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R E V I S T A
NACIONAL
EDIÇÃO 109
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA VOL. XIX - Nº4 - AGO/SET 2011
Saúde bucal
do trabalhador
ISSN 0104-3072
E
. . .D. . I. .T. . O
. . .R. . I. .A. . L.
R E V I S T A
NACIONAL
Da Odontologia do Trabalho à
saúde bucal do trabalhador
Revista da Associação
Brasileira de Odontologia
Corpo Científico
U
ma importante mudança de para-
digma tem ocorrido na Odontologia
Presidente
brasileira que se dedica à promoção
Newton Miranda de Carvalho
da saúde bucal no ambiente do trabalho e
Diretor científico às suas implicações na qualidade de vida do
Fernando Luiz Tavares Vieira trabalhador, nos resultados da empresa e em
todo o desenvolvimento da nação. Os menos
Secretário executivo de mil cirurgiões-dentistas da Odontologia
Claudio Heliomar Vicente da Silva do Trabalho, especialidade recente, mas de
importância cada vez mais reconhecida,
Conselho consultivo vêm redefinindo as relações de trabalho nos
Carlos de Paula Eduardo diversos espaços que estão ocupando, com o
Edmir Matson foco na saúde bucal do trabalhador.
Geraldo Bosco Lindoso Couto A Odontologia do Trabalho passa por transformações tão dinâmicas
Heitor Panzeri quanto aquelas ocorridas na organização do trabalhador desde a Revolução
José Mondelli Industrial. Ao longo de todo esse período, profissionais de diversas áreas
Luciano Loureiro de Melo da saúde se dedicaram a compreender o processo de saúde e doença de um
Maria Carméli Correia Sampaio grupo específico de pessoas em sua relação com o trabalho, desenvolvendo
Maria Fidela de Lima Navarro alternativas de intervenção para o alcance de resultados positivos para todas
Ney Soares de Araújo as partes envolvidas. Nesse cenário, o cirurgião-dentista da área expande
Nilza Pereira Costa seus conceitos para além do vínculo causal entre a doença e agentes de
risco específicos, passando a considerar toda a subjetividade envolvida
Orivaldo Tavano
nas ocorrências odontológicas no ambiente de trabalho.
Orlando Ayrton de Toledo
Essa subjetividade encontra-se nos mecanismos dos processos de
Roberto Vianna
produção, no espaço que o trabalhador ocupa na teia social, no conjunto
Salete Maria Pretto das suas próprias subjetividades – crenças, conceitos, valores, princípios
Tatsuko Sakima – e no contexto histórico em que estamos. Por ser o trabalho um organi-
zador da vida social, o cirurgião-dentista da Odontologia do Trabalho é
A Revista ABO Nacional é uma publicação também agente de construção das relações sociais que definem a história
bimestral da ABO Nacional. Sede admi- da humanidade.
nistrativa da entidade: Rua Vergueiro,
É essa visão humanista da Odontologia que a especialidade enfo-
3153, conjs. 82 e 83 - Vila Mariana - São
Paulo - SP - CEP 04101-300 - Telefax.
cada nesta edição da Revista ABO Nacional nos apresenta. Foco que,
(+55 11) 5083.4000. Web: www.abo.org. infelizmente, falta a muitos empregadores e ao poder público, ainda em
br / E-mail: abo@abo.org.br débito com a sociedade no que diz respeito a políticas que fortaleçam o
Adress to correspondence: Rua Vergueiro, cuidado odontológico no ambiente do trabalho e incluam a especialidade
3153, conjs. 82 e 83 - São Paulo - SP - na composição dos serviços especializados em saúde do trabalhador e
Brasil - CEP 04101-300 segurança do trabalho.
Web: www.abo.org.br Muito se avançou desde as condições subumanas em que trabalhavam
os homens, mulheres e crianças que entregaram sua dignidade à expansão
Registrada no Instituto Brasileiro de Infor- da indústria nos séculos 18 e 19, mas ainda há importantes capítulos des-
mação em Ciência e Tecnologia (IBICT), sob sa história a serem escritos. Novos tempos virão! Nós, trabalhadores da
o Número Internacional Normalizado para Odontologia, estamos construindo um futuro sem as lacunas que ainda se
Publicações Seriadas (ISSN) 0104-3072. impõem à promoção da saúde bucal do trabalhador na atualidade.
A Revista ABO Nacional está indexada nas
bases de dados Bibliografia Brasileira de Odon-
Newton Miranda de Carvalho
tologia (BBO) e Literatura Latino-americana Presidente da ABO Nacional
e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs).
A Revista ABO Nacional tem como objetivo publicar Força institucional – A abordagem vanguardista da
artigos inéditos nas categorias de pesquisa científica Revista ABO Nacional também foi responsável pela
e relatos de caso(s) clínico(s). Artigos de revisão da formulação de políticas públicas, como aconteceu após a
literatura, bem como matérias/reportagens de opinião, publicação da reportagem “A Odontologia chega à UTI”,
só serão aceitos em caráter especial, mediante convite do em 2007, que deu origem a projeto de lei que obriga a
Conselho Editorial Científico. inclusão de cirurgiões-dentistas nas equipes das UTIs
dos hospitais brasileiros.
Histórico Mais recentemente, em 2009, reportagem da revista
abordando o tabagismo como epidemia global que precisa
Lançada em 1993 por Pedro Martinelli - Há 17 ser combatida através de medidas de saúde pública levou
anos, desde seu lançamento, quando revolucionou as a Aliança de Controle do Tabagismo (ACT) a consultar
publicações científicas de Odontologia ao mesclar a a ABO sobre estratégias para engajar a Odontologia
publicação de trabalhos científicos a reportagens sobre nacional em suas campanhas.
temas da área, a Revista ABO Nacional é referência Após chegar à sua 100ª edição, em março de 2010, a
no mercado editorial odonto lógico. Registrada com Revista ABO Nacional orgulha-se de não só registrar
o International Stan d ard Serial Numbers (ISSN) a história da Odontologia brasileira, mas também de
0104-3072, que a coloca no catálogo internacional de ajudar a construí-la.
publicações seriadas, é indexada no Lilacs e BBO deste
1998, e tem qualificação equiparada à da maior parte das Indexação
publicações odontológicas brasileiras pela Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior A Revista ABO Nacional está indexada nas bases de
(Capes): Qualis B. O desenvolvimento de seu padrão dados Bibliografia Brasileira de Odontologia (BBO) e
editorial coincide com o próprio desenvolvimento da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da
Odontologia e da promoção da saúde bucal na população. Saúde (Lilacs).
A B O N O S E S T A D O S
ABO/Acre ABO/Maranhão ABO/Rio de Janeiro
Pres. Stanley Sandro da Silva Mendes Pres.Marvio Martins Dias Pres. Paulo Murilo O. da Fontoura
R. Marechal Deodoro, 837, s.4 Av. Ana Jansen,73 Rua Barão de Sertório,75
69900-210 - Rio Branco - AC 65051-900 - São Luiz - MA 20261-050 - Rio de Janeiro - RJ
Telefax(+68) 3224.0822 Tel. (+98) 3227.1719/Fax 3227.0834 Tel.(+21)2504.0002 /Fax 2504.3859
ABO/Alagoas ABO/Mato Grosso ABO/Rio Grande do Norte
Pres. Tiago Gusmão Muritiba Pres. Luciano Castelo Moraes Pres. Pedro Alzair Pereira da Costa
Av.Roberto M. de Brito, s/n.-Jatiuca Rua Padre Remeter, 170 Rua Felipe Camarão, 514
57037-240 Maceió - AL 78008-150 - Cuiabá - MT 59025-200 - Natal - RN
Telefax(+82) 3235.1008 Telefax(+65) 3623.9897 Tel.:(+84) 3222.3812/Fax: 3201.9441
ABO/Amapá ABO/Mato Grosso do Sul ABO/Rio Grande do Sul
Pres. Daiz da Silva Nunes Pres. Paulo Cezar R. Ogeda Pres. Flávio Augusto Marsiaj Oliveira
Rua Dr.Marcelo Cândia, 635 CP 635 Rua da Liberdade, 836 Rua Furriel L. A. Vargas, 134
68906-510 - Macapá - AP 79004-150 Campo Grande - MS 90470-130 - Porto Alegre - RS
Tel. (+96) 3244.0202/Fax 3242.9300 Telefax (+67)3383.3842 Tel.:(+51) 3330.8866/Fax: 3330.6 932
ABO/Amazonas ABO/Minas Gerais ABO/Rondônia
Pres. Alberto Tadeu do N. Borges Pres. Carlos Augusto Jayme Machado Pres. Antonio Carlos Politano
Rua Maceió, 863 Rua Tenente Renato César, 106 Rua D.Pedro II, 1407
69057-010 - Manaus - AM 30380-110 - B.Horizonte - MG 78901-150 - Porto Velho - RO
Tel.(+92) 3584.5535/3584.6066 Tel. (+31) 3298.1800/Fax 3298.1838 Tel.: (+69) 3221.5655/Fax: 3221.6197
ABO/Bahia ABO/Roraima
ABO/Pará
Pres. Antístenes Albernaz Alves Neto Pres. Galbânia Policarpo de Sá
Pres. Lucila Janeth Esteves Pereira
R.Altino Serbeto Barros, 138 Rua D.Pedro II, 1407
Rua Marquês de Herval, 2298
41825-010 - Salvador - BA 69301-130 - Boa Vista - RR
66080-350 - Belém - PA
Tel.(+71) 2203.4066/ Fax 2203.4069 Tel. (+95) 3224.0897/ Fax 3224.3795
Tel. (+91) 3277.3212/Fax 3276.0500
ABO/Ceará ABO/Santa Catarina
Pres. José Barbosa Porto ABO/Paraíba
Pres. Patrícia Meira Bueno Pres. Murilo Ferreira Lima
R. Gonçalves Lêdo, 1630 Rua Dom Pedro I, 224 - Capoeira -
60110-261 - Fortaleza - CE Av. Rui Barbosa,38
58040-490 - João Pessoa - PB 88090-830 - Florianópolis- SC
Tel.(+85) 3311.6666/Fax 3311.6650 Telefax (+48) 3248.7101
Telefax(+83) 3224.7100
ABO/Distrito Federal ABO/São Paulo
Pres. Hamilton de Souza Melo ABO/Paraná Pres. José Silvestre
SGAS 616 - lote 115-L/2 Sul Pres. Osiris Pontoni Klamas Rua Dr. Olavo Egídio, 154 - Santana
70200-760 - Brasília - DF Rua Dias da Rocha Filho, 625 02037-000 - São Paulo - SP
Tel.(+61) 3445.4800/Fax 3445.4848 80040-050 - Curitiba - PR Tel.: (+11) 2950.3332/Fax: 2950.1932
Tel.(+41)3028.5800/Fax 3028.5824
ABO/Espírito Santo ABO/Sergipe
Pres. Armelindo Roldi ABO/Pernambuco Pres. Martha Virgínia de Almeida Dantas
R. Henrique Rato, 40 - Fátima Pres. Luiz Gonçalves de Melo Av. Gonçalo Prado Rollemberg, 404
29160-812 - Vitória - ES Rua Dois Irmãos, 165 49015-230 - Aracajú - SE
Telefax(+27) 3337.8010 52071-440 - Recife - PE Tel: (+79) 3211.2177 Fax: 3214.4640
Tel.(+81) 3442.8141
ABO/Goiás ABO/Tocantins
Pres. Jorivê Sousa Castro ABO/Piauí Pres. Luiz Fernando Varrone
Av.Itália, 1184 Pres. Júlio Medeiros Barros Fortes Av.LO15 602 Sul-Conj. 02 Lote 02
74325-110 - Goiânia - GO Rua Dr. Arêa Leão, 545 - SUL 70105-020 - Palmas - TO
Tel.(+62) 3236.3100/Fax 3236.3126 64001-310 - Teresina - PI Tel.: (+63) 3214.2 246/Fax: 3214.1659
Tel.(+86) 3221.9374
Qualidade de
vida no trabalho
Com foco na saúde bucal do trabalhador, a especialidade Odontologia
do Trabalho tem contribuído para o aumento da produtividade
individual, dos resultados das empresas e do bem-estar coletivo
F
-dentista do Trabalho reforça o
ocusing worker’s oral health, the Labor Dentistry coro de especialistas para quem a
specialty has contributed to increase individual especialidade representa promoção
productivity, companies’ results and the collective well- de saúde bucal, qualidade de vida
being. In this edition, you can read interviews of the no trabalho e sustentabilidade.
dental specialists Ana Cláudia de Souza Melo, president of the “Pensar a Odontologia do Trabalho
Brazilian Association of Labor Dentistry (from Pernambuco dessa forma é construir resultados
State), and Ricardo Silva, Labor Dentistry coordinator of contribuindo não só para o desen-
Brazilian Dental Association, Bahia Section. volvimento da empresa, mas sim
de toda uma sociedade.”
