Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Seja qual for o setor em que uma empresa atua, é sempre pensando em superar
o concorrente, para então conquistar uma maior fatia do mercado e mais
consumidores, que uma companhia trabalha. Obter a liderança, vender mais e ser
lembrada em primeiro lugar são os principais objetivos. E numa economia
capitalista, em que obter lucros, além de se sustentar pagando impostos e
salários, é cada vez mais difícil, alguns grupos optam por juntar forças. Mas
quando vale a pena e por que isso acontece? Quais as características desse
processo no Brasil? Há vantagens para os consumidores?
--------------------------------------------------------------------------------------------------
Concorrência. Seja qual for o setor em que uma empresa atua, é sempre pensando em superar o concorrente, para
então conquistar uma maior fatia do mercado e mais consumidores ou clientes, que uma companhia trabalha. Obter
a liderança, vender mais e ser lembrada em primeiro lugar são os principais objetivos. E numa economia capitalista,
em que obter lucros, além de se sustentar pagando impostos e salários, é cada vez mais difícil, alguns grupos
optam por juntar forças. Isso mesmo. É a chamada fusão de empresas, a exemplo do que fez, em 1999, a Brahma
e a Antarctica, dando origem à cervejaria AmBev (Companhia de Bebidas das Américas).
Porém, ao mesmo tempo em que as empresas querem mais lucros e mais mercado, há o
risco do consumidor sair lesado dessa história. Afinal, é justamente a concorrência que dá
origem a produtos e serviços cada vez melhores. Isso quer dizer que não bastam duas
companhias simplesmente resolverem se fundir. Há regras rígidas a serem seguidas, para
evitar que se estabeleça um domínio total do mercado, o chamado monopólio, entre outras
coisas. Se isso ocorresse, uma marca escolheria que preço colocar em seus produtos e faria
refém o comprador, por exemplo, não lhe dando opção em comprar um similar mais barato.
Desse modo, quando vale a pena e por que acontece uma fusão de empresas? Quais as
características desse processo no Brasil? Quais as vantagens para os empresários e para os
consumidores?
Além disso, também há redução de custos em itens mais práticos, como o aluguel de depósitos. “Antes, uma
empresa alugava uma área de 1 mil m² e usava apenas 700 m². Após a fusão, a nova sociedade vai alugar e usar
um depósito de 1,2 mil m²”, exemplifica o professor, voltando a usar o processo da AmBev, que descartou algumas
plantas (fábricas) mais atrasadas. "Quando o assunto é a fusão de bancos, algumas agências são fechadas", diz.
Consumidor
Mas uma fusão beneficia o consumidor? De fato, o processo é mais interessante para as companhias que dela
participam do que para o consumidor — para ele, efetivamente, a situação é indiferente. Como em qualquer outro
negócio, a conquista do comprador está entre as metas de um grupo: afinal, sem ele não se obtém lucros. Mas daí
a dizer que a fusão faz bem ao consumidor há uma grande distância.
O que existe, na verdade, é um cuidado para que o cliente não saia lesado de um processo de fusão. No Brasil, essa
análise é tarefa de um órgão chamado Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A função dele é zelar
pela concorrência no mercado interno e averiguar quando um processo de fusão é vantajoso para a economia,
quando não vai resultar em monopólio, por exemplo. (Leia mais sobre o Cade e a importância da concorrência).
Por outro lado, de acordo com Amauri Liba, a fusão de empresas acaba estimulando a economia de um país como
um todo. Numa ponta, porque obriga os concorrentes a produzir mercadorias melhores e mais baratas. “Foi
justamente a criação da AmBev que fez a Schincariol crescer tanto”, frisa ele. Em outra ponta, ainda na opinião do
professor, porque dá mais força às empresas nacionais e melhora sua possibilidade de sucesso na concorrência no
mercado internacional.
