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Sebenta - Guinness I
Sebenta - Guinness I
Sebenta de Histologia
Módulo II.II
2011-2012
Ana Dagge
Boa Noite,
Os resumos foram feitos com base no Ross e na grande Rita Luz, esse ícone da
FML, e à custa de doses de cafeína pouco saudáveis. A quem estudar por aqui,
aconselho que vejam sempre que possível um dos livros recomendados e tenham à
mão um atlas ou o Iowa. De resto, só precisam de uma dose infinita de paciência e de
uma boa banda sonora.
Qualquer erro que detectem, é favor enviar um mail à gerência
(anadagge@campus.ul.pt).
Ana Dagge
(Pronuncia-se Dégue)
“The sea's only gifts are harsh blows and, occasionally, the chance to feel strong.”
2
Índice
3
Transporte Axonal ................................................................................................................... 76
Neuroglia ................................................................................................................................. 77
Origem das células nervosas ................................................................................................... 81
Organização do SNP ................................................................................................................ 81
Organização do SNA ................................................................................................................ 82
Organização do Sistema Nervoso Central ............................................................................... 83
Tecido Conjuntivo do SNC – Meninges ................................................................................... 84
Barreira Hemato-Encefálica .................................................................................................... 85
Degeneração e Regeneração do SNP ...................................................................................... 85
SISTEMA CARDIOVASCULAR........................................................................................................ 87
Coração ................................................................................................................................... 87
Artérias e Veias ....................................................................................................................... 88
Linfáticos ................................................................................................................................. 93
Identificação Histológica ......................................................................................................... 94
SISTEMA IMUNITÁRIO ................................................................................................................. 97
Células do Sistema Imunitário................................................................................................. 97
Órgãos Linfóides ...................................................................................................................... 98
SISTEMA DIGESTIVO I: cavidade oral e estruturas associadas .................................................. 104
Cavidade Oral ........................................................................................................................ 104
Glândulas Salivares................................................................................................................ 109
SISTEMA DIGESTIVO II: Esófago e Tracto Gastrointestinal ....................................................... 113
Esófago .................................................................................................................................. 115
Transição Cárdio-Esofágica ................................................................................................... 116
Estômago ............................................................................................................................... 116
Intestino Delgado .................................................................................................................. 121
Intestino Grosso .................................................................................................................... 123
Recto e Canal Anal................................................................................................................. 125
SISTEMA DIGESTIVO III: Fígado, Vesícula Biliar e Pâncreas....................................................... 126
Fígado .................................................................................................................................... 126
Sistema Biliar ......................................................................................................................... 131
Vesícula Biliar ........................................................................................................................ 132
Pâncreas ................................................................................................................................ 133
SISTEMA RESPIRATÓRIO............................................................................................................ 135
Fossas Nasais ......................................................................................................................... 135
4
Faringe ................................................................................................................................... 137
Laringe ................................................................................................................................... 137
Traqueia ................................................................................................................................ 137
Brônquios .............................................................................................................................. 139
Bronquíolos ........................................................................................................................... 139
Alvéolos ................................................................................................................................. 140
PADRÕES CITOQUÍMICOS ......................................................................................................... 143
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TECIDO EPITELIAL
Características
As células estão muito próximas e unidas por junções celulares.
Têm uma polaridade morfológica e funcional, apresentando três domínios: apical ou
livre, lateral e basal.
A superfície basal está unida a uma lâmina basal rica em proteínas e polissacarídeos.
Algumas células podem não ter um domínio apical livre, sendo por isso chamadas de
tecidos epitelióides (ex: células de Leydig, ilhéus de Langerhans, células luteínicas do ovário,
parênquima da glândula adrenal, lobo anterior da glândula pituitária).
Classificação
Os tecidos epiteliais são classificados de acordo com o número de camadas que os
constituem e de acordo com a forma das células da camada mais superficial.
Quanto ao número de camadas:
► Simples (uma só camada de células)
► Estratificado (duas ou mais camadas)
Podem ainda ser classificados pela especialização do domínio apical em: ciliados,
queratinizados, não queratinizados, etc.
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Simples Pavimentoso Endotélio
Mesotélio
Cápsula de Bowman
Cubóide Ductos das glândulas exócrinas
Superfície do ovário
Túbulos do rim
Folículos da tiróide
Cilíndrico Intestino delgado e cólon
Estômago
Vesícula biliar
Estratificado Pavimentoso Epiderme
Cavidade oral e esófago
Vagina
Cubóide Ductos das glândulas sudoríparas
Grandes ductos de glândulas exócrinas
Cilíndrico Grandes ductos de glândulas exócrinas
Categorias especiais
► Tecido epitelial pseudoestratificado – é aparentemente estratificado, mas
todas as células assentam na membrana basal. Ex: traqueia (com cílios),
epidídimo (com estereocílios).
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Domínios das células epiteliais
Livre/Apical – direccionado para o exterior ou para o lúmen das cavidades.
Lateral – comunica com as células adjacentes.
Basal – assenta na lâmina basal.
Microvilosidades (1 a 3 micrómetros)
São projecções em forma de dedo de luva que podem ser pequenas e desordenadas
ou compridas, uniformes e muito próximas. Têm como função aumentar a área de absorção da
célula e o seu número depende da capacidade absortiva da mesma.
No intestino, tomam o nome de prato estriado e, nos tubos renais, de bordadura em
escova. Em condições ideias de observação, é possível distinguir no prato estriado uma ténue
estriação paralela ao eixo maior das células. Nos tubos renais, as microvilosidades são menos
concentradas do que no intestino, daí terem adquirido o nome de bordadura em escova.
Ambas as estruturas estão associadas a uma desenvolvida glicocálix, podendo ser evidenciados
com corantes que demonstram glicoproteínas.
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No primeiro caso, os estereocílios são muito longos e semelhantes a microvilosidades.
Apresentam um núcleo de actina associado a fimbrina. Têm ainda α-actinina que faz a união
entre dois esterocílios e está presente também na rede terminal.
No ouvido interno, os estereocílios são muito sensíveis à vibração (são
mecanoreceptores). Estão organizados em feixes que vão aumentando de tamanho e formam
uma estrutura em forma de escada. Os filamentos de actina estão unidos por espina e não
apresentam α-actinina. Possuem um mecanismo de renovação constante através da adição de
monómeros de actina na extremidade positiva e na sua remoção na extremidade negativa.
Cílios
Os cílios podem ser:
Móveis
Primários (ou monocílios)
Nodais
A actividade dos cílios é baseada no movimento dos microtúbulos uns em relação aos
outros, o que é permitido pela dineína. O par central de microtúbulos têm quinesina que
provoca um movimento de rotação dos microtúbulos responsável pela regulação da interacção
da dineína com os restantes microtúbulos e pela coordenação do sentido do movimento.
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Os cílios primários/monocílios são imóveis devido à ausência de proteínas motoras e
do par de microtúbulos central (9+0). Movem-se passivamente devido à acção de fluidos e,
geralmente, está presente apenas um por célula. Recebem estímulos químicos, osmóticos,
luminosos e mecânicos e geram sinais que são transmitidos à célula. São essenciais no controlo
da divisão celular.
Estão localizados nas células epiteliais dos túbulos renais, nas células vestibulares do
ouvido e no tracto biliar.
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Claudinas 4 domínios transmembranares
Responsável por formar canais aquosos para a passagem de
pequenos iões
Tipos de transporte
► Transporte transcelular (transcitose) – tipo de transporte activo da membrana
apical para o citoplasma e do citoplasma para a membrana lateral (abaixo na
zonula ocludens) ou para a membrana basal.
Junções de adesão
São responsáveis pela adesão entre células através da ligação do citoesqueleto de
células adjacentes. Estão situadas abaixo da zonula ocludens e podem ser de dois tipos:
Zonula adherens (fazem a ligação dos filamentos de actina)
Macula adherens /desmossomas (fazem a ligação dos filamentos intermédios)
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A principal função deste tipo de junção é a estabilidade mecânica do epitélio,
impedindo que as células se separem quando sujeitas a certos tipos de forças, bem como o
reconhecimento célula-a-célula. Têm ainda um papel na morfogénese e diferenciação
celulares.
Proteínas envolvidas:
CAM (moléculas de adesão celular)
O domínio extracelular interage com os de CAM de células vizinhas. Esta interacção
pode ser de dois tipos: homotípica, se ocorrer entre CAMs do mesmo tipo, ou heterotípica, se
ocorrer entre CAMs de tipos diferentes.
O domínio intracelular está ligado ao citoesqueleto.
Estas moléculas estão envolvidas na comunicação, diferenciação e reconhecimento
celular, na apoptose, respostas imunitárias, etc.
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imunoglobulinas Existem vários tipos: ICAM (intercellular cell adhesion molecule), CCAM
(cell-cell adhesion molecule), VCAM (vascular cell adhesion molecule)…
Têm um papel na adesão celular, na metastização de tumores, na
angiogénese e nos processos inflamatórios.
Zonula Adherens
Formam um anel em volta da célula. São compostas por E-Caderina que está ligada, no
domínio intracelular, a catenina. O complexo E-caderina - catelina liga-se à vinculina e α-
catenina que por sua vez interagem com os filamentos de actina. O domínio extracelular está
ligado a cálcio, pelo que a remoção destes iões leva à dissociação da E-caderina.
No microscópio electrónico, o espaço intercelular é pouco denso. Abaixo da
membrana, é visível uma zona mais densa que corresponde aos complexos E-caderina -
catenina e às proteínas associadas.
Fascia adherens
São junções específicas do tecido muscular cardíaco que são semelhantes a zonula
adherens. Ao microscópio electrónico, apresentam um aspecto ondulado. Têm ZO-1.
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Junções comunicantes: gap junctions ou nexus
Permitem a passagem de moléculas entre células adjacentes através de um conjunto
de canais transmembranares e poros, sendo importantes em tecidos com actividade
coordenada. Ao microscópio electrónico, são pontos de contacto entre células vizinhas.
Os canais são formados por dois conexões, um em cada uma das células adjacentes.
Cada conexão é constituído por 6 subunidades de conexina, sendo que, no total, cada canal
tem 12 conexinas organizadas de forma circular.
A interacção entre as conexinas pode ser homotípica se as moléculas passam
igualmente nos dois sentidos ou heterotípica se as moléculas passam mais rápido num dos
sentidos.
Mutações nos genes das conexinas estão associados a surdez e cataratas.
Membrana basal
Não é visível em preparações de hemalúmen-eosina por ser muito fina e ficar corada
da mesma forma que o tecido conjuntivo adjacente (pode ser usada impregnação em prata). É
PAS-positiva, o que indica a presença de proteoglicanos. Forma uma camada mais escura e
muito fina entre o epitélio e o tecido conjuntivo.
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Conteúdo da lâmina basal:
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Junções célula-matriz
Mantêm a integridade da interface célula-matriz. Podem ser adesões focais (envolvem
os filamentos de actina) ou hemidesmossomas (envolvem filamentos intermédios). Existem
ainda, no domínio basal, proteínas transmembranares da família das integrinas que interagem
com a lâmina basal.
Adesões focais
Fazem a interacção entre a lâmina basal e os filamentos de actina.
As proteínas transmembranares envolvidas são as integrinas que interagem, no
domínio intracelular, com α-actinina, vinculina, etc. que estão ligadas à actina. No domínio
extracelular, ligam-se a glicoproteínas da lâmina basal, nomeadamente a laminina e a
fibronectina.
As adesões focais são a base para a migração celular e são importantes na conversão
de sinais mecânicos, provenientes do meio exterior, em sinais bioquímicos que afectam a
actividade da célula (crescimento, migração, diferenciação, etc.).
Hemidesmossomas
Estão presentes em epitélios sujeitos a forças abrasivais, como a córnea, pele, mucosa
da cavidade bucal, esófago e vagina.
São semelhantes ao desmossomas. Na porção intracelular, têm uma placa
citoplasmática composta por proteínas da família das desmoplaquinas (plectina, BP230,
erbina) que se ligam aos filamentos intermédios. As proteínas transmembranares são as
integrinas.
Invaginações
Aumentam a superfície da membrana basal, permitindo a presença de um maior
número de proteínas transportadoras e canais, sendo muito importantes em células com um
transporte activo de moléculas, como os túbulos renais e alguns ductos das glândulas salivares.
Ao microscópio óptico, apresentam um aspecto estriado devido ao facto de as
mitocôndrias se posicionarem numa posição vertical no meio das invaginações (a presença de
mitocôndrias é importante no fornecimento de energia para o transporte activo que ocorre ao
longo da membrana).
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Renovação Epitelial
O turn-over celular é característico de cada epitélio. A renovação de celular ocorre por
divisões sucessivas das células estaminais do epitélio que estão localizadas em nichos. As
novas células vão empurrando as que se situam em camadas suprajacentes.
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EPITÉLIO GLANDULAR
É um tipo de epitélio com função essencialmente secretora e que se diferenciam como
glândulas.
As glândulas endócrinas e exócrinas originam-se por crescimento e diferenciação de
botões celulares existentes nos epitélios de revestimento.
As glândulas podem ser de dois tipos:
► Endócrinas – o produto (hormonas) é secretado para a corrente sanguínea
directamente; não existem ductos excretores.
► Exócrinas – o produto é secretado no tecido conjuntivo ou epitelial através de
um sistema de ductos.
Glândulas exócrinas
Apresentam 3 mecanismos de secreção:
Classificação
As glândulas exócrinas podem ser unicelulares (ex: células caliciformes do intestino e
do tracto respiratório) ou multicelulares. Estas últimas podem ainda ser classificadas tendo em
conta as unidades secretoras (parênquima, ou seja, as células que produzem e libertam
substâncias) e os ductos excretores.
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► Mistas / tubuloalveolares (um tubo que termina numa dilatação em forma de
saco)
As secreções serosas são mais aquosas e ricas em proteínas. O núcleo das células é
redondo/oval, o citoplasma perinuclear é basófilo devido à abundância de retículo
endoplasmático rugoso e o citoplasma apical cora intensamente com eosina. Ex: pâncreas
exócrino.
No mesmo tecido, podem ser encontradas glândulas serosas e glândulas mucosas. Ex:
pâncreas, glândula parótida.
Glândulas Endócrinas
As moléculas secretadas podem actuar sobre células situadas longe do local de
secreção, sobre células vizinhas (acção parócrina) ou sobre a própria célula (autócrina).
Glândulas Mistas
Apresentam, simultaneamente, compartimentos endócrinos e exócrinos. Ex: pâncreas,
fígado.
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TECIDO CONJUNTIVO
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Denso irregular Grande quantidade de colagénio cujas Submucosa dos órgãos
fibras estão dispostas em várias ocos (como o tracto
direcções, o que confere ao tecido intestinal) onde permite a
elevada resistência mecânica sua distensão
Células são escassas e geralmente Pele, onde se chama
apenas estão presentes fibroblastos camada reticular da
Pouca MEC derme
Os tendões são estruturas que fazem a ligação entre os músculos e os ossos. Entre os
feixes de colagénio existem tendinócitos, que são fibroblastos com um aspecto estrelado. Os
tendões estão revestidos por uma camada de tecido conjuntivo no qual as fibras estão menos
organizadas. Prolongamentos desta camada dividem o tendão em feixes e contêm os vasos e
nervos responsáveis pela sua vascularização e inervação.
Os ligamentos são estruturas menos organizadas do que os tendões e são
responsáveis por ligar dois ossos. Alguns possuem mais fibras elásticas e menos colagénio pelo
que são chamados de ligamentos elásticos.
As aponevroses são constituídas por várias camadas de fibras e, em cada uma delas, as
fibras estão organizadas de forma paralela. Entre camadas vizinhas, as fibras formam ângulos
de 90º. Este tipo de arranjo está presente também na córnea, sendo responsável pela sua
transparência.
