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AVALIAÇÃO ESTRUTURAL

DE DUTOS CORROÍDOS

NOTAS DE AULA - VOLUME 2

DUTOS SUBMETIDOS A CARREGAMENTO DE PRESSÃO COMBINADO


COM UMA TRAÇÃO LONGITUDINAL DE ORIGEM EXTERNA

INSTRUTOR: ADILSON BENJAMIN


LOCAL: Universidade Petrobras
Rio de Janeiro
PERÍODO: 18 a 22/08/2008
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1

2. CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................................................... 2


2.1 TENSÕES ATUANTES ..................................................................................................... 2
2.2 CRITÉRIO DE ESCOAMENTO DE TRESCA-SAINT VENANT .............................. 3
2.3 USO DO CRITÉRIO DE TRESCA NA AVALIAÇÃO DE
DEFEITOS DE CORROSÃO .......................................................................................... 4
2.4 TENSÕES ADMISSÍVEIS USADAS NO PROJETO DE DUTOS .............................. 6
2.5 PRESSÃO DE PROJETO DO DUTO ............................................................................. 6

3. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DESENVOLVIDOS A PARTIR DE UM CRITÉRIO


DE FALHA BASEADO NA TENSÃO CIRCUNFERENCIAL ..................................... 7
3.1 EQUAÇÕES GENÉRICAS ............................................................................................... 7
3.2 MÉTODO ASME B31G .................................................................................................... 8
3.3 MÉTODO 085dL ................................................................................................................ 9
3.4 MÉTODO DNV RP-F101 PARA DEFEITOS ISOLADOS (Part B) ............................ 9
3.5 MÉTODO RPA .................................................................................................................. 9
3.6 RESUMO DOS MÉTODOS ............................................................................................ 10

4. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DESENVOLVIDOS A PARTIR DE UM CRITÉRIO


DE FALHA BASEADO NA TENSÃO LONGITUDINAL ............................................. 12
4.1 EQUAÇÃO DE KASTNER PARA DEFEITOS CIRCUNFERENCIAIS
DE CORROSÃO NO METAL DE BASE ........................................................................ 12
4.2 EQUAÇÃO DE KASTNER PARA DEFEITOS CIRCUNFERENCIAIS
DE CORROSÃO QUE PASSAM PELA SOLDA CIRCUNFERENCIAL ................. 14

5. AVALIAÇÃO DE DEFEITOS CIRCUNFERENCIAIS DE CORROSÃO EM


DUTOS SUBMETIDOS A CARREGAMENTO DE PRESSÃO APENAS ...................... 16
5.1 AVALIAÇÃO NA DIREÇÃO CIRCUNFERENCIAL ................................................ 16
5.2 AVALIAÇÃO NA DIREÇÃO LONGITUDINAL ........................................................ 16

6. AVALIAÇÃO DE DEFEITOS DE CORROSÃO QUAISQUER EM DUTOS


SUBMETIDOS A CARREGAMENTO DE PRESSÃO MAIS UMA
TRAÇÃO LONGITUDINAL DE ORIGEM EXTERNA .................................................. 17
6.1 AVALIAÇÃO NA DIREÇÃO CIRCUNFERENCIAL ................................................ 17
6.2 AVALIAÇÃO NA DIREÇÃO LONGITUDINAL ........................................................ 17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 18

