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Uma das teses caras a Putnam, cujo papel na pretensa refutação da ideia da
possibilidade de que sejamos, de facto, cérebros em cubas, é aquela segundo a qual agentes
racionais apenas podem se referir a objetos por meio da linguagem se e somente se
entreterem uma relação causal com estes mesmos objetos aos quais designam pelo uso das
palavras. Desse modo, em um intercurso discursivo, para que um determinado signo (seja uma
palavra, um retrato ou qualquer outra coisa) mantenha uma relação significativa genuína com
um item externo aos indivíduos participantes de um exercício de trocas proposicionais, tais
sujeitos devem estar sob condições tais que o item em questão esteja disposto em seu
horizonte experiencial – em outras palavras, em suas condições empíricas imediatas,
pregressas ou verificáveis. Assim, a palavra “cão” somente adquire referência se os falantes da
tal língua têm acesso (ou contato) a esta classe de objetos (a saber, cães). Caso o contrário, a
locução carece de sentido e falha miseravelmente na função designativa primitiva de qualquer
linguagem natural. Com efeito, tal traço distintivo da referência não se apresenta apenas no
discurso ou numa interação entre dois entes – antes, se manifesta como condicional a
qualquer símbolo que se candidate a representar algo, seja na mente ou fora dela. Dito isso, o
que acontece quando falamos que “somos cérebros em cubas”?
(P1) – Signos manifestam referência se e somente se os objetos aos quais designam possuem
interação causal com um sujeito;
(P4) – Um sujeito que se trata de um cérebro numa cuba, cujas condições empírico-
epistêmicas são tramadas por um supercomputador científico que emula experiências e o
engana incessantemente – de modo a acreditar que não é o caso ser um cérebro numa cuba –
não tem uma interação causal consigo mesmo como um cérebro numa cuba;