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Resenha do texto de Blackburn et al.

(2011)
“A proposed unified framework for biological invasions”

por Felipe Mathia Correa

Nas últimas duas décadas tem-se observado um crescente interesse pelo estudo de
invasões biológicas decorrentes da ação humana nos diferentes ecossistemas, devido
sobretudo ao volume crescente de comércio e viagens internacionais, bem como mudanças
ambientais drásticas, que trazem consigo pressões de propágulos das mais variadas
espécies. Contudo, algumas questões têm dificultado generalizações robustas nesse campo
científico, visto que não há consenso entre os pesquisadores quanto às terminologias
utilizadas para descrever os processos, como a definição de espécie nativa, por exemplo.
Talvez a expressão mais clara destas diferenças seja a divisão entre estudos de
invasões de plantas e animais. A maioria dos botânicos adota a estrutura conceitual de
invasão proposta por Richardson et al., que vêem as invasões como uma série de barreiras,
ambientais e reprodutivas, aos indivíduos de determinada espécie precisa sobrepor para ser
considerada naturalizada ou invasora. Já os zoólogos, por sua vez, utilizam a lógica descrita
por Williamson - com uma série de modificações, é verdade - que observam as invasões
como uma série de etapas e condições de crescimento e sobrevivência pelas quais uma
população deve passar para se estabelecer em um novo ambiente.
Ao longo do texto é feita uma reflexão acerca das diferenças essenciais entre as
duas abordagens, que reside no foco dado às pesquisas no resultado das invasões ou em
seus obstáculos. O estágio entre a chegada de uma espécie a um novo ambiente e a sua
propagação por esse mesmo ambiente tende a ser considerado de forma diferente pelos
autores.
A proposta de Blackburn et al. é sistematizar um modelo unificado a partir das
abordagens apresentadas, incorporando os estudos de outros autores como Pyŝek, Heger
& Trepl, Hendersons e Carlton, visando todas as invasões biológicas induzidas por
humanes, independentemente do táxon, localização ou reino, reconhecendo que o processo
de invasão pode ser dividido numa série de etapas, que em cada uma existem barreiras que
devem de ser ultrapassadas para que uma espécie ou população passe para a fase
seguinte. Ademais, são utilizados termos definidos para os diferentes momentos dentro do
processo de invasão. Por fim, são apresentadas 9 razões pelas quais essa fusão seria um
avanço com relação às outras perspectivas sobre o assunto.

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