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Saída de ex-membro da igreja local de dong

yu lan

Primeiramente gostaria de deixar claro que eu desejava fazer um Estudo


acadêmico e melhor referenciado, porém eu não disponho de tempo para
tal. Quem sabe, no futuro, eu possa fazer e compartilhar com os amigos.

Assim, premido pelo compromisso de minha declaração no Facebook


acerca deste assunto, vou tentar, dentro de minhas forças, apresentar algo
sobre estes sistemas religiosos que induzem ao erro, os quais eu tive
contato direto ao longo de mais de 20 anos.

Eu apoiarei este assunto com o desenvolvimento do meu testemunho


pessoal, que eu tornei público (versão resumida) em minha página do
Facebook, a fim de esclarecer minha saída do Movimento da Igreja Local de
Dong Yu Lan, ou o Donguismo.

Para maior esclarecimento, estarei encaminhando também alguns arquivos


de livros publicados sobre o assunto, em inglês e∕ou traduzido ao Português
por aplicativo (sem revisão).

Para ainda ter tempo para melhorar a exposição, irei enviar o assunto em
partes, começando com o Localismo.

Se não entendermos o sistema de erro do localismo, não perceberemos o


engano do localismo de WL e a aberração do Donguismo.

O localismo é um sistema religioso extremamente faccioso e soberbo, que


possui uma roupagem “bíblica”, que surge num momento de decadência e
degradação máxima da Reforma Protestante e o Movimento
Denominacional (recomendo o livro “Cristianismo Pagão”, de Frank Viola,
em Anexo).

Os filhos de Deus que já percebiam os desvios do protestantismo


organizado foram muito sensibilizados pela chamada “Restauração do
Senhor”.
Não posso afirmar que o Espírito Santo não tenha usado algum impulso
deste Movimento, mas, não podemos tampouco negar que o Espírito Santo
sopra onde quer, bem assim não justificaria os desvios cometidos.

Eu entendo que em cada geração os crentes enfrentaram as suas


dificuldades.

Há um conflito permanente a Igreja institucional e a não institucional (A


Igreja Peregrina de Edmund Hamer Broadbent, versão em espanhol, em
Anexo).

Não há também como negar que existe milhares de cristãos genuínos


dentro do sistema institucional, porém, para minha vida, quero deixar claro,
que eu tomei a decisão de servir fora dele e lutar para que os santos que ali
estão sejam edificados.

Eu conheci pouco do catolicismo, mas seus erros são tão evidentes, que eu
não creio ser necessário apontá-los.

Eu conheci o movimento denominacional, mas seus erros são tão


evidentes, que eu não creio ser necessário apontá-los.

Eu conheci o localismo, o localismo de WL, e o Donguismo. Percorri as suas


trilhas e descobri os seus esconderijos.

Ele é sutil e perverso.

E depois de andar por ele por mais de 20 anos, eu tenho dever de expor
aos meus amigos a minha convicção.

Ainda não sei muito bem viver a vida cristã na liberdade do Espírito e sob o
encabeçamento único de Cristo, mas estou absolutamente convencido que
é melhor do que gastar o tempo na masmorra do localismo.

O Localismo de Witness Lee: (2ª parte do testemunho)


Se por uma lado é possível aproveitar muita coisa de WN, parece que WL se
apoiou no que era totalmente dispensável.

Sua capacidade administrativa, eloquência e ascetismo fizeram dele uma


lenda viva e representante único de seu próprio movimento.

A idolatria reinante é repugnante, mas aos olhos dos seus seguidores é


motivo de orgulho.
Posso dizer que o 1º sintoma de que algo não ía bem no “reino da
Dinamarca” foi esta fobia por WL.

Naquela época, ainda na década de 90, eu comecei a ver a liderança de


Dong Yu Lan como a única e última esperança da Restauração, para livrar-
se do culto a WL e a submissão ao seu braço administrativo, o Living Stream
Ministry.

Não quero fazer deste testemunho um documento sobre WL e o seu LSM,


pois há muitas publicações sobre isto.