É
Programa de Prevenção de Riscos
de amplo conhecimento ambientais que possam constituir Ambientais publicada em 1978 e
do cirurgião-dentista que risco à saúde bucal no local de atualizada em 1994 orienta sobre
as doenças do complexo trabalho, em qualquer das fases do “os agentes físicos, químicos e
estomatognático são, em processo de produção; planejamen- biológicos existentes nos ambientes
sua maioria, de causa multifatorial, to e implantação de campanhas e de trabalho que, em função de sua
envolvendo em seus fatores de risco programas de duração permanente natureza, concentração ou inten-
doenças sistêmicas como diabetes para educação dos trabalhadores sidade e tempo de exposição, são
melito tipo I e II, frequência do con- quanto a acidentes de trabalho, capazes de causar danos à saúde do
sumo de carboidratos, fumo e álco- doenças ocupacionais e educação trabalhador”. Mas Silva lembra que
ol e tipo de microbiota da cavidade em saúde, e organização estatística relatos sobre a existência de asso-
bucal, entre outros elementos.Além de morbidade e mortalidade com ciações potenciais entre exposições
de toda essa gama de interações, o causa bucal e investigação de suas ocupacionais e alterações do sistema
cirurgião-dentista que se ocupa da possíveis relações com as ativida- estomatognático são conhecidas
saúde bucal do trabalhador precisa des laborativas. Dessa forma, a boca há ainda mais tempo. “Bernardino
considerar fatores específicos do pode apresentar manifestações con- Ramazzini (1633-1714), conhecido
ambiente de trabalho. sequentes de agravos, afecções ou como o pai da Medicina do Trabalho,
Segundo a Resolução 25/2002 doenças do exercício profissional. fez referências às consequências
do CFO, as áreas de competência Para o cirurgião-dentista e pesqui- bucais decorrentes de exposições
para atuação do especialista em sador Ricardo Silva, mestre em ocupacionais em livro publicado em
Odontologia do Trabalho in- Deontologia e Odontologia Legal 1700. Simpsom, em 1919, publicou
cluem, entre outras: identificação, pela Universidade de São Paulo estudo sobre a presença de erosão
avaliação e vigilância dos fatores (USP) e coordenador do curso de dentária e inflamação gengival
Trabalhadores expostos
Diretrizes Bruxismo, Atrição dentária; Redução a alto nível de estresse
A Organização Internacional resultantes de da dimensão vertical (profissionais de saúde,
estresse no dos elementos dentários; policiais militares,
do Trabalho (OIT) salienta que trabalho Disfunções de ATM trabalhadores da construção
todo programa de prevenção das civil, limpadores de vidros)
Interfaces sociais
A Odontologia do Trabalho, ao se ocupar de um dos pilares de uma
sociedade saudável, eleva a saúde bucal do trabalhador à condição para o
desenvolvimento social e exige do cirurgião-dentista entendimento ainda
mais amplo do exercício odontológico e de suas implicações
A
vas ainda podem ser relacionadas
saúde do trabalhador é São conhecidas as repercussões em defesa da implantação de ser-
assunto da Constituição indesejáveis das doenças bucais viços odontológicos destinados ao
Federal Brasileira, que em relação ao bem-estar dos indi- segmento dos trabalhadores. Entre
regulamenta o campo - o que evi- víduos, ao comprometimento do elas: possibilidade de detecção
dencia sua importância para todo seu desempenho profissional e aos precoce de lesões relacionadas
o bem-estar social. A Lei Orgânica distúrbios de natureza comporta- ao câncer de boca das manifes-
da Saúde (8080/90), em seu artigo mental resultantes da insatisfação tações bucais dos portadores do
6º, parágrafo 3º, regulamenta os com a condição bucal. Já em 1942, vírus HIV e de outras doenças
dispositivos constitucionais sobre a American Dental Association de relevância vital; aumento da
a saúde do trabalhador por meio de (ADA) publicou proposta para os satisfação da força de trabalho
ações de vigilância epidemiológica serviços odontológicos nas unida- (cerca de 60% do tempo de vida
e sanitária, garantindo a promoção e des industriais norte-americanas. ativa é despendido no emprego ou
proteção da saúde do trabalhador e a Entre outros, os tópicos da proposta local de trabalho), e alcance de
recuperação e reabilitação daqueles orientam que “a indústria deve posição favorável das representa-
submetidos a riscos e agravos cau- organizar seu serviço odontoló- ções sindicais e dos trabalhadores
sados pelo trabalho, em empresas gico visando assegurar cuidados em geral, que consideram ser o
públicas e privadas. Em 2006, a eficientes aos empregados que ambiente de trabalho adequado
OMS salientou que os trabalhadores necessitam de tratamento; todos para o desenvolvimento de ações
representam a metade da população os empregados devem ter acesso à de promoção de saúde. Diante
global e contribuem fortemente para assistência odontológica; o serviço disso, o pesquisador enfatiza a
os valores sociais e econômicos da odontológico deve dedicar parte do importância de se analisar con-
sociedade contemporânea. tempo a atividades educativas em cretamente a epidemiologia e a
patologia dos problemas bucais Contribuições para o serviço exposições ocupacionais são
associados ao trabalho, “estudan- público e privado comuns. Isso expressa a falta de
do o impacto que possam causar Se as condições bucais se integração entre a Odontologia e
na qualidade de vida, trazendo à vinculam às condições gerais de a saúde pública em geral e, mais
tona novos elementos na análise saúde, e são consideradas quando especialmente, entre as práticas de
da causalidade das doenças e dos se discutem as incapacidades saúde bucal e o campo da saúde do
motivos da sua maior ocorrência que atingem os trabalhadores, a trabalhador”, explica Silva. Assim,
e manutenção em determinados promoção da saúde bucal torna-se torna-se necessária a incorporação
segmentos da sociedade”. um meio potencial de combate dos profissionais de Odontologia
ao desconforto, dor e sofrimento nas equipes de saúde e segurança
Absenteísmo por associados às doenças bucais, do trabalhador e o deslocamento
motivos odontológicos convertendo-se em estratégia do foco de atenção da boca para o
Absenteísmo laboral é o termo importante na redução do impacto indivíduo, e deste para o coletivo,
utilizado na literatura para, gene- dessas doenças no processo de em sua complexidade social.
ricamente, indicar o não compa- viver humano. “O conhecimento Para Silva, ainda há muito o que
recimento inesperado ao trabalho, sobre riscos ocupacionais para a se fazer nesse sentido. “Hoje, não se
em especial aquele de caráter saúde bucal do trabalhador é ainda faz uma Odontologia do Trabalho
repetitivo. Ele gera aumento de incipiente, e a sua disseminação, voltada para a identificação epide-
custos, pois, além da concessão de precária, seja no meio acadêmico, miológica, para a catalogação ou
auxílio-doença, ocasiona diminui- seja entre os profissionais de ser- prevenção das doenças, mas sim de
ção de produtividade e eficiência, viços, mesmo para aqueles que uma maneira usual, simplesmente
assim como aumento de problemas trabalham em indústrias, onde curativa”, lamenta.
administrativos, o que compromete
a engrenagem industrial.
Os fatores odontológicos que
acarretam ausências ao trabalho
têm sido de interesse crescente Origens
para os setores público e priva-
A
do, especialmente em razão do A história da saúde do trabalhador teve
contexto econômico competitivo início na Inglaterra, na primeira metade
e produtivo da sociedade. Segundo do século 19, com a Revolução Industrial,
Silva, estudos demonstram que
denominada na época como Medicina
a dor orofacial pode alterar a
qualidade de vida mais do que
do Trabalho. Naquele momento, o consumo da
outras condições sistêmicas, força de trabalho, resultante da submissão dos
como úlceras, diabetes e pressão trabalhadores a um processo acelerado e desumano
alta. “Indivíduos nessa condição de produção, exigiu uma intervenção, sob pena de
vivenciam grandes mudanças no tornar inviável a sobrevivência e reprodução do
seu dia a dia, incluindo dias de próprio processo. A tecnologia industrial evoluiu de
trabalho perdidos, ficando isola- forma acelerada, traduzida pelo desenvolvimento de
dos em casa, evitando os amigos processos industriais e equipamentos e pela síntese
e a família, preocupando-se com de novos produtos químicos, simultaneamente ao
as condições bucais, indo ao con-
rearranjo de uma nova divisão internacional do
sultório odontológico, tomando
medicamentos e evitando certos
trabalho. Surge nesse contexto a saúde ocupacional,
alimentos. Os problemas bucais sobretudo dentro das grandes empresas, com o traço
constituem uma incapacidade da da multidisciplinaridade, a organização de equipes
atividade produtiva, com efeitos progressivamente multiprofissionais e a ênfase na
sobre a capacidade de trabalho e a higiene industrial, refletindo a origem histórica dos
qualidade de vida, além do prejuí- serviços médicos e o lugar de destaque da indústria
zo para o empresário e, em última nos países industrializados.
instância, para a sociedade.”
Riscos físicos
riscos ocupacionais de um consultório Os riscos físicos aos quais os profissionais da
odontológico uma grande variedade Odontologia estão mais comumente expostos estão
de agentes físicos, químicos, bio- relacionados a iluminação, radiação, ruído, calor,
lógicos, ergonômicos, sociais e ventilação e agentes mecânicos.
ambientais. Essas condições
podem ser identificadas e os Iluminação – No consultório odontológico, a
riscos ocupacionais e os pro- iluminação é um agente físico causador de transtornos
blemas relacionados à saúde do ao profissional quando não projetada adequadamente.
cirurgião-dentista, minimizados. A influência da iluminação pode causar, se for pobre
Os problemas ocupacionais da em intensidade ou rica em ofuscamento, dores de
profissão do cirurgião-dentista dizem cabeça, desordens nervosas, miopia, astigmatismo,
respeito àqueles que envolvam a sua fadiga do nervo óptico, insensibilidade da retina e
saúde e a de seus auxiliares durante até mesmo perda total da visão.
Riscos ergonômicos
Os riscos ergonômicos abran- o melhor atendimento clinico grupos de resíduos biológicos
gem: instalação, modelo e idade à população. A edição 102 da e químicos. O grupo biológico
dos equipamentos; fluxograma Revista ABO Nacional tratou inclui resíduos que possuam
da clínica; pessoal auxiliar; jor- do assunto em toda a sua com- agentes biológicos ou outros
nada de trabalho; repetitividade plexidade, e pode ser acessada que se apresentem contamina-
e monotonia. A ergonomia tem na íntegra no Portal da ABO dos por eles, que possam trazer
como objetivo racionalizar o tra- (www.abo.org.br). riscos à saúde pública e ao meio
balho, possibilitando ao profis- ambiente, como secreções,
sional a eliminação de manobras Riscos sociais excreções e outros fluídos or-
não produtivas, permitindo-lhe Os riscos sociais se referem gânicos quando coletados; ma-
produzir mais e melhor dentro à relação do profissional com teriais descartáveis utilizados;
da menor unidade de tempo, com pacientes, protéticos, auxiliares, peças anatômicas; materiais
menos estafa, maior produtivi- órgãos da classe, administrado- perfurocortantes contamina-
dade e maiores rendimentos, ao res de convênios e o isolamento dos, etc. Já o grupo químico
mesmo tempo em que dá maior dentro do consultório. abrange resíduos que apresen-
conforto e segurança ao pacien- tam risco à saúde pública e ao
te. Essa nova maneira de encarar Riscos ambientais meio ambiente devido às suas
a Odontologia fez com que as Os principais riscos ambien- características químicas, como
empresas passassem a produzir tais odontológicos são referen- resíduos inflamáveis e corrosi-
equipamentos que atendem às tes ao lixo hospitalar e ao esgoto vos; medicamentos vencidos,
especificações ergonômicas, do consultório. De acordo com contaminados, interditados e
tanto em sua construção como o Conselho Nacional do Meio parcialmente utilizados; anti-
na combinação de seus diversos Ambiente, os resíduos gerados microbianos e hormônios sin-
elementos, permitindo à clas- em consultório odontológico téticos; mercúrio e amálgamas;
se odontológica atingir a sua que apresentam riscos ao meio saneantes e domissanitários, e
finalidade, que é proporcionar ambiente são classificados em reveladores de filmes.
Pesquisa científica
Pulp canal obliteration of upper left central incisor of a young patient after trauma -
Monitoring clinical-radiographic
ABSTRACT
One of the late complications that can occur on teeth that have suffered trauma is the
pulp canal obliteration (PCO). This condition makes the tooth more susceptible to the
development of pulp necrosis. The clinical management after the diagnosis of OCP is
not well defined. While some dentists opt for radical endodontic treatment, others prefer
the monitoring clinical-radiographic. This study aimed to present a clinical case of tooth
upper left central incisor of a young patient of 7 years of age with OCP after intrusion.
The treatment of choice was the monitoring clinical-radiographic and, 18 months after
diagnosis, the tooth continues to show vitality’signs. Although, teeth showing pulp canal
obliteration are at greatest risk of developing pulp necrosis, endodontic prophylactic
treatment in such cases should not be a routine practice.
Sacchetto, Marina Sena Lopes da Silva et al. Obliteração do canal pulpar do incisivo central
superior esquerdo de uma paciente jovem após trauma - Acompanhamento clinicoradiográfico
Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 211
Sacchetto, Marina Sena Lopes da Silva et al. Obliteração do canal pulpar do incisivo central
superior esquerdo de uma paciente jovem após trauma - Acompanhamento clinicoradiográfico
212 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
Sacchetto, Marina Sena Lopes da Silva et al. Obliteração do canal pulpar do incisivo central
superior esquerdo de uma paciente jovem após trauma - Acompanhamento clinicoradiográfico
Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 213
permitindo uma suficiente perfusão deve ser avaliada a questão estética. possibilidade do elemento dentário
pulpar. O autor acredita que o tratamento vir a perder a sua vitalidade no de-
Outros fatores que favorecem o endodôntico é indicado também correr dos anos pós-trauma8.
aparecimento de necrose pulpar em nos casos de dentes com OCP com
dentes com OCP são: 1- o grau de coloração escurecida. Essa seria a CONCLUSÃO
formação radicular na hora da injúria: única maneira de realizar o clarea- A OCP é uma possível conse-
é mais comum em dentes que possuem mento interno da coroa2. Robertson5 quência tardia do trauma dental.
a raiz completamente formada e fora- (1998) concorda que o tratamento Embora os dentes que apresentam
me apical estreito; 2- intensidade da endodôntico seria uma vantagem para obliteração pulpar tenham maior risco
injúria: injúrias severas causam mais o tratamento estético, mas afirma de desenvolverem necrose pulpar, o
necrose; 3- rapidez de calcificação que quando instituído em um dente tratamento endodôntico profilático
após a injúria: dentes com calcifi- permanente jovem e não completa- não deve ser uma conduta de rotina.
cação rápida da polpa após injúria mente desenvolvido, essa conduta A melhor conduta frente a esses
traumática têm maiores chances de clínica pode acarretar fraturas radi- dentes é o acompanhamento clínico
sofrer necrose pulpar8,14,16. culares cervicais. O autor acredita e radiográfico periódico.
Existem várias opiniões sobre que quando o tratamento endodôntico
qual conduta seguir frente a um dente é realizado profilaticamente, pode
REFERÊNCIAS
com OCP e ausência de lesão peria- ocorrer intervenções desnecessárias
1. Chappuis V, von Arx T. Replanta-
pical. Isso se deve à maior chance cujos elementos não seriam passíveis tion of 45 avulsed permanent tee-
desses dentes desenvolverem necrose de necrose. th: a 1-year follow-up study. Dent
pulpar; e a crescente dificuldade, na A grande maioria dos autores dis- Traumatol. 2005 Oct;21(5):289-96.
realização do tratamento endodôntico corda das afirmações anteriormente 2. de Cleen M. Obliteration of pulp
nos canais pulpares progressivamen- citadas. Para eles, a intervenção canal space after concussion and
te mais obliterados. endodôntica só deve ser feita em subluxation: endodontic conside-
Alguns autores acreditam que a dentes com OCP se, após acom- rations. Quintessence Int. 2002
terapia endodôntica deve ser feita panhamento, surgirem alterações Oct;33(9):661-9.
3. Andreasen FM, Zhijie Y, Thom-
rotineiramente, independente da perirradiculares. Os mesmos após
sen BL, Andersen PK. Occurren-
presença de lesão periapical. Para estudos e acompanhamento perce- ce of pulp canal obliteration after
esses autores além desses dentes beram que o número de dentes com luxation injuries in the permanent
terem maior chance de necrose; a OCP que sofrem necrose pulpar é dentition. Endod Dent Traumatol.
espera poderia tornar o tratamento relativamente pequeno; e a terapia 1987 Jun;3(3):103-15..
mais difícil devido à crescente cal- endodôntica realizada nesses dentes 4. Amir FA, Gutmann JL, Witherspo-
cificação da polpa, caso a necrose poderia ser extremamente difícil e on DE. Calcific metamorphosis: a
fosse diagnosticada4. desnecessária. Além disso, a terapia challenge in endodontic diagnosis
Neville, Allen, Damm e Bououot10 endodôntica pode, ocasionalmente, and treatment. Quintessence Int.
