opera


apenas sobre uma proposição e não duas. Assim, partindo, por exemplo, da
proposição “Camões escreveu Os Lusíadas” (P), teremos como negação
A dupla negação (ou “Camões não escreveu Os Lusíadas”, e a respetiva fórmula será ¬ P. E neste
negação de negação),
que se pode caso, como facilmente se depreende, se for verdade que “Camões escreveu Os
representar por ¬ ¬ P,
corresponde a uma
Lusíadas”, será falsa a afirmação de que “Camões não escreveu Os Lusíadas”.
afirmação. Inversamente, se for falsa a afirmação de que “Camões escreveu Os Lusíadas”,
então será verdade que “Camões não escreveu Os Lusíadas”.

P ¬P
V F
F V

Do que se extrai a seguinte regra: se P é verdadeira, ¬ P é falsa; se P é falsa, ¬


P é verdadeira.

CONDICIONAL Por último, temos as proposições condicionais e as bicondicionais. As


proposições condicionais têm uma (proposição) antecedente e uma
(proposição) consequente, e sobre elas há a registar esta regra: P → Q só é
falsa se P é verdadeira e Q é falsa, do que se segue que será verdadeira em
todas as outras circunstâncias. Observando a respetiva tabela de verdade:

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P Q P→Q
V V V
V F F
F V V
F F V

BICONDICIONAL Para as proposições bicondicionais, a que também se dá o nome de


equivalências, a regra é que uma bicondicional só é verdadeira se ambas as
proposições tiverem o mesmo valor de verdade, pelo que, se em P ↔ Q, P for
verdadeira e Q falsa, ou vice-versa, a proposição será falsa. Assim:

P Q P↔Q
V V V
V F F
F V F
F F V

1.3. Âmbito das conectivas


Se tivermos bem presentes as regras que fomos referindo para cada uma das
conectivas, haverá muitas situações em que não é necessário fazermos tabelas
de verdade para determinar as condições em que uma dada proposição é
verdadeira ou falsa. Há, no entanto, proposições que são bastante mais
complexas do que as que foram apresentadas, e nesses casos o recurso às
tabelas de verdade é importante.

Determinar o âmbito de uma conectiva é, para tal efeito, uma tarefa crucial. O
âmbito de uma conectiva é a parte da respetiva fórmula a que ela se aplica. A
conectiva principal será a que tiver maior âmbito.

Comecemos pela seguinte fórmula: P V ¬ Q.

Neste caso, temos duas conectivas: uma negação, ¬ Q, e uma disjunção, P V ¬Q.
A conectiva principal é a disjunção porque abrange toda a fórmula, ao
contrário da negação que se aplica apenas a uma parte. Vejamos agora uma
outra fórmula, um pouco mais complexa: ¬ P → ¬ Q. Agora temos duas
negações e uma condicional. A condicional é a conectiva principal, sendo que
cada uma das negações tem igual âmbito, que é menor que o da condicional.

Saber formular uma proposição complexa é uma tarefa fundamental para


evitar casos em que não se consiga determinar qual das conectivas tem maior
âmbito. A fórmula P → Q V R, por exemplo, está incorretamente formulada,
uma vez que nela não se consegue determinar qual é a conectiva principal.
Para a formular corretamente, temos de recorrer a parêntesis. Assim, uma das
formulações corretas possíveis seria P → (Q V R). E neste caso, a conectiva
principal é a condicional.

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1.4. Tabelas de verdade


A construção de tabelas de verdade para fórmulas com mais de uma conectiva
obedece a algumas regras, que vamos agora precisar. Os valores de verdade de
cada conectiva devem ser calculados ordenadamente, começando pela
conectiva com menor âmbito. A conectiva principal é a última a ser calculada.
Vamos construir uma tabela de verdade para a fórmula (P V Q) → R.

P Q R (P V Q) → R
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F

A primeira diferença face às tabelas que vimos anteriormente é, na coluna da


esquerda, o acréscimo de combinações possíveis. A negação tinha só uma
proposição (P), pelo que só havia 2 valores de verdade possíveis a considerar.
As restantes conectivas, como já ligavam duas proposições (P e Q), implicavam
4 combinações. Ora, nesta fórmula temos três proposições (P, Q e R), a que se
aplicam, portanto, 8 combinações possíveis. Cada nova proposição introduzida
(e simbolizada por uma nova letra) duplica o número de combinações
possíveis.