Eu sugiro, nesta linha crítica, a consulta do livro A Hope and A Future de


John Myer, e do site: www.LocalChurchDiscussions.com onde há várias
matérias muito esclarecedores e fundamentadas de Nigel Tomes e outros
irmãos.

Ainda que esses artigos falem muito e de modo teológico sobre isto, eu
creio ser ainda importante fazer algumas considerações sobre o tema da
igreja local.

Posso afirmar que, segundo minha percepção e experiência, existe 3


movimentos extremamente sectários, dogmáticos e heréticos, que utilizam
ensinamentos de WN com respeito a igreja:

1) o localismo ou a igreja local,


2) o localismo de Witness Lee∕LSM, e
3) o Donguismo∕AV∕Bookafé.

O localismo é fruto de má interpretação e uso dos ensinamentos de


Watchman Nee com respeito a igreja. Não creio que seja possível imputar
responsabilidade sobre WN o fato de pessoas terem desenvolvido este
sistema de erro sobre uma suposta base da unidade, ou base da igreja ou
base da localidade, e que WN tenha sido o seu mentor e fundador.

Há vários artigos e livros de WN condenando o localismo, em particular no


próprio livro: “A Vida Normal da Igreja Cristã”, que é utilizado de maneira
contraditória como uma espécie de Bíblia do localismo.

O localismo imagina que o “testemunho da igreja” pode ser “patenteado”


como se fora um produto ou uma invenção, com direito a propriedade ou
direito de royalties.
Um determinado grupo se apresenta como se fora o dono do terreno da
igreja e, a partir deste ponto, quem desejar “participar do testemunho da
igreja” precisa ir até este grupo e “submeter-se” a sua liderança.

É bem possível que o conceito de submissão inerente à cultura chinesa,


budista e confucionista, tenha levado os seguidores do localismo a
aderirem ao máximo o respeito à autoridade ou da liderança no contexto
da base da igreja local.

O livro “Autoridade e Submissão”, atribuído a WN, constituiu-se na maior


arma para produzir um refém dos líderes eclesiásticos entre os que derem
crédito à lógica da teologia da igreja local.

O localismo de Witness Lee absorve plenamente estas distorções, ao


mesmo tempo que cria uma espécie de linha sucessória de WN para WL.

A eloquência para expor ensinamentos e interpretações da Bíblia e a


extensa literatura de WL torna-se a “isca” para pescar adeptos para este
Movimento, que, mais cedo ou mais tarde, irá exigir a declaração ou a
aceitação de que WL é o oráculo desta era e o enviado divino para conduzir
uma suposta “restauração do Senhor”.

Existe toda uma teologia para convencer os seguidores que desejarem


progredir dentro do Movt acerca de WL: ele é “o prudente construtor”, o
“continuador do Ap Paulo”, “sem os seus ensinamentos a Noiva não poderá
ser adornada para o Noivo” …

Um verdadeiro adepto deste Movimento e Líder não poderá manter-se ou


progredir se não defender este adágio básico. Nada é mais importante do
que isto.

Eu ouvi e vi sobre isto. Ninguém poderá me dizer o contrário. É certo que os


incautos ou iniciantes podem não ser obrigados a defender este conceito,
em sua fase de introdução no Movimento, porém isto será absolutamente
indispensável para o seu progresso.

Em uma reunião de cooperadores realizada em Anahein, EUA, ao longo da


década de 2000, foi feita a seguinte afirmação sobre a “Restauração do
Senhor” (eu estava presente e ouvi muito bem): “- Vcs precisam saber o que
é a Restauração do Senhor. Ela é:

1) o que WL disse,
2) o que WL fez, e
3) o que WL faria.”
Talvez algum partidário do localismo de WL tente reagir contra isto, porém
eu duvido que seja alguém com responsabilidade ou reconhecimento
dentro do Movimento.

A questão que me chocou não foi com o que foi dito, mas que aquilo
representava exatamente o que o Movimento era.