2001 Jun;32(6):447-55.
(2004) afirmam que além da análise não levar à cura3-5,8,14,15,17.
5. Robertson A. A retrospective eva-
radiográfica deve ser feito o teste de No presente caso, a conduta esco- luation of patients with uncompli-
vitalidade pulpar. Se esse teste for lhida frente ao dente com OCP foi o cated crown fractures and luxation
negativo, o tratamento endodôntico acompanhamento, já que se concor- injuries. Endod Dent Traumatol.
deve ser realizado independente da dou que a média relatada nos casos 1998 Dec;14(6):245-56.
presença de lesão periapical. Sendo de dentes com OCP que desenvolve- 6. Moreira Neto JJS, Godim JO.
positivo, deve-se acompanhar através ram necrose pulpar é relativamente Traumatismo dentário: protocolo
de exames adequados, a evolução baixa; não justificando o tratamento de atendimento. Fortaleza: Pou-
dos sinais e sintomas do elemento endodôntico profilático. Além disso, chain Ramos; 2007.
7. Oginni AO, Adekoya-Sofowora
dentário envolvido. Tal opinião não não foram diagnosticadas alterações
CA. Pulpal sequelae after trauma
condiz com o que afirma a maioria periapicais. Até o presente momento, to anterior teeth among adult Ni-
dos autores pesquisados. Para eles, o 4 anos após o trauma; 30 meses após gerian dental patients. BMC Oral
referido teste não é um método seguro o diagnóstico de OCP, os exames Health. 2007 Aug 31;7:11.
para diagnosticar necrose pulpar em clinicoradiográficos não registraram 8. Jacobsen I, Kerekes K. Long-
dentes com OCP5,6,8. sinalização de necrose. Entretanto, -term prognosis of traumatized
Cleen2 (2002) relata em seus estu- faz-se necessário alargar o período permanent anterior teeth showing
dos que além da análise radiográfica, de acompanhamento em virtude da calcifying processes in the pulp
Sacchetto, Marina Sena Lopes da Silva et al. Obliteração do canal pulpar do incisivo central
superior esquerdo de uma paciente jovem após trauma - Acompanhamento clinicoradiográfico
214 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
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12. Bauss O, Röhling J, Rahman A, 15. Robertson A, Andreasen FM, Berge- Endereço para correspondência:
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obliteration on pulpal vitality of Incidence of pulp necrosis subse- E-mail: marinaslopes@yahoo.com.br
Sacchetto, Marina Sena Lopes da Silva et al. Obliteração do canal pulpar do incisivo central
superior esquerdo de uma paciente jovem após trauma - Acompanhamento clinicoradiográfico
Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 215
Pesquisa científica
ABSTRACT
Objective - The aim of this controlled and double-blind trial was to evaluate the postoperative
pain, swelling and trismus after oral surgery with a pre-emptive/post-surgery regimen of
nimesulide and meloxicam. Material and Methods - Patients undergoing mandibular third
molar extraction surgery were allocated to 2 groups, A and B. Both groups received oral
premedication: Group A - nimesulide-betaciclodextrine 400 mg; and Group B - meloxican
15 mg. Patients scored their pain intensity (PI) on a visual analogue scale. Facial swelling
(FS) and mouth opening limitation (MOL) were objectively measured. Results - Although
low PI has been related in both groups, the results compared among the 2 groups with
no statistical significance (P>0,05). Conclusions - Nimesulide- betaciclodextrine and
meloxican show the same results in control of PI, FS and (MOL).
coagulação, insuficiência renal, são no local. Os critérios de exclusão terceiros molares, Classe I e Posição
alguns dos efeitos adversos relatados7,8. englobaram história de reação alérgica A, segundo a classificação de Pell e
As ciclooxigenases (COX) são a medicamentos, sangramento ou Gregory14. As cirurgias foram realizadas
glicoproteínas diméricas integrais ulceração gastrointestinal, doenças com procedimentos de osteotomia e
da membrana, encontradas cardiovasculares e renais. As mulheres odontosecção de acordo com protocolo
predominantemente no retículo grávidas também foram excluídas do técnico cirúrgico 8,18. Realizada a
endoplasmático, sendo encontradas em estudo. O termo de consentimento exodontia, os sítios cirúrgicos foram
pelomenosduasisoformas:COX1 eCOX2. livre e esclarecido foi assinado pelos irrigados com soro fisiológico resfriado
ACOX1 é constitutivamente expressa em pacientes que aceitaram submeter-se e suturados. Após a cirurgia, os
muitos tecidos, principalmente do trato ao estudo. Estes foram orientados a pacientes foram orientados a seguir a
gastrointestinal. A COX2 é uma enzima não utilizar qualquer agente analgésico prescrição recebida anteriormente em
induzível e responsável pelo aumento da ou tranquilizante anteriormente à envelope lacrado, fazendo ingestão dos
formação de prostaglandinas em sítios cirurgia15,16 anti-inflamatórios correspondentes aos
de inflamação9,10. Na consulta inicial os pacientes grupos A e B. Foram também prescritos
Nimesulida-betaciclodextrina e foram divididos em dois grupos, A e B, para todos os pacientes, antibiótico
meloxicam sãoAINEs preferencialmente recebendo um envelope, previamente (Amoxicilina 500 mg, 3 vezes ao
inibidores de COX2, sendo drogas identificado por um pesquisador não dia, durante período de sete dias) e
viáveis para o uso clínico4,11. Para envolvido com o estudo, contendo medicação de resgate (Paracetamol 750
estes compostos, entretanto, tem sido a medicação anti-inflamatória pré mg), somente se necessário, desde que
difícil atribuir a relação de segurança e pós-operatória e a posologia da nunca em um período inferior a 4 horas
gastrointestinal apesar da preferencial droga correspondente ao grupo. antes das consultas para avaliações.
inibição de COX2, uma vez que em doses No grupo A (n=15) os pacientes Todos os pacientes foram
terapêuticas também reduzem a atividade foram pré-medicados via oral com acompanhados nos períodos de 24 e
de COX110. nimesulida-betaciclodextrina 400 48 horas após a cirurgia. Foram feitos
Embora tenham sido realizados mg (Maxsulid®, Farmasa, São Paulo, exames clínicos pelos pesquisadores,
muitos estudos relacionados com a ação Brasil) aproximadamente 60 minutos ainda sem conhecer o grupo a que
das drogas anti-inflamatórias, incluindo antes da cirurgia, e no pós-cirúrgico um pertenciam os pacientes, sendo avaliada
sua ação analgésica preemptiva9,12-14, comprimido a cada 12 horas durante dois a intensidade da dor (ID), necessidade
existem poucas informações comparativas dias, num total de cinco comprimidos. de medicação de resgate, edema facial
da administração pré-operatória No grupo B (n=15) os pacientes foram (EF) e limitação de abertura bucal (LAB).
de nimesulida-betaciclodextrina e pré-medicados com meloxicam 15 mg A avaliação foi realizada através de
meloxicam na remoção cirúrgica de (Inicox®, Farmoquímica, Rio de Janeiro, dados registrados em um formulário
terceiros molares. Brasil) aproximadamente 60 minutos elaborado pelos pesquisadores, contendo
O objetivo deste estudo controlado e antes do procedimento cirúrgico e, uma escala visual analógica (EVA) com
duplo-cego foi avaliar o pós-operatório posteriormente, administrado uma 10 centímetros de comprimento, para
de exodontias em relação à intensidade vez ao dia durante dois dias, num quantificação da ID. Os pacientes
dolorosa, edema facial e limitação total de três comprimidos. Todos os foram orientados a indicar a (ID),
de abertura bucal com administração pacientes foram medicados com anti- marcando um ponto na escala graduada
pré e pós-operatória de nimesulida- inflamatórios, uma vez que eticamente com extremidades 0 (zero) e 10 (dez)
betaciclodextrina ou meloxicam. não poderia haver um grupo no qual os correspondentes às graduações “sem
pacientes recebessem placebo. dor” e “pior dor” nos períodos de 24h
MATERIAL E MÉTODOS As cirurgias foram realizadas por e 48h após a cirurgia19-21. Foram ainda
Após aprovação do protocolo um pesquisador do Serviço Especial obtidos dos pacientes relatos sobre a
de pesquisa pelo Comitê de Ética de Cirurgia Oral da Universidade necessidade de utilização de medicação
da Universidade Federal de Juiz de Federal de Juiz de Fora, sob anestesia de resgate.
Fora (CEP-UFJF 959-005.2007), local dos nervos alveolar inferior, Para avaliar o edema pós-operatório,
foi realizado estudo controlado e lingual e bucal com prilocaína a 3% as medidas pré-operatórias realizadas
duplo-cego sendo selecionados 30 contendo felipressina 0,03 UI/ml17. A imediatamente antes da cirurgia foram
pacientes com idade entre 18 e 30 mesma técnica cirúrgica foi empregada consideradas como base de comparação
anos, com indicação de exodontia de para todos os pacientes, uma vez (grupo controle) com aquelas realizadas
terceiros molares mandibulares e com que foi utilizada uma amostra por nos períodos de 24 e 48 horas. Tais
ausência de processo inflamatório conveniência, onde foram selecionados medidas faciais foram obtidas a partir
de acordo com pesquisas que 7. Hamerschlak N.Nishioka SA, 15. Almendros-Marqués N, Alaejos-
analisaram este parâmetro no pós- Sheinberg M. Debate em medici- -Algarra E, Quinteros-Borgarello
operatório13,19,28. na: a controvérsia da questão dos M, Berini-Aytés L, Gay-Escoda C.
antiinflamatórios. Einstein. 2005; Factors influencing the prophylac-
3(1): 56-7. tic removal of asymptomatic im-
CONCLUSÃO 8. Del Tacca M.; Colucci R.; Fornai pacted lower third molars. J Oral
Com base nos dados coletados M.; Blandizzi C. Efficacy and to- Maxillofac Surg. 2008; 37 (1):29-
podemos concluir que nimesulida lerability of Meloxicam, a COX-2 35.
e meloxican apresentaram ação preferential Nonsteroidal Anti-In- 16. Benediltsdóttir IS, Ann Wenzel,
satisfatória na redução da intensidade flammatory Drug: a review. Clin Jens K. Petersen, HanneHintze.
da dor, edema facial e na limitação Drug Invest. 2002; 22(12): 799- Mandibular third molar removal:
da abertura bucal pós-operatória. 818. Risk indicators for extended opera-
9. Aoki T, Yamaguchi H, Naito H, tion time, postoperative pain, and
Portanto, ambas as medicações são
Shiiki K, Izawa K, Ota Y, Saka- complications. Oral Surg Oral Med
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Data de recebimento: 16/06/2011
impacted third molar: a 24-hour, 26. Fleischmann R, Iqbal I, Slobodin
Data de aceite: 14/11/2011
Double-Blind, Randomized, Dou- G. Meloxicam. Expert Opin Phar-
Endereço para correspondência:
ble-Dummy, Parallel-Group Study. macother. 2002; 3(10):1501-12.
Liza Porcaro de Bretas
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E-mail: lilipb_odonto@yahoo.com.br
(3): 172-80. Coelho TCRB. Antiinflamatórios
Pesquisa científica
Bond strength between composite resin and metal alloy with different surface
treatments
ABSTRACT
The present study compared the bond strength of the composite resin-metal interface
with different treatments on the metal. Material and Method: Thirty three acrylic
patterns were casted in CoCrMo with 25 X 3 X 0,5mm (ISO 9693). All metallic
specimens were divided in three groups according to the surfaces treatments: Group
A – retentive microballs (150µm) + sandblasting with aluminum oxide particles
110µm (Al2O3) + metal primer + one layer of opaque resin; Group B (control)
- sandblasting with aluminum oxide particles 110µm (Al2O3) + metal primer +
three layers of opaque resin and Group C – sandblasting with aluminum oxide par-
ticles 110µm (Al2O3) + two layers of opaque porcelain + acid conditioning (10%
I Mestre em Prótese Dentária, Universidade hydrofluoric acid gel for 4min) + silane + bonding agent. After, using a matrix,
Estadual Paulista Júlio de Mesquita (Unesp). one layer of composite resin (8 x 3 x 1mm) was applied. The three-point flexural
II Professor Assistente Doutor da Disciplina de test was used at a cross-head speed of 0,5mm/min. These data were submitted to
Prótese Parcial Fixa, da Unesp. one way ANOVA and Tukey´s test (a = 5%). Results: Descriptive statistics data
III Mestre e Doutor em Prótese Dentária, Unesp. (kgf) for groups A, B and C were (3.167±0.483), (0.858±0.157) and (1.602±0.262)
IV Professor Adjunto da Disciplina de Prótese respectively. The results showed that mean flexural strength values for all groups
Parcial Fixa, da Unesp. differ statistically (p <0.001) among them. The values of group A were signifi-
V Professor Assistente Doutor do Departamento cantly higher than the group B and C. Conclusion: The results showed highest
de Prótese Dentária, da Unesp. values of bond strength were obtained with surface treatment used in A group.
VI Especialista em Prótese Dentária. Aluna do
Programa de Aperfeiçoamento Profissional Keywords: Composites resins. Metal ceramic alloys. Physical properties. Dental
Continuado (Proac), da Unesp. materials. Materials testing.
