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DE DUTOS CORROÍDOS
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1
ii
NOMENCLATURA
iv
1. INTRODUÇÃO
Defeitos de corrosão longitudinais são aqueles defeitos que têm comprimento L maior ou igual à
largura l. Em dutos submetidos apenas a carregamento de pressão, este tipo de defeito tem uma
influência grande na resistência do duto pois sua maior dimensão (o comprimento L) é
perpendicular à maior tensão principal (tensão circunferencial).
Defeitos de corrosão que têm comprimento L menor que a largura l são denominados de defeitos
circunferenciais. Em dutos submetidos apenas a carregamento de pressão, este tipo de defeito pode
ter uma influência grande na resistência do duto caso a dimensão circunferencial (a largura l) seja
muito maior que a dimensão longitudinal (o comprimento L) ou a profundidade máxima d do
defeito seja grande.
O método RPA é o método recomendado pela Norma PETROBRAS N-2786 [6] para avaliação de
defeitos de corrosão longitudinais.
2. CONCEITOS BÁSICOS
Nos subitens a seguir são apresentadas as tensões geradas pelos carregamentos mais comumente
encontrados em dutos.
Em um duto reto enterrado, o carregamento térmico gera na parede do duto uma tensão
longitudinal (σL)∆T.
Esta tensão está distribuída uniformemente na seção transversal do duto (esforço normal N+).
A flexão de origem externa é na realidade um efeito de um carregamento externo qualquer que gera
na parede do duto uma tensão longitudinal (σL)M que é trativa acima da linha neutra e compressiva
abaixo da linha neutra.
Esta tensão apresenta uma distribuição linear na seção transversal do duto (momento fletor Mb).
O critério de escoamento de Tresca para estados de tensões triaxiais é expresso pelas seguintes
inequações [8]:
2 | τ3 | = | σ1 – σ2 | ≤ σyield (1a)
2 | τ1 | = | σ2 – σ3 | ≤ σyield (1b)
2 | τ2 | = | σ3 – σ1 | ≤ σyield (1c)
No domínio elástico todas as condições (1) acima são satisfeitas como inequações.
Para que haja escoamento é necessário que uma das condições (1) seja satisfeita como equação,
conforme expresso pela equação abaixo (equação (2)).
De acordo com o critério de escoamento de Tresca para estados de tensões biaxiais para que haja
escoamento uma das condições abaixo precisa ser satisfeita [8].
| σ1 – σ2 | = σyield se σ1 σ2 ≤ 0 (3a)
Por convenção considera-se que tensões trativas são positivas e tensões compressivas são negativas.
σ2
σ1
A maioria dos métodos de avaliação estrutural de defeitos de corrosão foi desenvolvida para
avaliação de defeitos longitudinais situados em dutos submetidos a carregamento de pressão apenas.
Estes métodos fornecem expressões para o cálculo da pressão de falha que foram desenvolvidas a
partir de um critério de falha baseado na tensão circunferencial do duto. Dentre estes métodos
podem-se citar o método ASME B31G, o método 085dL, o método DNV RP-F101 para defeitos
isolados e o método RPA.
Dentre os critérios de falha existentes, o critério de Tresca é o mais simples de ser aplicado na
avaliação de defeitos de corrosão. A grande vantagem deste critério é que para os casos em que as
tensões circunferencial e longitudinal são trativas (σh σL ≥ 0) a condição de falha é desacoplada (ver
equação (3b)).
σh
σL
De
σh = p (4)
2t
σh ≤ (σh)d (5a)
(σh)d = γd σyield (5b)
Tradicionalmente [9], adota-se para a tensão longitudinal trativa um valor admissível que é igual a
75% da tensão admissível na direção circunferencial (σh)d, conforme indicado na equação abaixo.
Este fator de segurança adicional é aplicado na direção longitudinal para considerar defeitos de
fabricação que possam diminuir a resistência à tração das soldas circunferenciais, feitas no campo
durante a construção do duto.
σL ≤ (σL)d (6a)
(σL)d = 0.75 γd σyield (6b)
2t
pd = γd σyield (7)
De
O valor da tensão circunferencial numa seção remota do duto corroído no instante da falha é
calculado por meio da Equação NG-18, apresentada abaixo.
⎡ 1 − α (d / t ) ⎤
(σh)f = σflow ⎢ −1 ⎥
(8)
⎣1 − α ( d / t ) M ⎦
Onde,
(σh)f – tensão circunferencial numa seção remota do duto corroído no instante da falha
σflow – flow stress do material
M – fator de dilatação (bulging factor) também chamado de Folias factor
Com base na Equação NG-18 é deduzida uma equação para o cálculo da pressão de falha pf do duto
corroído que tem a seguinte forma:
2t ⎡ 1 − α ( d / t ) ⎤
pf = σflow (9)
D ⎢⎣1 − α ( d / t ) M −1 ⎥⎦
pa = γd pf (10)
A pressão admissível do duto corroído pa pode ser no máximo igual à pressão de projeto do duto, ou
seja:
pa = pd se pa > pd (12)
As equações usadas neste método para determinação da pressão de falha e da pressão admissível
têm o formato das equações (9) e (11), respectivamente.