Amigos, isto é o localismo de WL: 1) o que WL disse, 2) o que WL fez, e 3) o


que WL faria.
As reuniões dos cooperadores em Anahein eram permeadas de
considerações sobre isto. Nada poderia ser mencionado ou promovido sem
que estivesse apoiado nestes fundamentos.

Era a mais pura demonstração de idolatria. Não via a hora de sair dali. Mas
não pensem que é fácil tomar alguma posição, porque o conteúdo das
mensagens era “fantástico”. O culto à revelação de WL é o combustível de
toda a estrutura do LSM e suas congregações afiliadas.
Toda a teologia do localismo de WL e o seu LSM está centrada nestes 3
itens. Se isto acabar o movimento desaparecerá.

Nada é mais essencial do que isto. O ensinamento das Escrituras, a prática


do evangelho, os treinamentos, as conferências, tudo é feito sobre a obra
de WL, a quem alguns de seus líderes dizem que darão conta no dia do
juízo (eu ouvi um dos principais cooperadores mencionar isto).

Vc pode escolher: levantar-se e contestá-los, criando uma grande confusão


onde vc não poderá mudar nada, ou, simplesmente, sair e seguir o seu
próprio rumo?

Ainda hoje qdo eu percebo que vários adeptos do Donguismo, por não
suportarem suas aberrações, voltam-se ao localismo de WL, eu vejo como
os comunistas de Mao Tsé Tung se converterem ao comunismo de Stálin,
ou seja, a essência não mudará em nada.

Vamos ao Donguismo. (3ª Parte) – Continua

O Donguismo (3ª Parte)

O Donguismo constitui um sistema de erro que:

1) Fundamenta-se no equívoco teológico ∕doutrinário do localismo (que


caracteriza-se principalmente em tomar ou estabelecer o limite da
localidade como um outro fundamento, além de Jesus Cristo);
2) É influenciado pelos aspectos mais negativos do movimento de Witness
Lee∕LSM, tais como o culto à personalidade de “O Profeta” e “O Apóstolo”,
numa suposta linha sucessória de Watchman Nee, e a promoção ministerial
por meio da exploração e negociação dos livros e conferências do “líder
absoluto e supremo da restauração do senhor”; e

3) É inteiramente degradado pelo egocentrismo herético e místico de Dong


Yu Lan, de suas práticas impositivas e repetitivas (onde destacam-se o
“negar a vida da alma” e “o invocar” – que são usados como meios de
lavagem cerebral, ao invés de levar os crentes a uma saudável e livre
experiência de vida), e de seu fascínio doentio da comercialização da fé
(chegando ao delírio de supor que o Espírito Santo lhe deu a revelação de
um negócio que será responsável pela volta de Cristo – chamado Bookafé).

É difícil dizer até que ponto o Espírito Santo operou dentro dos limites do
movimento de Dong Yu Lan, mas uma coisa é certa, os seus vestígios estão
em completa e absoluta extinção.

Confesso que me é custoso relatar sobre o que me deixou exausto.

Falar do Donguismo é como voltar a uma época fúnebre, que só tem


sentido porque o Pai das luzes nos deu forças (a mim e a minha casa) para
superá-la e, assim, sinto-me devedor para com aqueles que ainda estão
presos em suas armadilhas, ou aqueles que podem estar sendo cooptados
a participar deste sistema sino-americano, que encontrou terreno entre os
escravos desta Terra de Santa Cruz.

Um breve relato continuando a experiência com o localismo de WL:

“Durante 20 anos eu fui membro e líder atuante deste Movimento, também


conhecido como “Restauração do Senhor”. Sua doutrina era baseada nos
ensinamentos dos chamados Irmãos Unidos, que teve um grande impacto
na China Comunista, onde destacou-se um líder local, chamado Watchman
Nee, que é muito conhecido no meio evangélico.

É possível que vc saiba algo a respeito, mas é razoável mencionar que


Watchman Nee foi preso em 1950 e morreu em prisão chinesa em 1972.
Seu movimento porém cresceu e propagou-se no Oriente. Na década de 60
alguns de seus seguidores ou companheiros foram para os EU e de lá
levaram os seus ensinamentos para vários países. Nesta altura a obra de
WN já havia alcançado todos os Continentes.
Sob a influência dos escritos de WN surgiram vários Grupos e Movimentos,
entre eles a conhecida Igreja Local.