Passemos agora ao cálculo das várias conectivas. Começamos pela disjunção, (P


V Q), que é o conector de menor âmbito. E assim teremos:

P Q R (P V Q) → R
V V V V
V V F V
V F V V
V F F V
F V V V
F V F V
F F V F
F F F F

E seguidamente calculamos a condicional, que é a conectiva principal. Para o


fazer partimos dos valores de verdade obtidos no cálculo da disjunção, que

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correspondem à antecedente da proposição complexa, e consideramos R a


proposição consequente. Assim:

P Q R (P V Q) → R
V V V V V
V V F V F
V F V V V
V F F V F
F V V V V
F V F V F
F F V F V
F F F F V

1.5. Inspetor de circunstâncias


O inspetor de circunstâncias é um método usado para, através de tabelas de
verdade, testar a validade de argumentos. Já sabemos que num argumento
dedutivo válido é impossível que as premissas sejam verdadeiras e a
conclusão falsa conjuntamente. Assim, depois de construirmos uma tabela que
nos indicará os valores de verdade das premissas e da conclusão, restar-nos-á
verificar se existe alguma circunstância (ou “linha”) em que todas as premissas
sejam verdadeiras e a conclusão falsa. Caso isso se verifique, o argumento será
inválido.

Vejamos um exemplo:

O símbolo “∴“ lê-se P→Q


“logo”. Corresponde a
um indicador de
P
conclusão. ∴Q

A tabela deste argumento será a seguinte:

P Q P→Q P ∴Q
V V V V V
V F F V F
F V V F V
F F V F F

Da análise desta tabela depreende-se que o argumento é válido, uma vez que
na única circunstância (representada na primeira linha) em que todas as
premissas são verdadeiras, a conclusão também é verdadeira.

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1.6. Formas de inferência válida


Vamos ver agora algumas das formas de inferência válida mais comuns: modus
ponens, modus tollens, silogismo hipotético, Leis de De Morgan, contraposição
e silogismo disjuntivo.

Modus ponens
Começamos pelo modus ponens e pelo modus tollens.
e modus tollens
Modus ponens Modus tollens
P→Q P→Q
P ¬Q
∴Q ∴¬ P

Um exemplo de modus ponens pode ser o seguinte: Se tenho carta de


condução, então posso conduzir. Tenho carta de condução. Logo, posso
conduzir.

Para exemplificar um argumento modus tollens, pode referir-se: Se já tiver 18


anos de idade, então posso votar. Não posso votar. Logo, não tenho 18 anos de
idade.

Contraposição A contraposição pode ser expressa de dois modos:

Contraposição
P→Q ¬Q→¬P
ou
∴¬ Q → ¬ P ∴P → Q

Para exemplificar a primeira forma lógica: Se tenho um cão, então sou feliz.
Logo, se não sou feliz, então não tenho um cão.

E como exemplo da segunda forma: Se não sou feliz, então não tenho um cão.
Logo, se tenho um cão, então sou feliz.

Silogismo disjuntivo No que se refere ao silogismo disjuntivo, podemos formulá-lo nos seguintes
termos:

Silogismo disjuntivo
PVQ PVQ
¬P ou ¬Q
∴Q ∴P

Para exemplificar a forma silogística à esquerda, pode dizer-se: Vou à piscina


ou vou à praia. Não vou à piscina. Logo, vou à praia.

E à direita: Vou à piscina ou vou à praia. Não vou à praia. Logo, vou à piscina.

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Silogismo hipotético O silogismo hipotético pode ser expresso desta forma:

Silogismo hipotético
P→Q
Q→R
∴P → R

Um exemplo desta forma de silogismo é: Se ingerir um antibiótico, então fico


curado. Se fico curado, então já posso praticar desporto. Logo, se ingerir um
antibiótico, então já posso praticar desporto.

Leis de De Morgan Observemos agora as Leis de De Morgan.

Para a negação da conjunção:

Negação da conjunção
¬ (P ⋀ Q) ¬PV¬Q
ou
∴¬ P V ¬ Q ∴¬ (P ⋀ Q)

Vejamos um primeiro exemplo: Não é verdade que estou acordado toda a


noite e que consigo estudar. Logo, não estou acordado toda a noite ou não
consigo estudar. E um segundo exemplo: Não estou acordado toda a noite ou
não consigo estudar. Logo, não é verdade que estou acordado toda a noite e
que consigo estudar.