Colagénio
É o composto mais abundante. As suas fibras são muito flexíveis e têm elevada
resistência à tensão. Coram com eosina e outros corantes ácidos.
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As fibras de colagénio são constituídas por fibrilhas (subunidades) que se associam
“cabeça com cauda”. A resistência é causada pelas ligações covalentes entre moléculas de
feixes diferentes.
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Biossíntese de colagénio
Eventos intracelulares:
► Síntese de hélices-alfa no REr na forma de cadeias pro-α que apresentam longos
domínios carboxilo e amina.
► No lúmen do REr, sofrem várias modificações:
Remoção da sequência sinal da extremidade amina.
Hidroxilação dos resíduos de prolina e lisina. Este processo requer ácido
ascórbico (vitamina C) pois na sua ausência não se formam pontes de
hidrogénio.
Glicolização dos resíduos de lisina.
Formação da tripla hélice (excepto nas extremidades).
Formação de pontes de H e dissulfito intra e inter-cadeia.
Estabilização da cadeia por chaperones (hsp47) que previnem a formação de
agregados.
► O produto final é o pro-colagénio que é excretado
Eventos extracelulares:
► Remoção das extremidades amina e carboxilo por peptidases.
► Formação de fibrilhas por fibrilhogénese.
► Formação de ligações covalentes entre lisina e hidroxilisinas de cadeias diferentes.
Degradação do colagénio
Ocorre por duas vias principais: degradação proteolítica e degradação fagocítica.
A degradação proteolítica ocorre pela acção de metaloproteínases de matriz (MMP)
que são sintetizadas por fibroblastos, células epiteliais e células cancerígenas. As MMPs
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incluem: colagenases (degradam os tipos I, II, III e X), gelatinases (degradam colagénio
desnaturado, laminina, fibronectina e elastina), estromalisinas (degradam proteoglicanos e
fibronectina), MMPs de membrana (produzidas por células cancerígenas), etc.
Geralmente, a estrutura em tripla hélice é resistente à degradação. A actividade das
MMPs pode ser inibida por inibidores específicos para estas enzimas, podendo vir a ser de
elevada importância no tratamento do cancro.
Fibras Reticulares
São compostas por colagénio tipo III (colagénio reticular), têm cerca de 20nm de
diâmetro e não coram com hemanlúmen-eosina. São PAS-positivas o que indica a presença de
grupos de glícidos.
Estão presentes no tecido conjuntivo em contacto com epitélios e rodeiam
adipócitos, pequenos vasos sanguíneos, nervos e células musculares. São ainda encontrados
em tecidos embrionários e nos primeiros estádios de reparação de tecidos e formação de
tecido cicatrizado, onde vai sendo substituído progressivamente por tipo I. Estão também
presentes nos tecidos hematopoiéticos e linfóides, nomeadamente no timo. Nestes tecidos,
são produzidos por células especiais, as células reticulares, que envolvem as fibras e as isolam
de outros componentes.
As fibras reticulares são geralmente produzidas por fibroblastos, excepto nos nervos
onde são produzidas pelas células de Schwann, na túnica média dos vasos e no músculo liso do
tubo digestivo.
Fibras Elásticas
São produzidas por fibroblastos e por células musculares lisas.
Possuem um núcleo de elastina e uma rede de microfibrilhas de fibrilina. A elastina
é rica em prolina e lisina e é hidrofóbica. A fibrilina-1 é uma glicoproteína que forma
microfibrilhas de 10-12nm de diâmetro e que permite a organização da elastina em fibras. A
sua ausência está associada à síndrome de Marfan caracterizada por uma elevada elasticidade
da pele.
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As fibras elásticas formam uma extensa rede tridimensional e entrelaçam-se com o
colagénio, limitando a distensão do tecido e impedindo que este “rasgue”.
Estas fibras estão presentes nas cordas vocais e algumas artérias.
Matriz Extracelular
A matriz extracelular é uma rede que rodeia e suporta as células presentes no tecido
conjuntivo. Contém, além do colagénio, das fibras reticulares e das fibras elásticas, uma
grande variedade de proteoglicanos, glicosaminoglicanos e glicoproteínas não-colagenosas
(fibronectina e laminina). Estes três últimos componentes formam a substância fundamental
da matriz extracelular.
Substância fundamental
É uma substância viscosa e límpida que, no microscópio óptico, tem uma aparência
amorfa. Nas preparações de hemalúmen-eosina, a substância fundamental é perdida, pelo que
só as células e fibras são visíveis.
Os glicosaminoglicanos são o composto mais abundante. São formados por uma longa
cadeia não ramificada constituída por dissacáridos (N-acetilgalactosamina ou N-
acetilglicosamina e ácido urónico). São sintetizados sob a forma de proteoglicanos e sofrem,
posteriormente, modificações. Estão carregados negativamente devido aos grupos sulfato e
carboxilo, o que faz com que tenham a capacidade de atrair água e formar um gel que permite
a difusão rápida de moléculas.
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O ácido hialurónico é um glicosaminoglicano com algumas características especiais:
tem uma cadeia muito longa, consegue deslocar maiores quantidades de água, é sintetizado
por proteínas de membrana pelo que não sofre modificações após a tradução, não contém
sulfatos e não forma proteoglicanos. Estes, ao interagirem com o ácido hialurónico através de
proteínas específicas, formam agregados. É muito abundante na cartilagem conferindo-lhe
maior capacidade para resistir a choques e é um bom isolante devido à dificuldade que as
moléculas têm em difundir-se através dele.
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Fibroblastos
Responsáveis pela síntese de colagénio, fibras reticulares e fibras elásticas,
proteoglicanos, glicoproteínas, etc.
Quando corados com hemalúmen-eosina só o núcleo é visível. Têm uma forma
alongada ou em forma de disco. No microscópio electrónico, é possível ver o REr e o complexo
de Golgi bem desenvolvidos devido à elevada síntese proteica.
Se a preparação for feita durante uma fase de crescimento activo ou reparação de
tecido, os fibroblastos activados são maiores e mais basófilos devido ao aumento do REr.
Miofibroblastos
São alongados e possuem feixes de filamentos de actina associados a proteínas
motoras que atravessam a célula e lhe conferem capacidade contráctil. O local onde se ligam à
membrana chama-se fibronexus e serve é semelhante às adesões focais. Ao microscópio
electrónico, apresentam simultaneamente características de fibroblastos (REr e complexo de
Golgi abundantes) e de músculo liso (membrana nuclear irregular devido à contracção). No
entanto, contrariamente às células musculares lisas, não apresentam lâmina basal e estão
geralmente isoladas, podendo contactar com outros miofibroblastos através de gap junctions.
Macrófagos
São derivados de monócitos – células sanguíneas que migram para os tecidos e se
diferenciam.
É possível identificá-los ao microscópio devido à presença de um núcleo em forma de
rim, lisossomas abundantes, material ingerido por fagocitose e numerosas invaginações e
projecções.
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Têm um importante papel na resposta imunitária. Apresentam à superfície um
conjunto de proteínas específicas – o complexo maior de histocompatibilidade II (MHC II). O
MHC permite a interacção com linfócitos CD4+. Quando os macrófagos fagocitam um
microrganismo, mostram à superfície os seus antigénios. Caso estes sejam reconhecidos pelos
linfócitos T, é desencadeada uma resposta imunitária. Devido a esta capacidade, são
denominadas células apresentadoras de antigénio (APC).
As células de Langhans são conjuntos multinucleados de macrófagos que fagocitam
grandes organismos.
Mastócitos
Células grandes e ovóides, com núcleo esféricos e citoplasma com grânulos que coram
com azul de toluidina porque contêm heparina (proteoglicano). Têm pouco REr, poucas
mitocôndrias e complexo de Golgi pouco desenvolvido.
Desenvolvem-se de células estaminais hematopoiéticas. Circulam no sangue na forma
de agranulócitos e, ao migrarem para os tecidos, produzem os grânulos. Possuem receptores
para as imunoglobulinas E, pelo que a ligação destas aos mastócitos desencadeia a libertação
dos grânulos e a consequente resposta alérgica.
Estão presentes na vizinhança de vasos sanguíneos (excepto no SNC para que o
cérebro e a medula estejam protegidos de eventuais reacções alérgicas), nos folículos
capilares, nas glândulas sudoríparas e sebáceas e no timo e órgãos linfóides (excepto o baço).
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Basófilos
São formados na medula óssea e libertados na corrente sanguínea. Secretam as
mesma substâncias que os mastócitos (excepto interleucina-5 e prostaglandina D2).
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TECIDO CARTILAGÍNEO
Cartilagem Hialina
A matriz extracelular é amorfa e possui lacunas, pequenos espaços onde estão
situados os condrócitos. Possui uma capacidade de regeneração muito limitada e é o precursor
de ossos que de desenvolvem por ossificação endocondral.
Composição
Colagénio (15%)
Tipo II (principalmente)
Tipo XI (regula o tamanho das fibrilhas)
Tipo X (organização tridimensional)
Tipo IX (interage com os proteoglicanos)
Tipo VI (presente à superfície dos condrócitos)
Proteoglicanos (9%)
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A substância fundamental contém 3 tipos de glicosaminoglicanos: ácido hialurónico,
condroitino sulfato e queratano sulfato. Estes dois últimos estão unidos a uma proteína para
formar um proteoglicano. Cada molécula de ácido hialurónico está ligada a vários
proteoglicanos, formando agregados carregados negativamente entre as fibrilhas de colagénio
que atraem moléculas de água.
Água (60-80%)
A água confere à cartilagem resistência e capacidade de resposta a variações da
pressão e permite a difusão de substâncias importantes para a nutrição dos condrócitos.
Condrócitos
Os condrócitos estão agrupados na cartilagem em grupos isógenos que correspondem
a células que se dividiram recentemente. À medida que vão produzindo matriz extracelular,
vão-se afastando.
Os condrócitos secretam, além das proteínas que compõem a matriz,
metaloproteinases que são responsáveis pela sua degradação.
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► Complexo de Golgi mais pequeno;
► Elevado número de gotículas de lípidos;
► Então “encolhidos” devido à perda do conteúdo lipídico e glicogénico durante
a preparação.
Pericôndio
Tecido conjuntivo denso composto por células semelhantes a fibroblastos que envolve
a cartilagem hialina, excepto nas superfícies articulares e nas superfícies onde ela contacta
com o osso. É constituído por duas camadas: uma camada mais externa fibrosa e uma mais
interna celular que origina condrócitos (é condrogénica).
A cartilagem articular pode ser divida em 4 camadas (de superficial para profundo):
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Zona Superficial Muito resistente à pressão.
Condrócitos muito numerosos e achatados rodeados por colagénio
tipo II disposto em feixes paralelos
Cartilagem Elástica
A matriz extracelular é semelhante à da cartilagem hialina mas possui também fibras
elásticas, apresentando por isso propriedades elásticas. Está rodeada por pericôndio, cora com
orceína e não calcifica.
Fibrocartilagem
É constituída por tecido conjuntivo denso regular e por cartilagem hialina.
Os condrócitos encontram-se dispersos entre as fibras, podendo ser solitários ou estar
reunidos em grupos isógenos. Os núcleos são arrendondados e existe menor quantidade de
matriz extracelular. Não existe pericôndio. São visíveis alguns núcleos alongados que não
pertencem a condrócitos mas sim a fibroblastos.
Este tipo de cartilagem é muito resistente à compressão e absorve os choques.
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Menisco do joelho
Alguns locais onde o tendão se une ao osso
Condrogénese
O processo de desenvolvimento dos condrócitos inicia-se por agregação de células
mesenquimais (ou ectomesenquimais da crista neural, no caso das cartilagens da cabeça). A
expressão do factor de transcrição SOX-9 diferencia estas células em condroblastos, que são
responsáveis pela segregação da matriz. Quando um condroblasto está completamente
rodeado por matriz extracelular passa a chamar-se condrócito.
As células mesenquimais que rodeiam os pontos de condrogénese originam o
pericôndio que envolve a cartilagem.
A regulação do processo de condrogénese é feita por proteínas da matriz extracelular,
por receptores nucleares, por moléculas de adesão, por factores de transcrição e por forças
biomecânicas exercidas sobre estas células.
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Reparação da Cartilagem Hialina
A cartilagem é incapaz de se regenerar devido à ausência de vascularização, à
imobilidade dos condrócitos e à sua limitada capacidade de divisão.
A regeneração só ocorre se a lesão afectar apenas o pericôndio. Nesta situação, a
reparação é feita por células pluripotentes localizadas neste tecido mas poucas células
cartilagíneas são produzidas. A reparação ocorre principalmente por produção de tecido
conjuntivo denso.
A reparação de cartilagem é feita por deposição de colagénio tipo I e formação de
cicatriz. Desenvolvem-se geralmente vasos sanguíneos na zona afectada que estimulam a
formação de tecido ósseo.
A cartilagem hialina é susceptível à calcificação em zonas que estão em contacto com o
osso nas articulações, no processo de ossificação endocondral e ao longo do envelhecimento.
35
Identificação Histológica
36
TECIDO ÓSSEO
O tecido ósseo é uma forma especializada de tecido conjuntivo cuja matriz extracelular
se encontra mineralizada (o fosfato de cálcio encontra-se na forma de cristais de
hidroxiapatita). Tem como função o suporte e protecção dos órgãos, a inserção de músculos e
a reserva de cálcio e fósforo para a manutenção da homeostase do cálcio.
37
Periósteo
É uma cápsula que envolve os ossos, excepto nas superfícies articulares. Possui duas
camadas: uma externa fibrosa e uma interna celular com células osteoprogenitoras e que é
pouco definida nos ossos em crescimento.
É constituída por fibras de colagénio paralelas à superfície do osso e está fixo a este
pelas fibras de Sharpey (colagénio).
Endósteo
É uma camada de células que reveste as trabéculas do tecido esponjoso. Contem
células osteoprogenitoras, achatadas e muito alongadas, que se diferenciam em osteoblastos e
osteoclastos.
Classificação
38
Os osteócitos emitem prolongamentos situados em canalículos que ligam o canal
central às lacunas adjacentes.
Células osteoprogenitoras
Diferenciam-se de células mesenquimais. A sua diferenciação em osteoblastos ocorre
através da expressão do factor de transcrição CBFA-1 (core binding factor alpha-1).
Estão localizadas na superfície interna e externa do osso compacto e têm uma forma
achatada, núcleo ovóide e são pouco coradas.
Osteoblastos
São células secretoras das proteínas que constituem a matriz.
39
Osteócitos
Funções: Manutenção da matriz
Mecanotransdução
Síntese e degradação da matriz
Manutenção da homeostase do cálcio
Bone-Lining Cells
São as células presentes à superfície do osso e que formam o periósteo e o endósteo.
Têm como função o suporte nutricional dos osteócitos e a regulação dos movimentos de cálcio
e fosfato. Têm prolongamento que penetram nos canalículos.
Osteoclastos
São células multinucleadas localizadas em locais onde o osso está a ser removido,
dentro das lacunas de Howship. São acidófilos e têm uma reacção forte para a fosfatase ácida
devido ao elevado número de lisossomas. Derivam de células progenitoras de
granulócitos/macrófagos.
40
2. Clear zone Porção de citoplasma adjacente à bordadura em escova
Local onde ocorre a reabsorção e degradação da matriz
Tem muitos filamentos de actina arranjados em forma
de anel à volta da célula
A membrana adjacente tem moléculas de adesão
responsáveis por unir o plasma à matriz calcificada
Descalcificação e Reabsorção
Para iniciar a dissolução da matriz óssea é necessário fazer a acidificação da superfície
do osso. Os osteoclastos têm anidrase carbónica II que produz ácido carbónico a partir de
dióxido de carbono e água. O ácido carbónico por sua vez dissocia-se em bicarbonato e H+.