Filho, Gilberto Duarte et al. Resistência de união entre uma resina composta e uma liga metálica com diferentes tipos de tratamento superficial
222 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
INTRODUÇÃO adesivo Shofu (Japan), para reter 900ºC. Após esse período, foram
O uso de resinas como revestimento microesferas de resina de 150 μm4,11. realizadas as fundições12 em uma
estético de infraestruturas metálicas Para a aplicação do adesivo, as onze máquina de fundição por indução
é comum na confecção de próteses barras foram posicionadas paralela- modelo Ducatron3.
dentais1. A união entre esses dois ti- mente umas às outras sobre uma placa A liga metálica à base de CoCrMo
pos de substratos diferentes pode se de vidro. Duas tiras de fita adesiva (Wirobond C - BEGO) para prótese
dar de várias maneiras2. Hoje em dia, foram fixadas, sendo uma em cada fixa foi utilizada para a fundição dos
enfatiza-se o método químico pela sua extremidade das barras, delimitando 33 padrões. O resfriamento dos blocos
facilidade de uso e seus bons resultados centralmente 8 mm para a aplicação com as fundições ocorreu sobre a
de resistência de união exibidos após do adesivo. As microesferas foram bancada de trabalho até a temperatura
os ensaios mecânicos3. dispensadas com o auxílio de uma ambiente. As estruturas metálicas
O sucesso da restauração dental caneta para esta finalidade. A efeti- foram jateadas com pó de óxido de
depende, da retenção da resina sobre a vidade da aplicação das microesferas alumínio de partículas de 110mm e
infraestrutura, das propriedades físicas, foi verificada pelo uso de uma lupa pressão de 3 bar por 30 segundos
químicas e mecânicas dos materiais4,5, que permitia um aumento de 16X. para a eliminação do revestimento
pois estão em contato permanente Trinta e três padrões em acrílico residual e da camada de óxido.
com meios bastante agressivos como foram montados separadamente, Um gabarito para manter uma
a placa bacteriana, saliva, ou refluxo sendo onze em cada anel para fun- distância constante entre a ponta
gástrico, sendo necessário desenvolver dição. Três anéis de silicone, com jateadora e as barras metálicas foi
sua resistência ao desgaste e à corro- capacidade máxima para 180 gra- usado e as mesmas foram separadas
são3, principalmente durante a função mas, foram usados para a inclusão das “traves” por meio de discos de
mastigatória quando são submetidas à dos padrões. Na base formadora de carborundum e usinadas e acabadas.
cargas desordenadas e diferentes ciclos cadinho de cada anel foi fixado um As estruturas metálicas foram
térmicos. Por propriedades mecânicas conduto de alimentação em forma de acondicionadas em um aparelho de
também entendemos resistência à “trave”. Nessa “trave” foram fixados ultrassom (Vitasonic II, Vita Zahna-
forças de flexão6 : uma mordida exa- onze padrões os quais formaram um fabrik- Alemanha) para serem limpas
geradamente forte poderia gerar uma ângulo de 45º. com um banho de álcool isopropílico.
trinca ou até mesmo uma fratura como Esse conjunto padrões e trave As 22 barras que não receberam
resultado de uma resistência inadequa- receberam a aplicação de um redutor a aplicação de microesferas foram
da do material7,6. de tensão superficial por aspersão, divididas aleatoriamente em dois
A maioria dos estudos8,9 examinou sendo a secagem realizada com ar grupos iguais e receberam os seguin-
a interface resina/metal frente a ensaios comprimido de uma seringa tríplice. tes tratamentos de superfície antes
de cisalhamento e tração. Entretanto, O revestimento usado para a inclusão da aplicação da resina composta
uma carga de flexão de 3 ou 4 pontos foi o do tipo fosfatado Heat Shock microhíbrida: Primer para metal
pode influenciar no padrão de falha ou que foi preparado na proporção de (pincelado uma única vez sobre a
aproximar-se das condições intraorais8,9. 41ml de líquido + 4ml de água para área padronizada para aplicação da
O presente estudo teve como pro- 180 gramas de pó. Inicialmente o resina composta) + três camadas de
pósito avaliar a resistência de união ao pó foi incorporado ao líquido e uma opaco para resina composta. Cada
ensaio de flexão entre uma resina com- espatulação mecânica e a vácuo camada foi pincelada e depois foto-
posta e uma liga com diferentes tipos (20psi) por 30s com 425rpm em polimerizada por um minuto em uma
de tratamento de superfície metálica. uma espatuladora Polidental A300 unidade fotopolimerizadora Resilux.
foi realizada. Essas amostras formaram o Grupo B,
MATERIAL E MÉTODO Após vinte minutos do término considerado grupo controle por seguir
De acordo com a norma ISO da inclusão de cada anel foram re- o tratamento de superfície metálica
969310 foram confeccionadas trinta movidos, base formadora de cadinho preconizado pelo fabricante da resina
e três barras de acrílico poliestireno e anel de silicone. O conjunto bloco composta utilizada neste trabalho
com medidas de 25 X 3 X 0,5 mm, de revestimento com os padrões in- (Figura1).
que serviram de modelos padrão. cluídos foi levado a um forno para Duas camadas de opaco para por-
Para obter retenção mecânica para fundição (EDG) o qual já se encon- celana (cada camada foi queimada em
o revestimento estético, onze das trava pré-aquecido a temperatura de um forno para cocção de porcelanas
trinta e três tiras receberam, em uma 800ºC sendo mantido por 30 minutos (Pasta Wash Opaque, Vita Omega
de suas faces, a aplicação do líquido após o alcance da temperatura de 900, Vita Zahnafabrik- Alemanha) à
Filho, Gilberto Duarte et al. Resistência de união entre uma resina composta e uma liga metálica com diferentes tipos de tratamento superficial
Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 223
Filho, Gilberto Duarte et al. Resistência de união entre uma resina composta e uma liga metálica com diferentes tipos de tratamento superficial
224 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
Filho, Gilberto Duarte et al. Resistência de união entre uma resina composta e uma liga metálica com diferentes tipos de tratamento superficial
Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 225
uma resina fotopolimerizável para uso Quanto ao modo de fratura, foi on fracture toughness and flexural
laboratorial – Resilab durante os testes impossível determinar onde as falhas strength of light-cured composites.
mecânicos de flexão. A molhabilidade se iniciaram. Embora haja relatos Dent Mater. 1996 Nov;12(6):328-
32.
do opaco resinoso sobre a liga utili- sobre união resina/metal, a correlação
7. Geis-Gerstorfer J, Sauer KH, Päs-
zada (CoCrMo, Wirobond C, BEGO) de resultados é limitada por causa das
sler K. Ion release from Ni-Cr-
também poderia atuar sobre a película, diferentes metodologias, materiais e -Mo and Co-Cr-Mo casting alloys.
resultando em uma camada porosa15,1. condições para comparações diretas. A Int J Prosthodont. 1991 Mar-
Ainda, no Grupo A, a presença de esfe- necessidade para um ensaio padroniza- -Apr;4(2):152-8.
ras retentivas e um primer para metal, do com um grande número de amostras 8. Dudek RP. Non precious Alloys:
sistema recomendado por Thompson deve ser a base para futuros trabalhos in an update. In: Preston JD. Pers-
et al.21 (1985) e Barzilay et al.2 (1988) vitro. As limitações dos testes in vitro pectives in Dental Ceramics - Pro-
os quais usaram os ensaios de tração também devem ser consideradas, pois ceedings of the Fourth Internatio-
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resina e metal, podem deixar uma es- permitem apenas uma aproximação
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pessura variável de opaco e as falhas simplificada para comparar forças de arson GJ. Flexural and thermal
ocorreriam, frequentemente, na junção aplicação geradas durante a mastiga- cycling of resins for veneering re-
opaco/resina, como aconteceu neste ção. Os resultados desses testes podem movable overlay dentures. J Dent.
trabalho, exceção feita aos topos das confirmar a eficácia de vários sistemas, 1999 Jul;27(5):367-72.
esferas nas quais a espessura da camada mas somente a pesquisa in vivo poderia 10. ISO 9693. Metal-ceramic dental
de opaco falhou na superfície da liga. prever o sucesso clínico. restorative systems. Geneva: Inter-
A aplicação da resina composta national Organization for Standar-
obedeceu a uma espessura máxima de CONCLUSÃO tization; 1999.
11. Kelly JR, Rose TC. Nonprecious
2mm9,22 com o auxílio de um dispositivo Os resultados deste trabalho de-
alloys for use in fixed prosthodon-
para este procedimento, ficando dentro monstraram que os sistemas de retenção
tics: a literature review. J Prosthet
de padrões aceitáveis. estudados podem melhorar a adesão de Dent. 1983 Mar;49(3):363-70.
O Grupo C onde o opaco cerâmico resinas em infraestruturas metálicas 12. Taggart WH. A new accurate me-
foi usado, da mesma forma como para antes da sua aplicação sendo que o thod of making gold inlays. Dent
aplicação de cerâmica sobre uma in- método com microesferas (Grupo A) Cosmos. 1907 Nov; 49(11):1117-
fraestrutura metálica, a resistência de apresentou os melhores resultados. 21.
união conseguida foi melhor do que 13. Almilhatti HJ. Influência de trata-
aquela com o uso apenas do primer para REFERÊNCIAS mentos superficiais e termocicla-
metal e opaco resinoso, preconizado 1. Ishijima T, Caputo AA, Mito gem na resistência da união resina/
R. Adhesion of resin to casting metal [tese]. Araraquara: Univer-
pelo fabricante da resina composta
alloys. J Prosthet Dent. 1992 sidade Estadual Paulista, Faculda-
(Grupo B). Esse sistema foi escolhido
Apr;67(4):445-9. de de Odontologia de Araraquara;
tendo-se em vista a possibilidade da boa 2004.
2. Barzilay I, Myers ML, Cooper LB,
resistência de união ser associada a uma Graser GN. Mechanical and che- 14. Di Francescantonio M, de Olivei-
baixa infiltração da resina composta em mical retention of laboratory cured ra MT, Garcia RN, Romanini JC,
suas bordas. composite to metal surfaces. J Pros- da Silva NR, Giannini M. Bond
A antiga ideia da retenção mecânica thet Dent. 1988 Feb;59(2):131-7. strength of resin cements to Co-Cr
associada ao atual conceito de retenção 3. Asgar K. Melting and casting of and Ni-Cr metal alloys using adhe-
química sugeriu que esta combinação alloys. NIH Conference Procee- sive primers. J Prosthodont. 2010
pode levar a melhores resultados de dings: Alternatives to gold alloys Feb;19(2):125-9.
in dentistry. January 1977. ps 166- 15. Duarte FG. Avaliação da resistên-
resistência de união entre metal/resina.
185. cia de união entre ligas de CoCrMo
A otimização da união entre a resina e
4. Anusavice KJ. Phillips Materiais e uma resina composta microhíbri-
o metal pode ser alcançada pela asso- dentários. 10ª ed. Rio de Janeiro: da ao ensaio de tração [tese]. São
ciação de retenção mecânica provida Guanabara Koogan; 1998. José dos Campos: Universidade
por abrasão de partículas de óxido de 5. Phillips RW. Skinner’s science of Estadual Paulista, Faculdade de
alumínio com retenção química do dental materials. 8th ed. Philadel- Odontologia; 2005.
metal condicionado, principalmente phia: Saunders; 1986. 16. Denizoğlu S, Hanyaloğlu CS, Ak-
aqueles que contêm monômeros fun- 6. Miyazaki M, Oshida Y, Moore BK, sakal B. Tensile bond strength of
cionais derivados do ácido fosfórico23. Onose H. Effect of light exposure composite luting cements to metal
Filho, Gilberto Duarte et al. Resistência de união entre uma resina composta e uma liga metálica com diferentes tipos de tratamento superficial
226 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
alloys after various surface tre- tems. J Prosthet Dent.1997 impact of cavity depth and expo-
atments. Indian J Dent Res. 2009 Aug;78(2):136-45. sure time. Oper Dent. 2000 Mar-
Apr-Jun;20(2):174-9. 20. Kakuta K, Urapepon S, Miyagawa -Apr;25(2):113-20.
17. Banerjee S, Engelmeier RL, Y, Ogura H, Yamanaka M, Sucha- 23. Almilhatti HJ, Giampaolo ET, Ver-
O’Keefe KL, Powers JM. In vitro tlampong C, Rittapai A. Develop- gani CE, Machado AL, Pavarina
tensile bond strength of denture re- ment of metal-resin composite res- AC, Betiol EA. Adhesive bonding
pair acrylic resins to primed base torative material. Part 4. Flexural of resin composite to various Ni-Cr
metal alloys using two different strength and flexural modulus of alloy surfaces using different metal
processing techniques. J Prostho- metal-resin composite using Ag-In conditioners and a surface modifi-
dont. 2009 Dec;18(8):676-83. alloy particles as filler. Dent Mater cation system. J Prosthodont. 2009
18. Orchard NA, Howlett JA, Davies J. 2002 Jun;21(2):181-90. Dec;18(8):663-9.
EH, Pearson GJ. Adhesive composite 21. Thompson VP, Grolman KH, Liao
resins for artificial teeth: a laboratory R. Bonding of adhesive resins to
investigation of bond strength to a various nonprecious alloys [Abs- Data de recebimento: 07/01/2011
cobalt-chromium alloy. Biomate- tract]. J Dent Res. 1985;64:314. Data de aceite: 11/10/2011
rials. 1997 Jul;18(13):935-8. 22. Yap AU. Effectiveness of poly- Endereço para correspondência:
19. Kourtis SG. Bond strengths merization in composite restora- Silvana Machado Simas
of resin-to-metal bonding sys- tives claiming bulk placement: E-mail: silvana-simas@uol.com.br
Filho, Gilberto Duarte et al. Resistência de união entre uma resina composta e uma liga metálica com diferentes tipos de tratamento superficial
Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 227
Pesquisa científica
ABSTRACT
The present study aimed to describe the technique of making a prosthetic eyelid in
thermicpolymerized acrylic resin, trying to reach the biopsychosocial rehabilitation
of a patient treated in the Maxillo-Facial Prosthodontics Department of Federal
University of Pernambuco. The process of rehabilitation was described step-by-step,
introducing the changes advocated by the authors to the conventional technique
of making a facial alloplastic materials epitese drive. The authors conclude that,
despite recent research in search of new materials with improved properties and
advances in genetic engineering for production of artificial organs, acrylic resin
still has its indications in facial rehabilitation.
Cardoso, Silvana Maria Orestes et al. Prótese oculopalpebral: técnica de confecção e aspectos biopsicossociais. Relato de caso clínico.
228 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
próteses faciais muito mais satisfatórias propriedades que apresenta: menor em assinar o Termo de Consentimento
do ponto de vista biopsicossocial1-4. custo, facilidade no manuseio, maiores Livre e Esclarecido.