ii
NOMENCLATURA

De – diâmetro externo do duto


t – espessura de parede do duto
Re – raio externo do duto
d – profundidade máxima do defeito
L – comprimento do defeito
l – largura do defeito
β – metade da largura angular do defeito
α – constante que define a forma geométrica adotada para representar a área longitudinal de
material perdido
M – fator de dilatação (bulging factor) também chamado de Folias factor
p – pressão interna do duto
poper – pressão de operação do duto
pini – pressão interna atuante no duto no instante em que se inicia a aplicação da tração longitudinal
de origem externa
pa – pressão admissível do duto corroído
pf – pressão de falha do duto corroído
(pf )Kastner – pressão de falha do duto corroído correspondente à tensão (σL)f
(Nf)Kastner – esforço longitudinal de falha do duto corroído correspondente à tensão (σL)f quando
existe uma pressão interna pini atuante no duto
pd – pressão de projeto do duto
γd – fator de segurança de projeto
(σh)f – tensão circunferencial numa seção remota do duto corroído no instante da falha
(σL)f – tensão longitudinal numa seção remota do duto corroído no instante da falha
(σh)d – tensão admissível de projeto na direção circunferencial
(σL)d – tensão admissível de projeto de tração na direção longitudinal
(σL)a – tensão admissível de tração do duto corroído na direção longitudinal
σyield – tensão de escoamento do material
σult – tensão última de tração do material
σflow – flow stress do material
σh – tensão circunferencial
σL – tensão longitudinal
Tmont – tenperatura de montagem
Tprod – temperatura do produto transportado
∆T – carregamento térmico constituído pelo acréscimo de temperatura (∆T = Tprod - Tmont)
(σL)p – tensão longitudinal gerada pelo carregamento de pressão
(σL)∆T – tensão longitudinal gerada pelo carregamento térmico
iii
(σL)N+ – tensão longitudinal de tração gerada pelo esforço normal N
(σL)N- – tensão longitudinal de compressão gerada pelo esforço normal N
(σL)M – tensão longitudinal gerada pelo momento fletor N
Asteel – área da seção transversal do duto
σ1 , σ2 , σ3 – tensões principais
τ1 , τ2 , τ3 – tensões de cisalhamento calculadas a partir das tensões principais
(| τmax | = | σmax – σmin | / 2)

iv
1. INTRODUÇÃO

Defeitos de corrosão longitudinais são aqueles defeitos que têm comprimento L maior ou igual à
largura l. Em dutos submetidos apenas a carregamento de pressão, este tipo de defeito tem uma
influência grande na resistência do duto pois sua maior dimensão (o comprimento L) é
perpendicular à maior tensão principal (tensão circunferencial).

Defeitos de corrosão que têm comprimento L menor que a largura l são denominados de defeitos
circunferenciais. Em dutos submetidos apenas a carregamento de pressão, este tipo de defeito pode
ter uma influência grande na resistência do duto caso a dimensão circunferencial (a largura l) seja
muito maior que a dimensão longitudinal (o comprimento L) ou a profundidade máxima d do
defeito seja grande.

Em defeitos circunferenciais a menor dimensão (o comprimento L) é perpendicular à maior tensão


principal (tensão circunferencial). Isto faz com que não seja possível estabelecer a priori se a falha
vai ser comandada pela tensão circunferencial ou pela tensão longitudinal. Por este motivo é
necessário que a pressão de falha do defeito seja a menor das pressões calculada por dois métodos,
um desenvolvido a partir de um critério de falha baseado na tensão circunferencial e outro
desenvolvido a partir de um critério de falha baseado na tensão longitudinal.

Situação semelhante ocorre em defeitos de dimensões quaisquer situados em dutos submetidos a


carregamento de pressão combinado com uma tração longitudinal de origem externa. Nestas
situações não é possível estabelecer a priori se a falha vai ser comandada pela tensão
circunferencial ou pela tensão longitudinal. Por este motivo é necessário usar dois métodos para
estabelecer a capacidade de carga do duto, um desenvolvido a partir de um critério de falha baseado
na tensão circunferencial e outro desenvolvido a partir de um critério de falha baseado na tensão
longitudinal.

Dentre os métodos desenvolvidos a partir de um critério de falha baseado na tensão circunferencial


podem-se citar o método ASME B31G [1], o método 085dL [2,3a,3b], o método DNV RP-F101
para defeitos isolados [4] e o método RPA [5].

O método RPA é o método recomendado pela Norma PETROBRAS N-2786 [6] para avaliação de
defeitos de corrosão longitudinais.

Dentre os métodos desenvolvidos a partir de um critério de falha baseado na tensão longitudinal


pode-se citar a equação de Kastner [7], que é considerada o melhor método disponível para
avaliação de defeitos circunferenciais.

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O método RPA e a equação de Kastner são os métodos recomendados pela Norma PETROBRAS
N-2786 [6] para avaliação de defeitos de corrosão circunferenciais.

2. CONCEITOS BÁSICOS

2.1 TENSÕES ATUANTES

Nos subitens a seguir são apresentadas as tensões geradas pelos carregamentos mais comumente
encontrados em dutos.

2.1.1 Carregamento de Pressão

O carregamento de pressão é constituído pela pressão interna pi.

O carregamento de pressão gera na parede do duto tensões circunferencial e longitudinal. A tensão


circunferencial σh é uma tensão de tração e a tensão longitudinal (σL)p é uma tensão de tração.

