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CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA
NATAL-RN
Junho, 2016
EMMANUEL DUARTE BARBOSA
Natal-RN
Junho, 2016
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Biociências - CB
FECH - Ferroquelatase
FMT - formetanatehydrochloride
IBU - Ibuprofeno
PBG - Porfibilinogênio
Å - Angstrons
Sumário
1 Introdução 10
2 Objetivos 24
3 Metodologia 25
4 Resultados 30
5 Discussão 40
6 Conclusão 47
7 Perspectivas 48
Referências 49
10
1 Introdução
al., 2012; TASMIN et al., 2015). Contudo, diferenças de carga entre as isoenzimas não
influenciam a atividade na síntese de PBG, uma vez que o sítio ativo não é afetado
(JAFFE et al., 2001).
Figura 1: Esquema da via de biossíntese do heme. Abreviaturas: ALAS, Ácido aminolevulínico sin-
tase; PBGD, Porfibilinogênio desaminase; URO3S, Uroporfirinogênio III sintase; UROD, Uroporfirino-
gênio descarboxilase; CPO, Coproporfibirinogênio oxidase; PPO, Proporfibirinogênio oxidase; FECH,
Ferroquelatase.
12
Esta via possui algumas ramificações que em certos organismos podem dar ori-
gem a moléculas diferentes do produto final, o heme. Na quinta etapa da via, pode
haver a formação de corrinas em organismos que realizam a síntese de cobalaminas
pela metilação e rearranjo de oito grupos carboxílicos de porfirinogênios. Outra ramifi-
cação importante ocorre no último passo da via, no qual a recém-formada molécula de
porfirina pode atrair diferentes íons de transição divalentes: a incorporação do mag-
nésio gera a molécula de clorofila e a incorporação do ferro gera o heme (THUNELL,
2000).
braço N-terminal, com cerca de 25 aminoácidos, o qual está envolvido com interações
multiméricas (BREINIG et al., 2003; JAFFE et al., 2001). O sítio ativo da ALAD humana
compreende os 52 aminoácidos que se localizam a 8 angstrons (Å) da molécula de
porfobilinogênio, sendo estes invariantes ou altamente conservados entre os organis-
mos (JAFFE, 2003b).
gi
Figura 2: Estruturas tridimensionais das conformações octamérica (de alta atividade) e hexamérica
(de baixa atividade) da ALAD humana. a- Dímero octamérico (à esquerda) e estrutura quaternária (à
direita) (código PDB 1E51); b- Dímero hexamérico (à esquerda) e estrutura quaternária hexamérica
(código PDB 1PV8). N e C representam as extremidades amino e carboxil terminais, respectivamente.
Modificado de BREINIG et al., 2003.
tâmero é formado por quatro dímeros que podem sofrer uma dissociação; eventual-
mente, as unidades dos dímeros podem sofrer uma mudança conformacional, a partir
da reorientação do domínio αβ-barril em relação ao braço N-terminal, originando um
dímero com uma conformação diferente, podendo este se associar para formar o he-
xâmero, que possui menor atividade. Em pH fisiológico, a forma octamérica da enzima
selvagem é predominante no equilíbrio (SELWOOD et al., 2008).
A reorientação dos domínios não pode ocorrer enquanto a enzima está em forma
de octâmero ou hexâmero devido a impedimentos estéricos e, por isso, a interconver-
são entre estas duas formas deve requerer a dissociação prévia dos dímeros (JAFFE,
2005; JAFFE; LAWRENCE, 2012a). Os estudos realizados sobre esta enzima resulta-
ram em uma nova abordagem sobre a alosteria enzimática e introduziram o termo
”morpheein” para referir-se às proteínas homo-oligoméricas que existem em um equilí-
brio de isoformas cujas funcionalidades e estruturas quaternárias são distintas (SELWOOD
et al., 2008). Através desse mecanismo, um confôrmero da proteína - que no caso da
ALAD, é representado pelo dímero - permite sua montagem em um tipo particular de
multímero, enquanto que um confôrmero alternativo da proteína permite sua monta-
gem em outro multímero com diferentes propriedades (JAFFE; LAWRENCE, 2012a). O
termo ”morpheein” é uma contração de duas palavras do inglês: ”protein” e o verbo
”to morph”, referindo-se, portanto, às proteínas que apresentam mudanças na sua
estrutura quaternária (JAFFE, 2005).