Estes protões são transportados para o exterior da célula por bombas de protões situadas na
membrana da bordadura em escova (ao mesmo tempo são transportados também iões cloreto
para manter a electroneutralidade). O ph desce para cerca de 4 ou 5. O bicarbonato em
excesso é removido por troca com iões cloreto na região basolateral.
Este ambiente ácido inicia a degradação do osso em iões cálcio, fosfato inorgânico e
água. Os osteoclastos libertam então vesículas com enzimas hidrolíticas (como
metaloproteinases) que degradam o colagénio e as restantes proteínas da matriz. Os produtos
degradados são absorvidos pelos osteoclastos.
Quando a reabsorção está completa, os osteoclastos entram em apoptose.
Ossificação
41
Ossificação Intramembranosa
Na 8ª semana de gestação, as células mesenquimais agrupam-se me locais específicos
e diferenciam-se em células osteoprogenitoras que expressam o factor CBFA-1. O novo tecido
torna-se mais vascularizado.
O citoplasma das células osteoprogenitoras torna-se basófilo e surge uma área não
corada que corresponde ao complexo de Golgi. Nesta fase, passam a chamar-se osteoblastos.
Estes secretam colagénio e outras proteínas de matriz. A matriz é mais densa do que o
mesênquima envolvente. Os osteoblastos vão-se separando e originam osteócitos. A matriz
calcifica e as espículas formadas vão aumentando de tamanho por crescimento aposicional até
se formar o osso.
Ossificação Endocondral
Na 12ª semana de gestação, as células mesenquimais agregam-se e diferenciam-se em
condroblastos por expressão dos factores de transcrição FGF (fibroblast growth factor) e BMP
(bone morphogenic protein). Os condroblastos produzem matriz cartilagínea e originam um
modelo cartilagíneo que aumenta de tamanho por crescimento aposicional e intersticial. As
células do pericôndio na região central da cartilagem originam osteoblastos e o tecido
conjuntivo adjacente torna-se funcionalmente em periósteo.
Nos ossos longos, forma-se uma camada de osso por ossificação intramembranosa na
diáfise que se denomina colar periostal.
Os condrócitos na região central da cartilagem ficam hipertróficos e sintetizam
fosfatase ácida que provoca a calcificação da matriz cartilagínea, levando à morte dos
condrócitos e à confluência das lacunas. Estes espaços são invadidos por vasos sanguíneos e
por células mesenquimais que se diferenciam em células osteoprogenitoras. Algumas células
estaminais hematopoiéticas acompanham os vasos e formam posteriormente a medula óssea.
Quando as células osteoprogenitoras entram em contacto com as espículas de cartilagem
calcificada originam osteoblastos que depositam osteóide, formando um centro de ossificação
primário (local onde se inicia a formação de osso na diáfise).
42
Crescimento do Osso
Em cada extremidade da diáfise, forma-se uma placa de cartilagem epifisária que
apresenta várias zonas (da mais distal para a mais proximal do ponto de ossificação primário):
43
A cavidade da medula óssea aumenta por reabsorção de osso ao nível da superfície do
endósteo.
Mineralização
A ligação do Ca2+ à osteocalcina da matriz leva ao aumento da sua concentração local.
Este aumento da concentração de cálcio estimula os osteoblastos e produzir fosfatase ácida
que aumenta a concentração de fosfato. Este por sua vez aumenta ainda mais a concentração
de Ca2+. O fosfato de cálcio acaba por cristalizar e deposita-se sob a forma de cristais de
hidroxiapatite.
Homeostase do Cálcio
A concentração fisiologia de cálcio situa-se entre 8,9 e 10,1 mg/dL.
A regulação da sua concentração é feita principalmente por duas hormonas com
efeitos contrários:
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Calcitonina (hormona da glândula Diminui os níveis de cálcio no sangue (inibe o efeito da
tiroideia) PTH)
45
TECIDO ADIPOSO
O tecido adiposo é um tipo de tecido conjuntivo especializado constituído por
adipócitos e que desempenha um importante papel na homeostase energética.
Existem dois tipos: tecido adiposo branco e o tecido adiposo castanho.
46
abundante. Como a gotícula de lípidos é única, estas células são denominadas adipócitos
uniloculares.
47
O mecanismo a longo prazo é controlado pela leptina, pela insulina, pela hormona da
tiróide, por glicocorticóides e por homonas da glândula pituitária. A insulina promove a síntese
lipídica pois estimula a produção de enzimas (sintase de ácidos gordos, acetil-CoA carboxilase)
e inibe a degradação de lípidos. A glucagina e a hormona do crescimento da glândula
pituitária, pelo contrário, estimulam a lipólise, bem como a norepinefrina.
Diferenciação
Os adipócitos do tecido adiposo castanho diferenciam-se de células mesenquimais por
expressão de factores de transcrição específicos que estimulam a síntese de UCP-1 (uncoupling
protein) que é essencial no metabolismo lipídico. O gene UPC-1 é também activado pela
norepinefrina.
48
SANGUE
É um tecido conjuntivo fluido que circula no sistema cardiovascular. É constituído por
células e plasma e tem como funções:
► Transporte de oxigénio e nutrientes para as células
► Transporte de dióxido de carbono e produtos de excreção das células
► Transporte de hormonas e substâncias reguladores
► Manutenção da homeostase
► Participação nos processos de coagulação e termorregulação
► Transporte de agentes do sistema imunitário.
Plasma – constituição
49
Fibrinogénio Síntese: fígado
No processo de coagulação, origina a fibrina, uma proteína insolúvel que
forma uma rede impermeável que previne a perda de sangue.
Células do sangue
As células do sangue incluem:
► Eritrócitos / glóbulos vermelhos
► Leucócitos /glóbulos brancos
► Plaquetas / trombócitos
Eritrócitos
São células anucleadas e praticamente sem organelos. São responsáveis pelo
transporte de oxigénio e dióxidos de carbono. Têm um diâmetro de 7,8μm e a forma de um
disco bicôncavo que maximiza a área de contacto da membrana com os gases e a
hemoglobina. Os eritrócitos têm uma grande capacidade de deformação.
O seu tempo de vida é de aproximadamente 120 dias. Após este período a maioria é
fagocitada por macrófagos na medula, baço e fígado e os restantes são destruídos na corrente
sanguínea e libertam hemoglobina.
Coram uniformemente com eosina devido à presença de hemoglobina.
Constituição da membrana:
Lípidos
Proteínas de membrana Domínio extracelular glicolizado
(glicoforina C, banda 3) Expressam antigénios específicos
A banda 3 liga-se ao citoesqueleto e à hemoglobina
Proteínas periféricas Formam uma rede na face citoplasmática da membrana
(espectrina, actina, banda São principalmente proteínas do citoesqueleto
50
4.1 e 4.9, tropomiosina) Conferem propriedades elásticas ao eritrócito e são
responsáveis pela sua forma
Hemoglobina
É a proteína que faz o transporte dos gases. É constituída por 4 cadeias polipéptidicas
(α, β, γ, δ) cada uma delas ligada a um grupo heme com ferro.
Existem vários tipos de hemoglobinas (Hb):
HbA 96%
α2 β2
HbA2 1,5-3%
α2 δ2
HbF Presente no feto
Tem maior afinidade para o oxigénio
α2 δ2
Leucócitos
Os leucócitos apresentam uma linhagem mielóide (neutrófilos, eosinófilos, basófilos e
monócitos) e uma linhagem linfóide (linfócitos).
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Neutrófilos
São o tipo de leucócitos mais numeroso e são maiores do que os eritrócitos.
Apresentam um núcleo multilobulado que é constituído por 2 ou 3 lobos unidos por
pontes de cromatina. Esta está organizada de forma a que a heterocromatina esteja em
contacto com o invólucro nuclear e a eucromatina esteja concentrada no centro do núcleo.
Nas mulheres, geralmente apresentam o corpúsculo de Bahr, que é um apêndice num
dos lóbulos que corresponde ao cromossoma x condensado.
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Eosinófilos
Têm o memo tamanho dos neutrófilos. O núcleo é bilobulado.
Funções:
► Envolvidos em reacções alérgicas e inflamatórias. São activados por
interacção com IgG e IgA. A libertação da aryl-sulfatase e da histaminase
neutraliza a histamina e circunscreve o processo inflamatório.
► Eliminação de parasitas
► Destruição dos complexos antigénio-anticorpo.
Basófilos
Grânulos secundários Muito basófilos (cor muito escura) devido ao elevado teor de
sulfato
Grandes
Cobrem o núcleo
Contêm: heparina (anticoagulante), histamina (vasodilatador),
condroitino sulfato, IL-4, IL-13
Quando corados com azul de toluidina o corante muda para
vermelho
53
A membrana tem receptores Fc para anticorpos IgE e CD40L que interage com os
linfócitos B levando ao aumento da produção de IgE. Libertam heparina que causa edema,
inchaço e vasodilatação.
As suas funções são semelhantes às dos mastócitos: libertam agentes vasoactivos e
estão envolvidos nas reacções alérgicas. Ambos derivam das mesmas células progenitoras. No
entanto, os mastócitos são maiores e contêm serotonina e 5-hidroxitriptamina.
Agranulócitos
Estas células apenas têm grânulos azurófilos (lisossomas) e o seu núcleo é redondo e
não-lobulado.
Linfócitos
Constituem 20-30% do total de leucócitos. Estão presentes tanto no sangue como na
linfa e podem ser: pequenos, médios ou grandes (linfócitos activados e linfócitos NK).
Linfócitos inactivos Pequenos
Núcleo esférico, muito corado (pode ter incisuras)
Poucos organelos
Citoplasma pálido basófilo
Razão núcleo/citoplasma elevada
Tipos de linfócitos:
54
CD8+ (citotóxicos) – são os efectores primários;
secretam linfocinas e perforinas que levam à lise das
células infectadas.
Monócitos
São os leucócitos de maior tamanho. Migram da medula para os tecidos e
diferenciam-se em células fagocíticas (macrófagos, osteoclastos, células de Kupffer do fígado,
microglia…). O núcleo tem incisuras onde se localizam os organelos, têm pequenos grânulos
azurófilos e possuem maior quantidade de citoplasma do que os linfócitos.
O monócito-macrófago é uma célula apresentadora de antigénio com um importante
papel na resposta imunitária.
55
Plaquetas/Trombócitos
São células derivadas de megacariócitos, células com vários conjuntos de
cromossomas que desenvolvem projecções citoplasmáticas que vão fragmentando a célula e
originam as plaquetas.
O citoplasma é granular e tem uma cor púrpura.
56
Processo de coagulação
Libertação de serotonina
(vasoconstritor),
Adesão plaquetária no
tromboxane A2
local da lesão
(agregação plaquetária) e
factores de coagulação
Hematopoiese
É um processo contínuo que faz a manutenção do número de células em circulação no
sangue periférico. Ocorre na medula vermelha e nos órgãos linfóides (timo, baço).
No desenvolvimento fetal, a primeira fase da hematopoiese ocorre na terceira semana
de gestação com a formação de ilhotas hematopoiéticas no saco vitelino. No segundo
trimestre, desenvolve-se o fígado e o baço e, no 7º mês, é formada a medula óssea.
57
Progenitor de
megacariócitos/eritrócitos
Neutrófilos
CPM
Eosinófilos
Progenitor de
Basófilos
granulócitos/monócitos
Monócitos
Células dendríticas
Eritropoiese
IL-3, IL-4
eritropoieitina Progenitor de GATA-1
CPM megacariócitos/eritrócito Pro-eritroblasto
s
Pro-eritroblasto Grande
Núcleo esférico com nucléolo
Citoplasma basófilo devido aos ribossomas
Por mitoses origina eritoblastos basófilos
58
fragmentos (corpos de Howell-Jolly)
Granulopoiese
Progenitor de
neutrófilos
Progenitor de Progenitor de
CPM granulócitos/monócito basófilos
s
Progenitor de
eosinófilos
Fases:
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Pró-mielócito Grânulos azurófilos (é a única células onde ocorre a sua produção)
Monopoiese
Monoblasto Volumoso
Basófilo
Desenvolvimento progressivo do RE e complexo de Golgi
60
Circulam durante 3 dias no sangue e migram por diapedese para os tecidos de modo
aleatório.
Linfopoiese
Dois estágios precursores: linfoblasto e pró-linfócito.
Há uma diminuição progressiva do tamanho da célula. Os linfócitos B amadurecem na
medula e os linfócitos T amadurecem no timo. Ambos se deslocam posteriormente para os
órgãos/tecidos linfóides secundários.
Trombopoiese
Medula Óssea
É constituída por vasos sanguíneos em unidades especializadas, os sinusóides, e por
células hematopoiéticas. Os sinusóides são formados por endotélio simples pavimentoso,
lâmina basal e uma camada incompleta de células adventícias que enviam prolongamentos e
fazem o suporte das células sanguíneas.
61
As funções da medula são a hematopoiese, o armazenamento de ferro e a remoção
dos eritrócitos senescentes.
O estroma é constituído por fibroblastos, células reticulares, macrófagos, adipócitos
(energia) e MEC (colagénio tipo I e III, fibronectina, laminina, proteoglicanos).
O parênquima é formado pelas células hematopoiéticas.
62
TECIDO MUSCULAR
Classificação:
► Músculo estriado:
o Visceral – presente nos tecidos moles (faringe, língua, esófago)
o Esquelético – está ligado ao osso; é responsável pelo movimento, manutenção
da postura e movimentos oculares (músculos extra-oculares)
o Cardíaco – presente na parede do coração e base dos grandes vasos.
► Músculo liso: presente nas vísceras, sistema vascular, músculos intrínsecos do olho e
no musculus erector pili.
Músculo Esquelético
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Tipos de músculo esquelético
O músculo é frequentemente classificado de acordo com a sua cor em fibras
vermelhas, brancas e intermédias.
Actualmente, a classificação é baseada na velocidade de contracção, na velocidade
enzimática da ATPase da miosina e no perfil metabólico, através de reacções que detectam a
actividade das enzimas NADH-TR e succinato desidrogenase.
64
Miofibrilhas e miofilamentos
Fibra Fascículo/
Miofilamentos Miofibrilhas Músculo
muscular Feixe
Miofilamentos
São polímeros de miosina II e actina, associados a proteínas. Estão rodeados pelo
retículo sarcoplasmático que está associado a glicogénio e mitocôndrias.
Numa preparação de hemalúmen-eosina, observam-se dois tipos de bandas: bandas A,
mais escuras e que representam o comprimento dos filamentos de miosina II; bandas I, mais
claras, que contêm apenas actina. Estas bandas são atravessadas por outras de grande
densidade, nomeadamente os discos Z (atravessam as bandas I - são o local de ancoragem dos
filamentos de actina) e as bandas H (atravessam as bandas A). Estas últimas são ainda
atravessadas pelas bandas M.
Na contracção, o sarcómero (região localizadas entre dois discos Z consecutivos) e as
bandas I e H diminuem de tamanho e a banda A mantém-se igual.
Filamentos de Actina
São constituídos por actina-G, tropomiosina e troponina.
A actina-G é um polímero de actina-F e tem uma estrutura em dupla-hélice. Apresenta
polaridade: tem uma extremidade positiva ligada aos discos Z e uma extremidade negativa que
se dirige à linha M.
A tropomiosina situa-se no espaço compreendido entre duas actinas-F.
Por último, a troponina é constituída por 3 subunidades globulares:
Troponina-C (TnC) – liga-se ao Ca2+
Troponina-T (TnT) – liga-se à tropomiosina
Troponina-I (TnI) – liga-se à actina.
Miosina II
É constituída por 4 cadeias leves, que incluem cadeias essenciais e reguladoras, e por 2
cadeias pesadas, cada uma das quais apresenta uma cabeça globular que se liga
simultaneamente à actina e ao ATP (apresenta uma ATPase).
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Proteínas acessórias:
► Titina – ancoragem da actina aos discos Z.