Para a negação da disjunção:

Negação da disjunção
¬ (P V Q) ¬P⋀¬Q
ou
∴¬ P ⋀ ¬ Q ∴¬ (P V Q)

Observemos um primeiro exemplo: Não é verdade que tenho um cão ou um


gato. Logo, não tenho um cão e não tenho um gato. Um segundo exemplo: Não
tenho um cão e não tenho um gato. Logo, não é verdade que tenho um cão ou
um gato.

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2. Principais falácias formais

Concluiremos esta secção de lógica formal apresentando duas formas de


inferência inválidas, duas falácias formais. As falácias são formas
argumentativas que parecem válidas, mas que não são. As duas falácias
seguintes, têm formas semelhantes ao modus ponens e ao modus tollens,
respetivamente, mas são formas de inferência inválidas.

Afirmação do consequente Negação do antecedente


P→Q P→Q
Q ¬P
∴P ∴¬ Q

Como exemplo da primeira falácia temos: Se estou em Viana do Castelo, então


estou no Minho. Estou no Minho. Logo, estou em Viana do Castelo.

E a exemplificar a negação do antecedente: Se estou em Viana do Castelo,


então estou no Minho. Não estou em Viana do Castelo. Logo, não estou no
Minho.

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3. O discurso argumentativo e principais tipos de


argumentos e falácias informais

Entramos agora no domínio da lógica informal que é a que enquadra o que no


início deste capítulo se disse a respeito das inferências indutivamente válidas.
Apresentamos seguidamente os principais tipos de argumentos não dedutivos
e especificamos alguns dos critérios ou “regras” que nos permitem testar a sua
validade. Ao contrário dos argumentos dedutivos, a validade dos argumentos
não dedutivos não depende da sua forma lógica.

Tipo de argumento Em que consiste Exemplificação

Cada um dos
Argumento em que flamingos que vimos
se infere uma até agora tem uma
Generalização conclusão geral a cor rosada.
partir de casos Logo, todos os
particulares já flamingos têm uma
observados. cor rosada.
Argumento

indutivo Cada um dos


flamingos que vimos
Argumento em que
até agora tem uma
se infere algo em
Previsão cor rosada.
relação ao futuro a
Logo, o próximo
partir do que já se
flamingo que virmos
conhece.
terá uma cor rosada.

O argumento é válido se parte de casos


Alguns critérios para avaliar: particulares representativos e se não
existem contraexemplos.

Argumento
baseado numa A Sofia está com
comparação, em vómitos, náuseas,
que a partir de dores abdominais e
semelhanças ou diarreia. Quando os
Argumento por analogia relações entre irmãos estiveram
duas realidades, se assim, estavam com
inferem novas uma gastroenterite.
semelhanças ou Logo, a Sofia está com
relações. uma gastroenterite.

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O argumento é válido se as semelhanças são


Alguns critérios para avaliar: relevantes e se não existem diferenças
significativas.

Argumento cuja
conclusão se Os climatologistas
sustenta no afirmam que o
Argumento de autoridade parecer de alguém aquecimento global é
que é especialista real. Logo, o
no assunto em aquecimento global é
discussão. real.

O argumento é válido se o alegado


especialista é efetivamente especializado no
assunto em discussão, se não tem interesses
Alguns critérios para avaliar:
pessoais no tema que se está a discutir e se
há consenso entre os especialistas.

Tal como no domínio da lógica formal, também na lógica informal podemos


apresentar várias falácias ou erros de raciocínio recorrentes. Tal como ali,
também neste caso estaremos perante argumentos que parecem válidos, mas
que de facto não são. Mas aqui, nestes casos, o erro não se encontra na forma
lógica dos argumentos. Eis os principais tipos de falácias informais:

Tipos de falácia Em que consiste Exemplificação

As duas únicas vezes que


comi em restaurantes
franceses, comi muito
mal. Logo, a cozinha
Ocorre sempre que se francesa é péssima.
generaliza a partir de Não é porque
Generalização exemplos pouco relevantes conhecemos um ou outro
precipitada e/ou fazendo de conta que indivíduo rico que até é
não existem altruísta, que os ricos não
contraexemplos. são todos uns egoístas
incorrigíveis. É o egoísmo
que os caracteriza a
todos, não o altruísmo.