2.1.2 Carregamento Térmico

O carregamento térmico é constituído por um acréscimo de temperatura ∆T que o duto sofre,


causado pelo transporte de um produto a temperatura Tprod acima da temperatura de montagem Tmont
(∆T = Tprod - Tmont; ∆T > 0).

Em um duto reto enterrado, o carregamento térmico gera na parede do duto uma tensão
longitudinal (σL)∆T.

A tensão longitudinal (σL)∆T é uma tensão de compressão.

2.1.3 Tração Longitudinal de Origem Externa

A tração longitudinal de origem externa é na realidade um efeito de um carregamento externo


qualquer que gera na parede do duto uma tensão longitudinal de tração (σL)N+.

Esta tensão está distribuída uniformemente na seção transversal do duto (esforço normal N+).

2.1.4 Compressão Longitudinal de Origem Externa

A compressão longitudinal de origem externa é na realidade um efeito de um carregamento externo


qualquer que gera na parede do duto tensões longitudinais de compressão (σL)N-.

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Esta tensão está distribuída uniformemente na seção transversal do duto (esforço normal N-).

2.1.5 Flexão de Origem Externa

A flexão de origem externa é na realidade um efeito de um carregamento externo qualquer que gera
na parede do duto uma tensão longitudinal (σL)M que é trativa acima da linha neutra e compressiva
abaixo da linha neutra.

Esta tensão apresenta uma distribuição linear na seção transversal do duto (momento fletor Mb).

2.2 CRITÉRIO DE ESCOAMENTO DE TRESCA-SAINT VENANT


(Critério da Tensão de Cisalhamento Máxima)

2.2.1 Estados de Tensões Multiaxais

O critério de escoamento de Tresca para estados de tensões triaxiais é expresso pelas seguintes
inequações [8]:

2 | τ3 | = | σ1 – σ2 | ≤ σyield (1a)

2 | τ1 | = | σ2 – σ3 | ≤ σyield (1b)

2 | τ2 | = | σ3 – σ1 | ≤ σyield (1c)

No domínio elástico todas as condições (1) acima são satisfeitas como inequações.

Para que haja escoamento é necessário que uma das condições (1) seja satisfeita como equação,
conforme expresso pela equação abaixo (equação (2)).

max { | σ1 – σ2 | , | σ2 – σ3 | , | σ3 – σ1 | } = σyield (2)

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2.2.2 Estados de Tensões Biaxais

De acordo com o critério de escoamento de Tresca para estados de tensões biaxiais para que haja
escoamento uma das condições abaixo precisa ser satisfeita [8].

| σ1 – σ2 | = σyield se σ1 σ2 ≤ 0 (3a)

| σ1 | = σyield ou | σ2 | = σyield se σ1 σ2 ≥ 0 (3b)

Por convenção considera-se que tensões trativas são positivas e tensões compressivas são negativas.

Na figura 1 encontra-se ilustrado o critério de Tresca para estados de tensões biaxiais.

σ2

σ1

Figura 1 – Critério de Tresca bidimensional

2.3 USO DO CRITÉRIO DE TRESCA NA AVALIAÇÃO DE DEFEITOS DE CORROSÃO

A maioria dos métodos de avaliação estrutural de defeitos de corrosão foi desenvolvida para
avaliação de defeitos longitudinais situados em dutos submetidos a carregamento de pressão apenas.
Estes métodos fornecem expressões para o cálculo da pressão de falha que foram desenvolvidas a
partir de um critério de falha baseado na tensão circunferencial do duto. Dentre estes métodos
podem-se citar o método ASME B31G, o método 085dL, o método DNV RP-F101 para defeitos
isolados e o método RPA.

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Quando o defeito de corrosão é circunferencial ou existem outros carregamentos atuando além do
carregamento de pressão torna-se necessário adotar um critério de falha baseado nas tensões
circunferencial e longitudinal.

Dentre os critérios de falha existentes, o critério de Tresca é o mais simples de ser aplicado na
avaliação de defeitos de corrosão. A grande vantagem deste critério é que para os casos em que as
tensões circunferencial e longitudinal são trativas (σh σL ≥ 0) a condição de falha é desacoplada (ver
equação (3b)).

