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Diagnóstico psicopedagógico no

âmbito clínico

Aula 7
Abril/2023
Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao
seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições
cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto.
Associação Brasileira de Psicomotricidade
O que significa Psicomotor?

Refere-se ao desenvolvimento motor, quando relacionado, simultaneamente, às funções motoras e às


funções psíquicas. O desenvolvimento psicomotor refere-se à maturação neurológica, quando relacionado
com o comportamento da criança e a aquisição dos movimentos reflexos e voluntários. Exemplo: controle dos
esfíncteres.
O psicopedagogo além de testar as bases da motricidade, precisa também verificar o papel da afetividade, das
vivências e das experiências passadas.
Provas Psicomotoras

O ser humano desde a sua concepção até a velhice passa por


diversas transformações. Todo organismo humano tem uma lógica
biológica, uma organização, um calendário maturativo e evolutivo,
uma porta aberta a interação e a estimulação. Entre o nascimento e a
idade adulta se produzem profundas modificações. As possibilidades
motoras da criança evoluem amplamente de acordo com a sua idade
e chegam a ser cada vez mais variadas completas e complexas.
(Neto, 2002, p.11)

A educação psicomotora atua de maneira preventiva para evitar má


concentração, confusão de letras e de sílabas, confusão no
reconhecimento de palavras nos momentos de leitura e escrita,
permitindo que a criança tenha um bom desenvolvimento de suas
faculdades intelectuais (Fonseca, 2005).
Provas Psicomotoras

Objetivos:

• Avaliar as habilidades psicomotoras da criança e a maturidade neurológica;

• Traçar o perfil de dificuldades que servirá para estabelecer estratégias para uma educação e reeducação mais
adequada.

Podem ser utilizadas por : psicólogos, professores, psicopedagogos e neurologistas. Fonseca (1995), nos alerta
que não se deve tentar avaliar déficits neurológicos, patológicos ou lesões cerebrais, pois estes testes não nos
fornece informações suficientes para tanto.
Provas Psicomotoras

• É aplicada em crianças na faixa etária de 4 a 12 anos


de idade.

• Apresenta uma perspectiva mais qualitativa do que


quantitativa ( não mensura).

• Período de avaliação: 40-50 minutos.

• Identifica crianças com dificuldades de aprendizagem


motora.

• Colabora para um melhor conhecimento integral da


criança.
Funções do psicopedagogo

• Oferecer local com iluminação e espaço adequado para a realização das provas;
• Oferecer material organizado antes da prova motora;
• Deixar a criança a vontade e relaxada;
• Estabelecer uma relação afetuosa com a criança;
• Escutar a criança, sem emitir juízos de valor que possam prejudicar a sua espontaneidade;
• Observar e descrever o tipo físico da criança, atitudes e conduta geral: rubor, alterações respiratórias,
inibições e ansiedades;
• Descrever uso de aparelho ortopédico, tiques ou manias, e quando estes gestos se acentuam;
• Na expressão verbal (timbre de voz, maneira de falar, espontaneidade, manias de expressão e
conteúdo de linguagem).
Sintomas de possíveis problemas psicomotores nas crianças:
•Grande necessidade e agitação nos movimentos, não conseguindo controle sobre estes;
•Movimentos bruscos e amplos sem relaxamento, observando-se uma instabilidade corporal;
•Frustram-se com facilidade;
•Agressividade;
•Explosivas;
•Destrutivas e impulsivas;
•Mostram baixo rendimento escolar devido à imaturidade motora e falta de concentração;
•Muitas apresentam terror noturno;
•Grande tensão ou contração muscular;
•Instabilidade psicomotora ( crianças que manifestam excessiva necessidade de movimentação- alguns autores falam de lesões do diencefálo
e origem genética );
•Inibição psicomotora ( falta ou inibição dos movimentos – inquietas, tensas cansadas, exaustas e movimentos e expressões limitados- não
chamam a atenção, são quietas);
•Forma corporal elástica, flexível, como se esta criança não tivesse os limites de seu corpo.

