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Para embasar seu argumento, Paixão discute a famigerada frase “Eu te amo”, tão
desgastada, mas que ao ser reelaborada e reinventada por cada pessoa, traz consigo um
significado único e particular. Logo, para o ensaísta, a poesia é aquilo que vem do
sentimento, que acontece devido a alguma experiência captada e sintetizada pelo poeta.
Diante disso, pode-se perceber que a poesia se qualifica principalmente pelo uso
criativo e inovador que se faz das palavras, expressando a subjetividade.
Diante disso, Paixão apresenta a seguir o que ele entende como sendo um grande
impasse da sociedade atual, que é entender a poesia contemporânea. Tal problemática
dá-se pelo fato das pessoas lerem poemas como se lê um jornal ou como se estuda um
livro didático. Esses materiais impressos lidos por uma grande parcela da sociedade são
como maneiras de dominação, onde comumente é ditado o que deve ou não deve ser
feito. Com o seu desânimo mental, adaptadas às normas recebidas pelos ditadores
acerca das trilhas do caminhar, os indivíduos assustam-se ao notar que a poesia fala
sobre o incerto e usa expressões de subjetividade. Aterrorizam-se de verem que a poesia
não conduz a um aprendizado direto e imediato, mas estimula o uso das faculdades do
pensar, além de estimular o senso crítico do ser que, em tese, deveria ser pensante e
fazer da subjetividade a sua alavanca em busca de benefícios.
Fazendo aplicação da subjetividade, o poeta determina uma ponte entre ele, com seu
universo simbólico e o real. Percebe-se então que todos os tempos, através do uso das
tendências emocionais, passam a se relacionar simultaneamente dentro da realidade,
viabilizando assim que o poeta faça a associação dos quatro tempos, sintetizados por
meio do tempo poético, apresentando no tema central do poema a ligação desses tempos
determinantes.
Paixão finaliza o livro afirmando que o ser poético – bem como o fazer – não equivale
somente a ter sabedoria para procurar palavras e organizar estruturalmente os versos,
mas principalmente saber britar e jardinar fatos no mundo da vida: solidariedade,
diferenças, amor, ou seja, uma capacidade que esteja ao alcance de todos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS