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Se queremos que o mundo nos olhe como nos vemos, temos que refazer a nossa
própria imagem, temos que criar uma nova identidade e convencer o mundo do que
realmente é a Auditoria Interna voltada aos negócios.
Por muito tempo tenho lutado com o problema de identidade: Qual é a essência da
nossa profissão? E através do tempo, meu conceito de Auditoria Interna mudou e se
ampliou. Por fim, adotei um ideal, um princípio de orientação, uma essência e uma
doutrina que posso incorporar como bandeira profissional e que posso agitar
orgulhosamente.
A Busca
Meu ideal começou a tomar forma faz uns 12 anos quando eu escrevi um dos
primeiros artigos da obra diálogos com o avô que se chamou: Vovô, o que é um auditor
interno?
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Texto elaborado por Lawrence B. Sawyer, empresário, advogado e líder da profissão de Auditoria Interna
nos E.U.A.
- O que é um Auditor Interno?
- São os olhos e os ouvidos da administração.
- Então você é um espião?
- Claro que não. Por que você acha isso?
- Mas vovô, foi o que você disse!
- Sei o que eu disse. Um espião se movimenta escondido, entre as sombras, obtém
informações roubando-as e nunca permite que as pessoas saibam o que está
fazendo."
E como Randy respeitava os mais velhos, não insistiu mais no assunto; mas sua
pergunta me perturbou muito.
"A Auditoria Interna ao avaliar as operações, faz o que o Diretor Geral gostaria de
fazer, se tivesse tempo e conhecimento para fazê-lo."
Isso era melhor. Era um ponto de vista superior. Retratava uma orientação
empresarial e não meramente uma orientação contábil. Fazia avançar a Auditoria Interna
para a alta administração, chegando até ela.
Por acaso não é ele que necessita mais de nosso conselho do que a alta
gerência?
Se trabalhamos ombro a ombro com a média e básica gerência, não seria possível
resolver com elas os problemas e dificuldades, sem necessidade de levar os erros ao
conhecimento da Diretoria?
Sem dúvida que os diretores continuariam recebendo nossos relatórios, mas estes
revelariam que os problemas estão identificados e sendo corrigidos. Saberiam que
chamamos a atenção somente para assuntos que realmente justifiquem a consideração
do mais alto nível da empresa.
Seria tão importante assim utilizarmos os olhos e os ouvidos para criarmos uma
imagem, de glorificarmos a nós mesmos? Somos realmente os atores principais da peça
em que representamos? Ou são os gerentes os que têm os papéis principais?
A Essência
Pensando nessa linha, descobri qual deveria ser meu papel, e que podia
enaltecer-me com ele pois era simples assim: "Minha missão é fazer com que o
administrador se saia bem".
Isso soa melhor de que "os olhos e ouvidos da administração" ou "fazer o que o
diretor faria" e, ademais, denota o cumprimento certo de nossa função, já que somos
assessores e não homens de linha.
A função dos assessores é apoiar e aconselhar, não ditar e nem contar histórias.
De modo que, se podemos fazer com que o administrador se saia bem enquanto levamos
a cabo nossa função de identificação de pontos fracos e nos asseguramos de que se
corrijam, seguramente podemos sentir que somos parte de uma profissão orientada por
altos propósitos e podemos satisfazer os desejos, que cada um de nós tem, de ajudar os
nossos semelhantes.
Tudo isto é um sonho impossível? Seria pouco factível? Não creio. Pode ser feito,
e de fato está sendo levado a cabo, por auditores que assessoram gerentes operacionais,
diretores gerais e Conselhos de Administração.
O Enfoque Inicial
Tudo começa com o enfoque inicial, no primeiro contato, entre o Auditor Interno e
o auditado. Tudo se inicia com o ambiente formado pelo Auditor Interno, isto é, a maneira
com que o auditor se revela ao auditado.
A maioria dos Auditores Internos deseja ser vista como especialista em controle.
Dizem ao auditado que possivelmente não têm experiência nos aspectos técnicos de uma
unidade ou atividade mas, em troca, têm experiência tanto no campo do controle
administrativo como no controle financeiro. Isto pode ser certo, mas não é suficiente.
Muitos auditores interpretam "controle" como uma expressão ameaçadora, como um
conceito restritivo, como a função daquele que diz "não".
Se nós, auditores, temos que atingir metas de alto propósito, devemos ser algo
mais que especialistas em controle. Sem dúvida, o controle é apenas uma das quatro
funções da administração e, se temos de assessorar os gerentes, devemos ser
especialistas nas quatro (planejamento, organização, direção e controle). Há algo mais,
devemos nos educar e preparar para nos apresentarmos aos gerentes como Consultores
Internos de Administração.
Problemas de Planejamento
O Departamento de Atendimento a Clientes não cumpria sua tarefa de examinar
certo número de reclamações no tempo estipulado e estava deixando de atender
algumas. Aparentemente, a razão era que os empregados não faziam bem seu trabalho;
mas a origem dos problemas foi que a administração não estabeleceu um registro central
para acompanhar o trânsito de todas as reclamações dentro do departamento.
Problemas de Organização
Problemas de Direção
Problemas de Controle
O relatório final de auditoria deve esclarecer que a ação que se realiza ou que se
há de realizar é de responsabilidade do auditado. Isto é importante para que os auditados
possam sentir que são autônomos e que continuam decidindo por eles mesmos.
Posteriormente, embora as irregularidades tenham sido informadas, procurar-se-á fazer
com que os auditados fiquem bem, já que a alta gerência verá que os defeitos
encontrados foram também corrigidos.
E as Fraudes?
Mas, o que fazer nos casos em que os auditados são intransigentes,
incompetentes ou delinqüentes sem remédio? Tem o auditor a responsabilidade de que
eles fiquem bem? Sem dúvida que não. Suas ações, intransigências e maquinações
devem ser destacadas e seus atos equívocos devem ser identificados e corrigidos. Em
situações assim, os que ficarão bem são os executivos, superiores dos delinqüentes.
O Auditor Interno tem a obrigação de fazer com que o Diretor Geral se saia bem
ou pelo menos não se saia mal.
Há muitas maneiras de fazê-lo; os meios estão disponíveis. Não são os problemas
conhecidos que o Diretor Geral mais teme. Para resolver estes, está capacitado para
tomar decisões administrativas como parte de seu trabalho diário. São as surpresas
desagradáveis que ele mais teme.
Nenhum diretor gosta dos problemas que surgem sem aviso prévio. É ai onde se
orienta o Auditor Interno para ser útil à administração.
Contratar pessoas para postos-chave sem investigar antes os candidatos. Uma forma
eficaz de prevenir uma fraude administrativa na empresa é contratar pessoas
honestas;
Permitir que os Departamentos da companhia tratem diretamente com os fornecedores
em vez de fazê-lo através do Departamento de Compras. Isto pode propiciar arranjos
entre fornecedores e gerentes para utilizar os fundos da companhia sem seguir os
procedimentos que o Departamento de Compras deve cumprir;
Permitir o acesso aos fundos da empresa sem a estrita vigilância por parte da
gerência, incluindo cheques não autorizados e diversas medidas de segurança que
não tenham sido postas em ação.
que não se vigia, inevitavelmente se deteriora;
Permitir que os funcionários em cargos importantes permaneçam sem férias durante
largos períodos. O empregado que, aparentemente, tem grande qualidade, que nunca
chega tarde nem falta e que trabalha sem descanso, pode estar fazendo-o em seu
próprio benefício;
Omitir a conciliação entre os registros operacionais e o registros contábeis. Os
investigadores profissionais encontram com freqüência desfalques e grandes erros ao
analisar as variações entre esses relatórios.
Os Auditores Internos podem fazer com que os Diretores Gerais se saiam bem ou,
pelo menos, mantê-los sem problemas, assinalando constantemente esses riscos. Por
exemplo:
Sem dúvida a alta gerência tem pouco a ver com as deficiências (todas as
empresas as têm); e uma vez corrigidas não necessitam mais de preocupar-se. Os
Diretores Gerais, ao terem domínio de todas as atividades da empresa, evitam o
surgimento de problemas e isto faz com que eles se saiam bem.
Algumas dessas situações podem ser de tipo legal: isso ocorre quando os
diretores falham em exercer as diligências necessárias porque contam com sistemas de
informação inadequados; falham ao agir fora das normas legais e éticas; gastos de capital
não planejados; comportamento administrativo não satisfatório ou falta da familiarização
com os antecedentes da companhia.