Na figura 2 encontra-se um resumo de todas as situações, em termos de tensões circunferencial σh e


longitudinal σL, que podem ser encontradas em um duto corroído submetido a carregamentos
combinados.

defeito longitudinal e carregamento de pressão

defeito circunferencial e carregamento de pressão


defeito qualquer e carregamento de pressão + compressão e
defeito qualquer e carregamento de pressão + tração

σh

σL

Figura 2 – Uso do critério de Tresca bidimensional na avaliação de defeitos de corrosão

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2.4 TENSÕES ADMISSÍVEIS USADAS NO PROJETO DE DUTOS

2.4.1 TENSÃO ADMISSÍVEL DE TRAÇÃO NA DIREÇÃO CIRCUNFERENCIAL

Tradicionalmente [9], o cálculo da espessura de parede do duto é feito estabelecendo-se um valor


admissível para a tensão circunferencial gerada pelo carregamento de pressão, conforme indicado
nas equações abaixo.

De
σh = p (4)
2t

σh ≤ (σh)d (5a)
(σh)d = γd σyield (5b)

2.4.2 TENSÃO ADMISSÍVEL DE TRAÇÃO NA DIREÇÃO LONGITUDINAL

Tradicionalmente [9], adota-se para a tensão longitudinal trativa um valor admissível que é igual a
75% da tensão admissível na direção circunferencial (σh)d, conforme indicado na equação abaixo.
Este fator de segurança adicional é aplicado na direção longitudinal para considerar defeitos de
fabricação que possam diminuir a resistência à tração das soldas circunferenciais, feitas no campo
durante a construção do duto.

σL ≤ (σL)d (6a)
(σL)d = 0.75 γd σyield (6b)

2.5 PRESSÃO DE PROJETO DO DUTO

Conhecendo-se o diâmetro externo do duto De, a espessura de parede do duto t, a tensão de


escoamento do material do duto e o fator de segurança de projeto γd determina-se a pressão de
projeto pd por meio da equação abaixo.

2t
pd = γd σyield (7)
De

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3. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DESENVOLVIDOS A PARTIR DE UM CRITÉRIO DE
FALHA BASEADO NA TENSÃO CIRCUNFERENCIAL

3.1 EQUAÇÕES GENÉRICAS

É grande a quantidade de publicações sobre métodos para avaliação de defeitos longitudinais em


dutos submetidos a carregamento de pressão apenas. Porém, na realidade, a maioria dos métodos
existentes tem como ponto de partida um mesmo critério de falha baseado na tensão circunferencial,
chamado de NG-18 Surface Flaw Equation. Esta equação foi concebida por Maxey, Kiefner, Eiber
e Duffy [10,11], no início da década de 70 no Laboratório Battelle, usando conceitos da Mecânica
da Fratura e resultados de ensaios de laboratório.

O valor da tensão circunferencial numa seção remota do duto corroído no instante da falha é
calculado por meio da Equação NG-18, apresentada abaixo.

⎡ 1 − α (d / t ) ⎤
(σh)f = σflow ⎢ −1 ⎥
(8)
⎣1 − α ( d / t ) M ⎦

Onde,

(σh)f – tensão circunferencial numa seção remota do duto corroído no instante da falha
σflow – flow stress do material
M – fator de dilatação (bulging factor) também chamado de Folias factor

Com base na Equação NG-18 é deduzida uma equação para o cálculo da pressão de falha pf do duto
corroído que tem a seguinte forma:

2t ⎡ 1 − α ( d / t ) ⎤
pf = σflow (9)
D ⎢⎣1 − α ( d / t ) M −1 ⎥⎦

A pressão admissível pa é obtida aplicando-se o fator de segurança de projeto γd sobre a pressão de


falha pf :

pa = γd pf (10)

Substituindo a equação (9) na equação (10) obtêm-se:

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2t ⎡ 1 − α ( d / t ) ⎤
pa = γd σflow (11)
D ⎢⎣1 − α ( d / t ) M −1 ⎥⎦

A pressão admissível do duto corroído pa pode ser no máximo igual à pressão de projeto do duto, ou
seja:

pa = pd se pa > pd (12)

3.2 MÉTODO ASME B31G

As equações usadas neste método para determinação da pressão de falha e da pressão admissível
têm o formato das equações (9) e (11), respectivamente.