D = De (13)
σflow = 1.1 σyield (14)
D = De (19)
σflow = σyield + 69 MPa (para σyield expressa em MPa) (20)
α = 0.85 (21)
D = (De – t) (24)
σflow = 0.9 σult (25)
α = 1.0 (26)
1/ 2
⎡ L2 ⎤
M = ⎢1 + 0.31 ⎥ (27)
⎣ De t ⎦
É importante notar que, de acordo com a recomendação prática DNV RP-F101, a tensão σflow é
igual a σult. No entanto, no cálculo da pressão admissível do duto corroído, este método aplica
sempre um fator de segurança de modelagem (γm) igual a 0.9, além do fator de segurança de projeto
γd. Isto é equivalente a adotar um valor da tensão σflow igual a 0.9 σult.
D = De (28)
σflow = σyield + 69 MPa (para σyield expressa em MPa) (29)
M = ⎢1 + 0.6275 ⎜
− 0.003375⎜ ⎟
⎟ ⎥ (31)
⎢⎣ De t ⎝ De t ⎠ ⎥⎦
Na tabela (1) encontra-se um resumo das equações adotadas pelos quatro métodos de avaliação de
defeitos longitudinais em dutos submetidos a carregamento de pressão apenas
O valor da tensão longitudinal numa seção remota do duto corroído no instante da falha é calculado
por meio da Equação de Kastner, apresentada abaixo.
⎛ d ⎞⎛ d⎞
⎜1 − ⎟ ⎜ π − β ⎟
⎝ t ⎠⎝ t⎠
(σL)f = σflow (34)
⎛ d⎞ d
π ⎜1 − ⎟ + 2 sin β
⎝ t⎠ t
Onde,
(σL)f – tensão longitudinal numa seção remota do duto corroído no instante da falha
β – metade da largura angular do defeito
(l / 2)
β = (35)
Re
Sendo,
De
Re = (36)
2
A tensão admissível de tração na direção longitudinal do duto corroído (σL)a pode ser no máximo
igual à tensão admissível de projeto de tração na direção longitudinal (σL)d:
Quando o duto corroído está submetido apenas a carregamento de pressão a pressão de falha
correspondente à tensão de falha (σL)f é determinada pela seguinte equação:
⎛ d ⎞⎛ d⎞
⎜1 − ⎟ ⎜ π − β ⎟
1 2t ⎝ t ⎠⎝ t⎠
(pf)kastner = σflow (40)
n De ⎛ d⎞ d
π ⎜1 − ⎟ + 2 sin β
⎝ t⎠ t
O parâmetro n na equação (40) é igual a 0.5 quando o duto está livre para se deformar na direção
longitudinal e é igual ao coeficiente de Poisson do aço (ν = 0.3) quando o duto está restringido na
direção longitudinal.
A pressão admissível (pa)kastner pode ser no máximo igual à pressão de projeto do duto, ou seja:
Quando o duto corroído está submetido a uma pressão interna pini mais uma tração longitudinal de
origem externa o esforço longitudinal correspondente à tensão de falha (σL)f é determinado pela
seguinte equação:
⎡ D ⎤
(Nf)kastner = Asteel ⎢(σ L ) f − n pini e ⎥ (43)
⎣ 2t⎦
⎡ D ⎤
(Na)kastner = Asteel ⎢ (σ L ) a − γ d n pini e ⎥ (44a)
⎣ 2t⎦
⎡ D ⎤
(Na)kastner = Asteel ⎢(σ L ) d − γ d n pini e ⎥ se (σL)a > (σL)d (44b)
⎣ 2t⎦
Considera-se que no instante da falha a tensão longitudinal num defeito de corrosão circunferencial
que passa pela solda circunferencial é igual à tensão de escoamento σyield.
O valor da tensão longitudinal numa seção remota do duto corroído no instante da falha é calculado
por meio da Equação de Kastner, apresentada abaixo.
