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1. INTRODUÇÃO
Segundo Parada et al. (2007), as bactérias láticas (BAL) são caracterizadas como cocos ou
bacilos Gram-positivas, não-aeróbicas mas aerotolerantes, capazes de fermentar carboidratos para a
energia e produção de ácido láctico. BAL são geralmente conhecidas como seguras (Generally
Recognized as Safe - GRAS), e tem um papel importante na preservação de alimentos e produtos
fermentados. Elas podem ser usados como microbiota competitiva natural ou como fermentos
específicos sob condições controladas (Cintas et al., 2001, apud Parada et al., 2007). Algumas dessas
bactérias produzem substâncias de estrutura proteica (tanto proteínas quanto polipeptídios) chamadas
bacteriocinas, que em pequenas quantidades são muito ativos contra microrganismos patógenos
(Klaenhammer, 1993; Beasley et al., 2004).
Bacteriocinas são compostos de cadeias proteicas, também conhecidas como peptídeos, que são
produzidas no ribossomo de bactérias e apresentam atividade bactericida contra um espectro de
bactérias estritamente relacionadas às espécies produtoras. Estima-se que a maior parte das bactérias
existentes produza algum tipo de bacteriocina (Rodriguez et al., 2000; Nascimento et al., 2008).
Embora as bacteriocinas possam ser categorizadas como antibióticos, elas não são. A principal
diferença entre as bacteriocinas e antibióticos é que as bacteriocinas restringem a sua atividade a um
espectro de bactérias pequeno, enquanto os antibióticos têm um espectro de atividade mais amplo.
Além disso, as bacteriocinas são sintetizadas ribossomicamente e produzidas durante a fase preliminar
de crescimento do microrganismo, enquanto os antibióticos são geralmente metabolitos secundários
(Beasley et al., 2004).
Diferentes mecanismos de ação têm sido propostos para bacteriocinas, entre eles a alteração da
atividade enzimática, a inibição da germinação de esporos e inativação de transportadores aniônicos
através da formação de poros seletivos e não seletivos (Abee, 1995 apud Parada et al., 2007; Martinez
e De Matins, 2006, apud Parada et al., 2007). Embora o mecanismo exato de ação das bacteriocinas
permaneça como tema de controvérsia, existe um consenso de que estes peptídeos interrompem
seletivamente as membranas celulares e se acredita que o arranjo estrutural anfipático dos peptídeos
possa desempenhar um papel importante neste mecanismo (Reddy et al., 2004).
Além destas aplicações, Benitez, 2010, ainda comenta em seu trabalho que as bacteriocinas
podem ser utilizadas também para o controle de doenças em plantas, que atualmente dependem do
uso extenso de agrotóxicos que são pouco eficazes e muitos poluentes. Gupta e Srivastava (2014),
estudaram a aplicação de um peptídeo antimicrobiano produzido por Lactobacillus plantarum para
combater o crescimento de fungos deteriorantes em grãos.
Em vista do exposto acima, este trabalho teve por objetivo avaliar o potencial de produção de
bacteriocinas das cepas de bactérias ácido lácticas Streptococcus thermophilus e Lactobacilus
viridescens e verificar a força de inibição das bacteriocinas produzidas frente aos microrganismos
patógenos Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Os testes foram realizados com duas cepas de bactérias ácido lácticas, Streptococcus
thermophilus e Lactobacilus viridescens. Para produção de bacteriocinas, foram preparados dois
caldos, Brain Heart Infusion (BHI) e Tryptic Soy Broth (TSB), totalizando assim, 4 experimentos.
Ambos os caldos foram enriquecidos com adição de 4 g/L de extrato de levedura, e 20 g/L de glicose.
Foram utilizados na fermentação Erlemeyers contendo 200 mL de cada um dos caldos. As cepas de
BAL utilizadas na fermentação foram previamente propagadas em 2 mL de caldo BHI e TSB para
que as mesmas estivessem metabolicamente ativas. Os Erlemeyers contendo o caldo foram
esterilizados em autoclave e posteriormente inoculados com 2 mL da cepa de BAL ativa. A
fermentação foi realizada em shaker com controle de temperatura, mantido à 37 °C por um período de
48 h e sob agitação constante de 120 RPM.