Eu me deparei com um segmento deste Movimento em 1991, em Brasília.


Este grupo era liderado, e ainda é, por um chinês (Dong Yu Lan), que
chegou ao Brasil e instalou-se desde o início da década de 60. Como eu
apreciava os ensinamentos de WN, que me pareciam corretos, à luz das
Escrituras, passei a frequentar as reuniões e a servir as suas comunidades.

Na altura eu era Capitão, logo promovido a Major (Infantaria/EB), e servindo


na Presidência da República, com uma carreira muito bem encaminhada e
de sucesso.

Em 1995, com apenas 4 anos dentro do Donguismo, ele mesmo me


convidou a ser um de seus Cooperadores.

Eu estava absolutamente fascinado pela ascensão religiosa. Isto me levou a


tomar algumas decisões (se conduzidas pelo Espírito ou não, não posso
dizer, mas certamente Deus usa Sua soberania para atingir Seus objetivos).

O encaminhamento normal da carreira militar me levava ao Curso de


Comando e Estado Maior, cuja Escola é no Rio de Janeiro.

Eu havia prestado Concurso em 92 e havia sido aprovado na 1ª tentativa (eu


fui o 3º colocado na EsAO, os 2 primeiros são dispensados do Concurso,
portanto precisei fazer as provas).
Assim, depois de ter o acesso garantido, e adiar a matrícula no Curso por 3
vezes, acabei declinando de fazer a EsCEME (uma verdadeira loucura).
Porém àquela altura eu estava decidido a abandonar a carreira militar para
dedicar-me ao serviço do evangelho em tempo integral. Ninguém
conseguia me fazer parar. Não havia argumentos que me fizessem
ponderar.

Eu tentava desesperadamente participar das Conferências, Treinamentos e


Aperfeiçoamentos promovidos pela Igreja Local de Dong Yu Lan ou Árvore
da Vida (não há como não identificar o Donguismo também assim).

Aquilo era a maneira de progredir. Estar presente em tudo. Eu fui muito


dedicado na profissão, e precisava manter o ritmo na religião, ainda que
não admitisse que fosse religião – eu dizia que era “a igreja”.

Não posso ignorar o plano de Deus. Hoje eu ainda me pergunto o por quê
de haver mudado meu rumo, deixado a profissão e me aprofundado nesta
seita?
Por um lado eu me penitencio por não ter acordado a tempo, mas, por
outro, eu sinto que o Pai precisava que um operador de forças especiais se
infiltrasse nas entranhas desta máfia religiosa e obtivesse os seus segredos.

Assim, no final dos anos 90 eu consegui deixar o EB para dedicar-me


integralmente a “Obra de Deus”. Minha última comissão foi no Centro de
Inteligência do Exército. Minhas despedidas foram regadas com um
turbilhão de lágrimas. Elogios, recordações, vitórias e medalhas foram
lançadas como cinzas no mar das saudades. Mas eu não pensava em nada
senão em “seguir a Cristo e a igreja”.

Neste período de quase 10 anos de convívio com a “igreja em Brasília” e a


obra regional e internacional, eu mergulhei ainda mais profundamente no
serviço.

Desde 94 eu já estava envolvido com:

– Conferências para Jovens, locais, regionais, nacionais e internacionais;

– Vendi meu único imóvel que possuía no Rio de Janeiro para comprar um
terreno e construir um pequeno apartamento no Condomínio da Estância
Árvore da Vida (não havia qq documento, tudo era para a igreja, o
proprietário adquiria uma cessão de uso),

– Coordenação de Projetos: eu queria participar de tudo, empreendimentos


como o Expolivro (um Projeto de Evangelização com ônibus transformados
em bibliotecas); surgiu o CEAPE (Centro de Aperfeiçoamento para
Propagação do Evangelho), o qual eu preparei quase que a totalidade das
80 lições, num trabalho hercúleo dentro das publicações de WN e WL;
Escola do Evangelho, o qual eu fui o idealizador no sentido de cuidar de
jovens e adolescentes e prepará-los para anunciar o evangelho e a
portarem-se como cidadãos; Cooperativas de Livros, que estabelecia cotas
aos associados, porém, praticamente faliu, e não houve qq restituição
voluntária, senão “considerem como oferta”, porém, qdo o assunto foi
apresentado, era como “um negócio ou investimento que poderia dar
lucro”.