psiqueasy.com.br/2019/10/15/psicomotricidade-avaliacao-intervencao-e-diagnostico-vol-08
Funções do psicopedagogo

Observar e registrar o nível de execução dos


exercícios:
A criança compreendeu as instruções da prova?
Dispersa facilmente?
Apresenta dificuldade?
Qual a velocidade e ritmo de execução?
A inibição impede o desenrolar da ação?
Como é a sua expressão verbal?
A fadiga altera a execução?
Usa aparelho ortopédico que possa influenciar nos
resultados?
O que mais precisamos observar?

Devemos observar 3 dimensões:


Motora,
Emocional,
Cognitiva.

A Psicomotricidade trata da construção do corpo, e o


corpo expressa sua existência a partir de uma atitude
postural, da gestualidade (olhares, mímicas, modos) e da
execução dos movimentos voluntários complexos
(caminhar, levantar, sentar).

Livro Dificuldade de aprendizagem, 2003


Dimensão motora

Dimensão MOTORA: é a dimensão instrumental, integração


das diferentes partes do corpo, onde está o esquema
corporal e a maturação neurológica.

Devemos observar para o esquema corporal:

1. a tonicidade muscular,

2. o equilíbrio,

3. o controle dos movimentos,

4. a eficiência motora (velocidade, precisão),

5. definição da lateralidade.

Exemplos: correr, saltar, escalar, dinâmicas manuais e


outros.
Dimensão emocional

Dimensão EMOCIONAL: é onde a emoção está conectada


com o organismo.

Podemos observar pelos gestos de expressão e pela


presença do outro.

Segundo Wallon, “todos os efeitos que estão contidos na


emoção tem um ponto de partida periférica ( envolta) ou
visceral (dentro) ”.
Dimensão cognitiva

Dimensão COGNITIVA: onde observamos como a criança


domina as relações espaciais, como está o conhecimento
do seu corpo, a discriminação da sua lateralidade e direção:
direita/esquerda, em cima/embaixo, em frente/atrás.
As 3 dimensões: motora, cognitiva e emocional

As 3 dimensões convergem numa unidade. Exemplo: pular corda.


A pessoa precisa do seu corpo, sua força e da coordenação
necessária para erguer-se do chão em um pulo. (dimensão motora)
Precisa de cálculo apropriado e sequência temporal adequada para
realizar o pulo. (dimensão cognitiva) Precisa da presença do outro
que sustenta a corda que pode transmitir segurança ou ser motivo
de perturbação , assim como a forma que a criança sente ao
executar o pulo. (dimensão emocional)
Os transtornos psicomotores nos advertem da presença de falhas na
construção do corpo (dimensão motora), no seu funcionamento
(dimensão emocional) e na sua funcionalidade (dimensão cognitiva)

Livro: Dificuldade de aprendizagem, 2003


.
Exemplo das provas psicomotoras utilizadas com crianças de 7 anos:

PROVAS

1. Dinâmica das mãos

2. Coordenação Dinâmica Geral

3. Equilíbrio
4. Organização Espacial
a) Executa movimentos ordens

b) Posição relativa dos objetos


5. Organização Espaço-Temporal
a) Reprodução som-som
b) Reprodução grafia-visual
c) Reprodução som-visual
d) Reprodução grafia-audição
6. Lateralidade
PONTUAÇÃO DESEMPENHO ESPERADO

2 Realizou a prova corretamente, de forma harmoniosa e controlada.

1 Realizou a prova de forma satisfatória com algumas dificuldades,


com pequena tensão e rigidez.