Devido à demanda de se recons- durabilidade e estabilidade de cor9,21,22.
tituir artificialmente a anatomia facial Além do material a ser utilizado Técnica de confecção da prótese
alterada, surgiu a necessidade de se para confecção das próteses oculopal- oculopalpebral
criar a especialidade de Prótese Bu- pebrais, deve-se levar em consideração Moldagem e modelo facial
comaxilofacial, que tem como obje- o meio de retenção das mesmas. Elas Foi confeccionado um modelo fa-
tivos principais o planejamento e a podem ser retidas por meios mecânicos cial em gesso pedra tipo III (Herodent
confecção das diferentes modalidades (armação de óculos), adesivos e ana- ®
- Vigodent, Rio de Janeiro – RJ –
de prótese para as perdas teciduais tômicos (cavidades naturais ou cirúr- Brasil), a partir da moldagem da face
que acometem a face, restabelecen- gicas). Um meio de retenção bastante com hidrocolóide irreversível (alginato
do, consequentemente, a morfologia utilizado atualmente são os implantes Jeltrat® – Dentsply, Petrópolis – RJ –
estética da face, a fim de assegurar osseointegrados extraorais, os quais Brasil), manipulado em consistência
a manutenção de funções essenciais, aumentam a retenção, a estabilidade e mais fluida do que a recomendada pelo
tais como: respiração, fonação e mas- propiciam translucência marginal18,23,24. fabricante para melhor escoamento e
tigação3, 5, 6. Isto posto, o presente estudo teve fidedignidade na reprodução da ana-
Os fatores etiológicos mais fre- por objetivo descrever o passo a passo tomia da região de interesse, o qual
quentemente associados às muti- da técnica de confecção de uma prótese foi utilizado tanto como modelo de
lações/más-formações faciais são, oculopalpebral, visando a reabilitação estudo (para uma melhor visualização
respectivamente: congênitos, traumá- biopsicossocial de um paciente aten- das dimensões da lesão e profundidade
ticos intencionais e acidentais, pato- dido na clínica de Prótese Bucoma- da cavidade anoftálmica) quanto de
lógicos infecciosos e neoplásicos6-9. xilofacial da Universidade Federal de trabalho (para a escultura das pálpebras
Quando esses fatores atingem espe- Pernambuco. e locação da prótese ocular - Figura 2).
cificamente a região oculopalpebral,
por exemplo, faz-se necessária, mui- RELATO DE CASO Obtenção da ceroplastia da pálpebra a
tas vezes, a realização de cirurgias Paciente J. E. N, de 64 anos, do partir da duplicação da prótese antiga
mutiladoras, sendo, usualmente, pre- sexo masculino, leucoderma, natural do Considerando-se que o paciente já
conizada a exenteração, a qual consis- Recife, procurou a Clínica de Prótese era usuário de prótese facial, a técnica
te, além da perda do globo ocular, em Bucomaxilofacial do Curso de Odon- utilizada para a escultura das pálpebras
remoção de ambas as pálpebras, exi- tologia da Universidade Federal de foi mista. A primeira etapa consistiu em
gindo, por conseguinte, reabilitações Pernambuco (UFPE), com objetivo de se reproduzir em cera nº. 7 (Lysanda
cirúrgicas e/ou protéticas3,5,10,11. substituir uma prótese óculo-palpebral, ®
- Lysanda produtos odontológicos
Ressaltando-se, no contexto deste confeccionada em material flexível LTDA. – São Paulo – SP – Brasil) a
estudo, apenas as reabilitações protéti- (silicone) há dois anos, em outra clí- antiga prótese, a partir de moldagens
cas oculopalpebrais, é possível afirmar nica de Prótese Bucomaxilofacial, em separadas de suas superfícies anterior e
que elas têm por objetivo, além de decorrência de cirurgias mutiladoras posterior em alginato, para se realizar,
proteger a lesão, restaurar a estética, (enucleação do globo ocular e anci- posteriormente, os ajustes e a adapta-
a qual, por sua vez, poderá interferir loblefaria das pálpebras) devido a um ção no paciente. Na segunda etapa, as
satisfatoriamente na qualidade de vida tumor maligno, de natureza histopa- ceroplastias das superfícies anterior e
do indivíduo12-20. tológica desconhecida pelo paciente, posterior da futura prótese foram unidas
As próteses oculopalpebrais podem com início na região mesial da pálpebra e em seguida, foi realizada a abertura
ser confeccionadas em materiais flexí- inferior esquerda, e posterior metástase palpebral e a reprodução na cera, com
veis como o silicone, o qual proporciona para o globo ocular. A queixa principal espátula Lecron (Golgran Ind. e Com.
boa estética, devido à flexibilidade e estava relacionada a motivos estético de Instrumental Odontológico LTDA.
facilidade de reproduzir determinadas (descoloração da prótese) e funcional - São Caetano do Sul – SP- Brasil), da
características, tais como: cor e textura (falta de adaptação da mesma e irrita- anatomia da região palpebral (Figuras
da pele. Apesar de os materiais flexíveis ção traumática na pele que recobria a 3 e 4). A parte posterior da prótese, que
apresentarem algumas propriedades cavidade anoftálmica, após uso prolon- fica em contato com a cavidade, foi
melhores comparativamente aos ma- gado - Figura 1A-D). Em relação ao moldada com poliéter (Impregum ™
teriais rígidos, a utilização da resina estado de saúde geral, nada digno de Soft® - 3M ESPE – Sumaré – SP – Bra-
acrílica para confecção de epíteses nota pode ser observado. Quanto aos sil) para melhor adaptação à cavidade
faciais ainda tem a sua indicação pelas aspectos éticos, o paciente concordou anoftálmica do paciente (Figura 4).
Cardoso, Silvana Maria Orestes et al. Prótese oculopalpebral: técnica de confecção e aspectos biopsicossociais. Relato de caso clínico.
Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 229
Cardoso, Silvana Maria Orestes et al. Prótese oculopalpebral: técnica de confecção e aspectos biopsicossociais. Relato de caso clínico.
230 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
Através do método de tentativas, um total com resina autopolimerizável incolor é que a aplicabilidade desses avanços
de 11 testes de cores foi feito para se obter e as superfícies anterior e posterior da na clínica odontológica ainda é muito
a coloração mais compatível com a cor prótese oculopalpebral são unidas com restrita. A partir dessas considerações,
da pele do paciente (Figura 5D). resina autopolimerizável da cor da pele. a questão a ser colocada é: por que
Após a seleção da coloração intrínse- Para se obter uma prótese mais natural, insistir em relatar um caso de paciente
ca, as seguintes etapas foram realizadas: a) cílios artificiais (Pro Art®-Av. das Nações reabilitado proteticamente através de
inclusões das ceroplastias das pálpebras e Unidas- São Paulo- SP-Brasil) são fixados prótese oculopalpebral confeccionada
superfície posterior, individualmente, em com cola, entre as pálpebras e o globo em resina acrílica termopolimerizável,
muflos nº 6 preenchidos com gesso pedra ocular (Figura 7). principalmente, quando o paciente já era
tipo III (Figuras 6A e B); b) eliminação portador de uma prótese confeccionada
da cera; c) entulhamento e a prensagem Locação da prótese no paciente e reco- em material flexível (silicone)?
manual da RATP da cor da pele; d) ciclo de mendações de higienização e uso Em que pesem as limitações de or-
polimerização, após um período de cura No momento em que a prótese é lo- dem econômica e pessoal, visto que as
de 24 horas; e) acabamento da superfície cada no paciente (Figura 8), este recebe conquistas acima mencionadas, além de
anterior e acabamento e polimento da instruções de uso quanto à higienização estarem muitas delas em fase de experi-
superfície posterior da prótese palpebral da mesma, recomendando-se a lavagem e mentação, e as disponíveis não estarem
(Figuras 6 C e D). a escovação da prótese, pelo menos uma ainda acessíveis à maioria da população,
vez ao dia, com escovas de cerdas macias, existem também fatores associados ao
Coloração e caracterização extrínseca água e sabão neutro. Recomenda-se que, paciente, como por exemplo: a) desejar
das pálpebras acrilizadas pelo menos uma vez ao dia, ele lave e uma prótese mais durável do que aquelas
Para uma melhor caracterização, os escove a prótese com escovas de cerdas confeccionadas em materiais flexíveis; e
traços faciais nas pálpebras acrilizadas macias, água e sabão neutro. A cada seis b) não querer se submeter a cirurgias para
foram acentuados com brocas do kit de meses é feita a proservação e desinfecção colocação de implantes extraorais, por
acabamento de superfícies oclusais da da mesma com soluções de hipoclorito de estar em fase de observação clínica e não
k
G Sorensen (Barueri – SP – Brasil). Em sódio a 2%, as quais devem ser realizadas está preocupado com resultados estéticos
decorrência da dificuldade de se obter a pelo cirurgião-dentista. muito satisfatórios. Além dos motivos
tonalidade da pele do paciente apenas supracitados, existe o inconveniente, no
com a coloração intrínseca, quando se DISCUSSÃO ensino da Prótese Bucomaxilofacial, de
utiliza a RATP, na maioria das vezes, Na década de 1930, a introdução das não estarem sendo reeditados trabalhos
faz-se necessário proceder à coloração resinas acrílicas na Odontologia trouxe sobre reabilitação protética facial com
e caracterização extrínseca. É com esta benefícios inquestionáveis para pacientes materiais clássicos, a exemplo da resina
finalidade que mais uma vez as superfícies que precisavam de reabilitações protéti- acrílica termopolimerizável.
anterior e posterior da prótese devem ser cas dentárias e/ou faciais. No entanto, Tendo em vista que o caso clínico
incluídas em gesso tipo III, previamente a é interessante observar que, apesar da apresentado é único na literatura porque,
este procedimento, realiza-se o desgaste pesquisa constante por novos materiais apesar de a técnica de confecção de próte-
de 1 a 2 mm no contorno anterior com mais estéticos e funcionais9,21,22; assim ses faciais ser milenar, cada autor, mesmo
pedras montadas, com o objetivo de como o aprimoramento dos implantes respeitando algumas etapas comuns,
se obter um espaço para a camada de extraorais18,23,24 para a retenção de próte- introduz modificações tanto na sequência
proteção em RATP incolor (consequen- ses faciais, estas resinas continuam sendo das mesmas como no emprego e com-
temente, novo ciclo de polimerização amplamente utilizadas, principalmente binação de diferentes tipos de materiais.
foi realizado), a qual deverá proteger a porque não se conseguiu um material No presente estudo, um dos exemplos é
coloração e caracterização extrínseca, com todos os requisitos necessários a utilização de poliéter após a ceroplastia
produzidas com tinta aquarela, resinas para suplantá-las. Por outro lado, é para moldagem mais precisa da parte
autopolimerizáveis coloridas, RATP importante salientar que os avanços que intracavitária e, consequentemente, me-
(Clássico®) com capilares para bases de estão sendo feitos, a partir dos anos 80 do lhor adaptação da prótese (Figura 4D).
dentaduras e cosméticos (Figura 7). século passado, graças a uma verdadeira Desse modo, comparativamente ao que
revolução científica e tecnológica no já foi publicado1,7, a descrição de casos
Acabamento das pálpebras acrilizadas campo da engenharia genética25, a qual como este mostra o quanto é possível
e montagem da prótese culminou em experimentos com animais introduzir modificações com o objetivo
Após desinclusão das pálpebras para a confecção de diferentes órgãos de aperfeiçoar a técnica de confecção para
acrilizadas, realiza-se novo acabamen- (narizes e orelhas); e em transplantes se atender a demanda estético-funcional
to. O globo ocular é fixado na prótese de regiões faciais em humanos, o fato do paciente.
Cardoso, Silvana Maria Orestes et al. Prótese oculopalpebral: técnica de confecção e aspectos biopsicossociais. Relato de caso clínico.
Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 231
Os autores também ressaltam a im- 6. Araújo Filho RCA, Cardoso MSO, plicações psicossociais em pacientes
portância da reabilitação através dessa Cardoso AJO, Pereira JRD, Souza com perda do globo ocular. Rev Cir
modalidade de prótese para os processos EHA, Macedo CB. Fatores etiológicos Traumatol Buco-Maxilo-fac. 2007 jan-
de reestruturação psicológica e reinserção das mutilações Buco-Maxilo-Faciais -mar; (7)1: 79-84.
em pacientes atendidos no serviço de 18. Antunes AA, Carvalho RWF, Lucas
social dos indivíduos atingidos, visto que
prótese buco da FOP/UPE. Odontol Neto A, Loretto NRM, Oliveira e Silva
muitos deles, devido à modificação da es- Clín-Científ. 2006 jul-set; 5(3): 203-6. ED. Utilização de implantes ósseointe-
tética, desenvolvem comportamentos es- 7. Rezende JRV. Fundamentos de prótese grados para retenção de próteses buco-
pecíficos associados à baixa autoestima, à buco-maxilo facial. São Paulo: Sar- -maxilo-faciais: revisão da literatura.
dificuldade nos relacionamentos pessoal e vier; 1997. Rev Cir Traumatol Buco-Maxilo-fac.
interpessoal, à ansiedade, à depressão, ao 8. Mattos BSC, Montagna MC, Fernan- 2008 abr-jun; (8)2: 9-14.
isolamento social, entre outros 12,14-17,19, na des SC, Sabóia ACL. The pediatric 19. Cabral LGM, Martelli Júnior H, Leite
maioria das vezes, porque eles assumem patient at a maxillofacial service – eye DM, Sabatini Júnior, Freitas ABDA,
a identidade de uma pessoa estigmatizada prosthesis. Braz Oral Res. 2006 Jul- Miranda RT, et al. Perfil biopsicosso-
-Set; 20(3):247-51. cial de portadores de anoftalmia no
pela sociedade26. Nesse contexto, a Pró-
9. Araújo CR, Meyer GA, Souza IA. Pre- sul de Minas Gerais – Brasil. Arq Bras
tese Bucomaxilofacial para atingir seus valência de próteses buco maxilo fa- Oftalmol. 2008 nov-dez; 71(6): 855-9.
objetivos em termos de reabilitação, deve ciais na Faculdade de Odontologia da 20. Loretto NRM, Cardoso MSO, Cardoso
considerar o ser humano na sua totalidade Escola Bahiana de Medicina e Saúde SMO, Cardoso AJO, Morais LC. Impor-
biopsicossocial. Pública em Salvador, Bahia. Revista tância da reabilitação protética da região
Portuguesa de Estomatologia, Medi- óculo-palpebral: relato de caso. Odontol
CONCLUSÕES cina Dentária e Cirurgia Maxilofacial. Clín-Científ. 2008 abr/jun; 7(2): 151-5.
2009; 50(3):133-39. 21. Goiato MC, Mancuso DN, Sundefeld
Os autores concluem que, apesar das
10. Kovács AF. Cirurgia plástica ou re- MLMM, Gabriel MBM, Murakawa
recentes pesquisas em busca de novos construção protética na perda total do AC, Guiotti AM. Aesthetic and func-
materiais com melhores propriedades e conteúdo orbitário e do pavilhão au- tional ocular rehabilitation. Oral Onco-
dos avanços na área da engenharia gené- ricular. Rev Soc Bras Cir Plast. 2001 logy Extra. 2005 Sep; 41(8):162-4.
tica para confecção de órgãos artificiais, a maio-ago; 16(2):13-26. 22. Goiato MC, Vedovatto E, Mazaro
resina acrílica ainda tem suas indicações 11. Dias RB, Reis RC, Carvalho JCM. JVQ, Hamata MM, Gennari Filho H,
na reabilitação facial, pois contribui Estudo e análise de método de mensu- Falcón RM, et al. Técnicas de confec-
satisfatoriamente para a reconstrução da ração digital para escultura de prótese ción de prótesis faciales. Rev Cuba
imagem corporal alterada, melhorando a óculo-palpebral. Só Técnicas Estéticas. Estomatol. 2009 ene-mar; 46(1):1-12.
2006 out-dez; (3)3:74-8. 23. Goiato MC, Fernandes AU, dos Santos
autoestima do paciente, o que contribui
12. Botelho NLP, Volpini M, Moura EM. DM, Barão VA. Positioning magnets
para ajudá-lo no processo de reinserção Aspectos psicológicos em usuários on a multiple/sectional maxillofacial
na sociedade. de prótese ocular. Arq Bras Oftalmol. prosthesis. J Contemp Dent Pract.
2003 set-out; 66(5):637-46. 2007 Nov 1;8(7):101-7.
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AUR, Dekon SFC. Estudo sobre as lar. Arq Bras Oftalmol. 2006 jul-ago; Data de aceite: 11/10/2011
causas mais frequentes de perdas ocu- 69(4): 463-70. Endereço para correspondência:
lares. Arquivos em odontologia. 2004 17. Cardoso MSO, Araújo PGM, Cardoso Silvana Orestes Cardoso
jul-set; 40(3):207-86. AJO, Cardoso SMO, Morais LC. Im- E-mail: silvanaorestes@hotmail.com
Cardoso, Silvana Maria Orestes et al. Prótese oculopalpebral: técnica de confecção e aspectos biopsicossociais. Relato de caso clínico.