– No início dos anos 2000, por conta do sucesso da Escola do Evangelho,


promovemos a visitação de todas as cidades do estado de Goiás, num
Projeto denominado: “Verão 2000”, ou seja, todos verão a Cristo neste
verão. Ocupamos nossas férias com equipes das cidades satélites e do
Plano.
Durante o período que eu ainda trabalhava, a conciliação de meu trabalho
na PR e as responsabilidades de um irmão “Responsável e Cooperador” me
faziam um verdadeiro equilibrista.

Eu tinha uma fobia de querer fazer tudo.

Na verdade eu cria que estava promovendo a volta do Senhor Jesus,


introduzindo as pessoas alcançadas na “Restauração do Senhor”.

Surgiu a obsessão de “conquista a terra” para Cristo.

Em 2000 eu tomei a liderança num Projeto de evangelização na África, onde


dediquei a maior parte do meu tempo ao longo de 10 anos.

Eu percorri pessoalmente 25 Países, tendo coordenado congregações e


obreiros em mais de 40 Países, enquanto eram visitados 52 dos 54 Países
do Continente.

Dentro do Movimento eu progredi e cheguei a ser considerado um líder e


cooperador internacional, tendo participado de diversas atividades e
eventos por vários países, principalmente nos Estados Unidos. Ali eu
conheci a principal liderança do Movimento Internacional da Igreja Local,
também conhecido como Living Stream Ministry (LSM), que é uma
Instituição Religiosa e Editorial fundada para promover o ministério de seu
líder supremo, Witness Lee, um seguidor de WN, conhecido por seus
estudos Bíblicos e críticas contundentes ao cristianismo evangélico e
denominacional.

O Movimento da Igreja Local liderado por Dong Yu Lan no Brasil e América


do Sul era considerado parte do Ministério de Witness Lee, desde a
chegada de DYL por aqui, até o falecimento de Witness Lee em 1997.

Porém, desde a morte de WL, a relação entre a liderança do LSM e DYL, que
nunca foi boa, foi deteriorando até ao rompimento total destes
Movimentos e suas congregações em 2005, e oficialmente, em 2009,
quando foi publicada uma Carta de Quarentena a DYL.

Eu participei ativamente neste processo de separação do LSM com DYL,


principalmente porque considerava o Movimento de WL extremamente
idólatra, centralizador e autoritário. Estes desvios eram notórios e afetavam
a consciência dos irmãos, em particular aos que se relacionavam
internacionalmente. Havia uma expectativa, pelo menos de minha parte, de
que com esse rompimento, o Movimento da Igreja Local no Brasil e na
América do Sul pudesse corrigir os seus desvios, e aproximar os seus
ensinamentos com a sua prática.

Quase que simultaneamente, e à medida que a obra na África progredia e


era bem sucedida, os problemas com a liderança de DYL começaram a
manifestar-se e desenvolver-se, seja no campo do ensinamento, como na
prática. Além disto comecei a questionar a administração do Movimento.

Ainda que fosse considerado um Líder, eu não participava da sua


administração, senão da Obra na África, a qual eu gerenciava, seja a
movimentação das pessoas, como dos recursos. Na época nos foi
concedida uma Procuração pela Associação Árvore da Vida, para
funcionarmos como uma Filial em Brasília, com a finalidade específica de
apoiar a evangelização na África.