Perguntámos a dez
Consiste em extrair uma pessoas, à saída das
Amostra não conclusão a partir de uma urnas, se tinham ou não
representativa amostra que não representa votado a favor do Brexit.
adequadamente o universo Nove disseram-nos que
em causa. não. Logo, os ingleses não
vão querer o Brexit.

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O morcego, tal como as


aves, voa. Logo, é ave.
Acontece sempre que se
extrai uma conclusão que se
Tal como para se ter
Falsa analogia baseia em semelhanças
destreza física é preciso
irrelevantes e/ou
mexer o corpo, para se ter
desconsidera diferenças
agilidade mental é preciso
essenciais.
mexer a cabeça.

O teu cardiologista, que é


um dos melhores
cardiologistas a nível
Consiste em subscrever a nacional, disse que não
opinião de alguém por tens nenhum problema
somente ser quem é, nos pulmões. Logo, não
ignorando se é tens razão para te
Apelo ilegítimo à efetivamente especialista preocupares mais com
autoridade naquilo que diz, se tem essa dor nos pulmões.
interesses pessoais no tema
em discussão e/ou se há Falei com um político que
consenso entre os é um convicto defensor da
especialistas. regionalização. Logo, a
regionalização deve ser
implementada.

Também chamada de falácia


da circularidade, pressupõe Sabemos que Jesus é filho
Petição de princípio nas premissas o que se de Deus, porque ele
pretende ver provado na próprio o disse, e o filho
conclusão. de Deus não mente.

Reduz-se as opções a duas,


quando na realidade
Falso dilema Ou és meu amigo, ou és
existe(m) outra(s)
meu inimigo.
possibilidade(s).

Ocorre quando se toma


Sempre que estudo, tiro
como causa de algo aquilo
más notas. Logo, o estudo
que é apenas um
Falsa relação causal é a razão de tirar más
antecedente ou uma
notas.
qualquer circunstância
acidental.

Ataca-se a pessoa, a sua


Se essa pessoa tem
personalidade e o que já fez
Ad hominem cadastro, de nada vale a
ou deixou de fazer, não se
sua opinião a respeito do
discutindo o que está
sistema judicial.
efetivamente em discussão.

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Este tipo de argumento


consiste num apelo à
opinião da maioria, ao
sentimento popular ou
àquilo em que as pessoas Se este produto é líder de
Ad populum habitualmente acreditam, vendas, é porque é
para que haja adesão à tese realmente o melhor.
que estamos a defender.
Esta falácia é muito comum
na publicidade e no discurso
político.

Ocorre sempre que se leva


alguém a aceitar o contrário
do que não se consegue
provar. Por outras palavras, Como ninguém conseguiu
Apelo à ignorância presume-se que uma provar que Deus existe,
afirmação é falsa só porque então Deus não existe.
não se provou ser
verdadeira, e vice-versa.

Os ambientalistas, com a
sua rejeição de tudo
Consiste em usar uma
quanto é nova barragem
Boneco de palha caricatura do ponto de vista
ou autoestrada, querem
do adversário para com
levar-nos a viver
maior facilidade o refutar.
novamente da caça e da
recoleção.

Se aceitarmos agora a
despenalização do aborto
nas primeiras semanas de
Também conhecida como
vida, depois será
“falácia da bola de neve”, a
impossível travar este
derrapagem consiste em
precedente, que
Derrapagem mostrar que uma certa
inevitavelmente levará a
proposição é inaceitável
que se possa abortar em
porque a sua aceitação
qualquer altura de
implica uma série de outras
gestação da criança,
implicações inaceitáveis.
sobretudo nas últimas
semanas.

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Exercícios Orientados

PARTE 1

1.
1. Classifica cada uma das seguintes afirmações de acordo com a sua
Faz uma revisão geral
de todos os tópicos da veracidade (V) ou falsidade (F).
lógica formal antes de
responderes a esta
questão. Afirmações V F

1. “Claude Bernard é médico e filósofo” é uma proposição simples.


2. Uma disjunção (inclusiva) só é verdadeira se as suas disjuntas forem ambas
verdadeiras.
3. Uma bicondicional só é verdadeira se ambas as proposições tiverem o mesmo
valor de verdade.
4. A fórmula (P → ¬ Q) → (¬ R ⋀ S) tem como conectiva principal a disjunção.
5. Uma proposição condicional é formalizada com o símbolo →.
6. Uma dupla negação corresponde a uma afirmação.
7. P V Q → R é uma proposição corretamente formulada.
8. O modus ponens é uma forma de inferência válida.