► Alfa-actinina – forma os feixes paralelos de actina e faz a ancoragem aos discos z.
► Nebulina – está ligada aos discos Z e auxilia a alfa-actinina; principal modelo que
regula a forma e compriment dos filamentos de actina.
► Tropomodulina – está ligada à porção livre da actina e regula o seu tamanho.
► Desmina – liga os discos Z entre si e ao sarcolema.
► Miomesmina e proteína C – liga as miosinas entre si ao nível da linha M.
► Ditrofina – liga a laminina (presente no exterior da membrana) aos filamentos de
actina.
Desenvolvimento e Renovação
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Músculo Cardíaco
Reparação
No músculo cardíaco, as células danificadas são substituídas por tecido conjuntivo,
havendo perda de tecido cardíaco. Apenas uma ínfima percentagem de células apresenta
capacidade de se dividir.
Músculo Liso
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Os filamentos finos são constituídos por actina, tropomiosina e duas proteínas
específicas do músculo liso dependentes de cálcio. Não existe troponina.
Os filamentos espessos são constituídos por miosina II, que, ao contrário do que
acontece no músculo estriado, apresenta as cabeças globulares orientadas para cada lado do
filamento (“side polar”).
Contracção Muscular
Músculo esquelético
Envolve várias etapas:
1. A cabeça de miosina está ligada à actina e o ATP está ausente (rigor mortis)
2. O ATP liga-se à miosina, pelo que a afinidade desta para a actina diminui e a
miosina “solta-se”.
68
3. Ocorre a desfosforilação do ATP a ADP e Pi, que permanecem ligados à miosina.
Este processo leva a uma torção da cabeça de miosina.
4. A miosina liga-se de forma fraca à actina. O Pi liberta-se, pelo que a afinidade entre
as duas moléculas aumenta. A cabeça de miosina, ao voltar à posição inicial, leva à
geração da força responsável pela contracção.
Músculo Cardíaco
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Músculo liso
As células do músculo liso possuem invaginações, as cavéolas, que têm uma função
semelhante aos túbulos T.
O aumento da concentração de iões cálcio activa a MLCK que fosforila e cadeia leve da
miosina levando à contracção das fibras. É necessária a presença de ATP.
No músculo liso, a hidrólise do ATP ocorre a 10% da velocidade a que ocorre no
músculo estriado, levando a uma contracção mais lenta, porque a cabeça de miosina fica
ligada durante mais tempo à actina.
A contracção pode propagar-se como uma onda pelo tecido, como nos movimentos
peristálticos do tracto gastrointestinal, ou pode ocorrer simultaneamente em todo o tecido.
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Identificação Histológica
71
TECIDO NERVOSO
O Neurónio
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Ex: maioria dos neurónios motores e interneurónios
Dendrites
Recebem a informação de outros neurónios ou do meio envolvente e transportam-na
até ao corpo celular. São amielinizadas e têm maior diâmetro do que os axónios. Geralmente,
terminam em várias ramificações a que se dá o nome de árvore dendrítica. O citoplasma é
semelhante ao perinuclear.
Axónio
Envia a informação do corpo celular para outros neurónios ou células efectoras.
Apenas um por neurónio. Tem origem ao nível do cone de implantação, que se situa perto do
corpo celular, e não possui corpúsculos de Nissl. Entre o cone a o início da bainha de mielina
existe uma porção do axónio denominada segmento inicial. O axónio termina numa dilatação,
o botão terminal.
As moléculas são transportadas do corpo celular para o axónio através de transporte
axonal.
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Quanto ao comprimento dos axónios relativamente à árvore dendritica, os neurónios
podem ser classificados em:
Golgi tipo I O axónio é maior do que as dendrites
Sinapse
Junções especializadas entre neurónios que facilitam a transmissão de impulsos entre
um neurónio pré-sináptico e um neurónio pós-sináptico. Podem ser classificadas
morfologicamente em:
Neurónio pré-sináptico
Possui inúmeras vesículas sinápticas com neurotransmissores que se fundem com a
membrana, libertando do seu conteúdo na fenda sináptica. A membrana adicionada por esta
fusão é removida posteriormente por formação de vesículas revestidas por clatrina.
No microscópio electrónico, é possível visualizar uma densidade pré-sináptica que
corresponde ao local onde as vesículas estão ancoradas e onde são libertados os
neurotransmissores.
74
Fenda sináptica
Espaço com 20-30 nm que separam os dois neurónios.
Neurónio pós-sináptico
Tem receptores de membrana específicos para os neurotransmissores.
No microscópio, é visível uma densidade pós-sináptica que representa proteínas com
várias funções, nomeadamente a tradução da ligação receptor-neurotransmissor num sinal
intracelular, a ancoragem de outras proteínas, etc.
Transmissão sináptica
A despolarização da membrana do neurónio leva à abertura dos canais de Ca2+ do
botão terminal do axónio. O fluxo destes iões provoca a fusão das vesículas sinápticas com a
membrana e a consequente libertação dos neurotransmissores na fenda sináptica. Este
libertação pode ocorrer também por porocitose (forma-se um canal ou poro entre a vesícula e
a membrana).
Os neurotransmissores atravessam a fenda sináptica ligam-se ao receptores pós-
sinápticos levando, por exemplo, à despolarização da membrana por abertura de canais
iónicos.
As acções pós-sinápticas geradas dependem dos receptores a que os
neurotransmissores se ligam. Assim, as sinapses podem ser excitatórias se os
neurotransmissores (ex: acetilcolina, serotonina, glutamina) provocam a abertura dos canais
de Na+ e a despolarização da membrana, ou inibitórias se os neurotransmissores (ex: glicina)
abrem canais de Cl- que hiperpolarizam (tornam mais negativa) a membrana, o que dificulta a
geração de um potencial de acção.
Neurotransmissores
75
(estão associados à proteína G que leva a abertura de canais de K+
que causam hiperpolarização das membranas e uma consequente
diminuição da frequência cardíaca).
► Receptores Ach nicotínicos – existem no músculo esquelético e
estão associados a canais de Na+.
Transporte Axonal
A síntese proteica ocorre exclusivamente no corpo celular porque é o único local do
neurónio onde se encontram as mitocôndrias necessárias para fornecer energia ao processo.
Após a síntese, as proteínas (neurotransmissores, principalmente) são transportadas até ao
axónio por transporte axonal.
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Este transporte pode ser:
Anterógrado Corpo celular → Periferia
Proteína motora: quinesina
Neuroglia
No sistema nervoso periférico, a neuroglia é constituída por células de Schwann,
células satélite e algumas células associadas a órgãos específicos (ex: células de Müller na
retina).
77
A bainha de mielina isola o axónio do compartimento extracelular e permite a
condução rápida dos impulsos eléctricos. Está ausente ao nível das dendrites e do cone de
implantação.
Mielinização
Ocorre a formação de um mesaxónio por invaginação de um axónio numa célula de
Schwann. O mesaxónio gira sobre o axónio e envolve-o em camadas concêntricas de
membrana e citoplasma. As primeiras camadas não são compactas mas o citoplasma vai sendo
extrudido à medida que se formam mais camadas. Podem existir alguns locais onde o
citoplasma permanece, nomeadamente: a camada mais interna entre o axónio e a mielina, as
incisuras de Schimdt-Lanterman (porção de citoplasma entre duas camadas consecutivas; tem
lisossomas, corpos densos e pode ter mitocôndrias), o citoplasma perinodal e a camada mais
externa da bainha.
O número de camadas é determinado pelo axónio e a espessura da bainha de mielina
é determinada por um factor de crescimento, NGR1 (neuregulin), expresso no axolema
(membrana da célula) e que actua sobre as células de Schwann.
Entre duas células de Schwann há um espaço amielinizado, o nódulo de Ranvier, que
permite a condução saltatória do impulso nervoso. O espaço entre dois nódulos chama-se
internódulo.
78
Células Satélite
São células cubóides que envolvem o corpo celular. Têm como funções a manutenção
do meio envolvente, o isolamento eléctrico e as trocas metabólicas. Estão presentes nos
gânglios (onde se agrupam os corpos celulares dos neurónios).
Em preparações de hemalúmen-eosina, só é visível o núcleo.
Astrócitos
São células derivadas da neuroectoderme. Podem ser de dois tipos:
Protoplasmáticos Predominantes na substância cinzenta
Prolongamentos pequenos e numerosos
Oligodendrócitos
Fazem a produção da bainha de mielina no SNC. São células pequenas com menos
prolongamentos do que os astrócitos. Cada oligodendrócito projecta vários prolongamentos
79
em forma de língua que envolvem uma porção do axónio e formam um segmento internodal.
O núcleo pode estar muito afastado do neurónio.
Microglia
São células fagocíticas activadas em regiões onde correm danos. Pertencem ao
sistema mononuclear fagocitário do SNC e têm origem em células progenitoras de
granulócitos que invadem o SNC pelo sistema vascular.
O núcleo destas células é pequeno e alongado e, ao microscópio electrónico, são
visíveis alguns prolongamentos, lisossomas e vesículas.
Epêndima
Camada de células cubóides simples que revestem as cavidades do SNC (ventrículos e
canal raquidiano). Não são um epitélio porque a lâmina basal está ausente. O domínio basal
tem invaginações que interagem com os astrócitos adjacentes e o domínio apical possui
microvilosidades e cílios que fazem a absorção do líquido céfalo-raquidiano.
Ao nível dos ventrículos, fazem a produção de líquido céfalo-raquidiano e estão
associados a vasos sanguíneos, formando o plexo coroideu.
80
Origem das células nervosas
Organização do SNP
O corpo celular dos neurónios encontra-se no SNC ou em gânglios periféricos. Os
gânglios espinhais contêm os corpos celulares dos nervos sensitivos, das raízes posteriores dos
nervos espinhais e das fibras sensitivas dos nervos cranianos (V, VII, VII, IX e X). Os gânglios
pré-vertebrais, terminais e para-vertebrais têm os corpos celulares dos nervos motores do
SNA.
81
substâncias.
Pode ter uma ou mais camadas de células (características das células:
pavimentosas, lâmina basal em ambos os lados, contrácteis, possuem
filamentos de actina).
Células unidas por tight junctions.
Contém fibroblastos e alguns macrófagos.
Têm características de músculo liso (células contrácteis) e de tecido
epitelióide (lâmina basal e tight junctions).
Organização do SNA
O sistema nervoso autónomo conduz os impulsos involuntários para o músculo liso e
cardíaco e para as glândulas. É constituído por neurónios pseudounipolares cujo corpo celular
se encontra em gânglios e um dos prolongamentos é central enquanto o outro é periférico.
Os neurónios motores são normalmente acompanhados por neurónios sensitivos que
transmitem as sensações de dor até ao SNC.
O impulso do SNC é transmitido para os efectores viscerais por dois neurónios,
havendo uma sinapse ao nível dos gânglios autónomos (onde estão localizados os corpos
celulares dos neurónios pós-sinápticos) entre um neurónio pré-sináptico e 2 ou mais neurónios
pós-sinápticos.
82
actua directamente sobre efector enquanto que a adrenal medula liberta as substâncias na
circulação sanguínea.
83
Os núcleos dos neurónios e da neuroglia são envolvidos por um conjunto de axónios e
dendrites que forma o neurópilo.
A medula é uma estrutura cilíndrica que continua o tronco cerebral. Está dividida em
31 segmentos, estando cada um deles ligado a dois nervos espinhais.
Raiz anterior
Segmento Nervo Ramo anterior
da medula espinhal
Raiz posterior
Ramo posterior
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subaracnoideu e contém líquido céfalo-raquidiano e vasos sanguíneos. A pia mater é uma
camada muito fina.
Barreira Hemato-Encefálica
Forma-se muito cedo no desenvolvimento embrionário por contacto dos astrócitos
com as células endoteliais dos capilares. A barreira é formada por tight junctions entre as
células endoteliais e uma lâmina basal contínua que, em conjunto, formam vasos sanguíneos
impermeáveis. Os pés perivasculares dos astrócitos fazem a manutenção da barreira e da
homeostase, pois possuem canais de água que fazem a drenagem em caso de edema. Mantêm
ainda os níveis fisiológicos de potássio e libertam factores que aumentam as propriedades da
barreira e o conteúdo proteico das tight junctions.
O oxigénio, o dióxido de carbono e alguns lípidos conseguem atravessar livremente a
barreira. Pelo contrário, substâncias como a glicose, aminoácidos, nucleósidos e vitaminais
têm de ser transportadas activamente.
A membrana das células endoteliais possui enzimas que fazem a destruição de
metabolitos neurotóxicos.
Ao nível do 3º e 4º ventrículos, esta barreira está ausente para permitir que o SNC
tenha informações relativamente às substâncias em circulação no sangue e que não
atravessam os vasos capilares.
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A degeneração a montante chama-se degeneração traumática. O núcleo move-se para
a periferia do neurónio, número de corpúsculos de Nissl diminui e pode ainda ocorrer a
destruição do corpo celular.
A degeneração dos neurónios é sempre acompanhada de atrofia muscular.
86
SISTEMA CARDIOVASCULAR
Coração
As paredes do coração são constituídas por 3 camadas (de externo para interno):
epicárdio, miocárdio e endocárdio.
Epicárdio
É a camada visceral do pericárdio. É constituído por uma camada única de células
mesoteliais (epitélio simples pavimentoso) e tecido conjuntivo e adiposo.
Miocárdio
É o músculo cardíaco. É mais espesso ao nível dos ventrículos e tem uma fraca
capacidade de regeneração.
É constituído por:
► Células musculares de função contráctil – nas aurículas têm menos túbulos T,
menor diâmentro e libertam o péptido natriurético auricular que é libertado
em resposta ao estiramento e actua no rim estimulando a diurese e,
consequentemente, diminuindo a pressão arterial.
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PAS-positivas (muito glicogénio)
Citoplasma homogéneo com H&E
Mais resistentes à hipoxia
Não têm túbulos T
Endocárdio
Epitélio simples pavimentoso que recobre as cavidades do coração. Possui uma
camada subendotelial de tecido conjuntivo denso e fibras musculares lisas e uma camada
subendocárdica de tecido conjuntivo que tem as fibras de condução e que se continua com o
tecido conjuntivo do miocárdio.
Válvulas
As válvulas são constituídas por 2 camadas:
► Fibrosa – é a camada central de tecido conjuntivo denso irregular;
► Esponjosa – reveste a anterior de ambos os lados; constituída por tecido
conjuntivo laxo com fibras elásticas que conferem resistência às válvulas.
Artérias e Veias
São constituídas por 3 túnicas que variam consoante o tipo de artéria e de veias e que
são, do lúmen para o exterior:
Entre as túnicas íntima e média existe, por vezes, uma lâmina elástica interna
constituída por material elástico fenestrado. Entre as túnicas média e adventícia pode existir
uma lâmina elástica externa constituída por fibras reticulares, elastina e proteoglicanos.
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Endotélio
É um tecido epitelial simples pavimentoso que recobre o lúmen dos vasos.
Funções:
► Barreira selectiva – é permeável a moléculas pequenas e lipossolúveis; as
restantes passam por transporte activo mediado por receptores ou através das
fenestras.
► Manutenção de uma barreira não-trombogénica através da libertação de
anticoagulantes e substâncias anti-trombogénicas.
► Modulação do fluxo sanguíneo e resistência vascular - secreção de
vasodilatadores (NO) e vasoconstritores (prostaglandina).
► Regulação da resposta imunitária – controla da interacção dos linfócitos com a
superfície endotelial (secreção de interleucinas e receptores específicos).
► Síntese de factores de crescimento e inibidores de crescimento.
Artérias
Podem ser de três tipos: elásticas (grande calibre), musculares (calibre médio) e
arteríolas (pequeno calibre).