Após a fermentação, as amostras foram centrifugadas à 5 °C, durante 25 min à 6000 RPM para
separação das células e materiais sólidos do caldo fermentado. Para separação do conteúdo proteico
contido no caldo fermentado, foi feita a adição de sulfato de amônio P.A. ao caldo fermentado até
uma concentração final de 20% m/v. Este procedimento foi realizado sob agitação constante por um
período de 1 h a 4 °C. A solução saturada foi então submetida à centrifugação a 6000 RPM por um
período de 25 min a 4 °C para concentração do conteúdo proteico. Os pelets resultantes foram
suspensas em tampão fosfato pH 7,0, conforme metodologia utilizada por Teixeira et al. (2013) e
mantidas congeladas para posterior uso.
A atividade antimicrobiana das amostras foi testada com três bactérias: Staphylococcus aureus
(ATCC 25923), Escherichia coli (ATCC 25922) e Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853), as quais
foram mantidas em BHI adicionado de 10% de glicerol à -20 ºC. Para a realização dos testes, as
bactérias da cultura estoque foram semeadas em placas de ágar nutritivo e incubadas por 24 h a 36 ºC.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após o período 48 h, onde os meios em estudo fermentaram com as duas diferentes cepas de
BAL, foi possível observar que a fermentação ocorreu normalmente, havendo um bom crescimento
celular e uma turvação adequada do meio.
Já na fase de análise do potencial de inibição das bacteriocinas, foi possível observar que as
bactérias patogênicas apresentaram um bom crescimento após o período de 24 h, formando uma
camada visível de colônias que cobriram a placa quase em sua total extensão. No entanto, não foi
verificado em nenhuma das 9 placas analisadas a formação de um halo, obtendo-se assim uma
classificação de efeito neutro (-), como mostrado na Figura 1.
Figura 1: Placas de petri contendo P. aeruginosa (esquerda), E. coli (centro) e S. aureus (direita).
c) As bacteriocinas produzidas não possuem efeito inibitório frente aos microrganismos testados.
A literatura disponível a cerca deste tema, diz que a maioria das bactérias produz algum tipo de
bacteriocina durante o processo fermentativo como um metabólito secundário. A mesma diz ainda
que as bacteriocinas produzidas possuem um efeito antimicrobiano em um range de bactérias
específicas, podendo assim, não possuir efeito frente aos microrganismos testados e apresentar efeito
frente a algum outro microrganismo.
Avaliando o procedimento experimental utilizado, verificamos que em uma primeira fase de
separação da suspensão de interesse, obteve-se pouca quantidade de pelet, sendo posteriormente
este diluído em 2 mL de solução tampão. Após este processo, não se sabe a concentração total de
proteínas suspensas na solução tampão. Além disto, para cada poço foram utilizadas 50 uL desta
solução, assim sendo, a hipótese “b” mostra-se bastante plausível.
Como alternativa à metodologia utilizada neste estudo, após o congelamento das amostras de
proteína contidas no tampão fosfato, pode ser realizada uma liofilização destas amostras, obtendo-se
assim um sólido de proteínas que pode ser quantificado, e posteriormente, pode-se produzir uma
solução com concentração conhecida para verificar se a concentração de trabalho é suficiente para
inibir o crescimento dos microrganismos patógenos.
Uma vez que mesmo em altas concentrações de proteína não ocorra a formação de um halo de
inibição, deve-se considerar alternativas para as hipóteses “a” e “c”.
4. CONCLUSÃO
O uso de bacteriocinas como alternativa natural aos produtos químicos utilizados para
conservação de alimentos e combate as pragas em lavouras, mostra-se promissora e com grande
potencial de crescimento.
Não foi possível constatar a produção de bacteriocinas com efeito inibitório frente aos
microrganismos patógenos testados.
5. AGRADECIMENTOS
A FURB – Fundação Universidade Regional de Blumenau pela estrutura utilizada e a CAPES
– Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pela bolsa de estudos
6. REFERÊNCIAS
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