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Artigo 1 Fineblanking
Artigo 1 Fineblanking
Manufatura
A
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tes a par tir de chapas
metálicas tem uma importância
apenas quando a espessura da
chapa é elevada ou quando o
compor tamento mecânico do
utilizadas nas linhas de produção
devido a geometrias cada vez
mais complexas. Essas dificul-
significativa no setor industrial. material é frágil. No entanto, o dades foram suplantadas pelo
Para entender melhor o processo, fator determinante na escolha do surgimento do denominado corte
basta pensar na quantidade de processo de corte a ser utilizado fino (fineblanking), um processo
produtos fabricados por esse é a qualidade da região cortada. capaz de produzir peças estam-
princípio, como, por exemplo, Na maioria dos casos, essa qua- padas com bordas lisas isentas de
carrocerias de automóveis, fuse- lidade é definida pela aplicação estouro. Além de proporcionar
lagens de aviões, móveis de es- da peça. Para os casos em que a excelente acabamento de corte,
critório, eletrodomésticos, com- região cortada possui caracterís- ele elimina operações subsequen-
putadores e diferentes utensílios. ticas funcionais, é necessário um tes como rebarbação, fresamento
De um modo geral, esses produ- maior controle dos parâmetros ou mesmo retificação, obtendo
tos são obtidos por meio da do processo. peças prontas para a montagem
combinação de operações de Desenvolvimentos na indústria, de componentes e reduzindo
corte e deformação. principalmente a automobilística, consideravelmente os custos de
O processo de corte caracte- têm implicado a necessidade fabricação.
riza-se por ser realizado a frio, de melhorar o desempenho do Porém, a fabricação de pe-
recorrendo-se ao corte a morno acabamento de corte de peças ças pelo processo de corte fino
Uilian Boff (uillian.boff@ufrgs.br) é mestrando, Halston Mozetic é doutorando (halston.mozetic@ufrgs.br) e Paulo Ricardo Böesch Júnior (paulo.boesch@ufrgs.
br) é mestrando do programa de pós-graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e Materiais (PPGEM), do Laboratório de Transformação Mecânica (LdTM) –
Departamento de Metalurgia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, RS. Vinicius Martins (viniciushiper@yahoo.com.br) é professor
no Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul) – campus Sapucaia do Sul e doutorando no PPGEM. Este artigo foi apresentado no
Inovtec 2011 (1º Seminário de Inovação e Tecnologia) do IFSul (Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia Sul-rio-grandense), que ocorreu entre os dias 8 e 10
de novembro de 2011 no campus de Sapucaia do Sul, RS.
Corte & Conformação de Metais – Abril 2012 2!
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Fig. 3 – Peças utilizadas pela indústria automotiva obtidas pelo processo de corte fino (fonte:
Schuler, 1998)
Fig. 4 – Peças utilizadas na transmissão
automática de um carro de passeio, obtidas
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dade para o material contornar a pelo processo de corte fino (fonte: Schuler,
cortada como uma região rugosa aresta de corte), pela ductilidade 1998)
e de formato oblíquo, com um do material, pelo tamanho da
ângulo de inclinação que depen- folga e também pelo valor da necessidade de acabamento após
de do tamanho da folga. A forma força de corte que é aplicada à a operação de corte.
como ocorre a fratura também é região (2) . Ele consiste em fixar o mate-
responsável pelo tipo e tamanho rial por meio de um prendedor
da rebarba resultante na peça. Corte fino de chapas, sendo que, durante
A dimensão da rebarba será C"
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o processo de corte, a chapa
determinada pelo desgaste das folgas muito pequenas (micra). é submetida a um esforço in-
arestas de corte (quanto maior Por esse processo, é possível pro- ferior adicional de um contra-
for o desgaste, maior será o duzir peças com superfícies lisas punção, que realiza o corte. A
boleamento das arestas de corte e polidas como as que podem retirada do restante da chapa
e, portanto, menor será a dificul- ser vistas nas figuras 3 e 4, sem do punção é feita pelo mesmo
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p$ e o encostador/desembainha-
e o contrapunção executa a dor na parte superior (2) . Com
operação de extração da peça a co l o c a ç ã o d o s e l e m e nto s
cortada da matriz inferior (3 ) . A principais e de transmissão de
figura 5 apresenta esquema- forças na parte inferior da es-
ticamente uma ferramenta de trutura da prensa, procura-se
corte fino. evitar as vibrações e as folgas
Para evitar o aparecimento de associadas aos elementos que
defeitos característicos do pro- se movimentam.