Quando se fala em fusão de empresas, é preciso ter em mente que há vários níveis de negócios. De forma geral,
fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar uma nova sociedade, que lhes sucederá
em todos os direitos e obrigações. Seguindo a mesma definição do dicionário Aurélio, fusão é uma mistura, aliança,
associação ou união.
Internacionalmente, a fusão de empresas é tratada, simplesmente, como negócios entre empresas, de forma
generalizada, explica o professor dos cursos de pós-graduação do Centro Universitário Municipal de São Caetano
(IMES) Amauri Liba. No Brasil, porém, há por definição três tipos de fusão: Concentração (A + B = C), Incorporação
(A + B = A) e Cisão (Setor de A + Setor de B = D). (Veja o infográfico)
Nesses processos, respectivamente, ocorre a transferência do patrimônio social das empresas fusionadas para a
nova companhia, isto é, se cria uma nova identidade. Ou, então, ocorre a transferência do patrimônio de uma delas
para outra e, por fim, existe o surgimento de uma nova empresa, de outro setor, sem o desaparecimento das
originais.
Parece complicado? De fato, a burocracia para se concretizar um negócio desse porte é grande (veja abaixo), mas a
teoria nem tanto.
A Cisão, mais simples, consiste na fusão específica de setores de duas empresas diferentes,
dando origem a uma nova empresa sem a extinção das duas originais. Por exemplo, se
fundem as áreas de transportes de dois grupos alimentícios, criando-se uma companhia
especializada em transportes. As empresas de alimentos, porém, continuam a existir
separadamente. “Normalmente, isso é feito como forma de planejamento tributário. Para
cortar impostos”, explica Liba.
No entanto, apesar de claro na teoria, na prática um Holding – É um grupo que controla um conjunto de
processo de fusão tem linhas menos definidas. Muitas empresas por meio da compra da maior parte de suas
vezes isso acontece para que sejam cumpridas as leis e ações. A holding não produz, ela apenas administra, já
as regras formais. que é a majoritária. A formação de holdings é
considerada o estágio mais avançado do capitalismo.
“O processo da Brahma e da Antarctica foi classificado oficialmente como uma fusão por Concentração, já que
surgiu uma terceira sociedade. Porém, claramente ocorreu a incorporação da Antarctica pela Brahma. A direção
atual é toda da Brahma, além da empresa ter entrado com um capital bem superior”, destaca Liba.
Todo esse trâmite é regulamentado por um órgão chamado Cade, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica,
ligado ao Ministério da Justiça. A função dele é zelar pela concorrência no mercado e averiguar quando um processo
de fusão é vantajoso para a economia e o consumidor. É o Cade que cuida para que os processos a ele
apresentados estejam enquadrados no que mandam os princípios constitucionais e na lei nº 8.884/94, que dispõe
sobre a prevenção e repressão às infrações à ordem econômica.
Só teoria
Na escola aprende-se sobre os cartéis, trustes e holdings. São as primeiras formas de fusão de empresas
registradas no mercado. Hoje em dia, elas ainda acontecem, mas alguns de seus procedimentos e características,
por serem condenados pela legislação brasileira, foram reformulados.
“Quando estudam a possibilidade de uma fusão, as empresas especializadas sabem como consolidar um projeto que
não recaia em um desses processos. Se estiverem descontentes, os credores e os sócios minoritários de sociedades
que querem se fundir podem reclamar, alegando a formação de algum desses itens. Mas isso é raro, já que os
majoritários têm recursos legais para burlar essas formações efetivamente”, explica o professor do IMES Amauri
Liba.
“Na prática, a verdade é que os trustes e cartéis não acontecem. Há um arcabouço entre as definições e a
possibilidade de se formarem. Esses processos acabam sendo termos aprendidos e esquecidos na escola, na sala de
aula”, diz Liba.
PASSO–A-PASSO DA FUSÃO
1 - Uma empresa especializada transforma para valores de mercado os valores contábeis históricos dos
bens das empresas a se fundirem. Isso servirá de base para se projetar a expectativa de lucros futuros das
empresas.