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O factor de von Willebrand acumula-se nos corpos de Weibel-Palade
Existem organelos com selectina-P que faz o reconhecimento
neutrófilo-endotélio
Túnica média É a mais espessa
Tem elastina na forma de lamelas fenestradas e concêntricas que
aumentam de número com a idade e em indivíduos com pressão
arterial elevada
As fibras musculares lisas têm núcleos alongados e estão envolvidas por
lâmina basal
Não tem fibroblastos
Entre as fibras musculares existe colagénio e proteoglicanos
Túnica adventícia Camada de colagénio e fibras elásticas (mais desorganizada) – tecido
conjuntivo denso
Tem: fibroblastos, macrófagos, linfáticos, nervos, vasa vasorum
Artérias musculares
Fazem a distribuição do sangue segundo as necessidades do organismo. Possuem mais
tecido muscular e menos material elástico na túnica média.
Arteríolas
Fazem o controlo do fluxo que chega aos capilares por vasoconstrição e vasodilatação.
90
Túnica média Uma ou duas camadas de células musculares lisas
Núcleos arredondados
Túnica adventícia Muito fina
Funde-se com o tecido conjuntivo adjacente
Capilares
Estes vasos não possuem camada muscular nem adventícia – são constituído apenas
por uma camada de células endoteliais que se apoiam numa lâmina basal.
Podem ser de três tipos: contínuos, fenestrados ou descontínuos.
Capilares contínuos
As células estão unidas por junções de oclusão, formando uma camada contínua.
A lâmina basal é também contínua.
Estão associados a perícitos ou células de Rouget: têm prolongamentos que envolvem
os capilares, a lâmina basal é contínua com a do endotélio, tem capacidade contráctil e o
núcleo é grande. Tem função de suporte, estabilidade e de transmissão de sinais químicos e
mecânicos. São regulados pelo NO e podem originar células endoteliais durante e
angiogénese.
Locais: SNC, pulmões e músculos.
Capilares fenestrados
A lâmina basal é contínua, mas existem fenestras entre as células. Estas fenestras
podem ter diagrama (intestino, glândulas endócrinas, tubos renais) ou não (glomérulos renais).
Presentes em locais com elevada troca molecular como o rim e o intestino.
91
pelos capilares. Possuem um esfíncter pré-capilar que permite ou impede a passagem do
sangue.
As derivações artério-venosas fazem também a comunicação entre arteríolas e
vénulas e a sua contracção envia o sangue para os capilares. Estas derivações funcionam como
termorreguladores da pele e estão presentes no tecido eréctil do pénis.
A actividade do músculo liso é regulada pelo SNA, por hormonas, pela concentração de
oxigénio, dióxido de carbono, nutrientes e ácido láctico.
Veias
As veias podem ser divididas em vénulas (que podem ser pós-capilares ou musculares)
e em veias de pequeno, médio e grande calibre.
No geral, as veias têm um lúmen maior do que as artérias e paredes mais finas.
Possuem válvulas semilunares que resultam de projecções da túnica íntima e que são
constituídas por uma camada de tecido fibroelástico rodeado de ambos os lados por endotélio.
Vénulas pós-capilares
São constituídas por endotélio e lâmina basal. São o local de acção dos agentes
vasoactivos (heparina, serotonina) que levam à migração dos leucócitos. Estão associados a
perícitos que comunicam com o endotélio por gap junctions.
Vénulas musculares
A túnica média tem 1 ou 2 camadas de músculo e a túnica adventícia é muito fina.
92
Estas fibras estão dispostas longitudinalmente e não circularmente como acontece nos
restantes vasos.
Linfáticos
Os linfáticos fazem o transporte unidireccional da linfa até aos vasos sanguíneos. Esta
passa por gânglios linfáticos que fazem a sua filtragem.
Os capilares linfáticos têm paredes muito finas e com lâmina basal descontínua, o que
lhes confere grande permeabilidade. Têm uma camada subendotelial de colagénio IV e VI.
Os vasos maiores são constituídos por fibras musculares lisas e possuem válvulas
semelhantes às das veias mas a camada central possui reticulina.
O fluido move-se ao longo dos vasos por contracção dos músculos envolvente.
O sistema linfático está presente em todos os tecidos excepto: SNC, cartilagem, osso,
medula, timo, placenta, córnea e dentes.
93
Identificação Histológica
Aorta (H&E):
Túnica íntima:
o Colagénio eosinófilo (cor-de-rosa mais escuro)
o Núcleos alongados de células musculares lisas
o Endotélio + tecido conjuntivo laxo
Túnica média:
o O material elástico não é visível
o Colagénio muito eosinófilo – aspecto ondulado
o Núcleos das fibras musculares corados de azul-arroxeado
Túnica adventícia:
o Tecido conjuntivo denso (aspecto mais compacto)
o Núcleos de fibroblastos
o Alguns vasos sanguíneos
o Muito corado
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Artéria muscular (H&E):
Lamina elástica interna – é a zona mais clara entre o endotélio e o tecido conjuntivo
As fibras musculares da túnica média têm núcleos alongados
Vénulas (H&E):
Camada muito fina de endotélio (núcleos alongados) e tecido conjuntivo
Lúmen de cor rosa claro e grande
Linfáticos (H&E):
Endotélio e tecido conjuntivo indistinguíveis
Válvulas: têm células endoteliais nas duas faces
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Linfáticos (Método de Mallory):
Rodeados por tecido conjuntivo denso corado a azul
Núcleos das células a cor-de-rosa
Podem aparecer vénulas com células sanguíneas no lúmen.
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SISTEMA IMUNITÁRIO
Linfócitos NK
5 a 10% dos linfócitos circulantes. Durante o desenvolvimento são programados para
atacar antigénios específicos. Libertam perforinas que induzem a apoptose celular. Expressam
CD16a, CD56 e CD94.
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MHC (Complexo Maior de Histocompatibilidade)
São moléculas específicas (glicoproteínas) de uma célula ou tecido que são expressas à
sua superfície.
O MHC I está presente em todas as células nucleadas e nas plaquetas. Mostram à
superfície fragmentos dos péptidos sintetizados pela célula e apresentam-nos aos linfócitos T
CD8+.
O MHC II é expresso apenas as células apresentadoras de antigénio (APC) que
apresentam os fragmentos de péptidos estranhos ao organismo aos linfócitos T CD4+.
As APC incluem as células que fazem parte do sistema mononuclear fagocítico
(macrófagos, células de Kupffer, células de Langerhans, células dendríticas) e as células
retículo-epiteliais de tipo II e III.
Órgãos Linfóides
Podem ser divididos em órgãos linfóides primários (medula óssea e timo) e
secundários (gânglios, folículos linfóides, gânglios linfáticos, amígdalas, baço, etc). Estes
últimos são responsáveis pela diferenciação dos linfócitos para um antigénio específico e pela
activação das células de memória.
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Centro germinativo Na zona central
Está corado menos intensamente devido ao facto de os
linfócitos se encontrarem em divisão pelo que a sua
cromatina está descondensada
Possui linfoblastos, plasmoblastos, células dendríticas
foliculares
A sua presença indica uma resposta imunitária
Amígdalas Palatinas
Tecido linfóide parcialmente encapsulado situado na entrada na orofaringe. Estão
cobertas por epitélio estratificado pavimentoso em continuidade com o da mucosa. Este
epitélio forma invaginações, as criptas palatinas, cujas paredes podem ser invadidas por
folículos linfóides nalgumas zonas. Têm uma cápsula de tecido conjuntivo denso que separa o
epitélio dos linfócitos. Não têm vasos aferentes, apenas eferentes.
As amígdalas palatinas formam com as amígdalas linguais, faríngeas e tubárias o anel
de Waldeyer.
Gânglios linfáticos
São órgãos linfóides secundários encapsulados. Têm uma função de filtragem da linfa.
O estroma é constituído por uma cápsula de tecido conjuntivo denso que origina
trabéculas (invaginações que invadem os gânglios) e por um retículo de células e fibras
reticulares que fazem a sustentação do tecido linfóide. As células reticulares produzem
colagénio tipo III e emitem prolongamento que envolvem essas fibras e as isolam.
Podem estar presentes células dendríticas, macrófagos e células dendríticas
foliculares. Estas últimas possuem vários prolongamentos entre os linfócitos B ao nível dos
centros germinativos que interagem com os complexos antigénio-anticorpo, sendo capazes de
apresentar o antigénio à sua superfície durante longos períodos de tempo.
99
Estrutura do parêquima:
Córtex É a porção mais externa, imediatamente abaixo da cápsula
Grande densidade de linfócitos
Apresenta folículos linfóides primários ou secundários de linfócitos B
apenas no córtex superficial
Entre a medula e o córtex superficial existe uma área sem folículos –
paracórtex
Filtração
Os vasos aferentes e as vénulas de endotélio alto drenam nos seios sub-capsulares
(entre a cápsula e o córtex). Daí, a linfa segue o seguinte trajecto:
Os seios são constituídos por epitélio contínuo na porção em contacto com a cápsula e
epitélio descontínuo em contacto com o parênquima.
100
Timo
Órgão linfóide primário situado no mediastino anterior, à frente dos grandes vasos,
responsável pela maturação dos linfócitos T. Desenvolve-se da endoderme da 3ª e 4ª bolsas
faríngeas por invaginações da porção ventral da 3ª bolsa que se fundem na linha média. Tem
um desenvolvimento máximo na infância, a partir da qual inicia um processo de involução (o
tecido linfóide é substituído por tecido adiposo, principalmente ao nível do córtex).
É constituído por 2 lobos. Está envolvido por uma cápsula de tecido conjuntivo denso
que invagina e forma trabéculas. A cápsula contém os vasos eferentes, nervos, fibroblastos,
células sanguíneas, mastócitos, macrófagos, etc.
O parênquima é constituído por um córtex e por uma medula.
O córtex é muito basófilo, sendo muito corado com H&E, e possui uma grande
densidade de linfócitos T que se vão dividindo e aproximando da medula, bem como
mastócitos que fazem a fagocitose dos linfócitos mal maturados. A medula possui menos
linfócitos e cora menos intensamente (os núcleos dos linfócitos são mais claros e têm uma
maior quantidade de citoplasma).
101
Tipo VI São os Corpúsculos de Hassal (existem apenas no timo, sendo uma
forma muito fácil de identificar o órgão)
Conjunto de células retículo-epiteliais arranjadas de forma
concêntrica
Núcleos achatados
Têm um papel na diferenciação dos linfócitos
Barreira hemato-tímica
Constituída por endotélio contínuo com junções de oclusão e lâmina basal associado a
perícitos (ou células de Rouget) e a macrófagos (fagocitam antigénios que atravessem a
barreira). Existem ainda as células retículo-epiteliais de tipo I.
Educação tímica
Ocorre por estímulo de IL-4, IL-7 e interferão γ.
Na primeira fase, os linfócitos são duplamente negativos, não expressam CD4 nem
CD8 (CD2+ e CD7+). Depois, passam numa fase de duplo positivo (CD4+, CD8+, CD3+, TCR). As
células retículo-epiteliais tipos II e III apresentam-lhe então antigénios próprios e estranhos.
Caso o linfócitos não os reconheça, sofre apoptose; caso reconheça, é dirigido para a medula.
Nesta fase ocorre, assim, uma selecção positiva.
Na medula, ocorre então a selecção negativa: se os linfócitos reagirem contra o MHC
(ou seja, contra as próprias células do organismo) são eliminados; caso sejam funcionais,
diferenciam-se então em linfócitos CD4+ e CD8+ e são enviados para a circulaçao sanguínea.
Baço
Tal como acontece nos outros órgaos, é envolvido por uma cápsula que forma
trabéculas. Esta cápsula possui miofibroblastos que conferem ao baço uma capacidade
contráctil que lhes permite libertar eritrócitos (esta propriedade tem elevada importância
noutras animais).
102
A polpa branca possui tecido linfóide. Com H&E, é basófila devido à heterocromatina
dos linfócitos. Uma das característica desta zona é a presença de artérias centrais (ramos da
artéria esplénica) que estão rodeadas por uma bainha linfóide peri-arterial constituída por
células B e algumas células T dispersas. Quando se forma um centro germinativo em volta da
artéria central e esta se situa no centro do mesmo, o folículo linfóide secundário chama-se
corpúsculo de Malpighi. À medida que a maturação decorre, a artéria vai ocupando uma
posição mais periférica e o folículo deixa de ter esse nome.
A polpa vermelha é rica em glóbulos vermelhos. Possui sinusóides separados pelos
cordões esplénicos ou cordões de Billroth que constituiem o estroma (têm fibras reticulares).
Os sinusóides são formados por células endoteliais muito alongadas com poucos pontos de
contacto. A lâmina basal é descontínua.
Circulação esplénica
Das artérias centrais, o sangue passa para as arteríolas peniciladas (na polpa vermelha)
e destas para capilares. Daqui, o sangue sai para o espaço entre os cordões de Billroth e é
exposto a macrófagos que fazem a sua “limpeza” e volta a entrar para os sinusóides. Esta
circulação é do tipo aberta, porque o sangue sai dos vasos e volta a entrar.
Funçoes do baço
O baço desempenha funçoes imunológicas e hematopoiéticas.
103
SISTEMA DIGESTIVO I: cavidade oral e estruturas associadas
Cavidade Oral
A cavidade oral é revestida por três tipos de mucosas:
Mucosa de revestimento. Existe ao nível dos lábios, pavimento bucal, gengiva, palato
mole e superfície ventral da língua. O epitélio é geralmente não-queratinizado e é constituído
por três camadas: stratum basale (camada única de células sobre a lâmina basal), stratum
spinosum (várias camadas de células) e stratum superficiale (camada mais superficial da
mucosa). A submucosa é constituída por colagénio e fibras elásticas, por glândulas salivares
acessórias ao nível da língua, lábios e bochechas e pode ainda ter glândulas sebáceas
associadas a folículos capilares e que se chamam Fordyce spots. Não existe submucosa na face
inferior da língua.
104
Lábio
O epitélio queratinizado da pele muda para epitélio estratificado pavimentoso
paraqueratinizado ou não-queratinizado, característico da mucosa oral. Apresenta três
regiões:
Cutânea
De transição (zona Ligeiramente queratinizado (ainda apresenta stratum
vermelha do lábio) granulosum)
Muito vascularizado e inervado
O tecido conjuntivo penetra no epitélio (pode ter
corpúsculos de Meissner)
Glândulas sudoríparas e sebáceas ausentes
Mucosa oral Epitélio mais espesso
O stratum granulosum desaparece e passam a ser visíveis
núcleos achatados à superfície
Língua
O músculo estriado da língua está organizado em feixes dispostos em três planos e
cada um deles está orientado em sentido perpendicular em relação aos outros. Esta
organização é exclusiva da língua e confere-lhe elevada flexibilidade e precisão de
movimentos.
A face dorsal é dividida pelo sulco terminal que tem a forma de um v aberto para a
frente. Anteriormente, existem 4 tipos de papilas:
Filiformes Mais pequenas e numerosas
Projecções cónicas e alongadas de tecido conjuntivo coberto
por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado
O vértice aponta para trás
Não tem corpúsculos gustativos
Função mecânica: aumentar a fricção entre o alimento e a
língua
105
Fungiformes Forma de cogumelo
Maiores do que as filiformes
Têm corpúsculos gustativos no epitélio estratificado
Corpúsculos gustativos
São corpos ovais e pouco corados na espessura do epitélio, associados a fibras
nervosas também pouco coradas. Estendem-se até ao limite superior da cartilagem cricoideia.
