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Minha história, Amelie Galanthynius

A muitos anos, minha mãe Ellie, uma garçonete da taverna da capital e meu pai
Anthony Galathynius, herdeiro da fortuna Galanthynius e um dos consultores arcanos
da Rainha do Vale das rosas brancas, se conheceram, e se casaram, sabe aquela história
clichê do garoto rico e da garota que odeia gente rica? Enemies to lovers eu diria, nunca
me interessei por histórias assim, quem gostava era minha irmã Alina...
Enfim, meus pais passaram anos e anos após seu casamento tentando dar
continuidade ao nome Galathynius, e apenas após a graça da grande Rainha, ou pelo
menos foi o que ela nos contou, minha mãe nos deu à luz, gêmeas idênticas, eladrins
doces e amáveis, e nos nomeou, Amelie, a mais velha e responsável, e Alina, a mais
nova e emotiva.
Nós éramos como Ying e Yang, nos protegíamos, éramos confidentes e melhores
amigas, ela gostava de romance e histórias, eu gostava de ciências e das estrelas, ela era
cabeça nas nuvens, eu era pé no chão, nós nos completávamos, e quando estávamos
juntas éramos como uma só, uma única elfa, uma única maga, as perfeitas aprendizes de
nosso pai, as menininhas de nossa mãe, nunca guardávamos segredo, sabíamos de tudo
uma da outra, mas isso não durou muito.
Quando éramos pequenas, nossa avó paterna Luzie, nos deu colares, para ela,
um dourado com um pingente de sol, para mim um prateado com um pingente de lua
minguante, e nos disse para que nunca os tirássemos de nosso pescoço, nos disse que
eram nossa única garantia de que o pacto nunca seria cobrado, após isso Luzie nos
deixou, morreu com uma doença que consumiu toda sua vitalidade élfica, e nos deixou
com o mistério de qual pacto ela estava falando.
Anos se passaram e Alina e eu nunca mais tocamos no assunto, até que eu
descobri que ela havia trocado cartas com um homem do reino vizinho, Julius Cohen,
eles pareciam apaixonados e planejavam se encontrar, e confesso que estava feliz por
minha irmã, pois se dependesse de mim, a linhagem Galanthynius acabaria em mim,
mas ela, ela era diferente de mim até nisso, ela gostava de homens, e Julius dizia ser um
elfo, não eladrin, um drow, mas que mal faria? Com o tempo nossos pais o aceitariam
ela dizia.
Bem, eles combinaram de se encontrar, e em pouco tempo minha irmã estava
noiva aquele homem, mas o casamento nunca seria concretizado, pois em uma noite fria
de inverno, minha irmã deixou nosso quarto no meio da noite, eu estava ocupada demais
lendo sobre as constelações para me importar, para notar que consigo ela só levava a
roupa do corpo e seu colar de proteção.
No dia seguinte, sem noticias de minha irmã, resolvi ir até o lugar preferido dela,
a igreja matriz, procura-la em meio aos livros da antiga biblioteca subterrânea, passei
horas em meio a poeira e livros, até encontrar uma estante que havia sido empurrada,
escondia uma porta secreta para uma sala escura, apenas iluminada por velas de chama
azul, e ali encontrei, vestida como uma noiva, deitada como se dormindo, sem dor, sem
vida, sem coração, minha irmã Alina, minha confidente, minha metade, morta
brutalmente pelas mãos de algum monstro, seus sonhos completamente despedaçados
junto com seu peito que estava aberto de forma brutal, com um buraco, ali, onde antes
batia o coração mais puro que já conheci, estava vazio, seco, e em seu pescoço, apenas a
marca de sol que os nossos colares deixaram em nós, a incrível peça dourada, entalhada
a mão, não estava ali, quem quer que havia feito aquilo, não deixou nem ao menos o
colar, para que quem encontrasse aquele corpo brutalizado, guardasse em luto.
Naquele momento, um véu de tristeza, dor e vingança cobriu cada centímetro de
meu corpo, minha forma invernal se afincou em meu corpo de forma que nunca mais
sairia, meus sentimentos bons, o calor do verão, o perfume das flores da primavera, ou
até a alegria do outono, nunca mais voltariam...
Abandonei minha família para procurar por um dos colegas de pesquisa de
minha irmã, Asdrubol o goblin, que dizia que tinha conversado sobre Julius com Alina,
e que tinha informações, abandonei meu legado por um tempo, em busca de vingança,
determinada a encontrar e matar Julius da mesma forma que ele havia feito com Alina,
inicio uma aventura, que só terá fim quando eu tiver sangue em minhas mãos e o calor
do verão voltar a cobrir meu coração.

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