D = De (13)
σflow = 1.1 σyield (14)

- defeitos curtos (defeitos em que L ≤ 20 De t )


α = 2/3 (15)
1/ 2
⎡ L2 ⎤
M = ⎢1 + 0.8 ⎥ (16)
⎣ De t ⎦

- defeitos longos (defeitos em que L > 20 De t )


α =1 (17)
M →∞ (defeito de comprimento infinito) (18)

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3.3 MÉTODO 085dL

D = De (19)
σflow = σyield + 69 MPa (para σyield expressa em MPa) (20)
α = 0.85 (21)

- defeitos curtos (defeitos em que L ≤ 50 De t ))


1/ 2
⎡ L2 ⎛ L2 ⎞ ⎤
2

M = ⎢1 + 0.6275 − 0.003375⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ (22)


⎢⎣ De t ⎝ De t ⎠ ⎥⎦

- defeitos longos (defeitos em que L > 50 De t )


L2
M = 3.3 + 0.032 (23)
De t

3.4 MÉTODO DNV RP-F101 PARA DEFEITOS ISOLADOS (Part B)

D = (De – t) (24)
σflow = 0.9 σult (25)
α = 1.0 (26)
1/ 2
⎡ L2 ⎤
M = ⎢1 + 0.31 ⎥ (27)
⎣ De t ⎦

É importante notar que, de acordo com a recomendação prática DNV RP-F101, a tensão σflow é
igual a σult. No entanto, no cálculo da pressão admissível do duto corroído, este método aplica
sempre um fator de segurança de modelagem (γm) igual a 0.9, além do fator de segurança de projeto
γd. Isto é equivalente a adotar um valor da tensão σflow igual a 0.9 σult.

3.5 MÉTODO RPA

D = De (28)
σflow = σyield + 69 MPa (para σyield expressa em MPa) (29)

- defeitos curtos (defeitos em que L ≤ 20 De t )


α = 0.85 (30)

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1/ 2
⎡ L2 ⎛ L2 ⎞ ⎤
2

M = ⎢1 + 0.6275 ⎜
− 0.003375⎜ ⎟
⎟ ⎥ (31)
⎢⎣ De t ⎝ De t ⎠ ⎥⎦

- defeitos longos (defeitos em que L > 20 De t )


(64 x 10 6 )
α = 1 – 0.15 6
(32)
⎛ L2 ⎞
⎜⎜ ⎟⎟
⎝ De t ⎠
L2
M = 2.1 + 0.07 (33)
De t

3.6 RESUMO DOS MÉTODOS

Na tabela (1) encontra-se um resumo das equações adotadas pelos quatro métodos de avaliação de
defeitos longitudinais em dutos submetidos a carregamento de pressão apenas

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Tabela 1 – Resumo das equações adotadas pelos métodos de avaliação de defeitos longitudinais
em dutos submetidos a carregamento de pressão
MÉTODO σflow D α M
1/ 2
⎡ L2 ⎤
B31G (L ≤ 20 Det ) 1.1 σyield De (2/3) ⎢1 + 0.8 ⎥
⎣ De t ⎦
B31G (L > 20 Det ) 1.1 σyield De 1 ∞
1/ 2
⎡ L2 ⎛ L2 ⎞ ⎤
2

085dL (L ≤ 50 Det ) σyield + 69 MPa De 0.85 ⎢1 + 0.6275 − 0.003375⎜⎜ ⎟⎟ ⎥


⎢⎣ De t ⎝ De t ⎠ ⎥⎦
L2
085dL (L > 50 Det ) σyield + 69 MPa De 0.85 3.3 + 0.032
De t
1/ 2
⎡ L2 ⎤
DNV RP-F101 0.9 σult De – t 1 ⎢1 + 0.31 ⎥
⎣ De t ⎦
1/ 2
⎡ L2 ⎛ L2 ⎞ ⎤
2

RPA (L ≤ 20 Det ) σyield + 69 MPa De 0.85 ⎢1 + 0.6275 − 0.003375⎜⎜ ⎟⎟ ⎥


⎢⎣ De t ⎝ De t ⎠ ⎥⎦
(64 x 10 6 )
1 – 0.15 6 L2
RPA (L > 20 Det ) σyield + 69 MPa De ⎛ L2 ⎞ 2.1 + 0.07
⎜⎜ ⎟⎟ De t
⎝ De t ⎠
2t ⎡ 1 − α (d / t ) ⎤
Pressão de falha pf = σflow ⎢ −1 ⎥
D ⎣1 − α ( d / t ) M ⎦

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4. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DESENVOLVIDOS A PARTIR DE UM CRITÉRIO DE
FALHA BASEADO NA TENSÃO LONGITUDINAL

4.1 EQUAÇÃO DE KASTNER PARA DEFEITOS CIRCUNFERENCIAIS DE CORROSÃO


NO METAL DE BASE

O valor da tensão longitudinal numa seção remota do duto corroído no instante da falha é calculado
por meio da Equação de Kastner, apresentada abaixo.