Apresentam uma abertura na porção superior, o poro gustativo. São constituídos por três
tipos de células:
Células neuroepiteliais Mais numerosas
Alongadas em toda a espessura do corpúsculo
Têm microvilosidade na parte apical
106
Contactam com outras células e com células de suporte
por tight junctions (na parte apical)
Na base, sinapsam com neurónios aferentes do VII, IX e X
pares cranianos
Células de suporte São semelhantes às neuroepiteliais mas não fazem
sinapse com os neurónios
Células basais Pequenas células situadas na porção basal do corpúsculo
São células estaminais precursoras dos outros dois tipos
celulares cujo tempo de vida é de 10 dias
Paladar
As substâncias químicas contidas nos alimentos interagem com receptores localizados
nas células neuroepiteliais que reconhecem essas substâncias e enviam informações para o
cérebro, onde estas são reconhecidas como o gosto. Existem cinco estímulos básicos: doce,
salgado, amargo, ácido e umami (umami é uma palavras de origem japonesa que significa
"gosto saboroso e agradável, delicioso”). A acção molecular das substâncias químicas inclui a
passagem através de canais iónicos, o encerramento desses mesmos canais ou a interacção
com um receptor específico associado à proteína G.
O amargo, o doce e o umami são detectados por uma variedade de receptores
codificados pelos genes T1R e T2R que interagem com a proteína G.
No caso do ácido, o gosto é gerado por protões que se formam por hidrólise de
compostos ácidos. Estes protões bloqueiam os canais de potássio responsáveis por criar o
potencial de acção que causa a despolarização da membrana e entram nas células
neuroepiteliais, o que activa o canais de Ca2+ sensíveis à voltagem. O fluxo de cálcio gera um
potencial de acção nas células nervosas associadas aos corpúsculos gustativos.
No caso do salgado, o Na+ entra nas células neuroepiteliais por canais iónicos o que
causa a despolarização da membrana e a activação de canais de sódio e cálcio, levando à
estimulação das fibras nervosas.
Dentes
Os dentes são essenciais no processo de digestão.
107
São constituídos por uma porção projectada acima da gengiva (a coroa), e por uma ou
mais raízes que ocupam os alvéolos maxilares. A região de transição é o colo. Os dentes
possuem tecidos moles (a polpa que preenche a cavidade pulpar, a membrana periodontal
entre o cemento e o osso, e a gengiva) e tecidos duros (o esmalte, a dentina e o cemento).
Esmalte
O esmalte é a substância mais dura do organismo. É um tecido mineralizado, não
celular, que cobre a coroa dos dentes. Uma vez formado não pode ser substituído. É
constituído por hidroxiapatita (96-98%), a forma cristalizada do fosfato de cálcio.
É constituído por estruturas alargadas e hexagonais, os prismas do esmalte. Os cristais
de esmalte estão orientados de forma paralela ao eixo maior do prisma. Este possui estrias, as
linhas de Retzius, que evidenciam um crescimento rítmico do esmalte.
Cemento
É uma camada produzida por cementócitos (células localizadas na superfície do
cemento) que cobre a raiz dos dentes. É avascular.
Dentina
É um tecido calcificado com cerca de 70% de cálcio (mais do que no osso). É secretada
por odontoblastos que formam uma camada única de células cilíndricas que contorna a
cavidade pulpar. Estas células produzem a matriz orgânica da dentina, constituída por
glicoproteínas e colagénio.
É secretada, primeiro, sobre a forma de pré-dentina (forma não mineralizada).
Ligamento periodontal
É uma estrutura fibrosa que une o cemento ao osso alveolar e o dente à gengiva e
dentes vizinhos. É formando por tecido conjuntivo denso. As fibras de colagénio (fibras de
Sharpey) projectam-se da matriz do cemento e penetram na matriz do osso. É muito
vascularizada e enervada.
108
Glândulas Salivares
Existem três glândulas salivares major de cada lado: a parótida, a submaxilar e a
sublingual. Existem ainda algumas glândulas menores localizadas na submucosa da língua,
lábios e palato.
Unidade secretora
As glândulas estão envolvidas por uma cápsula (excepto as menores) cujos septos as
dividem em lobos e lóbulos. Cada unidade secretora é formada pelo ácino, por um ducto
intercalar e por um ducto excretor. Os ácinos são estruturas em forma de saco constituídos
por células secretoras. Nas glândulas salivares, estes ácinos podem ser serosos, mucosos ou
mistos.
Ácinos serosos Células piramidais com domínio basal mais largo e domínio
apical (virado para o lúmen) mais estreito
REr, ribossomas e complexo de Golgi desenvolvidos
Grânulos zimogénicos (contêm as secreções) localizados no
domínio apical
Em preparações de H&E, o domínio basal cora com
hematoxilina devido ao REr e aos ribossomas e a região
apical cora com eosina devido aos grânulos
109
original. Na verdade, as células serosas e mucosas estão
intercaladas umas com as outras.
Canais excretores
Ductos
intralobulares Ductos
Ductos principais
(intercalados e interlobulares
estriados)
Parótida
As glândulas parótidas estão localizadas de cada lado, abaixo e à frente do pavilhão
auricular. São tubulo-alveolares compostas, exclusivamente serosas. Possuem ductos
estriados muito desenvolvidos. Apresenta uma grande quantidade de tecido adiposo, o que
110
permite fazer a sua distinção das restantes glândulas salivares. É atravessada pelo nervo facial.
O canal excretor principal é o canal de Sténon e abre-se entre o 1º e o 2º molares, no vestíbulo
bucal superior.
Submaxilar
As glândulas submaxilares estão localizadas de cada lado do pavimento bucal e
classificam-se como tubulo-alveolares compostas. São predominantemente serosas, mas
apresentam alguns ácinos mucosos com crescentes serosos. Os ductos estriados são menos
desenvolvidos. O canal excretor principal é o canal de Wharton que se abre no freio da língua.
Sublingual
Estão situadas anteriormente às submaxilares. São predominantemente mucosas, mas
apresentam alguns crescentes serosos. O ductos intercalares e estriados são curtos e a
unidade secretora pode ser tubular e não apenas acinar/alveolar. Os vários ductos excretores
abrem-se, geralmente, no pavimento bucal.
Saliva
As glândulas salivares produzem cerca de 1,200mL de saliva por dia, uma secreção
aquosa hipotónica que desempenha uma grande variedade de funções:
► Lubrificação da mucosa oral
► Dissolução de substância presentes nos alimentos que estimulam os
corpúsculos gustativos
► Digestão do amido, principalmente (possui amilase)
► Controlo das bactérias da mucosa oral através da lisozima, da lactoferrina e de
IgA
► Importante no desenvolvimento dos dentes devido ao conteúdo em cálcio e
fosfato.
111
Caso a secreção de saliva seja estimulada pelo sistema nervoso parassimpático, a
secreção é mais rica em água. Caso seja estimulada pelo sistema nervoso simpático, o
conteúdo é mais rico em proteínas.
112
SISTEMA DIGESTIVO II: Esófago e Tracto Gastrointestinal
O canal alimentar tem a forma de um tubo vazio de diâmetro variável com a mesma
organização estrutural básica em todo o seu comprimento. A parede do tracto gastrointestinal
é formada por 4 camadas que são, do lúmen para a parte mais externa: mucosa (com a lâmina
própria e a camada muscular da mucosa – muscularis mucosae), submucosa, muscular
própria e serosa (que inclui, nos locais onda a parede está unida a outras estruturas, uma
camada adventícia).
Mucosa
O epitélio varia ao longo do tubo digestivo de acordo com as funções específicas de
cada zona. A mucosa tem 3 funções principais:
113
Na lâmina própria, constituída por tecido conjuntivo de sustentação (laxo), estão
presentes as glândulas mucosas e capilares fenestrados que permitem a absorção. Está ainda
associado o tecido linfóide responsável pela barreira imunológica e que é constituído por
tecido linfóide difuso, nódulos linfáticos e eosinófilos, macrófagos e, por vezes, neutrófilos. No
conjunto, os primeiros dois formam o gult-associated lymphatic tissue (GALT). No íleon,
existem as placas de Peyer que ocupam quase toda a mucosa e lâmina própria.
A camada muscular da mucosa é a porção mais profunda desta camada e consiste em
células musculares lisas orientadas numa camada superficial longitudinal e numa camada
profunda circular. A sua contracção é independente dos movimentos peristálticos.
Submucosa
Esta camada contém os vasos sanguíneos de maiores dimensões, vasos linfáticos e os
plexos nervosos. Estes contêm fibras sensoriais de origem simpática, gânglios terminais
parassimpáticos e fibras nervosas parassimpáticas pré e pós-ganglionares. A porção
parassimpática destes plexos constitui o sistema nervoso entérico que pertence ao SNA e que,
na submucosa, toma o nome de Plexo de Meissner. A sua principal função é a inervação das
células musculares lisas do tracto alimentar e pode funcionar de forma independente do SNC.
114
Serosa e Adventícia
A serosa é uma membrana constituída por tecido epitelial simples pavimentoso (o
mesotélio). Pode conter tecido adiposo. Algumas partes do tubo digestivo não têm serosa
(partes do intestino em contacto com a parede abdominal e que estão unidas a esta pela
adventícia).
Esófago
O esófago estende-se ao longo do pescoço e do mediastino e encaminha o bolo
alimentar da boca para o estômago. Num corte transversal, o lúmen está normalmente
colapsado e tem uma aparência irregular devido à presença de pregas longitudinais. Quando o
bolo alimentar passa pelo esófago, o lúmen distende.
115
Adventícia e serosa Recorberto em quase toda a extensão pela adventícia, excepto no
curto trajecto após a entrada na cavidade abdominal.
Transição Cárdio-Esofágica
Ocorre, ao nível da transição entre o esófago e o estômago, uma mudança brusca do
epitélio que passa de estratificado pavimentoso (esófago) para simples cilíndrico (estômago).
A muscularis mucosae é contínua, mas bastante mais visível ao nível do esófago. A submucosa
e a muscular própria são também ininterruptas.
Estômago
É uma parte distendida do tubo digestivo responsável por misturar e fazer uma
digestão parcial dos alimentos, transformando-os no quimo que passa então para o intestino
delgado.
Histologicamente, o estômago é dividido em três partes: o cárdia (situado perto da
transição para o esófago), o piloro (na transição para o duodeno) e o fundo (que inclui a
restante porção do estômago).
116
Mucosa
A superfície interna do estômago é percorrida por numerosas pregas longitudinais,
mais proeminentes na região inferior. Ao longo da mucosa abrem-se numerosos orifícios
denominados fossetas gástricas ou fovéolas. Tanto a superfície do estômago como a das
fossetas gástricas são revestidas por um epitélio simples cilíndrico alto secretor de muco.
As glândulas são tubulares simples e produzem a barreira fisiológica protectora do
estômago. As células mucosas superficiais são cilíndricas e possuem grandes grânulos
mucigénicos na parte apical. Nas preparações aparecem tipicamente sem conteúdo, uma vez
que o muco é perdido na fixação e desidratação. No entanto, quando é preservado, os
grânulos coram intensamente com azul de toluidina (reflecte a presença de grupos aniónicos
nas glicoproteínas do muco) e são PAS-positivos.
O muco secretado tem uma aparência densa e viscosa, é insolúvel e adere à superfície
epitelial, protegendo-a da abrasão causada pelos alimentos. A sua elevada concentração de
potássio e bicarbonato protege a mucosa dos componentes ácidos do suco gástrico. O
bicarbonato torna o muco alcalino e este fica retido nas camadas mais profundas do
revestimento mucoso para que não entre imediatamente em contacto com o conteúdo do
estômago.
As prostaglandinas estimulam a produção de bicarbonato e aumentam a espessura do
revestimento, contribuindo para a protecção da mucosa.
No geral, não ocorre absorção ao nível da mucosa gástrica. No entanto, podem ser
absorvidos alguns sais, água e drogas lipossolúveis.
Glândulas Gástricas
Estão presentes ao longo de toda a mucosa excepto nas zonas ocupadas pelas
glândulas pilóricas e cardíacas. São glândulas tubulares simples ramificadas que se estendem
da base das fossetas gástricas até à camada muscular da mucosa.
São constituídas por três porções: istmo (localizado entre a fosseta e a glândula; local
onde ocorre a diferenciação das células estaminais), colo e base.
117
Ácido Clorídrico Concentração = 150 mmol/L
Confere ao suco um pH entre 1 e 2
Produzido pelas células parietais
Inicia a digestão proteica
Converte o pepsinogénio em pepsina
É bacteriostático (destrói bactérias) – no entanto, algumas
bactérias conseguem adaptar-se a este ambiente ácido
As glândulas gástricas são formadas por vários tipos de células: células mucosas do
colo, células principais (peptídicas ou zimogénicas), células parietais (ou oxínticas), células
neuroendócrinas e células estaminais.
118
Citoplasma basal basófilo (REr abundante) e citoplasma apical
eosinófilo (grânulos zimogénicos - contêm precursores
enzimáticos)
A secreção de HCl ao nível das células parietais é activada por três receptores
membranares: receptores de histamina H2, de gastrina e de acetilcolina M3. Após a ocorrência
do estímulo, há a produção de iões H+ no citoplasma das células parietais pela anidrase
carbónica. Estes são então transportados para o lúmen dos canalículos juntamente com Cl-,
levando à formação do HCl.
119
Glândulas cardíacas. Estão limitadas à região do cárdia. Compostas por células mucosas
arranjadas na forma de um epitélio simples cilíndrico cujo núcleo se encontra no domínio
basal. O lúmen é relativamente extenso. As suas secreções contribuem para a protecção do
esófago em relação ao refluxo gástrico. Composta principalmente por células secretoras de
muco e algumas células neuroendócrinas. O produto é libertado no fundo das fossetas
gástricas por ductos compostos por células cilíndricas e cujo citoplasma cora intensamente
com eosina (o que permite diferenciá-las das células mucosas).
Glândulas pilóricas. Estão localizadas ao nível do piloro e são tubulares ramificadas. As células
secretoras são semelhantes às células mucosas superficiais das glândulas gástricas e o lúmen é
muito reduzido. A função do muco é proteger a entrada do duodeno do ataque ácido da
pepsina e lubrificar a passagem do quimo.
120
Submucosa
Tecido conjuntivo denso com quantidades variáveis de tecido adiposo e vasos
sanguíneos, bem como fibras e gânglios nervosos.
Muscular própria
É constituída por 3 camadas: uma camada externa longitudinal, uma camada central
de fibras circulares e uma interna de fibras oblíquas.
Intestino Delgado
É constituído pelo duodeno e pelo jejuno-íleon. O quimo entra no duodeno onde a
digestão continua pela acção das enzimas pancreáticas e da bílis do fígado. As enzimas,
principalmente dissacáridos e dipéptidos, acumulam-se no glicocalix das microvilosidades dos
enterócitos (células intestinais absortivas) e fazem a digestão dos hidratos de carbono e
proteínas. Há absorção de água e electrólitos.
A área de absorção é aumentada por válvulas coniventes ou de Kerkring (são
transversais e permanentes e estão ausentes na primeira porção do duodeno), vilosidades
intestinais (projecções da mucosa em forma de dedo entre as quais se situam as criptas de
Lieberkuhn ou glândulas intestinais) e microvilosidades (formam o prato estriados na
superfície dos enterócitos).
Mucosa
As vilosidades têm um núcleo de tecido conjuntivo laxo (é uma extensão da lâmina
própria) coberto por epitélio simples cilíndrico. Contém um vaso linfático central e fibras
musculares lisas cuja contracção leva ao movimento da linfa pelo vaso.
As criptas de Lieberkuhn são estruturas tubulares simples que se estendem da
muscularis mucosae até ao lúmen do intestino na base das vilosidades. O epitélio é simples
cilíndrico.
A lâmina própria rodeia as glândulas intestinais e possui folículos linfóides (GALT)
particularmente numerosos no íleon onde formam as placas de Peyer
A muscularis mucosae é constituída por duas camadas (uma circular e uma
longitudinal).