0 Falha na execução dos movimentos, desequilíbrio, incoordenação,


rigidez e tensão. Realização imperfeita, incompleta e descoordenada
da prova.
Fatores Psicomotores a serem avaliados:

• Tonicidade

• Equilíbrio

• Esquema corporal

• Organização espacial

• Organização temporal

• Lateralidade

• Coordenação motora global

• Coordenação motora fina


Tonicidade
 É o estado de tensão ativa dos músculos (Guyton, 1977)

 É o primeiro sistema funcional complexo.

 É o que prepara os músculos para a atividade postural e para a execução de atos voluntários complexos, tais
como: caminhar, levantar-se, deitar, entre outros.

 É o alicerce da vida motora, afetiva e emocional.

 É a base para a aprendizagem.

“Sem a organização tônica como suporte, a atividade motora e a estrutura psicomotora não se
desenvolve”.(Fonseca, 1995)
Equilíbrio

Equilíbrio: é a qualidade física conseguida por uma


combinação de ações musculares com o propósito de
assumir e sustentar o corpo sobre uma base, contra a lei
da gravidade.

“É responsável pelos ajustes posturais antigravitários,


estabelecendo autocontrole nas posturas estáticas e no
desenvolvimento de padrões locomotores”. (Luria, 1981;
Fonseca, 1995).

O equilíbrio pode ser de 2 tipos:


1. estático: adquirido em determinada posição.
2. dinâmico: adquirido durante o movimento.
Figura 01. Testes de Equilíbrio Estático ( TEE) da Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) de Rosa Neto( 2002)
Esquema corporal
Esquema corporal: refere-se à tomada de consciência global do corpo, ao
conhecimento intelectual das partes do corpo e suas funções.
(Fonseca,1995).

Nos desenhos das provas projetivas, é possível observar a noção de


esquema corporal, entretanto se o aprendente desenhar figuras palitos ou
só cabeças, é importante, em outro momento, pedir que a criança desenhe
o corpo humano com todas as partes em uma folha separada.

A noção do corpo surge em torno dos 4 anos de idade e aos 5 anos


criança já é capaz de representá-lo.

A maturação neurológica, segundo Sampaio (2014) ocorre no sentido


cefalocaudal e próximo distal, ou seja, da cabeça para os pés e a partir do
centro para periferia.

A criança que não tem consciência do seu corpo poderá ter prejuízos na
coordenação e no equilíbrio.
Uma má formação do esquema corporal pode acarretar:

Desenvolvimento Motor Relações e afetividade

Movimentos descoordenados Criança tímida e retraída

Lentidão Dificuldade de expressão

Postura inadequada Mau humor

Falta de controle de determinadas partes do Dificuldade de adaptação ao meio


corpo

Caligrafia ruim Desatenção


Coordenação motora

A coordenação motora é a capacidade que temos de usar e


controlar nossos músculos para realizar determinada atividade
física ou movimento, como engatinhar, dançar, pular corda,
escrever, bordar, etc.
Mas o que significa isso?
A coordenação motora é estimulada e desenvolvida desde
bebê e sem que tenhamos consciência disso.
Ex: quando tentamos pegar um objeto, quando engatinhamos,
quando começamos a caminhar, etc. Quando chega a hora das
crianças irem para a escola, sua coordenação motora
é colocada à prova. Ex: colorir desenhos, contornar linhas,
fazer ginástica, escrever, recortar, etc.

Para distinguir as diferentes atividades físicas que partem da


coordenação motora, e poder avaliá-las com maior precisão
criaram-se dois grupos:
1-Coordenação motora fina
2-Coordenação motora global
Coordenação motora fina

Coordenação Motora Fina: está relacionada com as atividades


que requerem o movimento dos pequenos músculos do nosso
corpo. Esses movimentos são delicados e específicos, tais como
desenhar, digitar no computador, no celular, abotoar e
desabotoar, encaixar, recortar, escrever, etc.