2 - É com base nesses últimos dados que será redigida a justificativa da decisão de fusão, com seus
objetivos e planos. O documento é levado aos acionistas das empresas, que, em assembléia extraordinária,
aprovam ou não a fusão.
3 - Se aprovada, a justificativa é levada a uma junta comercial local para se efetuar o registro.
5 - Aguarda-se a decisão do Cade, que normalmente leva meses. Um braço do Cade, a SDE (Secretaria de
Direito Econômico), vai analisar, entre outras coisas, qual será a participação no mercado dessa nova
empresa e, assim, concluir se não ocorrerá um monopólio do setor.
Nesse meio tempo, as empresas já começam a tomar providências visando a fusão, segundo o professor do
IMES Amauri Liba. Como a troca de ações. “Se o Cade dá parecer contrário ao pedido, ocorrem danos
graves e financeiros aos grupos. Quando isso acontece, às vezes o Conselho orienta como poderia ser
desfeita a sociedade, através da transferência de uma loja, por exemplo. Mas nada muito mais efetivo”,
conta Liba.
Quando a AmBev foi criada, lembra ele, antes de sair a decisão do Cade foram feitas as trocas de papéis.
Quem detinha uma ação da Antarctica recebeu uma na Ambev e quem detinha uma da Brahma, recebeu
três da nova sociedade.
Se a atuação de uma empresa de grande porte no mercado, seja na formação de preços, seja no lançamento de
novas mercadorias, já é vigiada de perto pelo governo, que dirá quando ocorre uma fusão. Afinal, ninguém conhece
os objetivos desse grupo que acaba de surgir. Os trabalhos dessa nova companhia, bem como todo o processo até a
efetiva junção, são supervisionados por um órgão chamado Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica),
fundado em 1962 e ligado ao Ministério da Justiça anos mais tarde.
Apesar da política brasileira de defesa da concorrência existir desde os anos 30, a atuação
do Cade era pouco difundida e conhecida, tendo em vista que a economia era fortemente
monitorada e fechada, sofrendo rígido controle de preços. A partir dos anos 90, graças à
estabilização da moeda, privatizações, abertura da economia nacional e o crescente
fenômeno da globalização, tornou-se vital o desenvolvimento de uma política de defesa da
concorrência para atender à nova realidade do mercado.
Essencialmente, a função do Cade, além de analisar
todo o trâmite da fusão e dar seu aval para que se
OPINIÃO concretize, é zelar pela concorrência no mercado e
averiguar quando um processo de fusão é vantajoso
“As fusões são um processo mundial. Se o Brasil ficar para a economia e o consumidor. “É o Cade que cuida
de fora, não vai conseguir competir no mercado para que os processos a eles apresentados estejam
internacional. Logicamente, é preciso ter cuidado com enquadrados no que mandam os princípios
o mercado interno, para evitar o monopólio, por constitucionais e a lei nº 8.884/94, que dispõe sobre a
exemplo. Mas não se pode perder a visão macro”, prevenção e repressão às infrações à ordem
acredita o professor dos cursos de pós-graduação do econômica”, explica o professor dos cursos de pós-
IMES Amauri Liba. graduação do IMES Amauri Liba.
Algumas vezes, afirma Liba, a vantagem da conquista De forma prática, o Conselho recebe das empresas
do mercado externo pode ser perdida para sempre. interessadas na fusão (leia mais sobre os tipos de
Assim, segundo o professor do IMES, regulamentar a fusão) um documento contendo milhares de dados
competição interna e a manter de “igual para igual”às técnicos: qual o patrimônio de cada uma delas, qual
vezes pode ser menos vantajoso do que permitir uma será o patrimônio futuro, o tamanho da fatia a ser
fusão que fortaleça o Brasil no mercado externo. conquistada no mercado, para citar os mais simples.