Eu julgava até ali, que tudo que estava fazendo era por Deus e para Deus,
porém minha consciência se tornava cada vez mais sensível, por conta das
incoerências que eu encontrava, em particular na crescente promoção do
Líder, na sua Instituição, e nos negócios que surgiam, com argumento de
sustentar a Obra.

Em 2008 eu mudei para São Paulo, numa manobra logística desgastante,


que comprometeu seriamente meu orçamento familiar, bem como o
cuidado com meus filhos. Há várias versões sobre este tema, no entanto,
naquela época eu sentia que deveria me aproximar da liderança de DYL,
para tentar de alguma maneira influenciar positivamente nos rumos do
Movimento. (alguns defensores do Movimento disseram que eu havia ido a
SP para dar uma espécie de “golpe de estado em DYL”, qta imaginação!)

Naquela altura eu já havia investido tudo que tinha, bens, família, e carreira
na convicção que aquele Movimento era a expressão da igreja restaurada
na terra. Não seria lógico, que diante de dificuldades, eu simplesmente me
afastasse. Eu realmente queria tornar “a igreja” em algo que
recompensasse a consagração das pessoas.

A história é longa. As Notas do Facebook abordam em particular este


processo de rompimento. Estou anexando alguns arquivos que procuram
descrever uma sequência de acontecimentos.

Aí surgiu a questão administrativa e o temor da corresponsabilidade legal.

Em São Paulo eu tomei conhecimento de um Mandado de Busca e


Apreensão, que fora emitido (posteriormente sustado), por conta de um
Processo de Ocultação de Bens e Lavagem de Dinheiro contra a Associação
Árvore da Vida (AAV).

Eram evidentes os sinais de irregularidades administrativas, em particular


na Estância Árvore da Vida, onde um filho de DYL gerenciava uma Empresa
de Engenharia, que era na ocasião a única a realizar obras na Estância
(lugar de encontro das congregações, com auditório, alojamentos, casas e
hotel).

O fantasma de ser uma mero laranja, oferecendo credibilidade às


operações, que, no mínimo, pareciam pouco éticas por parte da cúpula do
Movimento, começaram a me assombrar.

Me preocupava em ser corresponsabilizado por algo que eu convivia,


porém não conhecia adequadamente, e, seguramente, não concordava.

Depois do episódio do Mandado eu fui até a Estância falar com um dos


principais líderes do Movimento, que morava lá (Ezra Ma, o marqueteiro
chefe de Dong Yu Lan).

Certamente, ele não ignorava qq coisa que ocorresse por lá. Então eu
argumentei com ele que diante de irregularidades, qual deveria ser a nossa
posição?

Deveríamos apenas ficar sentados na 1ª fila e dar a entender aos irmãos


que estávamos aprovando tudo que se fazia?

Disse a ele com todas as letras que eu não seria laranja do Movimento, e
que se houvesse alguma situação irregular ou antiética, como a tal Empresa
de Engenharia que tinha o monopólio das obras da EAV, então que a
situação fosse corrigida, porque eles não deveriam esperar de minha parte
solidariedade naquilo que não era justo e legal.

Ele alegou não saber de nada, mas: “que a administração da EAV era uma
espécie de caixa preta, da exclusividade de Dong Yu Lan”.

Argumentei que, se fosse assim, somente depois da queda do avião é que


saberíamos o seu conteúdo. Enfim nos despedimos. Eu creio que ele
entendeu o recado, que não poderiam “confiar” em mim os segredos
administrativos.

Há outros episódios que marcaram meu descontentamento e frustração.


Houve um treinamento em Poços de Caldas (acho que foi em 2009, no 1º
semestre) para promover o “mover atual de Deus”, que na época era por
meio de “banners e expositores de livros”.

Para mim, aquilo perdeu completamente o sentido espiritual. Estava


caracterizado uma espécie de “lavagem cerebral”, que buscava “convencer”
os participantes pelo método do ambiente privado, permeado de
testemunhos repetitivos, cansativos e teatrais, e sob a presidência
incansável e insaciável de Dong Yu Lan, até que todos se rendessem as
“evidências” de que aquilo realmente era obra do “Espírito Santo”. É bem
provável de que alguns já haviam percebido que eu estava quase no
“limite”.