2. 2. Estabelece correspondências entre a coluna A e a coluna B, preenchendo


Repara que esta questão
tem somente por objeto os espaços da coluna A com o número adequado da coluna B.
formas de inferência
válidas. Coluna A Coluna B

_____ a) Compro um telemóvel ou compro umas


sapatilhas. Não compro umas sapatilhas. Compro
um telemóvel. 1. Negação da conjunção.

_____ b) Não é verdade que estou na aula e a


faltar à aula. Logo, não estou na aula ou não estou 2. Silogismo hipotético.
a faltar à aula.

_____ c) Se for sempre aos treinos, tornar-me-ei o 3. Silogismo disjuntivo.


melhor atleta que conseguir ser. Se me tornar o
melhor atleta que conseguir, mais tarde ou mais
cedo o treinador vai olhar para mim e pôr-me a 4. Contraposição.
jogar. Logo, se for sempre aos treinos, mais tarde
ou mais cedo o treinador vai olhar para mim e pôr-
me a jogar.

_____ d) Se namoro com alguém obsessivo, sou


controlado(a) a toda a hora, equivale a se não sou
controlado(a) a toda a hora, não namoro com
alguém obsessivo.

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Revê__________ 3. Avalia a validade e identifica a forma de inferência de cada um dos


Glossário de
verbos argumentos seguintes:
Página 8
(Guia de Estudo) a) Se a Lassie é um cão, então é um mamífero. A Lassie é um mamífero. Logo, é um cão.
b) Se os Depeche Mode são uma banda synth-pop, então têm na eletrónica a essência do seu som.
Os Depeche Mode não têm na eletrónica a essência do seu som. Logo, não são uma banda synth-
pop.
c) Se o despertador tocasse, então eu chegaria pontualmente às aulas. Mas o despertador não toca.
Logo, eu não chego pontualmente às aulas.
d) Avisei-te que, se me ligasses em agosto, estaria de férias. Ligaste-me em agosto. Logo, estava de
férias.

______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________

4. 4. Formaliza cada uma das seguintes proposições:


O objetivo é reduzir à
respetiva forma lógica
a) Os ornitorrincos são mamíferos e ovíparos. ____________________
o que cada uma das
proposições exprime b) Ou jogo ou sou substituído. ____________________
em linguagem natural. c) Os seres humanos não são naturalmente egoístas.__________________
d) Uma extensão de terra é uma península se e somente se é cercada de água por todos os lados
menos por um. ____________________

5. 5. Testa a validade de cada um dos seguintes argumentos recorrendo ao


Antes de efetuares
este exercício, começa inspetor de circunstâncias.
por rever as regras a
que as conectivas 5.1. P → Q, ¬ P → ¬ Q, ¬ P ∴ ¬ Q
obedecem, e certifica-
te de que sabes como
é que o inspetor de
circunstâncias deteta a
(in)validade de um
argumento.

______________________________________________________________

5.2. Q → P, P → (R ⋀ Q), R ∴ P

______________________________________________________________

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PARTE 2

1.1. 1.1. Estabelece correspondências entre a coluna A e a coluna B,


Não atendas, neste
exercício, à validade preenchendo os espaços da coluna A com o número adequado da coluna B.
ou invalidade de cada
argumento exposto.
Importa somente a sua Coluna A Coluna B
identificação.

_____ a) A cada 18 meses acontece um


eclipse solar. Tendo agora ocorrido um,
18 meses depois ocorrerá outro.

_____ b) Se um agente imobiliário diz


que o aquecimento global não é um
problema urgente, há que ignorar por 1. Argumento de autoridade
agora essa questão.
2. Previsão
_____ c) As baleias, tal como os peixes,
vivem na água. Logo, são peixes. 3. Generalização

_____ d) Nenhum dos gatos que até


4. Analogia
hoje se conhece se deixou domar pelo
ser humano a um ponto tal que,
substituindo os cães, o pudesse ajudar
na caça. Logo, nenhum gato se deixa
domar pelo ser humano a um ponto tal
que, substituindo os cães, o possa ajudar
na caça.