Por se tratar de uma metaloproteína, enzima ALAD possui sítios de ligações a íons
metálicos os quais residem no sítio ativo ou no seu sítio alostérico. Os íons utilizados
em ambos os sítios sofrem variações entre enzimas de diferentes organismos, de
modo que a região do sítio ativo pode ligar-se a átomos de zinco ou magnésio e/ou
potássio (ROCHA et al., 2012). Quanto a sua função, a enzima pode ser classificada
em dois grupos: aquelas que necessitam de zinco e aquelas que não requerem este
íon para a catálise, propriedades estas determinadas pela composição da sequência
na região de ligação ao metal do sítio ativo (JAFFE, 2003a). De forma geral, enzimas
ricas em resíduos de histidina e cisteína nesta região ligam-se ao zinco, enquanto
que aquelas que possuem resíduos de ácido aspártico ligam-se ao magnésio (JAFFE,
2000).
A enzima humana não possui um sítio de regulação alostérico mediado por íons,
15
apresentando apenas átomos de zinco no sítio ativo, os quais participam como me-
tais de coordenação na catálise (JAFFE, 2003a). A enzima de mamíferos pode ser
purificada contendo oito átomos de zinco ao total, sendo que apenas quatro deles pa-
recem ser necessários para a reação catalítica e aparentam estar fortemente ligados
à proteína (JAFFE, 2000). Sua estrutura octamérica abriga quatro regiões de sítio ativo
funcionais, cada uma das quais contendo duas regiões de ligação ao zinco, chamadas
de ZnA e ZnB (ROCHA et al., 2012).
O sítio ZnA, na enzima humana, consiste nos aminoácidos His131 e Cis223, en-
quanto que o sítio ZnB compreende o grupo de cisteínas Cis-122, Cis-124 e Cis-132,
este último localizado próximo ao aminoácido lisina do sítio ativo (JAFFE et al., 2001). A
natureza ubíqua do zinco e suas propriedades de coordenação contribuem para seu
uso em sítios ativos de várias enzimas, já que possui uma boa flexibilidade geométrica
para as reações catalisadas por elas (TIAN; ERDTMAN; ERIKSSON, 2012).
Figura 3: Sítios de ligação ao zinco na enzima ALAD. O ZnA, coordenado pela Histidina 131 e pela
cisteína 223 e o ZnB, localizado no sítio ativo coordenado pelas cisteínas 122, 124 e 132 e o. Modificado
de (JAFFE et al., 2001)
16
Figura 4: Mecanismo catalítico da enzima ALAD. A ilustração é baseada na estrutura dos cristais de
leveduras de código PDB 1H7O e 1OHL com condensação assimétrica de dois ALA (cadeia A em
vermelho e cadeia P em azul) ligados covalentemente a resíduos de lisina (K210 e K263), formando
bases de Schiff. Abaixo, nota-se o zinco (Zn2+ ) coordenado por três tiolatos (S-) dos resíduos de
cisteínas (C133, C135 e C143) correspondentes às cisteínas (C122, C124 e C134) de mamíferos.
Modificado de ROCHA et al., 2012.
A dosagem da atividade da enzima ALAD tem sido utilizada há muito tempo como
um marcador de exposição ao chumbo (PATRICK, 2006; ZHAO et al., 2014). Além disso,
indivíduos portadores de alelo ALAD-2 parecem apresentar um maior conteúdo de
Pb no organismo e maior risco de intoxicação pelo mesmo, possivelmente devido a
uma maior afinidade da enzima determinada por este alelo. Além do chumbo, outros
metais (mercúrio, cádmio, berílio) e espécies reativas são capazes de inibir a atividade
da enzima ALAD (Al Bakheet et al., 2013; ZHAO et al., 2014). A atividade da ALAD de
mamíferos é inibida por moléculas quelantes como EDTA e a 1,10 -fenantrolina, e esta
inibição pode ser revertida pela adição de zinco demonstrando que a ALAD precisa do
Zn como metal de coordenação para realizar sua catálise (PATRICK, 2006).
18
Figura 5: Competição entre o P b2+ e o Zn2+ no sítio ativo da ALAD humana. Modificado de ROCHA et
al., 2012.
de fármacos (CHO et al., 2009). Este método utiliza física quântica para calcular as
propriedades de uma molécula considerando as interações entre elétrons e o núcleo
de cada átomo com a aplicação da equação de Schrödinger, Ĥψ = Eψ , em que E
é a energia eletrônica e ψ é a função de onda multi-eletrônica, que é a função das
coordenadas de todos os elétrons e do núcleo (ATKINS; JONES, 2012).
O embasamento inicial dessa teoria foi proposto em 1928 por Llewellyn Thomas e
Enrico Fermi. Os dois pesquisadores, trabalhando de forma independente, estudaram
em seus trabalhos um gás de elétrons interagentes e empregaram um modelo esta-
tístico para aproximar a distribuição dos elétrons nos átomos, o qual ficou conhecido
como modelo de Thomas-Fermi, que posteriormente foi acrescido do termo da energia
de troca por Dirac (DIRAC, 1928).
21
Por meio de muitos resultados obtidos com a LDA e a GGA podem-se tirar algumas
comparações (PERDEW; BURKE; ERNZERHOF, 1996):
• LDA
• GGA
No entanto, entre as aproximações LDA e GGA, não tem como dizer qual é a me-
lhor, pois cada uma tem suas particularidades dependentes do problema que será
estudado. Mais características dessas aproximações podem ser consultadas nas re-
ferências (GIESE; YORK, 2010)e (LEE; MARTIN, 1997).
trabalho, essas interações do zinco com os resíduos do bolsão da ALAD ainda não fo-
ram analisadas com maior precisão energética por meio de uma descrição molecular
quântica. Uma investigação utilizando esta metodologia seria essencial para caracte-
rizar outros resíduos, além das clássicas cisteínas já identificadas, que formam esse
bolsão de ligação ao sítio, como resíduos carregados, os quais podem representar um
ponto-chave na descrição energética do sistema zinco-ALAD.
24
2 Objetivos
3 Metodologia
A validação dos modelos foi realizada baseada nos resultados do avaliador Mol-
Probity 4.3 (CHEN et al., 2010) e ModFold 4.0 (MCGUFFIN; BUENAVISTA; ROCHE, 2013).
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pequeno raio atômico. Por este motivo, eles foram adicionados em suas devidas po-
sições, completando a valência de outros átomos quando se fez necessário. Foram
observados também, a ausência de dois resíduos de aminoácidos na estrutura crista-
lográfica como também erros estruturais, na qual átomos de alguns aminoácidos não
estavam presentes. Foram adicionados os resíduos Glu137 e Asn138 na estrutura, as-
sim como os átomos ausentes foram adicionados e mantidos livres. Todos os átomos
pesados (não-hidrogênio) foram fixados, exceto os adicionados posteriormente.
Em seguida, sistema foi submetido a uma otimização clássica para o ajuste dos
átomos livres, permitindo uma melhor descrição de ligações não covalentes, como as
ligações de hidrogênio. Esta otimização foi realizada sob os parâmetros de cálculo do
campo de força CHARMm (Chemistry at Harvard Molecular Mechanics), sendo este
parametrizado para todos os átomos, porém com maior especialização para moléculas
orgânicas em geral (MOMANY; RONE, 1992).
Figura 6: Descrição esquemática do método MFCC com a representação dos quatro momentos da
técnica. Modificado de LIMA NETO, 2015.
EI(Zn−Ri ) = E(Zn+C 1−i Ri C 1+i )−E(C 1−i Ri C 1+i )−E(Zn+C 1−i C 1+i )+E(C 1−i C 1+i )
(3.1)
4 Resultados
As mutações missense que acometem o sítio de ligação ao zinco até então repor-
tadas na literatura foram: No sítio 132, uma substituição da Cisteína por uma Arginina
(C132R); No sítio 133, uma substituição da Glicina por uma Arginina (G133R) e no
sítio 89, uma substituição do resíduo Aspartato por uma Lisina (E89K).