Curiosidade:

Coordenação músculo facial: relacionado com movimentos


finos de face, fundamental para a fala, mastigação e deglutição.
(Fonseca, 1995)
Coordenação da dinâmica das mãos motora fina
Observações gerais:
• É destra(o) ou canhota (o);

• Pega bem o lápis;

• Coloca muita ou pouca pressão no lápis;

• Como está posição da folha e da mão ao escrever;

• Uso da tesoura;

• Uso do apontador;

• Traçado com a régua;

• Postura na cadeira ao sentar para escrever, para desenhar ou para recortar;

• Pinta dentro do espaço;

• Agilidade e firmeza com o material;

• Passa canudos, miçangas, macarrão em barbante e em fio de náilon;

• Consegue encaixar corretamente o clips.

(Simaia, 2014, pg 123 e 124)


Coordenação motora global

A coordenação motora global diz respeito às atividades que


envolvem os músculos maiores do nosso corpo, resultando em
movimentos maiores. É o caso de caminhar, saltar, correr, subir e
descer escadas, dançar, rastejar, pular amarelinha, etc.

A dificuldade na coordenação motora global pode levar:


• No desenvolvimento motor: dificuldade em movimentar-se,
dificuldade no desenvolvimento da coordenação viso motora e
movimentos bruscos.
• No comportamento: apatia e dificuldade de relacionamento.
CURIOSIDADE- COORDENAÇÃO VISO-MOTORA
Para avaliar essa coordenação, podemos oferecer figuras geométricas e pedir
para o aprendente reproduzir uma a uma em outra folha com um lápis.
O desenvolvimento motor ocorre em 2 níveis:

1. Da consciência e conhecimento das diferentes partes do corpo.


2. Do controle de si mesmo.

Podemos dividir em 4 etapas o desenvolvimento do esquema corporal:

a) O corpo;
b) Conhecimento das partes do corpo;
c) Orientação do espaço corporal: noção de direção e distância;
d) Organização do espaço corporal: consciência do corpo com o meio.
Ex: em cima , embaixo, do lado.
O que vamos avaliar?
• controle do próprio corpo (imitação de gestos simples: movimentos das mãos e
braços)
Organização espacial

• A organização espacial exige capacidade motora e percepção espacial e está ligada às


funções da memória. É o primeiro passo para alcançar a abstração. Consciência da
organização das coisas entre si, e do lugar que ocupa no mundo.

• A criança se organiza por meio do esquema corporal e pela experiência pessoal.

• Precisa ter a noção de direção (em cima, abaixo, à frente, atrás, ao lado), e de distância
(longe, perto, curto, comprido) em integração.

• O espaço deve ser organizado, primeiro em relação ao próprio corpo e depois, em


relação aos outros e aos objetos.
A dificuldade em organização espacial pode refletir :

A dificuldade em organização espacial pode refletir :

Posicionamento das letras, não distingue b / d, 12 / 21, n / u, p / b;

Ordenação de letras para formar palavras, comprometendo a leitura;

Ordenação de números (antecessores e sucessores);

Lentidão para organizar suas ações;

Gestos imprecisos.

No comportamento:

Desorganização;

Inibição;

Dificuldade de relacionamento.
Organização espacial

A organização espacial, segundo Simaia Sampaio


(2014) pode ser observada:

• Nas técnicas projetivas A planta da minha casa e A


planta da sala de aula.

• Quebra – cabeça (encaixe por tentativa e erro)

• Cartões com as mesmas figuras em posições diferentes


(menino em frente a cadeira, atrás da cadeira, em cima
da cadeira, perto da cadeira, etc.) Peça para o
aprendente apontar com o dedo o menino que está
perto da cadeira, em cima da cadeira, etc.
Organização temporal
É a capacidade da criança de situar-se em função da sucessão
dos acontecimentos, da duração do intervalo, da renovação
cíclica de certos períodos. Noção de direção e distância.