⎛ d ⎞⎛ d⎞
⎜1 − ⎟ ⎜ π − β ⎟
⎝ t ⎠⎝ t⎠
(σL)f = σyield (45)
⎛ d⎞ d
π ⎜1 − ⎟ + 2 sin β
⎝ t⎠ t
Quando o duto corroído está submetido apenas a carregamento de pressão a pressão de falha
correspondente à tensão de falha (σL)f é determinada pela seguinte equação:
⎛ d ⎞⎛ d⎞
⎜1 − ⎟ ⎜ π − β ⎟
1 2t ⎝ t ⎠⎝ t⎠
(pf)kastner = σyield (47)
n De ⎛ d⎞ d
π ⎜1 − ⎟ + 2 sin β
⎝ t⎠ t
A pressão admissível (pa)kastner pode ser no máximo igual à pressão de projeto do duto, ou seja:
Quando o duto corroído está submetido a uma pressão interna pini mais uma tração longitudinal de
origem externa o esforço longitudinal correspondente à tensão de falha (σL)f é determinado pela
seguinte equação:
⎡ D ⎤
(Nf)kastner = Asteel ⎢(σ L ) f − n pini e ⎥ (50)
⎣ 2t⎦
⎡ D ⎤
(Na)kastner = Asteel ⎢0.75 γ d (σ L ) f − 0.75 γ d n po e ⎥ (51)
⎣ 2t⎦
Neste caso, de acordo com o critério de Tresca (ver equação (3b)), faz-se a avaliação na direção
longitudinal e na direção circunferencial de forma desacoplada e adota-se a pior situação.
- Determina a pressão admissível pa usando o método B31G, o método 085dL, o método DNV
RP-F101 defeitos isolados ou o método RPA.
- Se a pressão de operação poper é menor ou igual à pressão admissível (pa)kastner o defeito é aceito.
- Se a pressão de operação poper é maior que a pressão admissível (pa)kastner o defeito é rejeitado.
Em dutos submetidos a carregamento de pressão mais uma tração longitudinal de origem externa as
tensões circunferencial e longitudinal são trativas (σh σL ≥ 0).
Neste caso, de acordo com o critério de Tresca (ver equação (3b)), faz-se a avaliação na direção
longitudinal e na direção circunferencial de forma desacoplada e adota-se a pior situação.
Apresenta-se nos parágrafos a seguir um roteiro para a avaliação de um defeito qualquer na direção
circunferencial.
- Determina a pressão admissível pa usando o método B31G, o método 085dL, o método DNV
RP-F101 defeitos isolados ou o método RPA.
Apresenta-se nos parágrafos a seguir um roteiro para a avaliação de um defeito qualquer na direção
longitudinal.
- Se a tensão longitudinal atuante σL é menor ou igual à tensão admissível (σL)a o defeito é aceito.
- Se a tensão longitudinal atuante σLé maior que a tensão admissível (σL)a o defeito é rejeitado.
1. Anon, "ASME-B31G – Manual for Determining the Remaining Strength of Corroded Pipelines –
A Supplement to ANSI/ASME B31 Code for Pressure Piping", The American Society of
Mechanical Engineers, New York, 1991
2. KIEFNER, J. F. and VIETH, P. H., “A Modified Criterion for Evaluating the Remaining Strength
of Corroded Pipe”, Final Report on Project PR 3-805, Pipeline Research Committee, American
Gas Association, 1989.
3a. KIEFNER, J. F. and VIETH, P. H., “Evaluating pipe 1: New method corrects criterion for
evaluating corroded pipe”, Oil & Gas Journal, Vol. 88, No. 32, pp. 56-59, August 6, 1990.
3b. KIEFNER, J. F. and VIETH, P. H., “Evaluating pipe Conclusion: PC program speeds new
criterion for evaluating corroded pipe”, Oil & Gas Journal, Vol. 88, No. 34, pp. 91-93, August
20, 1990.
5. BENJAMIN, A. C. and ANDRADE, E. Q., “Modified Method for the Assessment of the
Remaining Strength of Corroded Pipelines”, Rio Pipeline Conference 2003, RPC 2003, October
2003.
7. KASTNER, W., ROHRICH, E., SCHMITT, W. and STEINBUCH, R. - “Critical crack sizes in
ductile piping”, Int. J. Pressure Vessel & Piping, Vol. 9, pp. 197-219, (1981).
9. Anon, “ASME B31.4-2006 - Pipeline Transportation Systems for Liquid Hydrocarbons and
Other Liquids”, American Society of Mechanical Engineers (ASME), New York, USA, 2006.
10. MAXEY, W. A., KIEFNER, J. F., EIBER, R. J. and DUFFY, A. R., “Ductile fracture initiation,
propagation, and arrest in cylindrical vessels “, Fracture Toughness, Proceedings of the 1971
National Symposium on Fracture Mechanics, Part. II, ASTM STP 514, pp. 70-81, (1972)
11. KIEFNER, J. F., MAXEY, W. A., EIBER ,R. J. and DUFFY, A. R., “Failure stress levels of
flaws in pressurized cylinders”, Progress in Flaw Growth and Fracture Toughness Testing
ASTM STP 536, American Society for Testing and Materials, pp. 461-481, (1973).