Figura 7: Alinhamento múltiplo da enzima ALAD (GenBank: P13716) pelo T-cofee Espresso com orga-
nismos de diferentes táxons. Em vermelho, as mutações E89K, C132R e G133R.
A validação dos modelos das enzimas mutantes foi realizada objetivando seleci-
31
Tabela 1: Parâmetros de validação dos modelos baseados na análise estrutural realizada pelo MolPro-
bity 4.3 e pelo e ModFold 4.0. Em laranja, distantes aos ca
Tabela 2: Resultados dos preditores de mutação Polyphen 2, Panther, HOPE, e I-Mutant 3.0 sobre o
efeitos das mutações E89K, C132R e G133R na ALAD humana.
Tabela 3: Influência das substituições na acessibilidade ao solvente e no ponto isoelétrico das proteínas
mutantes.
Tabela 4: Distâncias e energias de interação GGA calculadas com as constantes =4, =10, =20 e
=40 entre os 30 resíduos da região de ligação e o Zinco.
Met170, Phe79, Met171, Phe208, Ala166, Tyr196, Thr127 e Ser214. Dentre os resí-
duos, Pro125, Phe79, Leu150, Met170, Met171, Phe208 e Ala166, apresentam menor
afinidade ao solvente (água) e estão localizados no core da proteína se demonstrando
essenciais para a construção do bolsão hidrofóbico de ligação ao sítio (Figura 6).
Figura 9: Resíduos Pro125, Phe79, Leu150, Met170, Met171, Phe208 e Ala166 que compõem o core
hidrofóbico da ALAD humana.
Figura 10: Resíduos Thr127, Ser214 e Tir224 localizados na superfície proteica em torno do bolsão
hidrofóbico de ligação ao íon Zn2+ e resíduo Tir196 localizado no domínio β-barril da ALAD humana.
Figura 11: Representação esquemática dos resíduos Arg209, Lis199, Lis252 e Arg174 os quais apre-
sentaram maior energia de repulsão com o Zn2+ .
todas constantes dielétricas =4 (-7,26 Kcal/mol), =10 (-2,18 Kcal/mol), =20 (-1,51
Kcal/mol) e =40 (-1,18 Kcal/mol). A Cis124 localizada a 3,5 Å apresentou atração
razoável na constante =4 (-2,01 Kcal/mol) e uma baixa atração nas constantes =10
(-0,88 Kcal/mol), =20 (-0,84 Kcal/mol) e =40 (-0,83 Kcal/mol) (Tabela 1). O resíduo
Cis132 apresentou energia de atração na constante =4 (-3,29 Kcal/mol).
Figura 12: Energia de interação do painel de BIRD (Bind interaction Residues Distance) para as cons-
tantes dielétricas 4, 10, 20 e 40 com os resíduos mais relevantes divididos de acordo com a proximidade
da região de interação com o íon Zn2+ .
(-0,43 Kcal/mol), =20 (-0,22 Kcal/mol) e =40 (-0,11 Kcal/mol). O resíduo de Gli133
apresentou boa atração na constante dielétrica =4 (-2,82 Kcal/mol) e baixa atração
nas contantes =10 (-0,69 Kcal/mol), =20 (-0,45 Kcal/mol) e =40 (-0,33Kcal/mol).
Fora os resíduos de cisteína já descritos na literatura, os resíduos Asp169, Ser168 e
Asp120 também se mostraram relevantes para a permanência do íon Zn2+ no sítio
(Figura 11).
Figura 13: Representação esquemática dos resíduos Asp169, Ser168 e Asp120 que apresentaram
grande energia de atração com o Zn2+ .
Figura 14: Alinhamento da sequência enzima ALAD (GenBank: P13716) pelo T-cofee Espresso com
sequências de organismos de diferentes táxons. Em amarelo, os resíduos Cis122, Cis124 e Cis132. Em
azul, os resíduos Gli130 e Gli133. Em verde, os resíduos Asp 120, Ser168 e Asp169 que apresentaram
maior energia de interação (atração) com o íon Zn2+ .