232 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
Pesquisa científica
ABSTRACT
Introduction - This study aimed to evaluate the influence of cervical preparation in
determining the minor discrepancy between the diameter of the apical foramen and
initial apical file (IAI). Material and Method - The research was conducted in vitro at 30
mesiobuccal roots of human molars from the Bank of teeth of the Federal University of
Pernambuco. The samples were randomly divided into 3 groups of 10 teeth each: group 1
(control group) was composed of teeth without cervical enlargement; group 2, teeth with
cervical preflaring performed with Gates-Glidden drills # 2 and # 1; and group 3, teeth
with cervical preflaring performed with flare SX and S1 of the Hand ProTaper system.
After determining the IAI, the samples were analyzed using a digital microscope and the
images subsequently measured by the ProScope HR software. The difference between
these diameters were obtained in each group and subjected to statistical analysis. Results
- The analysis of variance indicated no statistically significant difference between groups
(p = 0.064). The Tukey’s test showed the largest discrepancy for the group that received
I Professora Adjunta de Endodontia da Uni- no pre-enlargement (average: 0.07 ± 0.063). Gates-Glidden drills and Hand ProTaper
versidade Federal de Pernambuco(UFPE). system were statistically similar (average: 0.03 ± 0.03 ± 0.037 and 0.027, respectively).
II Alunas de Graduação em Odontologia, da Conclusions - It was concluded that the Gates-Glidden drills and Hand ProTaper system
UFPE. used in the preparation of the cervical and middle thirds of root canals showed similar
III Professora Adjunta de Patologia Bucal da results in the adaptation of IAI in the mesiobuccal canals of mandibular molars.
Faculdade de Odontologia, da UFPE.
IV Professor Adjunto de Endodontia da Facul- Keywords: Dental pulp cavity. Dental pulp. Endodontics. Root canal preparation/
dade de Odontologia de Recife. instrumentation.
INTRODUÇÃO rior apresentando raiz mésio-vestibular forame apical. Nos grupos 2 e 3 o CRT
A meta principal do tratamento com rizogênese completa; ausência foi determinado de maneira similar,
endodôntico é limpar completamente e de tratamento endodôntico prévio; porém após a ampliação cervical com
modelar o sistema de canais radiculares. ausência de processos degenerativos; os instrumentos correspondentes a cada
E o seu sucesso é baseado no acesso a ausência de alterações morfológicas grupo de estudo.
câmara pulpar, na preparação do canal da cavidade pulpar; curvaturas entre Para a realização das ampliações
radicular e na obturação hermética, que 20 a 30°, medidas pelo método de cervicais empregando as brocas Gates-
deve evitar a infecção ou reinfecção1,2. Schneider4 (1971). -Glidden (grupo 2) foi utilizado o
O acesso apical a partir do pré- Neste estudo, todos os procedimen- motor X-Smart (Dentsply/Maillefer,
-alargamento cervical tem sido cada vez tos in vitro foram realizados por um Ballaigues, Suíça) em 800 rpm/min
mais investigado. Este procedimento único operador. Em todos os dentes, a com torque de 1,5 N/cm (#2) e 1.0 N/
visa eliminar interferências cervicais abertura da câmara pulpar foi realizada cm (#1).
das entradas do canal radicular, que utilizando broca esférica diamantada Para o grupo 3, foi obedecida a sequ-
representam um obstáculo ao livre número 1014 (KG Sorensen, São Paulo, ência de uso dos instrumentos manuais,
acesso dos instrumentos endodônticos Brasil) em alta rotação com refrigera- conforme orientação do fabricante
para a porção apical. No entanto, o ção. O desgaste compensatório para (limas SX e S1 com movimentos de
pré-alargamento das porções coronal eliminação de retenções na câmara rotação no sentido horário e anti-horário
e média do canal radicular tem sido pulpar foi realizado com brocas Endo-Z e rotação em 360°).
recomendado antes da determinação (Dentsply/Maillefer, Ballaigues, Suí- O limite para a ampliação cervical
do primeiro instrumento que se adapta ça), com a finalidade de proporcionar nos grupos 2 e 3 foi estabelecido pela
no comprimento de trabalho, a fim de um livre acesso à entrada dos canais diminuição de 5mm do comprimento
se obter um instrumento apical inicial radiculares. Seguindo-se de copiosa aparente do dente (CAD – 5mm) ou até
mais próximo do verdadeiro diâmetro irrigação/aspiração da câmara pulpar encontrar resistência.
apical anatômico e consequentemente, com 5 ml de hipoclorito de sódio na Após a utilização de cada instru-
um alargamento apical ideal3. concentração de 1%. mento, realizou-se irrigação/aspiração
Assim, o presente estudo teve por As 30 amostras foram divididas ale- dos canais radiculares com 5 ml de
objetivo avaliar, in vitro, a influência atoriamente em três grupos de estudo, hipoclorito de sódio na concentração
do preparo cervical, com diferentes com 10 dentes cada, descritos a seguir: de 1% (Phormula ativa, Recife, Brasil)
instrumentos endodônticos, na deter- Grupo 1: Dentes sem ampliação e inundação da câmara pulpar com a
minação do Instrumento Apical Inicial cervical; referida solução previamente ao uso
(IAI) em canais mesovestibulares de Grupo 2: Dentes com ampliação do instrumento seguinte.
molares inferiores, analisando a menor cervical, realizada com brocas Gates- A seleção do IAI (Instrumento
discrepância entre o IAI e o diâmetro -Glidden #2 e #1 (Dentsply/Maillefer, Apical Inicial) foi realizada no grupo 1
do forame apical. Ballaigues, Suíça); por meio de limas tipo K, 1a Série ou 2a
Grupo 3: Dentes com ampliação Série (Dentsply/Maillefer, Ballaigues,
MATERIAL E MÉTODOS cervical, realizada com limas SX e S1 Suíça), com 25 mm de comprimento,
O presente trabalho foi aprovado do sistema Hand Protaper (Dentsply/ introduzidas no interior do canal ra-
pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Maillefer, Ballaigues, Suíça); dicular com movimentos oscilatórios
Universidade Federal de Pernambuco A determinação do comprimento no sentido horário e anti-horário,
(129/11). Foi realizada uma pesquisa de trabalho das amostras do grupo 1 sendo considerado o IAI, o primeiro
laboratorial transversal e quantitativa, foi realizada com uma lima tipo K#10 instrumento que transmitiu ao operador
in vitro, sendo a amostra composta por (Dentsply/Maillefer, Ballaigues, Suíça) a sensação tátil de estar ajustado no
30 raízes mésio-vestibulares de molares com 25 mm de comprimento. Esta foi CRT, previamente determinado. Nos
inferiores humanos oriundos do Banco introduzida em toda extensão do canal demais grupos, a determinação do IAI
de Dentes da Universidade Federal de mésio-vestibular até alcançar o forame foi realizada após a ampliação cervical.
Pernambuco (UFPE), armazenados em apical, ultrapassando-o em 1mm, sendo O CRT e o IAI de cada amostra
solução fisiológica para evitar a desidrata- este fato detectado visualmente. Deste foram registrados em planilha própria.
ção dos mesmos, à temperatura ambiente. comprimento, medido com auxílio de Na sequência, as limas correspon-
Os critérios de inclusão, comprova- régua milimetrada (Dentsply/Maillefer, dentes ao IAI de cada amostra foram
dos através de exame radiográfico com Ballaigues, Suíça), foi recuado 2 mm, fixadas coronariamente utilizando
incidência ortorradial ou vestíbulo-lin- obtendo-se assim o CRT (Comprimento cianocrilato de metila (Super Bonder,
gual foram: dente primeiro molar infe- Real de Trabalho), 1 mm aquém do Locite, São Paulo, Brasil).
Tabela 1: Valores do menor diâmetro do canal radicular (MDCR), diâmetro do instrumento apical inicial (DIAI)
e o grau de desajuste do instrumento apical inicial (GDAI).
GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3
MDCR DIAI GDIAI MDCR DIAI GDIAI MDCR DIAI GDIAI
1 0,229 0,219 0,01 0,295 0,285 0,01 0,080 0,068 0,012
2 0,315 0,178 0,137 0,361 0,349 0,012 0,244 0,151 0,093
3 0,388 0,180 0.208 0,366 0,349 0,017 0,112 0,068 0,044
4 0,093 0,044 0,049 0,346 0,319 0,027 0,156 0,141 0,015
5 0,251 0,168 0,083 0,183 0,154 0,029 0,098 0,076 0,022
6 0,273 0,190 0,083 0,132 0,110 0,022 0,188 0,137 0,051
7 0,205 0,141 0,064 0,322 0,322 0,000 0,254 0,234 0,02
8 0,305 0,293 0,012 0,456 0,327 0,129 0,212 0,205 0,007
9 0,351 0,266 0,085 0,161 0,144 0,017 0,251 0,246 0,005
10 0,249 0,244 0,005 0,324 0,266 0,058 0,244 0,222 0,022
formação de degraus, de deformações, PR. Does the first file to bind corres- 14. Skelton-Macedo MC, Cardoso RJA,
de condensação apical de debris, da pond to the diameter of the canal in the Bombana AC. Avaliação do desgaste
apical region? Int Endod J. 2002; 35: do terço cervical dos canais mésio-
perda da curvatura do canal radicular, da
264-7 -vestibulares de molares superiores
perfuração e da fratura de instrumentos,
6. Stabholz A, Rotstein I, Torabinejad submetidos a diferentes procedi-
além dos benefícios para o tratamento M. Effect of Preflaring on Tactile De- mentos de preparo de suas entradas.
endodôntico, proporcionando o melhor tection of the Apical. J Endod. 1995; J Bras Endod. 2003; 4(15): 317-23.
alcance de seus objetivos, limpeza e 21(2): 92-4. 15. Machado MLB, Antoniazzi JH, Ma-
conformação do canal radicular. 7. Contreras MAL, Zinman EH, Kaplan chado MEL. Ação dos instrumentos
SK. Comparison of the first file that fits rotatórios no preparo de canais radi-
CONCLUSÃO at the apex, before and after early fla- culares: desgaste anticurvatura. Rev
Com base na metodologia emprega- ring. J Endod. 2001; 27(2): 113-6. Assoc Paul Cir Dent. 2005; 59(3):
8. Souza LCL, Reiss C. Importância do 227-32.
da e nos resultados obtidos, foi possível
preparo prévio dos terços cervical e 16. Barroso JM, Guerisoli DMZ, Capelli
concluir que as brocas Gates-Glidden
médio no tratamento de canais radi- A, Saquy PC, Pecora JD. Influence of
e os alargadores do sistema Hand Pro- culares. Rev ABO Nac. 2002 fev/mar; Cervical Preflaring on Determination
taper utilizados no preparo dos terços 10(1): 52-7. of Apical File Size in Maxillary Pre-
cervical e médio de canais radiculares 9. Tan BT, Messer HH. The effect of ins- molars: SEM Analysis. Braz Dent J.
apresentaram resultados semelhantes trument type and preflaring on apical 2005; 16(1): 30-4.
na adaptação do Instrumento Apical file size determination. Int Endod J. 17. Schmitz MS, Santos R, Capelli A,
Inicial (IAI) em canais mesovestibu- 2002 Sept; 35(9): 752-8. Jacobovitz M, Spanó JCE, Pécora
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Pesquisa científica
Dentistry and Sexually Transmitted Diseases - What is the greatest risk of infection
among dentists, sex or occupational accident?
ABSTRACT
Objective - To evaluate attitudes and practices by dentists toward patients with HIV/AIDS and
hepatitis B, establishing a correlation between risks of occupational and sexual transmission of
diseases. Methods - 318 dentists answered to self-administered and anonymous questionnaires
about attitudes toward occupational risks and sexual practices, in the III International Congress
of Odontology, held in 2009. Descriptive statistical analyses were held. Results - Respectively,
32,0% and 26,8% reported feeling insecure to treat patients living with HIV/AIDS and the
HBV (Hepatitis B Virus), which was attributed to fear of acquiring occupational infection.
Approximately 69% of the dentists suffered percutaneous injury, however only 24,8% sought
specialized services for treatment. In regards the attitudes toward sexual practices, 20,1% used
condoms in all sexual relations and 60,3% never used or used only a few times. Conclusions
- The high index of percutaneous injury reported and the insecurity toward treating patients
living with HIV/AIDS and HBV, when related with the low percentage of use of condoms in
all sexual relations, reveled a context of unfavorable vulnerability of the dentists researched.
I Mestrando em Clínica Odontológica, Departa-
mento de Clínica Odontológica, Universidade Keywords: Sexually Transmitted Diseases. Occupational exposure. Occupational risks.
Federal do Ceará (UFC). HIV. Hepatitis B. Sexual behavior.
II Mestranda em Clínica Odontológica, Depar-
tamento de Clínica Odontológica da UFC.
III Mestre em Ciências – Área de Saúde Coletiva,
Departamento de Saúde Comunitária da UFC. INTRODUÇÃO atuação das profissões na área da saúde
IV Doutor em Saúde Pública. Professor Adjunto Ao longo das últimas três déca- direta ou indiretamente relacionadas
do Centro de Ciências da Saúde , Universidade das, a partir do aparecimento da Aids, com os órgãos genitais. Por este aspecto,
Estadual do Ceará (UECE).
V Doutor em Patologia Bucal. Professor Adjunto
observou-se uma transformação das os cirurgiões-dentistas também devem
de Estomatologia e Patologia Bucal, Depar- relações sexuais. Esse contexto deveria ser incluídos, afinal, a boca precisa ser
tamento de Clínica Odontológica da UFC. ser acompanhado por uma mudança na reconhecida como uma cavidade sexual
Oliveira, Francisco Artur Forte et al. Odontologia e Doenças Sexualmente Transmissíveis - Qual o maior risco de infecção entre cirurgiões-dentistas, sexo ou acidente ocupacional?
238 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
importante, e que tem estreita relação Ao mesmo tempo em que um con- Os dados foram coletados por meio
com a prevenção de Doenças Sexual- junto de estudos citados anteriormente já de questionário estruturado e autoapli-
mente Transmissíveis (DST), incluindo identifica a boca com um papel relevante cável. Além dos aspectos sóciodemo-
hepatite B e HIV/Aids. entre as práticas sexuais e transmissão gráficos: sexo, idade, especialidade/
Estudos indicam que sexo oral é uma de DST, outros ainda demonstram uma área de atuação e tempo de formado,
prática comum entre pessoas sexualmen- postura do profissional de resistência ao as principais questões incluíam atitudes
te ativas, e que vem se tornando mais atendimento clínico de pacientes com frente ao risco ocupacional, abordando
disseminada, tanto em relações entre doenças infectocontagiosas. Em vez de acidentes perfurocortantes e procura ao
homem e mulher como entre casais do expandir os conhecimentos sobre estas serviço especializado, como também
mesmo sexo de várias idades, incluindo patologias e poder melhor assessorar sobre práticas sexuais, frequência e
adolescentes1. o paciente no tocante ao tratamento e importância do uso de preservativos.