cesso de corte convencional, o
fineblanking exige ferramentas Folga entre
mais complexas, como prensas punção e matriz
de tripla ação e jogo de matrizes
rígidas, os quais asseguram a U $ ,
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produção de peças com superfí- tantes do processo de corte é a
cies de corte isentas de defeitos. folga entre o punção e a matriz,
A figura 6 (pág. 30) mostra uma por ter influência direta na for-
matriz de duplo estágio, sendo mação de rebarba e desgaste
que o primeiro estágio realiza a das partes ativas da ferramenta.
perfuração central, furação de Isso porque uma folga maior
fixação e o rebaixo, e o segundo resulta em uma zona de arre-
estágio equivale à furação dos dondamento maior, visto que
rasgos e contornos externos. as deformações são maiores (3) .
Também é comum a inversão Já uma folga menor leva a uma
de seus elementos, ficando o zona cisalhada maior, uma vez
punção na parte inferior, mon- que as tensões sobre o material
tado sobre uma corrediça que são mais elevadas, o que adia
se desloca de baixo para cima, o a p a r e c i m e nto d e t r i n c a s .
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0 nada do encostador, do anel
relação direta com o desgaste uma parâmetro essencial do de retenção e do encostador/
das partes ativas da ferramen- corte, não só do ponto de vista desembainhador, permitindo
ta, pois quanto menor a folga, da qualidade das superfícies ob- introduzir estados hidrostáticos
maior a força necessária para tidas, como também das forças de compressão na zona solicita-
o corte. aplicadas (2) . Sendo assim, consi- da, contraindo a formação de
Não existe uma regra geral dera-se como folga ideal aquela fissuras e originando superfícies
para selecionar o valor da folga, na qual o trabalho consumido é lisas e brilhantes (2) .
pois são vários os parâmetros o mínimo.
de influência. A folga pode Os valores de folga por lado Força de corte
ser estabelecida com base em (medidos em porcentagem por
atributos como o aspecto su- meio da espessura do arco) de A$ $
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perficial do corte, imprecisões, modo a obter superfícies com a de corte, mesmo para chapas
operações posteriores e aspec- morfologia indicada na figura 5 finas, são altas, especialmente
tos funcionais. estão expressos na tabela 1. Os em materiais de alta resistência.
A qualidade final do corte valores fornecidos são empíricos, Isso porque o material vai en-
também pode variar devido ao razão pela qual variam de acordo cruando devido à deformação
material e à medida da folga com as fontes. plástica crescente, o que faz com
entre o punção e a matriz. A Para o processo de corte con- que a força de corte aumente
diferença entre a qualidade da vencional, a folga tem influência gradualmente até alcançar um
superfície cortada com o proces- na mor fologia da super fície valor máximo, iniciando, assim,
so convencional e de corte fino cor tada, ou seja, o aumento fissuras.
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vencional, a força de corte pode
ser diminuída com a inclinação
das arestas de corte do punção
ou da matriz. No entanto, o
trabalho continua igual, porque
é realizado durante um curso
maior, mas com uma força me-
nor. Dessa forma, o trabalho
total de corte é igual em ambos
os casos.
Já no corte fino, a força máxi-
ma é superior à do corte conven-
cional, conforme ilustra a figura
9 (pág. 33). Isso se deve ao fato
de a folga ser menor e o estado
de compressão induzido pelo
prendedor de chapa aumentar
o valor da tensão crítica.
Conclusão
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tes do processo de corte é a fol-
ga, sendo ele também essencial
na escolha do processo. É ele
que determina a qualidade da
superfície da peça ou compo- Fig. 8 – Morfologia da superfície obtida pelo corte convencional em função do valor da folga
nente a ser obtido pelo corte. A entre o punção e a matriz (fonte: Rodrigues e Martins, 2005)
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