Após uma detalhada análise, que normalmente leva
meses, ele vai dizer se concorda ou não com a junção
Há alguns anos, pensou-se, logo de cara, que a das companhias. Norteando a decisão, está sempre a
AmBev poderia colocar em seus produtos o preço que premissa de saber se o ato vai ou não ferir a
desejasse e controlar o consumo. “Mas isso não concorrência.
ocorreria porque o Brasil é um mercado aberto e, logo,
os concorrentes internacionais ganhariam mais
espaço. Não valeria a pena. Por outro lado, a fusão Mas por que essa palavra é sempre tão importante
permitiu a AmBev se tornar a maior empresa de para o tema?
bebidas da América Latina e a sétima maior do
mundo”, frisa Amauri Liba.
Em primeiro lugar, porque a presença da concorrência, numa economia de mercado, possibilita um aumento na
variedade e na qualidade de produtos, além de corroborar para a diminuição dos preços.
“Essencialmente, ao analisar um caso, o Cade vislumbra a possibilidade de ocorrer monopólio e preços abusivos no
mercado interno. Não cabe a ele observar o aspecto de uma fusão no que diz respeito ao incremento da
concorrência internacional”, explica o professor do IMES. Às vezes, segundo ele, isso acaba causando danos à
competitividade do Brasil lá fora. “Logicamente, o controle interno é fundamental, mas a falta de visão macro, em
alguns casos, acaba por enfraquecer a indústria brasileira”.
Aliás, a concorrência internacional é algo que até ajuda a regular a concorrência interna. “Como o mercado
brasileiro é aberto em quase todos os setores, a prática de um preço abusivo por uma empresa brasileira acabaria
por favorecer o concorrente”, diz Liba.
Já o diretor executivo da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Luiz Antonio Sampaio, aborda
um outro aspecto da questão. “Em alguns setores, como o da produção de peças de aviões, a concorrência envolve
dois ou três produtores mundiais. Assim, se empresas brasileiras se fundirem, podem até reduzir o número de
concorrentes internos, mas é a única maneira de encarar o mercado exterior. Nesse caso, vale a pena”, explica.
Como em qualquer tipo de negócio, nas fusões há acordos bem sucedidos e acordos fracassados. E especialistas no
assunto são praticamente unânimes ao elencar os dois principais exemplos. Numa ponta, ao se falar em sucesso,
está a cervejaria AmBev (Companhia de Bebidas das Américas), criada em 1999 em decorrência da fusão entre a
Companhia Antarctica Paulista e a Companhia Cervejaria Brahma. Do lado oposto, está a Autolatina, tentativa de
fusão entre a Volkswagen e a Ford, nos final dos anos 80.
A fusão entre a Brahma e a Antarctica, que originou a AmBev, foi anunciada no dia 1º de julho de 1999 e aprovada
pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (leia mais sobre o Cade) em 30 de março do ano seguinte. A
nova multinacional brasileira – já que ambas empresas já tinham filiais e parcerias no exterior - surgiu
simplesmente como uma das maiores produtoras de bebida do mundo.
Naquela época, a Brahma tinha uma fatia maior do mercado, nacional e internacional, e a Antarctica a melhor
tecnologia, além de produtos líderes no mercado. À primeira, faltava investir em inovações e, à segunda, uma
política de resultados mais imediatos, duas coisas que não se conseguem em curto prazo. Assim, ficaram claras as
vantagens de uma fusão. Após a parceria, por exemplo, logo foi anunciada a internacionalização do Guaraná
Antarctica, em parceria com a PepsiCo. O produto já era líder de vendas no Brasil, mas faltava estrutura para seu
lançamento no exterior.
O que importa, destaca Liba, é que se reescreva a Um exemplo dessa cultura do empresariado brasileiro,
biografia dessa empresa que surge. O passado é sabido, lembra o professor do IMES, foi a opinião manifestada
mas é preciso traçar um futuro e, para isso, definir pela sociedade sobre a fusão da cervejaria brasileira
claramente os objetivos do novo negócio. “É impossível AmBev com a belga Interbrew, no começo deste ano.
manter dois jeitos de comandar uma única equipe. Na troca de ações e ativos entre as duas companhias,
Quando há uma fusão, é preciso reavaliar o que deve a brasileira ficou como minoritária. “Isso, por si só, já
ser feito e como isso deve ser feito para que as metas foi visto como algo ruim, justamente pela cultura de
sejam alcançadas”, afirma o professor do IMES. que só o sócio majoritário é respeitado”, diz Liba.