Nesta mesma direção, a Estoma- prevenção de reincidências, algumas Os achados foram agrupados em ta-
tologia também vem fomentando esta pesquisas têm dissertado sobre a baixa belas confeccionadas no software Office
temática na rotina do cirurgião-dentista. disponibilidade do cirurgião-dentista 2007 (Microsoft, USA) e análise esta-
A abordagem da sexualidade constitui- para o atendimento a pacientes portado- tística descritiva simples foi realizada.
-se um elemento importante que deve res de HIV, por exemplo, por desconhe- De acordo com os preceitos éticos,
ser incluído na anamnese de forma cimento, medo e preconceito diante de o estudo foi submetido e aprovado pelo
naturalizada, como parte do processo de uma possível infecção ocupacional14-16. Comitê de Ética em Pesquisa da Aca-
investigação e cuidados em saúde bucal2. Este estudo se propõe a avaliar ati- demia Cearense de Odontologia, sob
Outro aspecto que converge para tudes e práticas de cirurgiões-dentistas protocolo de número 93/2009. Todos
o reconhecimento da boca como uma relacionando parâmetros de risco ocupa- os participantes assinaram Termo de
cavidade sexual é a identificação de cional e risco de transmissão sexual das Consentimento Livre e Esclarecido.
patologias historicamente reconhecidas infecções pelos vírus HIV e VHB. Para
como restritas às genitálias, como por além das questões técnicas e das análises RESULTADOS
exemplo, o HPV. Estudos demonstram fisiopatológicas entre sexo e Odonto- A amostra final foi composta por 318
que os subtipos 6,11,16 e 18 do HPV, logia, pretende-se discutir também as cirurgiões-dentistas (CDs), com predomi-
geralmente encontrados nas genitálias, interfaces entre mitos e preconceitos em nância do sexo feminino (61,3%). A faixa
podem ser transmitidos sexualmente para torno dos verdadeiros riscos de infecção etária de profissionais com menos de 30
a mucosa oral3. Tais subtipos (16 e 18) por uma DST aos quais os/as cirurgiões- anos (55,3%) foi a prevalente e a média
estão relacionados com a transformação -dentistas/cirurgiãs-dentistas podem de idade foi de 32 anos, sendo a mínima
maligna, podendo estar associados ao estar expostos. 20 e a máxima 72 anos. Predominaram
surgimento do carcinoma de células os CDs com tempo de formado entre dois
escamosas de cavidade oral3. METODOLOGIA e cinco anos (31,1%) e com mais de 11
Com relação às práticas sexuais, O presente estudo, transversal e anos (29,8%), sendo a média de tempo de
apesar de ser bem conhecido o papel quantitativo, teve como universo 2.427 formado nove anos, com tempo mínimo
de transmissibilidade dos vírus HIV e cirurgiões-dentistas inscritos no III de nove meses e tempo máximo de 48
Hepatite B (VHB) através das relações Congresso Internacional de Odontologia, anos. Outras variáveis demográficas e
vaginal e anal, o sexo oral nem sempre em Fortaleza, Ceará, maio de 2009. O ta- ocupacionais estão dispostas na Tabela 1.
é considerado como prática de risco. No manho da amostra (n=318) foi calculado Quando os profissionais responde-
entanto, essa relação entre boca e DST utilizando-se a fórmula para população ram a perguntas que diziam respeito
está bastante estabelecida na literatura em finita, escolhendo-se a variável “conhe- a atitudes frente à infecção por Hids,
se tratando de Herpes, sífilis, gonorreia, cimento da doença”, com P=50%, haja 17,2% afirmaram que pacientes sabida-
HPV, e hepatites A*, B, C e D 3-8. Nos vista que esse valor proporciona um mente HIV positivos devem ser atendidos
últimos anos, a transmissão do HIV por tamanho máximo de amostra. A amos- em horários diferenciado dos outros no
essa via tem se tornado cada vez mais tra foi calculada considerando nível de consultório odontológico. Aproximada-
evidente, e diversos co-fatores como significância de 5% e o erro amostral de mente 32% não se sentiram seguros em
úlceras orais, sangramento gengival, 4%. Os cirurgiões-dentistas foram sele- atender pacientes portadores da doença,
feridas genitais e presença de outras cionados de forma aleatória, sistemática e 67,3% desses referiram o risco de
DST podem aumentar o risco de trans- na entrada dos fóruns, simpósios e cursos contaminação por via ocupacional como
missão1,9-13. do Congresso. principal causa.
*Hepatite A é transmitida frequentemente por via oral-fecal através de água e alimentos contaminados. Porém, contato oral-anal direto também pode transmitir a doença4.
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Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 239
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240 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
**O risco de aquisição de HIV após exposição ocupacional percutânea com sangue contaminado é de aproximadamente 0,3% e, após exposição de mucosa,
aproximadamente 0,09% 27.
*** Taxa de soroconversão pode chegar a 90-95%, confirmado após realização de teste sorológico anti-Hbs um a dois meses após o término do esquema vacinal completo, 3 doses.
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Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 241
Odontologia, assim a alta frequência A utilização de preservativo na prá- Percebe-se que, apesar de toda a
de subnotificações após acidente tica sexual oral foi baixa (25,6%) neste informação já veiculada sobre DST,
ocupacional, bastante relacionada ao estudo, apesar da maioria ter considerado incluindo HIV/Aids e Hepatites B e
desconhecimento dos riscos, resulta em importante o uso desse insumo. Como C, o conhecimento adquirido sobre os
escassez de dados oficiais que poderiam todas as práticas sexuais, sexo oral oferece patógenos e sobre o modo de transmissão
justificar o direcionamento de algumas risco de transmissão de HIV quando um ainda não permitiu uma mudança de
políticas públicas27. dos parceiros é sabidamente infectado, comportamento e atitude por parte dos
A aquisição do HIV, VHB e VHC quando o status de HIV é desconhecido profissionais para o uso do preservativo
em acidentes ocupacionais por parte para ambos, e/ou quando um parceiro não em todas as relações sexuais, bem como
dos profissionais de saúde não pode é monogâmico ou é usuário de drogas um atendimento clínico qualificado e
ser desconsiderada, porém essa via de injetáveis. A utilização de preservativos livre de preconceitos infundados.
transmissão representa pequena parcela ou outras barreiras entre a boca e genitália O que existe é uma dissonância entre
quando comparada às vias sexual e por podem reduzir significativamente o risco conhecimento e prática, intenção versus
uso de drogas injetáveis28. A transmissão de contrair HIV ou outras DST através ação, na qual cirurgiões-dentistas sabem
sexual do HIV e VHB é a principal via de sexo oral1. da importância do uso do preservativo,
de infecção no Brasil. Ela ocorre em todo Em estudo realizado com 2323 mas não o utilizavam como rotina em
o mundo e o seu risco eleva-se com o jovens de 18 a 29 anos, a exposição suas práticas sexuais e superestimavam
aumento no número de parceiros, anos oral teve associação independente com a transmissão ocupacional, mesmo
de atividade sexual, histórico de outra HIV, especialmente em casos em que tendo consciência de que esta forma de
doença sexualmente transmissível e havia feridas orais (OR 1,5 95% CI – transmissão é menos significativa que
prática sexual anal passiva23. 1,0-2,1)9. Wallace e colaboradores10, a transmissão sexual.
Neste estudo, a maioria (91,2%) dos apesar de não terem calculado risco Diante do exposto, convida-se a
cirurgiões-dentistas afirmou ter vida relativo, constataram em estudo com classe odontológica a uma reflexão: é
sexual ativa. Apesar de muitos conside- 3073 prostitutas que, quando relação coerente se perpetuar uma prática clínica
rarem a transmissão sexual do VHB e oral passiva era o ato sexual mais co- preconceituosa e ultrapassada? Poder-
HIV de alto risco, poucos participantes mum, 35,4% das prostitutas eram HIV -se-á quebrar paradigmas historicamente
(20,1%) relataram utilizar preservativo positivo, mas quando esse ato não era impostos na nossa profissão? Certamen-
em todas as relações sexuais (Tabela 3). o mais prevalente, 24,2% eram HIV te, diante das evidências científicas é
Esse dado é semelhante ao da pesquisa positivo. Concluíram dessa maneira que necessário transformar a prática clínica,
realizada pelo Ministério da Saúde em exposição oral está associada com ser e aproximar-se dos portadores de doen-
2008, que avaliou que a utilização de portador do vírus HIV, especialmente ças infecciosas, permitindo uma maior
preservativos em todas as relações para usuários de crack (p<0,0001). eficiência e maior abrangência de atua-
sexuais em população sexualmente Avaliar o risco exato de transmissão ção, acima de tudo, uma profissão com
ativa, nos 12 meses que antecederam a de HIV através de sexo oral é muito atitudes éticas e antidiscriminatórias.
pesquisa, foi de 25,5% 29. difícil, principalmente porque a maioria
Segundo o Centers for Disease dos indivíduos pratica sexo oral em CONCLUSÃO
Control and Prevention/CDC30 (2011) conjunto com outras formas de sexo, Os dados apontaram dificuldade no
o uso não contínuo do preservativo, como vaginal e/ou anal. Dessa maneira, atendimento de pacientes vivendo com
mesmo que na maioria das relações quando a transmissão acontece, é difícil HIV/Aids e Hepatite B, convergindo
sexuais, não impacta na prevenção, já determinar se ocorreu ou não como a preocupações que revelaram o des-
que contaminação pode ocorrer através resultado de sexo oral e isso pode gerar preparo no que se refere ao tratamento
de um único ato sexual com parceiro hesitação em se atribuir a transmissão odontológico desses. Observou-se um
infectado, ou seja, os demais grupos à prática oral na presença de riscos alto índice de acidentes com instrumentos
(maioria das vezes, poucas vezes e não simultâneos1,12. perfurocortantes aliados a pouca procura
uso) estão vulneráveis. Diante desses dados, percebe-se a por serviço especializado nesta situação,
Uso correto e consistente de ca- necessidade de se fazer uma avaliação e um baixo percentual de utilização
misinhas masculinas de látex pode concreta sobre as dificuldades diante de preservativos em todas as relações
reduzir (apesar de não eliminar) o de pacientes com doenças infecciosas. sexuais, revelando um contexto de pro-
risco de transmissão de DST. Porém, Se o risco de transmissão sexual dessas vável vulnerabilidade desfavorável dos
se os preservativos não são utilizados doenças é bem maior que o risco de cirurgiões-dentistas pesquisados para
corretamente, o efeito protetor pode transmissão ocupacional, há justificati- hepatite B e HIV/Aids, não apenas em
ser diminuído mesmo quando o uso é vas para medos e preconceitos diante do sua vida profissional, mas também no
constante30. atendimento desses pacientes? âmbito sexual.
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242 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
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tract Tu.C.2673]. 21. Do AN, Ciesielski CA, Metler RP, Data de aceite: 08/11/2011
11. Page-Shafer K, Veugelers PJ, Moss AR, Hammett TA, Li J, Fleming PL. Occu- Endereço para correspondência:
Strathdee S, Kaldor JM, van Griensven pationally acquired human immunode- Francisco Artur Forte Oliveira
GJ. Sexual risk behavior and risk factors ficiency virus (HIV) infection: national E-mail: arturforte@ymail.com
Oliveira, Francisco Artur Forte et al. Odontologia e Doenças Sexualmente Transmissíveis - Qual o maior risco de infecção entre cirurgiões-dentistas, sexo ou acidente ocupacional?
Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 243
Pesquisa científica
Tomographic analysis between the conformation pre and post-surgical root canal
system using the universal system ProTaper® rotary and manual - Study in vitro
ABSTRACT
Studies have shown that mechanical instrumentation of the root canal system plays an
important role in the basic principles of endodontic treatment, there is seen, the many
tools and techniques that have been developed. The purpose of this study was to evaluate
the modeling of the distal root canals of mandibular molars and palatal of the upper, after
using the same system of instruments, ProTaper, moved from a manual and automated
use with the crown-down approach. We conducted a clinical laboratory, using 40 molar
teeth, 20 upper and 20 lower. Before and after instrumentation CT scan was performed
to compare the diameter of the channels. The results showed no statistically significant
difference in the instrumentation under the two approaches, confirming a reliable system
of files for processing both channels with the use of electronic engine and the manual way.
Farias, Raul Costa et al. Análise tomográfica entre a conformação pré e pós-cirúrgica do sistema de
canais radiculares utilizando o sistema ProTaper® Universal rotatório e manual - Estudo in vitro
244 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
Farias, Raul Costa et al. Análise tomográfica entre a conformação pré e pós-cirúrgica do sistema de
canais radiculares utilizando o sistema ProTaper® Universal rotatório e manual - Estudo in vitro
Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 245
Farias, Raul Costa et al. Análise tomográfica entre a conformação pré e pós-cirúrgica do sistema de
canais radiculares utilizando o sistema ProTaper® Universal rotatório e manual - Estudo in vitro
246 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
Tabela 1 - Média e desvio padrão da conicidade dos molares segundo o arco, DISCUSSÃO
avaliação e tipo de lima. A Odontologia vem se
Tipo de lima modernizando a cada dia: são muitos
Arco Avaliação Manual Rotatória Valor de p avanços tecnológicos em todas as
especialidades. A Endodontia por sua
Média ± DP (n, CV%) Média ± DP (n, CV%) vez, lança mão de sistemas de limas
Inferior Antes 0,94 ± 0,36 (13, 38,30) 1,09 ± 0,38 (11, 34,86) p(1) = 0,331 acionadas por motores elétricos. O
Depois 1,10 ± 0,44 (13, 40,00) 1,30 ± 0,37 (11, 28,46) p(1) = 0,246 sistema estudado na presente pesquisa
pode ser utilizado de duas formas:
rotatória ou manual. O sistema de
Superior Antes 0,78 ± 0,18 (10, 23,08) 0,90 ± 0,24 (10, 26,67) p(1) = 0,210 limas ProTaper® manuais tem o mesmo
Depois 1,08 ± 0,17 (10, 15,74) 1,13 ± 0,48 (10, 15,93) p(2) = 0,757 custo daquele de limas rotatórias, e
a mesma eficiência de corte como
DP = Desvio padrão; provadas em nosso trabalho, logo,
CV = Coeficiente de variação. a utilização do referido sistema é
(1): Através do teste t-Student com variâncias iguais.
ideal em países em desenvolvimento
(2): Através do teste t-Student com variâncias desiguais.