1.2. 1.2. Avalia a validade de cada um dos argumentos apresentados no ponto


Revê, com atenção, no
final da exposição e da
anterior. Justifica.
exemplificação de
cada argumento ______________________________________________________________
informal, as respetivas
“regras” a que se deve ______________________________________________________________
obedecer. ______________________________________________________________
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17
Guia de Estudo – Preparar os Testes – Filosofia 10.º ano | Capítulo Extra de Lógica

2.
Para justificares exterioriza o
2. Identifica as falácias informais presentes em cada um dos seguintes
raciocínio que fizeste para a argumentos, e justifica a sua invalidade.
respetiva identificação. Se,
com honestidade
intelectual, conseguiste
1) Os homens afegãos dizem que, no Afeganistão, há igualdade de oportunidades
identificar, consegues para homens e mulheres. Logo, no Afeganistão há igualdade de oportunidades
justificar. São duas faces da
para homens e mulheres.
mesma moeda. Simplifica.
Não dramatizes.
2) Os cães ladram. Uma vez que os gatos são animais, são como os cães. Logo, os
gatos ladram.

3) Quando a Seleção Nacional ganhou o europeu de futebol, comi batatas fritas


enquanto estava a ver todos os jogos. Este ano também vou comer batatas
fritas durante todos os jogos. Tenho a certeza que se o fizer, vamos ser outra
vez campeões.

4) Quando os políticos que defendem os direitos dos animais nos falam desses
direitos, vem-me de imediato à mente a imagem da urgência de um hospital
em que tigres, rinocerontes e papagaios circulam entre nós nos corredores,
nos perguntam onde fica o WC, são encaminhados por enfermeiros para salas
onde se leva injeções, e se sentam ao nosso lado com um penso numa pata,
com a outra a pressionar o curativo para a ferida cicatrizar.

5) Se a música dita “pimba” é a que mais vende, é porque é objetivamente a


melhor.

6) Aceitando hoje que se implemente o controlo de armas, mais tarde ou mais


cedo os nossos militares nem vão ter com que se defender.

7) Dado que ninguém conseguiu provar a veracidade de muitas afirmações de


Einstein, então essas afirmações são falsas.

8) A Madonna afirmou que a feijoada à transmontana é altamente prejudicial à


saúde. Logo, a feijoada à transmontana é altamente prejudicial à saúde.

9) Diz-me um vendedor de automóveis: “ou compra este carro, ou vai fazer uma
má compra”.

10) De nada valem as conclusões de um cientista acerca do desenvolvimento


infantil que diz não gostar de crianças.

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Guia de Estudo – Preparar os Testes – Filosofia 10.º ano | Capítulo Extra de Lógica

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3. 3. Cada um dos seguintes argumentos informais é válido. Identifica-o.


Repara bem na ação
que te é pedida. Ao
contrário do
1) O Instituto Português de Oncologia divulgou dados do ano transato e neles é
exercício anterior, dado conhecimento que as mortes ligadas a problemas cancerígenos
não tens de
diminuíram em Portugal, no ano passado, 3,1%, comparativamente com o ano
justificar. Basta
identificar. anterior. Logo, as mortes ligadas a problemas cancerígenos diminuíram em
Portugal, no ano passado, 3,1%, comparativamente com o ano anterior.
2) Os testes do Sinupax começaram por ser realizados em ratinhos, depois disso
foram cuidadosamente monitorizados em seres humanos, tendo-se seguido em
todo o processo de experimentação as mais importantes recomendações
internacionais. Concluído que está esse processo, não restam dúvidas: efeitos
secundários, profundamente lesivos para a saúde humana, não existem.
3) Quando conheci a Joana, dei por mim a pensar nela a toda a hora, a não
conseguir imaginar a minha vida sem ela, a concentrar-me somente no que ela
tinha de bom e a praticamente ignorar o que nela menos gostava. Por outras
palavras, descobri-me apaixonado por ela. Se é isto o que realmente sentes
relativamente a alguém, então estás apaixonado(a).

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Guia de Estudo – Preparar os Testes – Filosofia 10.º ano | Capítulo Extra de Lógica

Propostas de resolução

Exercícios Orientados [páginas 15-16]

Parte 1

1. 1. F; 2. F; 3. V; 4. F; 5. V; 6. V; 7. F; 8. V.

2. a) 3.; b) 1.; c) 2.; d) 4.

3.
a) É um argumento inválido. Corresponde à afirmação do consequente.
b) É um argumento válido. É um modus tollens.
c) É um argumento inválido. Corresponde à negação do antecedente.
d) É um argumento válido. É um modus ponens.