Noções temporais são abstratas e difíceis de serem adquiridas


pelas crianças;

• A ação da memória é fundamental;

• A percepção temporal é indissociável da percepção espacial,


já que por meio de sinais espaciais vai adquirindo noções de
duração e ritmo;

• Os sistemas sensoriais, auditivos, visuais e tátil-cinestésicos


são muito importantes para a estruturação espaço-temporal.
Organização temporal
Devemos observar:

1. Ordem e sucessão de acontecimentos;


2. Duração dos intervalos: não percebe os intervalos;
3. Renovação crítica de certos períodos: não se situa no
‘antes’ e ‘depois’. Não tem noção de hora, não se
organiza no tempo;
4. Ritmo.

Uma má estruturação temporal pode gerar:

1. Movimentos quebrados;
2. Ações desorganizadas;
3. Dificuldade de matemática;
4. Leitura interrompida (silabada, pausada);
5. Dificuldade em relatar fatos;
6. No comportamento: desorganização e atrasos.
Organização temporal

Segundo Simaia Sampaio ( 2014) nas técnicas projetivas: Quatro


momentos de um dia e o Desenho em episódios, podemos
observar a noção temporal, perguntando que horas ocorrem as
situações desenhadas .

Também podemos constatar fazendo as perguntas:

• Se hoje é segunda – feira, quantos dias faltam para sábado?

• A que horas você toma café, almoça e janta?

• Quais são os dias da semana?

• Quais são os meses do ano?

• Olhe no relógio de ponteiros e diga que horas são?

• Se agora são 11 horas da manhã, quantas horas faltam para


chegar 9 horas da noite?
Lateralidade

Lateralidade: refere-se à condição destra ou canhota, ou


ainda ambidestra. Significa que a função ou atividade
realizada por um indivíduo ocorre com maior frequência em
um lado do corpo que no outro e tem representação em um
hemisférico cerebral, ou em outro.

A lateralidade é observada:
1. Nos membros superiores,
2. Nos membros inferiores,
3. Na lateralidade ocular,
4. Na lateralidade auditiva.
Lateralidade

Pode-se encontrar:
1. Lateralidade homogênea: coincidência no predomínio da mão, olho e pé
2. Lateralidade cruzada: não existe uma coincidência no predomínio da mão, olho e pé.
3. Ambidestra: capacidade de executar atos motores com a mão direita e esquerda.

Má formação na lateralidade:

1. No desenvolvimento motor: problema na estruturação espacial, má postura, disgrafia, desorganização das funções
da linguagem, dificuldade na direção gráfica, escrita de letras e números em espelho, caderno desorganizado,
dificuldade na linguagem e movimentos lentos e inconstantes.

2. No comportamento: criança indecisa e insegura e com baixa autoestima.


Devemos observar:

A- PREDOMINÂNCIA DO OLHO

B- PREDOMINÂNCIA DO PÉ

C- PREDOMINÂNCIA DA MÃO
Peça para a criança:
• Mostre sua mão esquerda e depois a direita ( a partir dos 7 anos);
• Mostre a sua perna direita e depois a esquerda;
• Dê um papel com um buraco e diga para olhar no buraco ( olho predominante);
• Coloque: caneta, borracha, cola (um ao lado do outro) e pergunte se a caneta está à direita ou esquerda da borracha,
etc.
• Pentear cabelo;
• Chutar bola;
• Jogar amarelinha.
Lateralidade

Para a suspeita de dislexia, é importante fazer a avaliação da lateralidade. A criança que tem dificuldade na lateralidade
poderá:

• Ler da direita para a esquerda;


• Ter dificuldade em identificar a posição das letras , confundindo p,q,b,d;
• Ler SETA ao invés de ESTA, por exemplo;
• Escrever letras e números invertidos;
• Comprometer a imagem e o esquema corporal;

Os transtornos de lateralidade podem ser evidenciados quando:


• A criança é ambidestra ( usa as duas mãos);
• A criança canhota por natureza foi forçada a escrever com a mão direita;
• Há lateralidade cruzada, ou seja, não homogeneidade na preferência de olho, mão, pé.
SAMPAIO ( 2014)
FATORES PSICOMOTORES IDADE