Obs.: a média e o desvio padrão foram expressos em mm e o coeficiente de variação, em percentual. e mesmo subdesenvolvidos. O modo
manual surgiu como uma alternativa
ao rotatório11. O “Hand ProTaper®
possui a mesma filosofia, indicação
Maillefer), levado aos canais com as igualdade de variâncias foi realizada e sequência daquele rotatório, só
espirais de lentulo e obturados com através do teste F de Levene. A que com um custo menor, pois a
seus respectivos cones de guta-percha digitação dos dados foi em planilha instrumentação é toda manual, não
F1, F2 ou F3 de acordo com o último do Excel (Microsoft Office 2007) e os havendo, portanto, a utilização do
instrumento “F” usado. Depois de cálculos estatísticos foram realizados motor elétrico.
cimentados os cones, procedeu-se através do programa SPSS (Statistical Em ensaio clínico laboratorial
o corte, a condensação vertical e o Package for the Social Sciences) na realizado em 60 raízes mesiais de
acabamento em nível cervical. Com a versão 15. A margem de erro utilizada molares inferiores, observaram
finalidade de simular um tratamento, na decisão dos testes estatísticos foi que o sistema rotatório ProTaper®
após as obturações, foram feitos os 5,0%. é um sistema seguro, visto que não
selamentos das aberturas cirúrgicas encontraram sequer um caso de
das coroas dentárias com óxido de RESULTADOS perfuração radicular12. A segurança
zinco e eugenol. Em seguida aos Na Tabela 1 apresentam-se a média desse sistema foi confirmada em
selamentos coronários, as tomografias e o desvio padrão da conicidade dos pesquisa que envolveu estudantes
computadorizadas de feixe cônico molares superiores e inferiores segundo tanto treinados quanto não treinados
dos elementos dentários foram feitas. o tipo de lima utilizado em cada uma anteriormente6,13-15. Demonstraram,
Foi traçada uma reta medindo 4mm das avaliações antes e depois da ainda, a facilidade e a simplicidade
a partir do forame apical, no sentido instrumentação. Desta tabela destaca- desse sistema por utilizar um número
coronário. Naquele limite, traçou-se se que: as médias da conicidade foram menor de limas 7,16 . No presente
outra reta, no sentido transversal, ou correspondentemente mais elevadas estudo tanto o uso do instrumento
mesodistal, a fim de se obter a medida quando utilizada a lima rotatória, manual quanto rotatório demonstrou
do diâmetro de cada canal, medidas em cada um dos arcos e avaliação, segurança e praticidade no preparo de
por meio do programa IcatVision® entretanto sem diferença significativa canais radiculares.
(Figura 6). Na análise dos dados em nenhum dos arcos e avaliações ao
foram obtidas as medidas estatísticas: nível de significância considerado CONCLUSÕES
média, desvio padrão e coeficiente (p > 0,05); A variabilidade expressa Não houve nenhuma diferença
de variação (Técnicas de estatística) através do coeficiente de variação significativa entre as duas táticas
e utilizados os testes estatísticos não se mostrou elevada desde que a operatórias utilizando a técnica.
t-Student com variâncias iguais e referida medida foi no máximo igual A instrumentação manual com o
de variâncias desiguais (Técnicas a 40,00%. Tais informações descritas sistema é viável e indicada para uso
de estatística inferencial). Ressalta- anteriormente podem ser melhor em serviços públicos e para países em
se que a verificação da hipótese de observadas nos Gráficos 1 e 2. desenvolvimento.
Farias, Raul Costa et al. Análise tomográfica entre a conformação pré e pós-cirúrgica do sistema de
canais radiculares utilizando o sistema ProTaper® Universal rotatório e manual - Estudo in vitro
Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 247
Farias, Raul Costa et al. Análise tomográfica entre a conformação pré e pós-cirúrgica do sistema de
canais radiculares utilizando o sistema ProTaper® Universal rotatório e manual - Estudo in vitro
248 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
Pesquisa científica
Osteoctomy and tooth section - When should be used in upper third molar surgery
ABSTRACT
Introduction - The removal of teeth retained is the surgical procedure more performed by
Oral Maxilofacial surgeons and still remains as one of the most challenging. This article
focuses on the need for realization of odontosection, osteotomy for the excision of retained
up third molars. Methods - We analyzed 300 cases of surgical up 3rd molars retained and
assessed the need for osteotomy and odontosection for its avulsion. The authors were based
on the classification of Winter to obtain a reference and related to the surgical techniques
necessary to extract every kind of angle. Results - Among the most common retention to
mesioangular demanded that the technique was more laborious, requiring osteotomy in
73.3% of cases. Odontosection not been implemented and osteotomies were present in
44% of all cases. We found 6 cases of rare retentions. Conclusion - There wasn´t need for
odontosections and osteotomies were performed in 44% of cases. In the higher prevalence
retentions, the highest percentage of osteotomies was in mesioangular (73.3%), followed
by distoangular (65.6%) and vertical (19.6%).
Almeida, Tiago Estevam de et al. Osteotomia e odontossecção - Quando realizá-las em cirurgias de terceiros molares superiores retidos
Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 249
Almeida, Tiago Estevam de et al. Osteotomia e odontossecção - Quando realizá-las em cirurgias de terceiros molares superiores retidos
250 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
Almeida, Tiago Estevam de et al. Osteotomia e odontossecção - Quando realizá-las em cirurgias de terceiros molares superiores retidos
Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 251
Tabela 5 - Incidência das técnicas cirúrgicas para as diversas angulações dos terceiros molares superiores encontrados.
Elevador Odontosecção Osteotomia Odontosecção Total
+ osteotomia
nº % Nº % Nº % Nº % nº %
Vertical 123 80,4 - - 30 19,6 - - 153 100
Mesioangular 12 26,7 - - 33 73,3 - - 45 100
Horizontal 0 0 - - 6 100 - - 6 100
Distoangular 33 34,4 - - 63 65,6 - - 96 100
Vestibuloangular - - - - - - - - - -
Liguoangular - - - - - - - - - -
Invertido - - - - - - - - - -
Os 3º molares superiores são de inclinação. Nestes, a osteotomia mais difícil extração, por necessitar
tecnicamente mais fáceis de serem devem ser criteriosa e amplamente de maior percentual de osteotomia
removidos quando posicionados em executadas, de preferência com (73,3%), seguido da distoangular
sentido distoangular, seguindo o instrumentos rotatórios de baixa (65,6%) e por último a vertical
vertical e por último o mesioangular12. rotação. A comunicação bucosinusal (19,6%).
Em nossos dados, a angulação que é praticamente inevitável e a avulsão 4- As osteotomias necessárias
requisitou de técnica mais simples do dente deve ser extremamente podem ser executadas por
(elevador) segundo o objeto de estudo controlado sob supervisão visual. Estas instrumentos manuais, na maioria
foi a vertical em 80,4% dos casos. ocorrências não implicam na formação dos casos.
Apenas a inclinação horizontal foi de fístula bucosinusal ou aumento
unânime em requisitar de osteotomia das complicações pós-operatórias,
REFERÊNCIAS
em todos os casos. excetuando-se dor, edema e trismo. 1. Bercini F, Azambuja TWF, Padilha MP.
A osteotomia deve ser sempre Ressaltamos que, para os 3º molares Odontosseção intermediária em retenção
realizada com cinzel a pressão manual8. superiores, todo e qualquer movimento atípica de terceiro molar inferior. Rev
Na realização deste trabalho, cinco que vise a luxação ou avulsão do dente Univ Passo Fundo. 1999; 4(2): 23-6.
instrumentos foram utilizados para a só deve ser realizado após a exposição 2. Berzaghi CMP, Curcio R. Incisão em
execução de 86,3% das osteotomias: da maior parte da coroa, com o intuito M. Rev Assoc Paul Cir Dent. 1989;
a espátula de nº 7, o par de elevadores de minimizar os riscos de penetração 43(5): 231-3.
de Winter e jogos de cinzéis meia do mesmo no seio maxilar. 3. Bjornland T, Haanaes HR, Lind PO,
Zachrisson B. Removal of third mo-
cana e cinzél de Black (Tabela 4).
lar germs. Int J Oral Maxillofac Surg.
Apesar de alguns instrumentos não CONCLUSÕES 1987; 16(14): 385-90.
serem desenvolvidos para tal uso, Ciente dos resultados, obtivemos 4. Quee TA, Gosselin D, Millar EP,
foram adaptados com eficiência a esta importantes conclusões sobre a Stamm JW. Surgical removal of the
função na técnica por nós utilizada. execução ou não de osteotomias e fully impacted mandibular third mo-
Não notamos qualquer inconveniente odontossecções em cirurgias de 3º lar. The influence of the flap design
que pudesse levar risco ao paciente, molares superiores retidos: and alveolar bone height on the pe-
contraindicando seu uso. Os demais 1- Não houve necessidade de riodontal status of second molar. J
casos foram realizados com brocas odontossecções em cirurgias de 3º Periodont. 1985; 56(10): 625-30.
5. Fonseca JB. Incidência da inclusão
cirúrgicas em baixa rotação. molares superiores.
dentaria em 1000 pacientes com
As retenções horizontais merecem 2- Aproximadamente metade dos exame radiográfico completo. Sel
bastante atenção por parte do cirurgião, casos necessitaram de osteotomia Odont. 1956; 11(59): 21-8.
pois somam o maior número de (44%). 6. Howe GL. Tooth removed from
condições adversas e em níveis mais 3- Dentre as retenções mais the lingual pouch. Br Dent J. 1958;
acentuados que qualquer outro tipo prevalentes, a mesioangular é a de 104(11): 283-4.
Almeida, Tiago Estevam de et al. Osteotomia e odontossecção - Quando realizá-las em cirurgias de terceiros molares superiores retidos
252 Rev. ABO Nac. Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011
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Data de aceite: 22/11/2011
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Almeida, Tiago Estevam de et al. Osteotomia e odontossecção - Quando realizá-las em cirurgias de terceiros molares superiores retidos
Vol. XIX nº 4 - Agosto/setembro 2011 Rev. ABO Nac. 253
ABO Nacional:
95 anos de contribuições
para a Odontologia brasileira
F
undada em 1917 para incentivar
os cirurgiões-dentistas de todo o
Brasil a trilhar o caminho asso-
ciativo e, assim, fortalecer a profissão, a
ABO Nacional consolidou-se ao longo
dos anos como uma entidade com forte
presença e atuação que contribuiu para a
valorização da Odontologia, do profissio-
nal que representa e, consequentemente,
da saúde bucal da população. Em janeiro
de 2012, a ABO Nacional completa 95
anos de existência e a Revista ABO
Nacional aproveita a oportunidade para
contar um pouco dessa trajetória tão
bem-sucedida, que possui forte atuação 1929: um dos primeiros registros da história da ABO, no Rio de Janeiro
Contribuição para a A ABO Nacional também conso- a importância institucional que estes
Odontologia brasileira lidou outro tipo de representação da eventos tinham.
Um fator importante para a constru- Odontologia, diante da imprensa e da Com o passar dos anos, a ABO Na-
ção e formação do que é a ABO Nacional opinião pública. Através do trabalho cional continuou promovendo eventos
hoje foi a capacidade de unir diferentes desenvolvido em assessoria de imprensa, de peso para a ciência odontológica
grupos, de diferentes realidades, em a entidade, seus diretores e consultores brasileira. Em 1981, realizou no Rio de
torno de interesses comuns. Assim, foi científicos tornaram-se fonte confiável Janeiro, e em 2010, em Salvador, o Con-
alcançada uma importante meta e também quando a pauta é saúde bucal em jornais, gresso Mundial da Federação Dentária
um dos principais motivos de sua força: rádios, revistas e TV, inclusive para che- Internacional (FDI). Outro destaque foi a
crescer até fincar sua bandeira associa- car a seriedade de outras informações realização, em São Paulo, do 1º Congresso
tiva em todos os Estados brasileiros, divulgadas. Internacional de Saúde Bucal em 1994,
chegando nos dias atuais a 321 células, quando se comemorava o Ano Mundial
entre 27 Seções e 294 Regionais em todo Congressos da Saúde Bucal (Veja calendário de 2012
o território brasileiro. Para valorizar e incentivar o aperfei- na pág. 255.)
A ABO Nacional continua bastante çoamento científico e a capacitação do
atuante nas questões políticas que en- profissional através de cursos, palestras, Selo ABO
volvem a Odontologia. Presença forte congressos, entre outros eventos, foram Em 1985, a ABO Nacional criou o
em Brasília, representantes da entidade criados dentro da ABO o Calendário Selo de Qualidade ABO para ser conce-
acompanham o andamento de projetos Oficial de Congressos e as Escolas de dido a escovas e fios dentais, dentifrícios
de lei que interferem na profissão do Educação Continuada da UniABO. Um e enxaguatórios bucais. Assim, encarou
cirurgião-dentista e na saúde bucal da dos primeiros congressos aconteceu em com coragem o desafio de ingressar na
população, mantendo contato com sena- 1947, em Pernambuco: o Congresso espinhosa área de normalização e controle
dores e deputados.Aentidade conquistou Brasileiro de Odontologia, naquela de qualidade, que ainda era privilégio de
uma vaga efetiva no Conselho Nacional época, já em sua quarta edição. Na oca- poucos especialistas internacionais. Com
de Saúde (CNS), instrumento que permite sião, a entidade nacional ainda realizou isso, a entidade ganhou respeito em todo o
o controle das políticas públicas de saúde uma reunião deliberativa para debater e mundo e a indústria brasileira de produtos
pela sociedade. definir diversas questões, evidenciando de higiene bucal foi estimulada a se apri-
morar e se adequar à realidade do País, se
colocando hoje entre as mais avançadas.
Fazendo história Junto com o selo foi criado o De-
partamento de Avaliação de Produtos
“Os 95 anos de história da ABO são um verdadeiro Odontológicos da entidade (Dapo)
patrimônio da Odontologia brasileira. As causas defendi- que verifica as normas de controle de
das pela entidade – entre elas, a valorização profissional, a qualidade que definem ou caracterizam
promoção da saúde bucal e o desenvolvimento científico e materiais e produtos por meio de ensaios
clínico da Odontologia – são também a razão pela qual o físicos (mecânicos), químicos e biológi-
jovem cirurgião-dentista escolhe essa tão nobre profissão, cos, avaliando características como pH,
cada vez mais reconhecida como de vital importância para o densidade, consistência, abrasividade,
bem-estar da população. Hoje, sustentada por esta história, espuma, entre outros. Estes ensaios são
a ABO desfruta de um amadurecimento que nos permite elaborados de maneira que os dados obti-
olhar para a frente e vislumbrar horizontes ainda melhores dos a partir deles possam ser interpretados
para o exercício odontológico. É um trabalho diário, em diversas frentes, da me- de modo que os materiais satisfatórios,
nor de nossas Regionais aos nossos representantes nas mais amplas instâncias de ou em conformidade, sejam valorizados
influência na sociedade. Estamos, mais uma vez, fazendo história.” e os insatisfatórios, descartados.
Inicialmente criado com as categorias
Newton Miranda de Carvalho, Prata, Ouro e Diamante, o Selo de Qua-
presidente da ABO Nacional lidade foi aprimorado, em 2011, com o
Selo ABO Premium.
N A C I O N A L 2 0 1 2