40
5 Discussão
O ácido glutâmico está localizado na região de coil entre uma folha β4 e a α-hélice
H5. É um aminoácido carregado negativamente em pH fisiológico, apresentando carga
total negativa e caráter ácido. Devido a essas propriedades, é capaz de formar liga-
ções de hidrogênio com outras moléculas, inclusive com a água presente na camada
de solvatação do meio; está localizado na superfície, sendo bastante acessível ao sol-
vente (Tabela 3). O resíduo mutante, a lisina, está carregado positivamente quando
em condições fisiológicas e caracteriza-se por ser um aminoácido básico, com uma
cadeia lateral maior que aquela do aminoácido selvagem, de modo que a substituição
para um aminoácido com carga oposta pode interferir no contato com outras molé-
culas, inclusive com o afastamento eletrostático do zinco (Figura 8A). Além disso, a
41
Pode-se observar na Figura 8A que o ácido glutâmico nesta posição faz parte de
uma volta a qual se localiza tridimensionalmente próximo à histidina 129 e histidina
131, podendo realizar interações eletrostáticas estáveis com esses resíduos nesta
regiao. A substituição para uma lisina pode afetar a região de ligação ao zinco devido
à repulsão eletrostática deste com a histidina 129 ou com a histidina 131, à grande
probabilidade de repulsão eletrostática deste com o íon Zn2+ e a competição destes
resíduos carregados positivamente pelos tiolatos (s-) da Cisteina 132, resultando em
diminuição da afinidade da proteína com o zinco, diminuindo assim sua atividade.
um indivíduo que possuía um alelo normal e o C132R (AKAGI et al., 2006). A repulsão
catiônica poderia ser estendida ao chumbo, havendo menor ligação deste metal ao
sítio, resultando em uma possível resistência à inibição enzimática por este íon (AKAGI
et al., 2006).
Estes resultados estão de acordo com aqueles achados por MARUNO et al., 2001, o
qual também afirmou que a referente substituição pode alterar a ligação com o átomo
de zinco e afetar a atividade catalítica da enzima. Dados obtidos in vitro por este autor
mostram que a atividade catalítica da enzima G133R foi 8,1% daquela observada na
forma selvagem da enzima.
A avaliação dos modelos construídos e a análise dos dados obtidos a partir dos
preditores mostra que os danos bioquímicos causados pelas mutações possuem uma
natureza heterogênea e, por isso, a atividade enzimática pode ser diminuída propor-
cionalmente quanto maior for a importância de determinado resíduo para a estrutura
monomérica da proteína. Desta maneira, estes estudos, desenvolvidos in silico ou in
vitro, são importantes para a caracterização estrutural desta enzima, que realiza um
papel primordial em todos os seres vivos.
Met171, Phe208, Ala166, Tir196, Thr127 e Ser214) estão representados nas Figu-
ras 6 e 7. Apesar de apresentarem pouca representatividade energética no sistema
Zinco-ALAD, Jaffe e colaborares em (2009) descreveram que estes resíduos são bas-
tante conservados entre as espécies, portanto, evolutivamente mostram-se essenciais
na construção do bolsão catalítico da enzima. Na Figura 9, Pro125, Phe79, Leu150,
Met170, Met171, Phe208 e Ala166, são resíduos que apresentam pouca afinidade
ao solvente (água) estando localizados no core proteico. A característica hidrofóbica
desses resíduos permite a construção de regiões específicas do bolsão com pouca
afinidade à água. Na Figura 10, Thr127, Ser214, Tir224 e Tir196 são resíduos de ca-
ráter hidrofílico e estão localizados em torno do bolsão catalítico, em regiões de grande
acessibilidade ao solvente. A Thr127, Ser214 e Tir224 estão localizadas na superfí-
cie proteica enquanto que a Tir196 está localizada no domínio β-barril no interior da
proteína.