⎛ d ⎞⎛ d⎞
⎜1 − ⎟ ⎜ π − β ⎟
⎝ t ⎠⎝ t⎠
(σL)f = σflow (34)
⎛ d⎞ d
π ⎜1 − ⎟ + 2 sin β
⎝ t⎠ t

Onde,

(σL)f – tensão longitudinal numa seção remota do duto corroído no instante da falha
β – metade da largura angular do defeito

O parâmetro β é calculado a partir da largura l do defeito e do raio externo Re do duto.

(l / 2)
β = (35)
Re

Sendo,

De
Re = (36)
2

A tensão admissível de tração na direção longitudinal do duto corroído (σL)a é determinada


aplicando-se o fator de segurança de projeto γd sobre a tensão de falha (σL)f .

(σL)a = γd (σL)f (37)

Substituindo a equação (34) na equação (37) obtêm-se:

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⎛ d ⎞⎛ d⎞
⎜1 − ⎟ ⎜ π − β ⎟
⎝ t ⎠⎝ t⎠
(σL)a = γd σflow (38)
⎛ d⎞ d
π ⎜1 − ⎟ + 2 sin β
⎝ t⎠ t

A tensão admissível de tração na direção longitudinal do duto corroído (σL)a pode ser no máximo
igual à tensão admissível de projeto de tração na direção longitudinal (σL)d:

(σL)a = (σL)d se (σL)a > (σL)d (39)

Quando o duto corroído está submetido apenas a carregamento de pressão a pressão de falha
correspondente à tensão de falha (σL)f é determinada pela seguinte equação:

⎛ d ⎞⎛ d⎞
⎜1 − ⎟ ⎜ π − β ⎟
1 2t ⎝ t ⎠⎝ t⎠
(pf)kastner = σflow (40)
n De ⎛ d⎞ d
π ⎜1 − ⎟ + 2 sin β
⎝ t⎠ t

O parâmetro n na equação (40) é igual a 0.5 quando o duto está livre para se deformar na direção
longitudinal e é igual ao coeficiente de Poisson do aço (ν = 0.3) quando o duto está restringido na
direção longitudinal.

A pressão admissível (pa)kastner é obtida aplicando-se o fator de segurança de projeto γd sobre a


pressão de falha (pf)kastner :

(pa)kastner = γd (pf)kastner (41a)


1 2t
(pa)kastner = (σL)d se (σL)a > (σL)d (41b)
n De

A pressão admissível (pa)kastner pode ser no máximo igual à pressão de projeto do duto, ou seja:

(pa)kastner = pd se (pa)kastner > pd (42)

Quando o duto corroído está submetido a uma pressão interna pini mais uma tração longitudinal de
origem externa o esforço longitudinal correspondente à tensão de falha (σL)f é determinado pela
seguinte equação:

⎡ D ⎤
(Nf)kastner = Asteel ⎢(σ L ) f − n pini e ⎥ (43)
⎣ 2t⎦

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O esforço longitudinal admissível (Na)kastner é obtido aplicando-se o fator de segurança de projeto γd
sobre o esforço de falha (Nf)kastner :

⎡ D ⎤
(Na)kastner = Asteel ⎢ (σ L ) a − γ d n pini e ⎥ (44a)
⎣ 2t⎦

⎡ D ⎤
(Na)kastner = Asteel ⎢(σ L ) d − γ d n pini e ⎥ se (σL)a > (σL)d (44b)
⎣ 2t⎦

4.2 EQUAÇÃO DE KASTNER PARA DEFEITOS CIRCUNFERENCIAIS DE CORROSÃO


QUE PASSAM PELA SOLDA CIRCUNFERENCIAL

Considera-se que no instante da falha a tensão longitudinal num defeito de corrosão circunferencial
que passa pela solda circunferencial é igual à tensão de escoamento σyield.

