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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


DEPARTAMENTO DE LETRAS
ÁREA: TEORIA DA LITERATURA
DISCIPLINA: TEORIA DO POEMA – (LET0569 – 2022.1)
PROFESSOR: HENRIQUE EDUARDO DE SOUSA
ALUNA: LUANA BEATRIZ DA ROCHA GOMES

ATIVIDADE DE PRODUÇÃO DE TEXTO


(3ª unidade)

OBJETIVO
. Apreender dimensões da produção literária

CONTEÚDO
. A produção literária

PROPOSIÇÃO
. Elaborar um resumo do texto O mito da inspiração, de Carlos Felipe Moises

ENCAMINHAMENTOS
. A atividade é individual
. Data de entrega: 7/07/22
. Valor: 3,0 (três pontos)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MOISÉS, Carlos Felipe. Poesia para quê?: a função social da poesia e do poeta.
São Paulo: Editora UNESP, 2019.

Carlos Felipe Moisés, poeta e crítico literário brasileiro, no capítulo O mito da


inspiração de seu livro Poesia para quê?, inicia e desenvolve um debate acerca
da possível inspiração ao se fazer poesia. Moisés começa no primeiro tópico
Seremos todos poetas? uma reflexão sobre a origem do que seria a inspiração
no fazer poético. Ao longo da consideração, o autor argumenta sobre a influência
das sociedades antigas na crença de que o poeta era alguém dotado de um dom
especial, não concedido a outras pessoas. A inspiração era tida como algo que
fluía de fora para dentro do poeta, como uma espécie de transe, onde este
quase não tinha domínio sobre a obra. Esse pensamento, segundo Carlos, foi
sendo deixado de lado em meados do século XIX. A partir desse período, a
inspiração passa, então, a ser uma representação do processo criativo e racional
da construção da poesia. É inclusive exposto no texto a influência do Iluminismo
- corrente filosófica que buscou estabelecer a racionalidade como pilar da
sociedade – na consolidação de um olhar mais teórico e menos místico sobre
inspiração na criação poética. Foi a partir do desdobramento de uma
mentalidade cética, através da psicologia e da antropologia, que a construção da
poesia foi sendo entendida não mais como um entorpecimento que toma o
poeta em algum momento, mas sim como uma capacidade racional humana de
pensar, analisar, construir e decidir os meios e fins da construção dessa arte.
Para Carlos, podem existir dois tipos de poetas: o amador - que é leitor e
poeta – e o profissional: que é primeiramente poeta e depois leitor. Para o
primeiro, ser poeta é um dom inato, ou seja, já se nasce um poeta. Para o
segundo, ser poeta é uma habilidade que pode ser desenvolvida. Entretanto, o
autor argumenta que a poesia não se resume a uma ou a outra definição, mas na
combinação das duas posições. Sendo assim, para se fazer poesia é preciso
talento combinado de habilidade, pois um sem o outro torna incapaz de se
produzir um poema.
Dessa maneira, é apresentado no texto uma reflexão sobre qual seria a
matéria da poesia. De um panorama poético amador, a essência de um poema se
constitui na vida, expressa por intermédio das palavras. Já do ponto de vista
poético profissional, a poesia pode ser constituída puramente pelas palavras,
matéria verbal. A poesia no entanto, não se prende a uma designação apenas,
sendo limitada. A essência da poesia é composta de um enredamento circular,
como é apresentado por Moisés. Isso significa dizer que ela une a vida às
palavras, ou seja, é a vida buscando ser contada através da forma verbal.
No tópico A college for bards, é apresentado o ponto de vista sobre
inspiração x aptidão do poeta inglês W.H. Auden. Auden compartilha da opinião
de que um poeta não nasce um poeta em si, mas pode se tornar um. Contudo,
em sua visão, nem tudo se ensina. Para ele, é uma questão de oportunidade e
inspiração súbita. A poesia, nesse caso, para ser exercida em sua plenitude, exige
uma associação de trabalho e aprendizado contínuo e conhecimento. Porém, é
possível perceber uma certa ambiguidade e dúvida por parte de Auden, pois ele
reconhece que com prática e disciplina pode se alcançar uma boa poesia, mas a
poesia não pode ser ensinada. Carlos Felipe Moisés mostra, então, que fazer
poesia não é sobre experimentar escrever e ver o que pode sair. Escrever
palavras misturadas, sem qualquer sentido e sem preocupação com a sintaxe
não é poesia, segundo a visão do crítico. Para Moisés, fazer poesia é assumir com
humildade que é preciso aprender os fundamentos do ofício de um poeta, ler
muita poesia, assimilando tudo com racionalidade e espírito crítico e não apenas
com uma devoção que levará alguém a imitar o texto de um outro poeta.
Em suma, Carlos expõe a noção de que talento não é suficiente sem disciplina
na construção da arte poética. A inspiração é compreendida, então, como a
junção entre a prática e o talento.

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