4.
a) P ⋀ Q.
b) P ⩒ Q.
c) ¬ P.
d) P ↔ Q.

5.

5.1.

P Q P→Q ¬P→¬Q ¬P ∴¬ Q
V V V V F F
V F F V F V
F V V F V F
F F V V V V

O argumento é válido, uma vez que na única circunstância, representada na última linha, em que as
premissas são todas verdadeiras, a conclusão também o é.

5.2.

P Q R Q→P P → (R ⋀ Q) R ∴P
V V V V V V V V
V V F V F F F V
V F V V F F V V
V F F V F F F V
F V V F V V V F
F V F F V F F F
F F V V V F V F
F F F V V F F F

O argumento é inválido, dado que há uma circunstância, que é a representada na penúltima linha,
em que todas as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa.

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Guia de Estudo – Preparar os Testes – Filosofia 10.º ano | Capítulo Extra de Lógica

Exercícios Orientados [páginas 17-19]

Parte 2

1.1. a) 2.; b) 1.; c) 4; d) 3.

1.2. a) 2. É um argumento válido, uma vez que está sustentado em evidências empíricas e com
base no que se conhece das leis da natureza, não havendo, até hoje, contraexemplos.
b) 1. É um argumento inválido, pois um agente imobiliário não é um especialista no assunto
em discussão.
c) 4. É um argumento inválido, porque ignora diferenças essenciais, designadamente o facto
de a baleia ser um mamífero e não respirar por guelras, como os peixes.
d) 3. É um argumento válido, dado que se desconhecem contraexemplos.

2.

1) Falácia da amostra não representativa. Os inquiridos (homens) não são representativos do


universo em análise (homens e mulheres, e respetivos direitos, supostamente iguais).
2) Falácia da falsa analogia. As diferenças entre o cão e o gato são muito mais relevantes do
que a semelhança invocada, não permitindo que se conclua que os gatos ladram.
3) Falácia da falsa relação causal. O facto de a ingestão de batatas fritas por parte de um
espectador da seleção nacional de futebol coincidir com a conquista do título europeu, não
passa de uma simples coincidência, não sendo, portanto, a causa do desejado efeito, que foi
a conquista da respetiva Taça.
4) Falácia do boneco de palha. É ridicularizado o ponto de vista de quem perspetiva de modo
diferente os direitos dos animais, para mais facilmente obter a concordância de quem ouve,
e assim refutar esse ponto de vista contrário.
5) Falácia ad populum. Recorre-se à opinião da maioria, muitas vezes não fundamentada, para
impor como sendo uma verdade objetiva o que não passa de uma opinião subjetiva. Se a
música “pimba” é a que mais vende, isso não faz dela necessariamente o melhor dos estilos
musicais.
6) Falácia da derrapagem. Pode ser-se a favor do controlo de armas, sem considerar, no
entanto, que isso corresponde a uma interdição absoluta, incluindo, portanto, aqueles, os
militares, que fazem delas, entre outros dispositivos, ferramentas de trabalho. Assim, não é
porque se decide hoje pelo controlo de armas, que vamos ser conduzidos, como se numa
bola de neve incontroladamente deslizássemos, a interditar qualquer posse ou uso de armas.
7) Falácia do apelo à ignorância. Muitas das afirmações de Einstein ainda hoje, tal como
Eddington provou enquanto Einstein ainda estava vivo, são verdadeiras, apesar de Einstein
não o ter podido empiricamente provar.
8) Falácia do apelo ilegítimo à autoridade. A Madonna não é uma especialista em
nutricionismo, não obstante todas as dietas que já possa ter realizado durante a sua vida.
9) Falácia do falso dilema. É possível comprar um outro carro, porventura de uma outra marca
e um outro modelo, que não aquele que o vendedor de automóveis nos quer vender, e
ainda assim fazer uma boa compra.
10) Falácia ad hominem. Ignora-se a validade do raciocínio de um cientista, com base em
observações (gostos) pessoais do mesmo. Watson, por exemplo, foi um conhecido psicólogo
que, de facto, afirmava não gostar de crianças, não obstante ter efetuado descobertas
importantes na sua área científica de investigação, que incluía o comportamento de crianças.

3. 1) Argumento de autoridade; 2) Generalização; 3) Analogia.

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