Sampaio compara uma fusão de empresas com um “A visão de crítica prevaleceu embora a AmBev tenha
casamento. “Antes de casar, a noiva vivia com os pais a opção de, dentro de dez ou 15 anos, se igualar com
numa cultura própria, instalada ao longo dos anos a Interbrew. Foi um negócio vantajoso, mas os
dentro de casa. O mesmo acontece com o noivo. brasileiros não entenderam assim num primeiro
Quando os dois decidem se casar, a convivência só vai momento. E isso é um obstáculo para que mais
dar certo se eles estabelecerem um consenso, que negócios desse porte sejam fechados”, avalia Liba.
acabará virando uma nova cultura, um novo modo de
vida”, afirma o diretor da Acisa.
O professor do IMES cita a Natura, grande empresa
brasileira de cosméticos. “Aqui ela é uma mega
Isso quando ocorre a fusão por Concentração (leia mais empresa, mas não tem condições de se lançar no
sobre os tipos de fusão). Quando ela é por mercado internacional na mesma proporção que a
Incorporação, a empresa maior termina por impor seu L’Oréal (gigante francesa com produtos em vários
modo de trabalho. países do mundo)”, diz.
Integradas oficialmente em julho daquele ano, as duas indústrias automotivas foram além da fusão de algumas
operações, como era mais comum de ocorrer à época. Segundo lembra Luiz Antonio Sampaio, a Autolatina chegou
a colocar no mercado produtos compartilhados, como o Ford Versailles (derivado do Santana), feito pela Volks, e o
Logus (nascido do Escort), fabricado pela Ford.
No início dos anos 90, porém, interesses distintos já indicavam que o acordo estava indo por água abaixo. “Deu
errado porque se mantiveram duas gestões distintas. Duas culturas diferentes na hora de gerir os negócios
começaram a resultar em objetivos antagônicos”, avalia Sampaio.
Enquanto a equipe da multinacional alemã estava incomodada com a perda de mercado para o Uno (da Fiat) e
queria fabricar carros populares imediatamente, a Ford tinha uma estratégia diferente, de lançar automóveis mais
baratos no futuro, por exemplo. Outra divergência: a VW queria remodelar o Gol, mas a Ford lutava para priorizar a
linha Escort.
“Mas foi justamente este fracasso que evitou maus negócios no futuro. Tanto que o caso da Autolatina é sempre o
mais lembrado. Após isso, na realidade, não se verificou uma queda tão contundente”, avalia Sampaio.
Quando os negócios vão mal, a preocupação com a manutenção do emprego é uma das grandes causas de estresse
de um executivo. Se uma fábrica ou indústria está endividada, ou realizando lucros menores que os previstos, a
preocupação para quem trabalha na linha de produção também existe. E, num processo de fusão, em que a
característica de cortes de gastos a partir de demissões e redução do quadro administrativo é uma das principais, a
tensão é exatamente a mesma.
“Esse ainda é o procedimento padrão no Brasil e Segundo ela, o processo consiste em “trabalhar” com a
justamente onde está o erro, na minha opinião. O cabeça de líderes de equipes e a massa de
processo deveria envolver todo mundo desde o trabalhadores de uma companhia, já que os cargos de
começo, para mostrar a coesão e a calma da equipe. diretorias são discutidos “numa outra esfera”.
Deixar claro que não existirá mais empresa A nem
empresa B, mas uma nova companhia C. E então “O funcionário não sabe como vai ser cobrado, o que o
mostrar como ela será”, diz o diretor executivo da novo chefe esperará dele, qual seu modo de operar.
Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo Assim, é preciso trabalhar com a pessoa que vai
André), Luiz Antonio Sampaio. comandar a equipe, para depois integrar os dois
profissionais. Antes disso, a empresa já precisa ter
Como lembra o professor dos cursos de pós-graduação definido seus objetivos e metas”, afirma Maria Inês.
do IMES Amauri Liba, a decisão de qual executivo vai
assumir qual cargo é mais simples, ainda mais porque
são pessoas que não terão tanta dificuldade em
alcançar uma nova posição.
Ela explica que os procedimentos são bem didáticos, os mais diretos possíveis. “Se for haver demissões, a
informação tem que ser dada logo de cara. Seguida da explicação de que não será aleatória, que todos serão
avaliados e, os que chegarem a ser dispensados, terão ajuda de profissionais para a recolocação no mercado”,
detalha Maria Inês. Apesar de serem medidas paliativas, já que não garantem a conquista de um novo posto de
trabalho, elas são importantes também para mostrar, aos que ficarem, o compromisso da empresa com seus
funcionários, continua ela.
A psicóloga conta que, em anos de trabalho na área empresarial, o mais comum são
empresas que acabaram de ser vendidas, ou terceirizadas, preocupadas em “manter a
calma” entre os funcionários. “As fusões são, na prática, coisas raras de acontecer. Mas o
processo pelo qual passa o ser humano, com mudanças no emprego, é exatamente o
mesmo”, avalia Maria Inês.
F
u
s
ã
o
p
o
r
C
o
n
c
e
n
tr
a
ç
ã
o
:
u
m
a
c
o
m
p
a
n
hi
a
a
p
ar
e
c
e
m
e
di
a
nt
e
a
c
o
n
st
it
ui
ç
ã
o
d
e
u
m
a
n
o
v
a
s
o
ci
e
d
a
d
e,
p
ar
a
a
q
u
al
s
e
tr
a
n
sf
er
e
m
o
s
p
at
ri
m
ô
ni
o
s
d
a
s
e
m
p
re
s
a
s
f
u
n
di
d
a
s.
F
u
s
ã
o
p
o
r
I
n
c
o
r
p
o
r
a
ç
ã
o
:
n
e
ss
e
c
a
s
o,
u
m
g
r
u
p
o
tr
a
n
sf
er
e
to
d
o
o
p
at
ri
m
ô
ni
o
d
e
u
m
a
o
u
m
ai
s
s
o
ci
e
d
a
d
e
s
p
ar
a
o
ut
r
o,
q
u
e
s
e
d
e
si
g
n
a
e
m
p
re
s
a
in
c
o
r
p
o
ra
nt
e.
C
is
ã
o
:
e
st
e
p
r
o
c
e
ss
o
c
o
n
si
st
e
n
a
f
u
s
ã
o
e
s
p
e
cí
fi
c
a
d
e
s
et
o
re
s
d
e
d
u
a
s
e
m
p
re
s
a
s
di
fe
re
nt
e
s,
d
a
n
d
o
o
ri
g
e
m
a
u
m
a
n
o
v
a
e
m
p
re
s
a
s
e
m
a
e
xt
in
ç
ã
o
d
a
s
d
u
a
s
o
ri
gi
n
ai
s.
P
o
r
e
x
e
m
pl
o,
s
e
f
u
n
d
e
m
a
s
ár
e
a
s
d
e
tr
a
n
s
p
o
rt
e
s
d
e
d
oi
s
g
r
u
p
o
s
al
i
m
e
nt
íc
io
s,
cr
ia
n
d
o
-
s
e
u
m
a
c
o
m
p
a
n
hi
a
e
s
p
e
ci
al
iz
a
d
a
e
m
tr
a
n
s
p
o
rt
e
s.
A Constituição Federal, em seu parágrafo 173, artigo quarto, diz que a lei
reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à
eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. Isso é
supervisionado pelo Cade