121
Enterócitos Células cilíndricas
Núcleo basal
Microvilosidades – prato estriado
Células caliciformes Produção de muco (mucina)
Aumentam em nº ao longo do intestino
Acumulação de grandes grânulos mucinogénicos
Domínio basal basófilo
Células de Paneth Na base das criptas
Citoplasma basófilo
Grânulos apicais eosinófilos (permitem identificar
células) com lisozima e fosfolipases
Primeira linha de defesa e regulação da flora intestinal
Células neuro-endócrinas Semelhantes às do estomago
Regulam a secreção e a motilidade gastrointestinais
Secretam CCK, secretina, GIP …
Células M Células epiteliais que cobrem folículos linfóides e placas
de Peyer
Envolvem microrganismos e macromoléculas em
vesiculas endocíticas
São células transportadoras de antigénio – o conteúdo
das vesículas é esvaziado para o espaço intercelular
perto de linfócitos T CD4+
122
endócrinas produzem ainda somatostatina e histamina (hormonas parácrinas, com efeito
local).
Submucosa
É constituída por tecido conjuntivo denso e por tecido adiposo. No duodeno, existem
glândulas na submucosa, as glândulas de Brunner. Estas são tubulares ramificadas e células
secretoras com características zimogénicas e mucosas. As secreções elevam o pH para valores
entre 8,1 e 9,3 e são constituídas por glicoproteínas neutras e alcalinas que conferem o pH
óptimo para a actuação das enzimas pancreáticas.
Muscular Própria
O intestino delgado efectua dois tipos de contracção muscular: segmentação
(envolvem a camada circular) e peristaltismo (envolve as duas camadas musculares).
Intestino Grosso
O intestino grosso inclui o cego, o apêndice íleo-cecal, o cólon (ascendente, transverso,
descendente e sigmoideu), o recto e o canal anal. Todas estas porções têm a consituiçao
básica do canal gastrointestinal. No entanto, apresentam algumas características próprias:
► Ténias – 3 bandas mais espessas situadas na muscular própria (estão
ausentes no recto, canal anal e apêndice).
► Haustras – dilatações entre as ténias.
► Apêndices epiplóicos – projecções de tecido adiposo da serosa observados
na superfície do cólon.
Mucosa
Não apresenta válvulas coniventes nem vilosidades intestinais. Tem numerosas
glândulas tubulares simples (criptas de Lieberküns) que se estendem por toda a espessura da
mucosa. Estas glândulas têm epitélio simples cilíndrico, em continuidade com a superfície
intestinal. A sua principal função é a reabsorção de água e electrólitos e a sua morfologia é
semelhante à dos enterócitos do intestino delgado.
A eliminação dos resíduos sólidos é facilitada pela secreção de muco por numerosas
células caliciformes das glândulas intestinais. Estas células são muito mais numerosas do que
no intestino delgado.
123
O epitélio do intestino grosso contém os mesmos tipos de células do intestino delgado,
excepto as células de Paneth. As células absortivas são mais numerosas do que as células
caliciformes, apesar de esta diferença ir diminuindo pelo aumento das células caliciformes.
Renovação Celular
As células epiteliais têm origem em células-tronco presentes na base das glândulas.
Estas dividem-se e migram até ao lúmen. O tempo de vidas das células é semelhante às do
intestino delgado.
Lâmina Própria
Além dos componentes normais, apresenta:
► Uma espessa camada de colagénio e proteoglicanos logo abaixo da membrana
basal das células epiteliais e dos capilares fenestrados. Esta camada faz a regulação
do transporte de água e electrólitos do compartimento intercelular para o
compartimento vascular.
► Uma população de fibroblastos que se dividem e diferenciam na base das
glândulas, migrando posteriormente para o lúmen, onde as suas características
morfológicas e histoquímicas se tornam semelhantes às dos macrófagos.
► GALT muito desenvolvido. Os nódulos linfáticos estendem-se até à submucosa e
tem a função de proteger o intestino da grande quantidade de microrganismos e
produtos nocivos presentes no cólon.
Muscular Própria
Os feixes musculares das ténias do cólon penetram na camada circular mais profunda
em intervalos regulares. Esta segmentação permite a contracção independente de diferentes
segmentos do cólon. A muscular própria efectua dois tipos de movimentos: segmentação e
peristaltismo.
Submucosa e Serosa
Semelhantes ao restante tracto gastrointestinal.
Apêndice
124
Cego
Semelhante ao restante cólon.
125
SISTEMA DIGESTIVO III: Fígado, Vesícula Biliar e Pâncreas
Fígado
O fígado é a maior massa glandular do organismo e o maior órgão abdominal. Está
envolvido por uma cápsula de tecido conjuntivo (cápsula de Glisson) e por uma camada de
peritoneu visceral, excepto nos locais onde contacta com o diafragma ou outros órgãos.
Anatomicamente é dividido em 24 lobos: direito, esquerdo, lobo quadrado e lobo
caudado (de Spiegel). A divisão funcional que corresponde à vascularização do fígado é mais
importante.
O desenvolvimento embrionário ocorre por invaginação do intestino primitivo para
formar um divertículo hepático. Este prolifera e origina os hepatócitos que irão formar o
parênquima. Uma parte do divertículo forma o canal colédoco e, a partir desta, é originada e
vesícula biliar e o canal cístico.
Fisiologia
Produção da maioria das proteínas que circulam no plasma:
Albuminas Manutenção do volume plasmático e da
pressão osmótica
Lipoproteínas Principalmente VLDLs (transporte de
triglicéridos)
Glicoproteínas Transporte de ferro, por exemplo
Protrombina e fibrinogénio Cascata de coagulação
Α-globulinas e β-globulinas Transporte de substâncias
Manutenção da pressão osmótica
126
Produzida também por bactérias da flora intestinal.
Vascularização
O fígado recebe sangue através da veia porta e da artéria hepática, ramo do tronco
celíaco. Ambos os vasos entram pelo hilo do fígado, pelo mesmo local por onde sai o canal
hepático.
A veia porta transporte 75% do sangue que chega ao fígado. Contém nutrientes e
material tóxico do intestino, células sanguíneas danificadas do baço e secreções endócrinas do
pâncreas e neuroendocrinas do tracto gastrointestinal. O sangue é pobre em oxigénio.
A artéria hepática transporte os restantes 25% do sangue e este é rico em oxigénio.
Ao nível dos sinusóides, o sangue de ambos os vasos mistura-se, pelo que o fígado
nunca recebe sangue completamente oxigenado. A artéria hepática, a veia porta e os canais
que formam o canal hepático distribuem-se de igual forma.
Os sinusóides estão em contacto íntimo com os hepatócitos e fazem a troca de
substâncias entre estes e o sangue. A partir dos sinusóides formam-se veiais hepáticas
terminais que drenam em veias sublobulares que formam então as veias supra-hepáticas.
127
Organização Estrutural
O fígado é formado por parênquima (hepatócitos), estroma, sinusóides e espaços de
Disse (espaços peri-sinusoidais).
Enquanto unidades funcionais, podem ser descritos três tipos de lóbulos: lóbulo
hepático, ácino hepático e lóbulo portal.
Nos ácinos hepático, distinguem-se três zonas funcionais nas quais os hepatócitos
desempenham funções diferentes:
Zona 1 Mais próxima do espaço porta
Recebe o sangue mais oxigenado
Recebe primeiro os nutrientes e toxina
128
Primeira zona a apresentar sinais morfológicos indicativos de obstrução
do canal biliar
Zona 2 Entre as duas outras zonas, limites pouco definidos
Zona 3 Mais próxima da veia central e mais afastada do espaço porta
Mais susceptível à isquémia
Sinusóides
O endotélio é fenestrado descontínuo sem diafragma. O fluxo sanguíneo vem dos
ramos terminais da veia porta e da artéria hepática, passa para o sinusóide e converge para a
vénula hepática central.
Estão associados às células de Kupffer que fazem parte do sistema mononuclear
fagocítico, logo derivam de monócitos. Têm prologamentos que envolvem os sinusóides,
podendo entrar no seu lúmen, e estão envolvidas na remoção de eritrócitos senescentes.
O plasma que permanece nos espaços de Disse drena para os espaços de Mall
(espaços peri-portais) situados entre o estroma do espaço porta e os hepatócitos mais
externos. Daqui, o fluido entra nos capilares linfáticos.
129
Hepatócitos
Características principais 80% da população celular do fígado
Células grandes e poliédricas (6 faces)
Núcleos esféricos em posição central
Muitos são binucleados e tetraplóides
Dois ou mais nucléolos
Tempo de vida: 5 meses
Grande capacidade de regeneração
Citoplasma acidófilo
Os hepatócitos formam placas com apenas uma camada, pelo que cada célula está
exposta ao sangue em dois lados e anastomosam-se entre si, formado uma rede
tridimensional. Apresentam um domínio basal (que contacta com o espaço de Disse) e um
domínio ápico-lateral (que corresponde aos hepatócitos vizinhos e aos canalículos biliares).
130
Sistema Biliar
Os canais biliares fazem a condução da bílis pelo fígado e até à vesícula biliar e são
capazes de alterar a sua composição em resposta a estímulos hormonais e nervosos.
Os colangiócitos são as células epiteliais dos canais biliares: têm poucos organelos,
estão unidas por tight junctions e possuem uma lâmina basal contínua. À medida que se
aproximam do hilo hepático, passam de cubóides a cilíndricas.
Canalículos Biliares
Os canalículos biliares são formados por sulcos situados na superíficie de hepatócitos
adjacentes que formam um canal para onde é drenada a bílis. Existem ATPases localizadas nas
membranas, o que sugere que o transporte da bílis seja um processo activo.
A bílis é transportada num sentido centrífugo para os canais de Hering, ou seja, da
vénula hepática terminal para a tríade portal (direcção oposta à do fluxo sanguíneo).
Os canais de Hering são constituídos por hepatócitos e colangiócitos e possuem
capacidade contráctil.
Canais
Canal de Canal intra- Canal hepáticos
Hering hepático interlobular (direito e
esquerdo)
Por vezes, existem, no tecido conjuntivo entre o fígado e a vesicula biliar, os canais de
Luschka que se abrem no canal cístico.
O canal hepático apresente as mesmas camadas do restante sistema digestivo,
excepto a muscularis mucosae.
Bílis
A bílis está envolvida na reabsorção de gordura e é usada pelo fígado como veículo
para a excreção de colesterol, biliburrina, ferro e cobre. A maioria dos componentes da bílis
são reciclados: 90% dos sais biliares são reabsorvidos no intestino e transportados de novo
para o fígado pela veia porta, sendo novamente reabsorvidos e secretados pelos hepatócitos;
o colesterol, a lecitina, a maioria dos electrólitos e da água são também reabsorvidos e
reciclados.
131
Regulação
O fluxo da bílis é controlado por regulação hormonal e nervosa. A taxa de sangue que
chega ao fígado exerce efeitos reguladores no fluxo biliar. A CCK e a gastrina, libertadas por
células neuro-endócrinas durante a digestão, aumentam o fluxo; hormonas esteroides
diminuem o fluxo. O sistema nervoso parassimpático aumenta também a secreção de bílis
uma vez que relaxa o esfíncter de Oddi e provoca a contracção da vesícula biliar.
Vesícula Biliar
A vesícula biliar é um fundo-de-saco em forma de pêra que está unido a face inferior
do fígado. Desenvolve-se do intestino primito através de uma invaginação do canal biliar
primitivo que liga o fígado ao intestino em desenvolvimento.
A vesicula recebe a bílis através do canal cístico. Tem como principal função o
armazenamento da bílis e a remoção de cerca de 90% da água que a constitui, aumentando a
sua concentração cerca de 10 vezes. As hormonas secretadas pelas células neuro-endócrinas
em resposta à presença de lípidos no duodeno estimulam a contracção o músculo liso da
vesícula, levando à libertação da bílis no duodeno.
Mucosa
A superfície da vesícula tem numerosas pregas. O epitélio é simples cilíndrico e
apresenta microvilosidades pouco desenvolvidas, adesões celulares que formam uma barreira
entre o lúmen e o espaço intercelular, mitocôndrias no citoplasma basal e apical e
invaginações laterais (onde existem ATPases que fazem o transporte de sódio e potássio.
A lâmina própria é rica em capilares fenestrados e pequenas vénulas, mas não possui
linfáticos, bem como um elevado número de células sanguíneas e linfócitos e glândulas
mucosas.
Muscular própria
Esta camada tem numerosas fibras elásticas e de colagénio entre os feixes de músculo
liso. Estes estão orientados de forma desordenada, contrariamente ao que acontece no
restante sistema digestivo.
132
Por vezes, estão presente os seios de Rokitansky-Aschoff que resultam que
divertículos da mucosa que se desenvolvem em resposta à hiperplasia (crescimento excessivo
das células). É um local onde se podem acumular bactérias.
Serosa e adventícia
Externamente a muscular própria, existe uma densa camada de tecido conjuntivo que
contém vasos, linfáticos, nervos, fibras elásticas e tecido adiposo. Nos locais onde a vesícula
adere ao fígado, esta camada denomina-se adventícia; na restante superfície, chama-se
serosa.
Absorção
As células epiteliais fazem um transporte activo de Na+, Cl- e HCO3- através de ATPases
localizadas nas membranas laterais. Estas células têm também aquaporinas (AQP1 e AQP8)
que sugerem que estejam envolvidas tanto na absorção como na secreção de água.
O aumento da concentração de electrólitos causado pela absorção de água cria um
gradiente osmótico entre o espaço intercelular e o citoplasma e entre o espeço intercelular e o
lúmen da vesícula. A água passa então do citoplasma e do lúmen para o espaço entre as
células, devido ao gradiente osmótico. Este movimento de água e electrólitos cria uma pressão
hidrostática que leva à passagem de fluido do compartimento intercelular para s lâmina
própria e desta para os capilares fenestrados que lá se localizam.
Assim, a concentração final da bílis resulta do transporte activo de Na+, Cl- e HCO3- e do
transporte passivo de água através das aquaporinas.
Pâncreas
Glândula alongada constituída, anatomicamente, por uma cabeça, um corpo e um
colo. Contém dois canais excretores: um canal pancreático principal (de Wirsung) e um
acessório (de Santorini). O canal de Wirsung drena em conjunto com o canal colédoco no
duodeno através da ampola de Vater que está envolvida pelo esfíncter de Oddi.
O pâncreas tem uma fina cápsula de tecido conjuntivo da qual de destacam septos que
dividem o órgão em lóbulos mal definidos. O estroma é constituído por tecido conjuntivo que
envolve o parênquima, os canais, os vasos sanguíneos e os nervos.
O pâncreas tem função exócrina e endócrina que são da responsabilidade de duas
unidades funcionais diferentes:
133
Pâncreas exócrino Sintetiza enzimas necessárias à digestão que são
lançadas no duodeno
Pâncreas endócrino Sintetiza hormonas e glucagina que são libertadas no
sangue
Pâncreas Exócrino
As unidades secretoras são alveolares compostas e têm um epitélio simples formado
por células serosas piramidais cuja superfície basal é maior e a superfície livre (virada para o
lúmen) é mais estreita.
As substâncias produzidas são drenadas para os ductos intercalares que começam
dentro do próprio ácino. As células do ducto que estão localizadas dentro do ácino chamam-se
centroacinares e coram de forma muito clara comparando com as restantes células. As células
dos ácinos têm o citoplasma basal basófilo e o citoplasma apical acidófilo devido à presença de
grânulos de zimogénio.
As células serosas produzem os precursores das enzimas digestivas que só são
activados quando chegam ao lúmen do duodeno.
Sistema Excretor
Ductos inter-
Ductos lobulares Ducto
Intercalares Ductos intra- pancreático
(Epitélio lobulares (Epitélio principal ou
simples cúbico) simples acessório
cilíndrico)
Os ductos intercalares são revestidos por epitélio simples cúbico baixo que se torna
cilíndrico simples nos ductos de maior diâmetro.