O valor da tensão longitudinal numa seção remota do duto corroído no instante da falha é calculado
por meio da Equação de Kastner, apresentada abaixo.

⎛ d ⎞⎛ d⎞
⎜1 − ⎟ ⎜ π − β ⎟
⎝ t ⎠⎝ t⎠
(σL)f = σyield (45)
⎛ d⎞ d
π ⎜1 − ⎟ + 2 sin β
⎝ t⎠ t

A tensão admissível de tração na direção longitudinal do duto corroído (σL)a é determinada


aplicando-se o fator de segurança de projeto γd multiplicado por 0.75 sobre a tensão de falha (σL)f .
Este fator de segurança adicional é aplicado na direção longitudinal para considerar possíveis
defeitos de fabricação que diminuem a resistência à tração das soldas circunferenciais, feitas no
campo durante a construção do duto.

(σL)a = 0.75 γd (σL)f (46)

Quando o duto corroído está submetido apenas a carregamento de pressão a pressão de falha
correspondente à tensão de falha (σL)f é determinada pela seguinte equação:

⎛ d ⎞⎛ d⎞
⎜1 − ⎟ ⎜ π − β ⎟
1 2t ⎝ t ⎠⎝ t⎠
(pf)kastner = σyield (47)
n De ⎛ d⎞ d
π ⎜1 − ⎟ + 2 sin β
⎝ t⎠ t

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O parâmetro n na equação (47) é igual a 0.5 quando o duto está livre para se deformar na direção
longitudinal e é igual ao coeficiente de Poisson do aço (ν = 0.3) quando o duto está restringido na
direção longitudinal.

A pressão admissível (pa)kastner é obtida aplicando-se o fator de segurança de projeto γd multiplicado


por 0.75 sobre a pressão de falha (pf)kastner :

(pa)kastner = 0.75 γd (pf)kastner (48)

A pressão admissível (pa)kastner pode ser no máximo igual à pressão de projeto do duto, ou seja:

(pa)kastner = pd se (pa)kastner > pd (49)

Quando o duto corroído está submetido a uma pressão interna pini mais uma tração longitudinal de
origem externa o esforço longitudinal correspondente à tensão de falha (σL)f é determinado pela
seguinte equação:

⎡ D ⎤
(Nf)kastner = Asteel ⎢(σ L ) f − n pini e ⎥ (50)
⎣ 2t⎦

O esforço longitudinal admissível (Na)kastner é obtido aplicando-se o fator de segurança de projeto γd


multiplicado por 0.75 sobre o esforço longitudinal de falha (Nf)kastner :

⎡ D ⎤
(Na)kastner = Asteel ⎢0.75 γ d (σ L ) f − 0.75 γ d n po e ⎥ (51)
⎣ 2t⎦

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5. AVALIAÇÃO DE DEFEITOS CIRCUNFERENCIAIS DE CORROSÃO EM DUTOS
SUBMETIDOS A CARREGAMENTO DE PRESSÃO APENAS

Em dutos submetidos apenas a carregamento de pressão as tensões circunferencial e longitudinal


são trativas (σh σL ≥ 0).

Neste caso, de acordo com o critério de Tresca (ver equação (3b)), faz-se a avaliação na direção
longitudinal e na direção circunferencial de forma desacoplada e adota-se a pior situação.

5.1 AVALIAÇÃO NA DIREÇÃO CIRCUNFERENCIAL

Apresenta-se nos parágrafos a seguir um roteiro para a avaliação de um defeito circunferencial na


direção circunferencial.

- Determina a pressão admissível pa usando o método B31G, o método 085dL, o método DNV
RP-F101 defeitos isolados ou o método RPA.

- Se a pressão de operação poper é menor ou igual à pressão admissível pa o defeito é aceito.

- Se a pressão de operação poper é maior que a pressão admissível pa o defeito é rejeitado.

5.2 AVALIAÇÃO NA DIREÇÃO LONGITUDINAL

Apresenta-se nos parágrafos a seguir um roteiro para a avaliação de um defeito circunferencial na


direção longitudinal.

- Determina a pressão admissível (pa)kastner usando a equação de Kastner.

- Se a pressão de operação poper é menor ou igual à pressão admissível (pa)kastner o defeito é aceito.