Eu creio que a partir daqui, eu não tinha mais projeções de futuro naquele
lugar. Minha preocupação era como dar encaminhamento e cuidado aos
irmãos e comunidades geradas na África.

Em Outubro de 2010, por conta de vários acontecimentos e discordâncias,


eu rompi completamente com aquele Movimento. Era certo que já não
reconhecia o grupo como “a igreja”, nem a sua liderança como “ungida de
Deus”.

A principal motivação, que ainda me mantinha integrado ao Grupo, como já


disse, era como suprir e cuidar das famílias dos irmãos de tempo integral
que serviam na África, uma vez que os recursos eram provenientes das
congregações sob a liderança de DYL.

Eu entendo que os acontecimentos que precederam este rompimento não


ficaram encobertos aos obreiros africanos, e a decisão do que fazer diante
do evidente corte dos recursos, por causa da separação ministerial, ficaria a
critério de cada um. Isto acabou acontecendo e, milagrosamente, o Pai
Celestial providenciou cuidado a todos os que preferiram preservar a
pureza do seu serviço, ou seja, não aceitaram as imposições do Movimento
de DYL e também romperam o relacionamento com ele.

O episódio que culminou este processo de rompimento ocorreu no


escritório da obra na África, em Brasília. Os arquivos e as responsabilidades
administrativas que eu exercia me foram tomadas, sem aviso, como em
uma operação policial (eu estava ausente, de viagem, na África). Esta
situação inusitada, que poderia ter sido realizada com transparência,
porque o direito daquela função estava sustentada por uma Procuração, foi
levada a cabo de modo grotesco.
Diante disto, me restaram duas opções: conduzir o meu prejuízo moral,
financeiro e profissional a um tribunal humano, ou seguir o meu caminho
de recuperação. Assim eu e minha casa decidimos assumir os danos,
retomar nossas vidas e deixar o juízo para Deus.
Ainda que tenha perdido muitas coisas, inclusive a saúde física, preservei a
fé, a coragem e um companheiro: o Facebook.

O Movimento me execrou, orientando os seus seguidores que não falassem


comigo. Porém, alguns membros e companheiros, por me conhecerem,
também romperam e continuaram a amizade e o cuidado.

Voltei a trabalhar. Obtive oportunidades e hoje sou Consultor contratado


por uma Grande Empresa de Construção, em seu ramo de Defesa.

Pouco a pouco recuperei a saúde e a condição financeira.

Por tudo que vi e passei, estou absolutamente convencido que a religião do


homem nada tem a ver com o Senhor Jesus e com Deus, pelo contrário,
sempre foram adversários.

Lamento perceber ainda, principalmente no Movimento de onde saí, o


empenho de muitos fiéis, consumindo seu tempo, recursos e a própria fé
(como vi ocorrer com muitos que saíram), servindo a religião e, dia a dia,
decepcionando-se com ela.

É triste ver as propostas de consagração sendo apresentadas, em nome de


Deus, e pessoas dedicando seus bens, para apoiar ideias de uma mente
doente e egocêntrica.

Não pretendo convencer ou converter as pessoas de nada, nem poderia,


mas tampouco posso ignorar fatos e experiências.

Seria um pecado calar-me. Alguns, mais tarde, na análise histórica dos


acontecimentos, poderão questionar se o silêncio não seria um crime de
omissão.

Entendo que não há muito que eu possa fazer, em particular aos membros
do Movimento de DYL, porque as pessoas se amedrontam quando se fala
de líderes religiosos, no entanto confio no Pai celestial, que soberanamente
tudo vê, tudo controla e zela, para que Seus filhos sejam cuidados.

Espero que todos ali sejam libertos e possam enfim experimentar a real
liberdade no Espírito e o encabeçamento único de Cristo.
Ainda ecoam em meus ouvidos uma reunião que foi promovida por Dong
Yu Lan, na presença dos diretores da Editora AV, em uma das salas nas
instalações da Editora AV e residência de Dong Yu Lan, em São Paulo, para
tentar buscar o meu “arrependimento”.