No painel BIRD (Figura 12), observa-se uma forte energia de repulsão do resí-
duo Lis199 a 4,5 Å nas constantes =4 (28,76 Kcal/mol), =10 (5,81 Kcal/mol) e =20
(2,90 Kcal/mol), e da Lis252 a 8,5 Å nas constantes =4 (14,45 Kcal/mol), =10 (2,89
Kcal/mol), resíduos já reportados por Erdtman e colaboradores em (2010) e Tian e
colaboradores em (2012), como muito importantes para o sítio catalítico, sendo cruci-
ais para a assimetria dos substratos durante a reação enzimática da ALAD por serem
indispensáveis na formação da base de Schiff com o Carbono 4 do ALA (ácido amino-
levulínico) através dos seus grupamentos amino (FIGURA 11).
Além de Lis199 e Lis252, também pode ser observado no painel de BIRD (Figura
9), outros resíduos que apresentaram forte repulsão, como: Arg174 nas constantes
=4 (19,59 Kcal/mol) e =10 (3,96 Kcal/mol) e Arg209 nas constantes =4 (16,50 Kcal/
mol) e =10 (3,32 Kcal/mol). Ambas situadas a 7.5 Å do íon Zn2+ , também são im-
portantes para na assimetria das moléculas ALA, umavez que os grupamentos amino
dessas argininas são capazes de formar interações eletrostáticas com o grupamento
carboxila (COOH) do carbono 1 da molécula de ALA (ERDTMAN et al., 2010; TIAN; ERDT-
MAN; ERIKSSON, 2012).
substituição destes resíduos por meio de mutações podem causar a perda total da fun-
ção da ALAD, conforme visto por Akagi e colaboradores (AKAGI et al., 2006) em (2006)
ao estudar o sexto caso até então reportado no mundo de porfiria por deficiência de
ácido aminolevulínico. Eles verificaram que a substituição na posição 132 do resíduo
cisteína por um resíduo Arginina provocou perda total da função proteica.
se destacam o resíduo Asp169 a 3,5 Å, que apresentou uma alta energia de atração
nas constantes =4 (-28,38 Kcal/mol) e =10 (-5,81 Kcal/mol) e o resíduo Asp120 a 5,5
Å nas constantes =4 (-28,38 Kcal/mol) e =10 (-5,90 kcal/mol) (Tabela 4). Ambos os
resíduos (Asp169 e Asp120) se mostraram os mais relevantes no aumento da energia
de atração nesse sítio embora ainda não tenham sido reportados na literatura como
resíduos importantes na interação e permanência do íon Zn2+ no bolsão devido esse
aminoácido possuir um grupamento caboxílico (COOH) em sua cadeia lateral (Figura
13).
6 Conclusão
A avaliação dos modelos construídos e a análise dos dados obtidos a partir dos
preditores online, mostra que os danos bioquímicos causados pelas mutações próxi-
mas ao bolsão catalítico possuem uma natureza heterogênea e, por isso, a atividade
enzimática pode ser diminuída proporcionalmente quanto maior for a importância de
determinado resíduo para a estrutura monomérica da proteína, suportando os dados
obtidos in vitro sobre a atividade da enzima por outros autores. Desta maneira, es-
tes estudos, desenvolvidos in silico ou in vitro, são importantes para a caracterização
estrutural desta enzima, que realiza um papel primordial em todos os seres vivos.
A análise filogenética dos sítios acometidos pelas mutações missense assim como
dos resíduos funcionais do sítio catalítico que obtiveram altos valores energéticos,
mostrou a importância funcional e estrutural destes resíduos na composição e funci-
onamento catalítico da ALAD humana, uma vez que ainda permanecem conservados
em organismos evolutivamente distantes.
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7 Perspectivas
Referências
ROY, A.; ZHANG, Y. Protein structure prediction. eLS, Wiley Online Library,
2012. ŠALI, A.; BLUNDELL, T. L. Comparative protein modelling by satisfaction
54
ZHAO, Y.; TRUHLAR, D. G. The M06 suite of density functionals for main
group thermochemistry, thermochemical kinetics, noncovalent interactions,
excited states, and transition elements: Two new functionals and systematic
testing of four M06-class functionals and 12 other function. Theoretical
Chemistry Accounts, v. 120, n. 1-3, p.215–241, 2008.