- Se a pressão de operação poper é maior que a pressão admissível (pa)kastner o defeito é rejeitado.

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6. AVALIAÇÃO DE DEFEITOS DE CORROSÃO QUAISQUER EM DUTOS
SUBMETIDOS A CARREGAMENTO DE PRESSÃO MAIS UMA TRAÇÃO
LONGITUDINAL DE ORIGEM EXTERNA

Em dutos submetidos a carregamento de pressão mais uma tração longitudinal de origem externa as
tensões circunferencial e longitudinal são trativas (σh σL ≥ 0).

Neste caso, de acordo com o critério de Tresca (ver equação (3b)), faz-se a avaliação na direção
longitudinal e na direção circunferencial de forma desacoplada e adota-se a pior situação.

6.1 AVALIAÇÃO NA DIREÇÃO CIRCUNFERENCIAL

Apresenta-se nos parágrafos a seguir um roteiro para a avaliação de um defeito qualquer na direção
circunferencial.

- Determina a pressão admissível pa usando o método B31G, o método 085dL, o método DNV
RP-F101 defeitos isolados ou o método RPA.

- Se a pressão de operação poper é menor ou igual à pressão admissível pa o defeito é aceito.

- Se a pressão de operação poper é maior que a pressão admissível pa o defeito é rejeitado.

6.2 AVALIAÇÃO NA DIREÇÃO LONGITUDINAL

Apresenta-se nos parágrafos a seguir um roteiro para a avaliação de um defeito qualquer na direção
longitudinal.

- Determina a tensão admissível (σL)a usando a equação de Kastner.

- Determina a tensão longitudinal atuante σL = (σL)p + (σL)N+.

- Se a tensão longitudinal atuante σL é menor ou igual à tensão admissível (σL)a o defeito é aceito.

- Se a tensão longitudinal atuante σLé maior que a tensão admissível (σL)a o defeito é rejeitado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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A Supplement to ANSI/ASME B31 Code for Pressure Piping", The American Society of
Mechanical Engineers, New York, 1991

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of Corroded Pipe”, Final Report on Project PR 3-805, Pipeline Research Committee, American
Gas Association, 1989.

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evaluating corroded pipe”, Oil & Gas Journal, Vol. 88, No. 32, pp. 56-59, August 6, 1990.

3b. KIEFNER, J. F. and VIETH, P. H., “Evaluating pipe Conclusion: PC program speeds new
criterion for evaluating corroded pipe”, Oil & Gas Journal, Vol. 88, No. 34, pp. 91-93, August
20, 1990.

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Veritas, Norway, 2004.

5. BENJAMIN, A. C. and ANDRADE, E. Q., “Modified Method for the Assessment of the
Remaining Strength of Corroded Pipelines”, Rio Pipeline Conference 2003, RPC 2003, October
2003.

6. Anon, “Norma PETROBRAS N-2786 – Avaliação de Defeitos e Modos de Falha em Oleodutos e


Gasodutos Terrestres e Submarinos Rígidos em Operação”,
PETROBRAS/Engenharia/NORTEC, Julho de 2005.

7. KASTNER, W., ROHRICH, E., SCHMITT, W. and STEINBUCH, R. - “Critical crack sizes in
ductile piping”, Int. J. Pressure Vessel & Piping, Vol. 9, pp. 197-219, (1981).

8. KACHANOV, L. M., "Foundations of the Theory of Plasticity", North-Holland Publishing


Company, Amsterdan, London, 1971.

9. Anon, “ASME B31.4-2006 - Pipeline Transportation Systems for Liquid Hydrocarbons and
Other Liquids”, American Society of Mechanical Engineers (ASME), New York, USA, 2006.

10. MAXEY, W. A., KIEFNER, J. F., EIBER, R. J. and DUFFY, A. R., “Ductile fracture initiation,
propagation, and arrest in cylindrical vessels “, Fracture Toughness, Proceedings of the 1971
National Symposium on Fracture Mechanics, Part. II, ASTM STP 514, pp. 70-81, (1972)

11. KIEFNER, J. F., MAXEY, W. A., EIBER ,R. J. and DUFFY, A. R., “Failure stress levels of
flaws in pressurized cylinders”, Progress in Flaw Growth and Fracture Toughness Testing
ASTM STP 536, American Society for Testing and Materials, pp. 461-481, (1973).

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