Ele discorreu sobre os meus “ataques” ao seu “ministério” e me deu a


palavra.

Eu apenas repeti as observações que fizera na carta que eu escrever a ele,


apontando a questão do desconforto diante da promoção de Dong Yu Lan
e AV pelas congregações em detrimento ao nome do Senhor, e da
negligência à Palavra dos Apóstolos e do próprio Senhor Jesus, em
particular, pela ênfase nos ensinamentos e prática com respeito a negócios.

Neste ponto ocorreu algo bem marcante. Quando eu mencionei que era
inaceitável que a “restauração” ignorasse as palavras do próprio Senhor
Jesus, então eu comecei a citar o verso que Jesus proferiu no templo: “está
escrito: a minha casa …” (Lucas 19:46). Não consegui terminar. Dong Yu Lan
se pôs em pé e começou a gritar: “Chega! Chega! Vc não vai me convencer
de nada. Se vc quiser me seguir, me siga, se vc não quiser me seguir, não
me siga”. (com tradução do chinês ao português)

Isto é o Donguismo!!!!

Chega digo eu. Chega!!!!!!!!!! De Donguismo.

Eu espero que nenhuma alma permaneça sob domínio do Donguismo e


que todos ali possam experimentar uma vida cristã normal e saudável.

Hoje eu não tenho vínculo com qualquer Instituição religiosa, mas, sim, com
as pessoas, que creem no Senhor Jesus e desejem amá-Lo e ao próximo.

Me sinto atualmente muito melhor que estava, mantendo a fé, a vida


familiar e a vida social saudáveis e na luz do Senhor.

Fui acusado de ambição religiosa e outras coisas. É certo que não posso
abrir mão da comissão que foi confiada a todos os que creem, mas
tampouco fiz qq destas coisas na busca de promoção pessoal ou de alguma
posição religiosa. Sem dúvidas, quem mantém tal ideia, não me conhece,
ou jamais me conheceu.

O Donguismo tomou a forma de uma organização criminosa, uma fraude,


um estelionato, cujas vítimas, em sua maioria, queriam viver e praticar o
evangelho em sua essência e pureza.
O Donguismo transformou um grupo de cristãos buscadores da fé e da
verdade em uma estrutura hierárquica, separada por regiões, repleta de
títulos de nomenclatura peculiar, com fortíssima vocação ao proselitismo,
fortemente inclinada à farsa para permear-se entre os outros grupos,
sempre na esperança de cooptar um seguidor a mais, para fazê-lo sujeito à
liderança única e soberana de seu guru: Dong Yu Lan.

O Donguismo é uma aberração religiosa, que foi construída sob a sombra


de uma boa ideia, mas que perdeu-se na soberba. Dong Yu Lan constituiu-
se num caso típico e exemplar de um “falso profeta”, campeão em ameaças
e maldições não cumpridas. (entre elas a minha destruição e de minha
casa, como se eu fosse um rebelde e ele Moisés, a semelhança de Coré,
Datã e Abirão, porém sua profecia não cumpriu-se)

Na busca para atingir o paraíso do reino na terra, centenas de pessoas


foram “enfeitiçadas” pelo formato diferente do cristianismo, mas, que,
pouco a pouco, foi retornando ao molde teatral dos cultos pagãos,
misturados com a música e as pregações eloquentes dos seguidores de
Dong.

Que Dong Yu Lan possa verdadeiramente arrepender-se antes de partir


desta vida, e permitir que os santos voltem ao lugar de onde nunca
deveriam sair: a liberdade do Espírito e o encabeçamento único de Cristo.

Há muito a falar ainda, mas eu creio que é suficiente.

Obrigado por me ouvir,

Helcio Almeida, vosso conservo e irmão.

Fonte: Anti-Heresias

Divulgação: Eis Me Aqui

https://www.eismeaqui.com.br/estudos-biblicos/saida-de-ex-membro-da-igreja-local-de-
dong-yu-lan/

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