Tonicidade 0 à 12 meses

Equilibração 12 meses aos 2 anos

Lateralização 2 aos 3 anos

Noção do corpo 3 aos 4 anos

Estruturação espaço-tempo 4 aos 5 anos

Praxia Global 5 aos 6 anos

Praxia Fina 6 aos 7 anos


EOCA - Psicomotora
EOCA - PSICOMOTORA

Segundo Carlberg (2012) podemos utilizar o que chamou de EOCA PSICOMOTORA como um instrumento de avaliação da
integração dos aportes teóricos da Epistemologia Convergente, da psicomotricidade e da psicomotricidade relacional.

Objetivo: levantar hipóteses relativas ao movimento corporal, à participação na resolução de problemas práticos, ao
planejamento de ações, as ações propriamente ditas, entre outros aspectos. Também auxilia na compreensão da
articulação entre cognição e emoção, da dimensão funcional e social.

Consigna: “Eu gostaria que você me mostrasse como é que podemos brincar com estes materiais”.

Materiais:

Arco, bolas grande, média e pequena, corda, tecido, bibolquê, pião, raquetes, caixas de papelão, entre outras possibilidades
que “ disparem” na pessoa o desejo de movimentar-se e interagir com os materiais e com o psicopedagogo.
Protocolo de Observação Psicomotora

Este protocolo foi elaborado após ampla reflexão aliada à


experiência de atendimentos clínicos, considerando as
características atuais inerentes ao desenvolvimento. Ele visa
corroborar os critérios diagnósticos em crianças que apresentam
dificuldades de relacionamento, desenvolvimento e/ou
aprendizagem no período dos quatro aos doze anos de idade.

Autores: Telma Pântano, Teresa Borghi


Modelo para elaboração do trecho de um Informe Psicopedagógico
O objetivo desta sessão é investigar as possíveis alterações no desenvolvimento de XX nos aspectos motores,
cognitivos e emocionais. As provas selecionadas para esta avaliação estão de acordo com a sua faixa etária.
Foram avaliadas habilidades relacionadas à coordenação da dinâmica das mãos, dinâmica global, equilíbrio,
organização espacial, espaço-temporal e lateralidade. XX realizou as atividades de coordenação dinâmica das
mãos e global após três tentativas, com algumas dificuldades como: pequena tensão e rigidez, baixa velocidade e
falha no ritmo de execução (pontuação 1). Nas provas de equilíbrio apresentou falhas no equilíbrio estático e
dinâmico, com balanceios com o corpo e dificuldade em manter-se sobre a ponta dos pés, com baixa tensão e
rigidez (pontuação 1). Na prova de coordenação espacial XX apresentou dificuldades na reprodução de
movimentos de figuras desenhadas (pontuação 1). Nas provas de estrutura espaço-temporal: reprodução som-
som, reprodução grafia-visual, som-visual e grafia-audição, XX realizou com algumas dificuldades, com tensão,
rigidez e baixa velocidade (pontuação 1). Em relação ao esquema corporal XX não se organizou bem no espaço
corporal, com pouca consciência de seu corpo frente ao meio ambiente, o que justifica os prejuízos na
coordenação e equilíbrio. XX demonstrou maior dificuldade na grafia-audição com resistência inicial na execução
das atividades que envolviam parte escrita, alegando cansaço.
Quanto a orientação espacial, apresentou noção de direção e distância, contudo teve prejuízos na orientação
temporal, justificando as ações desorganizadas, atrasos, dificuldade em matemática, leitura sem pontuação e ritmo
e em relatar fatos.
Observou-se predominância da lateralidade homogênea direita. XX revelou coincidência no predomínio de
membros superiores, inferiores e ocular, sem prejuízos na sua lateralidade e na sua consciência de si em relação
aos outros.
Agradecemos e desejamos bons estudos

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