As células que revestem os ductos intercalares secretam grandes quantidades de
fluido rico em sódio e bicarbonato que tem como função neutralizar a acidez do quimo e
estabelecer o pH óptimo para a actuação das enzimas pancreáticas.
Regulação
A regulação das secreções exócrinas do pâncreas é feita por duas hormonas: a
secretina (estimula e secreção de grandes quantidades de fluido com elevada concentração de
bicarbonato) e CCK, cholecystokinin (estimula a secreção de pró-enzimas).
134
SISTEMA RESPIRATÓRIO
Fossas Nasais
As fossas nasais estão divididas em 3 porções: o vestíbulo, a porção respiratória e a
área olfactiva.
Vestíbulo
Constituído pela parte exterior do nariz, estando coberto por um epitélio estratificado
pavimentoso em continuação com a pele. Possui vibrissas (pêlos) que impedem a passagem de
partículas bem como glândulas sebáceas.
Porção respiratória
Está coberta por uma mucosa respiratória cujo epitélio é pseudoestratificado
cilíndrico e possui cinco tipos de células: células ciliadas, caliciformes, em escova, de
Kutchitsky (neuro-endócrinas) e basais (ver traqueia). A lâmina própria é constituída por
tecido conjuntivo que adere ao periósteo o pericôndrio e possui células mucosas com
crescentes serosos e um rico pleno venosos superficial cuja função é o aquecimento do ar.
Os cornetos nasais desta porção das fossas nasais têm como função aumentar a área
de contacto com o ar e aumentar a turbulência deste, o que torna o seu aquecimento,
humidificação e remoção de poeiras mais eficazes.
Área olfactiva
A mucosa olfactiva apresenta, in vivo, uma coloração amarelada. É constituída por um
epitélio olfactivo pseudiestratificado e sem células caliciformes.
135
Células presentes no epitélio:
Neurónios olfactivos Bipolares
Região apical – desenvolve uma terminação bulbosa e
possui cílios num plano paralelo ao do epitélio
Região basal – origina um axónio amielinizado que se
junta a outros para formar, na lâmina própria, os feixes
nervosos que originam o nervo olfactivo
136
Glândulas olfactivas de Bowman
São glândulas características da mucosa olfactiva. São tubulo-alveolares ramificadas,
os ductos são compostos por células cuboides e produzem uma secreção serosa que permite a
solubilização dos odorantes.
Faringe
A faringe faz a comunicação da cavidade nasal com a laringe e da cavidade oral com o
esófago. Pode ser dividida em naosfaringe, orofaringe e laringo-faringe.
A nasofaringe tem um epitélio pseudoestratificado ciliado com células caliciformes,
possui tecido linfóide difuso e folículos linfáticos que constituem a amígdala faríngea.
Laringe
Porção tubular do sistema respiratório constituído por placas irregulares de cartilagens
hialinas e elásticas (epiglote e processos vocais das cartilagens aritenoideias). O epitélio da
laringe é estratificado pavimentoso nas cordas vocais e epiglote, tendo como função proteger
estas estruturas da abrasão provocada pelo ar. Abaixo do epitélio encontra-se o espaço de
Reinke (tecido conjuntivo denso irregular pouco vascularizado e sem vasos sanguíneos). O
resto da laringe tem epitélio pseudoestratificado cilíndrico e glândulas mistas.
Traqueia
A traqueia é um tubo curto e flexível que serve simultaneamente para a condução e
condicionamento do ar. Divide-se, no tórax, nos dois brônquios principais. O lúmen não
colapsa devido à presença de anéis cartilaginosos.
É constituída por 4 camadas: mucosa, submucosa, cartilagínea e adventícia.
Posteriormente, onde não existe cartilagem, possui uma camada de músculo liso (músculo
traqueal).
137
Mucosa
O epitélio é pseudoestratificado cilíndrico ciliado e é constituído por 5 tipos de
células:
Células ciliadas São as mais numerosas
Estendem-se por toda a espessura do epitélio
Imediatamente abaixo dos cílios, existe uma linha
eosinófila que corresponde aos corpos basais
Os cílios permitem o movimento do muco e a remoção de
partículas
Células mucosas Espalhadas entre as ciliadas
Possuem grânulos mucinogénicos
Células em escova Semelhantes às das fossas nasais
Células de Kulchitsky Células neuro-endócrinas
Visíveis com impregnação de prata
Grânulos com catecolamina, serotonina e calcitonina
Células basais
ou células-tronco
Lâmina própria. É constituída por tecido conjuntivo laxo com linfócitos, mastócitos,
eosinófilos, fibroblastos e tecido linfóide. A membrana basal tem uma aparência homogénea e
pálida, é constituída por fibras de colagénio situadas imediatamente abaixo da lâmina basal e
está espessada nos fumadores.
Submucosa
Está separada da mucosa por uma membrana elástica que não é visível em H&E. É
constituída por tecido conjuntivo laxo e possui tecido linfóide difuso e folículos linfáticos, vasos
sanguíneos e ácinos mucosos com crescentes serosos. Os ductos destas glândulas têm um
epitélio simples cubóide e atravessam a lâmina própria, libertando os seus produtos
(glicoproteínas, principalmente) na superfície epitelial. São mais numerosas na porção
posterior da traqueia.
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Cartilagens
São anéis incompletos de cartilagem hialina em forma de C que permitem a
flexibilidade e permeabilidade da traqueia. Em idades avançadas podem ser parcialmente
substituídas por tecido ósseo.
Adventícia
Camada mais externa que cobre o músculo traqueal e as cartilagens.
Brônquios
Podem ser divididos em brônquios principais ou primários, lobares ou secundários e
segmentares ou terciários.
Têm 5 camadas:
Mucosa Epitélio pseudoestratificado cilíndrico
Composição semelhante à da traqueia
A membrana basal e a lâmina própria vão diminuindo de espessura
Muscular Camada circular de músculo liso
Nos brônquios maiores, a camada é contínua. Nos mais pequenos,
pode parecer descontínua devido ao seu arranjo em espiral
A sua contração regula o volume de ar
Submucosa Tecido conjuntivo laxo
Adipócitos e glândulas nos brônquios maiores
Cartilagem Placas irregulares em volta dos brônquios
Desaparecem nos brônquios com 1mm de diâmetro
Adventícia
Bronquíolos
Bronquíolos Bronquíolos
Bronquíolos terminais
(< 1mm) respiratórios
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Os bronquíolos maiores têm epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado que vai
sendo substituído por epitélio simples cilíndrico à medida que o diâmetro diminui. As células
caliciformes vão desaparecendo e podem possuir um camada de músculo liso.
Bronquíolos terminais
O epitélio é simples cubóide. Possuem células de Clara, células ciliadas, uma camada
de tecido conjuntivo à volta do epitélio e uma camada muscular.
As células de Clara são células cilíndricas não-ciliadas com uma projeção apical
arredondada. Secretam uma proteína (CC16) cuja deficiência está associada a asma e doença
pulmonar obstrutiva crónica. Vão-se tornando mais numerosas à medida que o número de
células ciliadas vai diminuindo, ou seja, à medida que o diâmetro dos bronquíolos se torna
menor.
Bronquíolos respiratórios
O epitélio é simples cubóide e tem uma dupla função: condução e trocas gasosas.
Estes bronquíolos terminam em dilatações: os alvéolos.
Alvéolos
A principal função dos alvéolos é permitir as trocas gasosas, estando rodeados por
uma densa rede de capilares. Possuem uma área de cerca de 75m2.
Os canais alveolares têm uma forma alongada e possuem numerosos alvéolos que se
abrem ao longo das suas paredes. Os sacos alveolares são dilatações dos canais alveolares que
se abrem por sua vez em diversos alvéolos.
Parede alveolar
Constituída por um epitélio e por um tecido de suporte.
O epitélio possui células em escova (escassas) e dois tipos de pneumócitos:
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Pneumócitos II 60%
Células cuboides que cobrem 5% da superfície alveolar
Secretam o surfactante
Citoplasma apical eosinófilo com grânulos que formam os
corpos lamelares
Células progenitoras do tipo I (possuem capacidade de
divisão)
Localizadas na união das paredes alveolares
Macrófagos alveolares
Estão presentes nos septos alveolares e no espaço dentro dos alvéolos. Têm como
função a remoção de poeiras e microrganismos – pertencem ao sistema fagocítico
mononuclear (derivados de monócitos sanguíneos). Fagocitam ainda células sanguíneas em
caso de falência cardíaca, apresentado uma pigmentação acastanhada (outras consequências
de falência cardíaca incluem edema e hemorragias alveolares).
Após a fagocitose, a maioria migra para as vias aéreas e é removida pelo movimento
dos cílios e do muco. Outros são sequestrados pelos septos o que explica a cor negra
(pigmento antracótico) do parênquima pulmonar de pessoas em contacto constante com ar
contaminado.
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Vasos sanguíneos e septo alveolar
A interface de espessura mínima entre o lúmen de um capilar e de um alvéolo é
formada por uma fina camada de surfactante, uma pneumócito tipo I e uma células
endotelial bem como as respectivas lâminas basais, que se encontram normalmente
fundidas.
A barreira tem duas porções: uma fina onde ocorrem as trocas gasosas e cuja
constituição é a mencionada anteriormente e uma espessa onde se acumulam os fluidos que
são drenados pelos vasos presentes nos bronquíolos terminais.
O septo alveolar pode ter poros alveolares de Kohn que permitem a circulação
colateral de ar entre os alvéolos em casos de obstrução de um bronquíolo.
Segmentação intra-pulmonar
Podem ser definidas duas estruturas:
Lóbulo alveolar – constituído por um bronquíolo terminal e pelo tecido
pulmonar associado; inclui bronquíolos respiratórios, canais e sacos alveolares
e os alvéolos.
Ácino pulmonar – porção do pulmão suprida por um bronquíolo respiratório.
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PADRÕES CITOQUÍMICOS
Hemalúmen-Eosina
A hematoxilina é um corante indirecto, de acção progressiva, associado a um
mordente, o alúmen de potassio. Desta associação resulta uma laca, o hemalúmen.
Comportam-se como um corante básico e cora estruturas carregadas negativamente (ácidas)
de azul-arroxeado (ex: DNA, RNA).
Cora: o núcleo, o retículo endoplasmático rugoso e ribossomas (devido à elevada
concentração em DNA e RNA, respectivamente), organelos que apresentam basofilia.
Azul de Toluidina
É um corante básico que cora moléculas carregadas negativamente como os
glicosaminoglicanos de vermelho-púrpura.
Em alguns casos produz uma coloração distinta da sua própria cor (metacromasia).
Destacam-se metacromasias ao nível das granulações dos mastócitos existentes no tecido
conjuntivo do eixo das vilosidades intestinais e nos grânulos de secreção das células
caliciformes.
Os núcleos são corados duma forma ortocromática, ou seja, num azul transmitido pelo
próprio grupo cromóforo do corante.
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Azul ciano
É um corante da mucina (composto pertencente a um grupo de glicoproteínas que são
as principais constituintes do muco). Certos tipos de mucina, mas não todos, são corados de
azul por este método (ex:cartilagem).
Pode ser usado em conjugação com outros métodos de coloração como H&E ou van
Gieson. Quando esta técnica é combinada com a de van Gieson, a cor deste corante torna-se
verde.
Feulgen
É uma técnica específica para o DNA que cora de roxo mais ou menos intenso,
consoante o estado de condensação da cromatina.
A coloração pelo reagente de Schiff requer uma hidrólise moderada do DNA com ácido
clorídrico (expondo grupos aldeído livres nas moléculas de desoxiribose).
Os grupos aldeído dos ácidos nucleicos, combinam-se então com o reagente de Schiff
(composto por fucsina e ácido sulfuroso), originando-se uma côr púrpura arroxeada nos locais
onde existe DNA.
Verde de Metilo-Pironina
Par de corantes de acção directa e progressiva, que apresentam uma grande afinidade
para os ácidos nucleicos. O verde de metilo é um corante básico, que apresenta especificidade
para o DNA. A pironina também é um corante básico, mas que cora o RNA de vermelho.
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Assim, os núcleos das células coram de roxo (verde + vermelho), enquanto o
citoplasma cora de vermelho.
Células com um grande conteúdo citoplasmático em RNA, como os plasmócitos
situados no eixo conjuntivo das vilosidades e as células epiteliais das criptas de Lieberkuhn, são
intensamente coradas pela pironina
Tricrómios
É uma mistura de 3 corantes. Esta técnica é uma das chamadas técnicas para o tecido
conjuntivo, já que é usada para demonstrar elementos do tecido de sustentação,
principalmente colagénio.
Existem dois grupos:
Van Gieson: cora colagénio de vermelho
Masson/Mallony/Cajal: coram colagénio de verde/azul
Tricrómio de masson
Azul: núcleos e outras estruturas basófilas
Verde/azul (dependendo de qual das variantes da técnica for utilizada): colagénio
Vermelho brilhante: citoplasma, músculo, eritrócitos, ceratina.
Van Gieson
Vermelho: colagénio
Azul: núcleos
Amarelo: eritrócitos e citoplasma
Azan
Método para tecido conjuntivo, mas excelente para demonstração de detalhes
citológicos finos, especialmente no epitélio: os núcleos coram de vermelhor, o colagénio e as
membranas de azul e os músculos e eritrócitos de laranja/vermelho.
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Giemsa
Método padrão para corar células sanguíneas e outros esfregaços de células. Os
núcleos coram de azul-escuro/violeta, o citoplasma de azul pálido e os eritrócitos de rosa
pálido.
Hematoxilina férrica
É a principal substância utilizada no método de Bharadway-Love. É um corante
indirecto, que recorre ao alúmen de ferro amoniacal em solução aquosa como mordente.
De acção regressiva, tem grande afinidade para proteínas, corando com maior
intensidade as mitocôndrias (cor negra).
Num procedimento de elevada diferenciação, destaca sobretudo lipoproteínas.
Sais de prata
Este método demonstra as fibras de reticulina do tecido de sustentação, que se coram
de azul/preto por esta técnica. Os núcleos podem ser contra-corados em azul pela
hematoxilina ou em vermelho pelo corante vermelho neutro.
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Técnicas imuno-histoquímicas
Permitem identificar qualquer substância (antigénio), desde que haja anticorpos
disponíveis contra a mesma. Os anticorpos são produzidos através da injecção da substância
humana que se pretende distinguir noutro animal. Esse animal reconhece-a como estranha e
começa a produzir anticorpos contra o antigénio. Desse modo pode ser criada uma fonte
inextinguível, usando-se a tecnologia monoclonal.
Citoquímica de Enzimas
Caracteriza-se por uma identificação enzimática selectiva, recorrendo-se
habitualmente a cortes por congelação num crióstato para evitar a desnaturação proteica.
Fosfatase alcalina
A actividade da fosfatase alcalina apresenta-se associada a proteínas secretadas, sendo
ancorada no exterior da célula pelo glicocálix. Não existe, portanto, em lisossomas.
A sua concentração aumenta ao longo da vilosidade intestinal desde a sua porção
basal até à porção apical onde a coloração castanho/cinzento-escuro, mais intensa, denota um
papel na absorção intestinal.
Simultaneamente, demonstra a progressiva diferenciação que os enterócitos sofrem
no seu trajecto de migração da base para o topo das vilosidades.
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Fosfatase ácida
A actividade da fosfatase ácida apresenta-se predominantemente associada a enzimas
de degradação intracelular, embora possa encontrar-se associada ao glicocálix e, neste caso,
com marcação do prato estriado. Tal como acontece para a fosfatase alcalina, observa-se um
progressivo aumento da actividade fosfatase alcalina no prato estriado da base para o topo
das vilosidades.
Como esperado, o método determina a coloração dos lisossomas de castanho/laranja-
escuro.
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