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Por que Lula decidiu deixar mais caras as compras na Shein e Shopee | VEJA
A presente matéria “Por que Lula decidiu deixar mais caras as compras na Shein e
Shopee”, publicada pelo site da Revista Veja, da editora Abril tem como objetivo causar um
impacto negativo aos leitores brasileiros que usufruem dessas determinadas plataformas de
compras online. Tendo em vista dois primeiros fatores que devem ser ressaltados nessa
contestação, a escolha morfológica das palavras “decidiu deixar mais caras”, bem como a
questão do trabalho de sintaxe ao colocar essa notícia como afirmação e não como uma
pergunta.
Tendo o consenso de que a notícia também se constitui como um discurso, pois ela
transmite dados e configura informações e, antes de tudo, ela é produzida por um sujeito, o
discurso está carregado de ideologias, uma vez que todo sujeito traz consigo ideologias, visto
que todo discurso contém ideologia (PÊCHEUX apud ORLANDI, 2015, p. 17). Mas, o que
não pode acontecer é o desrespeito em função da ética, visto que a neutralidade e a
imparcialidade são consideradas parâmetros que meçam a credibilidade do profissionalismo
dentro das revistas e jornais. Visto que (GUERRA apud 1999) avalia a imparcialidade a partir
da Teoria do Conhecimento, que descreve a imparcialidade, por parte do jornalismo, como
utópica e da Teoria Ética, que apresenta os ideais de imparcialidade em relação aos atores
sociais, ou mesmo garantir uma pluralidade de vozes no fazer jornalístico. Logo, deve haver
sim uma notícia apresentando veracidades, com fatos e dados de comprovação, desde que não
haja uma tomada de partida, pois essa ação fica à "mercê" do leitor ao ler o noticiário.
O processo de importação tem alguns impactos fiscais, tanto para o comprador quanto
para o vendedor. Do ponto de vista do comprador, trata-se de uma operação de importação,
regular, desde que cumprida as regras de tributação. O que já é previsto. Em nota, o
ministério da Fazenda afirma que já existe tributação de 60% sobre o valor da encomenda,
mas que a cobrança não é efetiva. “O que se está se propondo são ferramentas para
viabilizar a efetiva fiscalização e exigência do tributo por meio de gestão de risco:
obrigatoriedade de declarações completas e antecipadas da importação (identificação
completa do exportador e do importador) com multa em caso de subfaturamento ou dados
incompletos/incorretos”, disse a pasta.
De forma objetiva, mas ainda com traços de intencionalidade, o autor traz sobre o
assunto, mas de tal forma que cause efeitos de descontentamento apenas com a camada que
se sinta prejudicada, como forma de explanar o sentimento de fúria e oposição. Como faz ao
tratar apenas sobre como fica a posição do comprador, ao citar sobre os impactos fiscais tanto
para o comprador, quanto para o vendedor. Dessa forma, ele se dispõe de um papel antiético,
impondo sua ideologia e tentando influenciar outros leitores, visto que quem lê são
justamente os compradores, os que irão acatar de primeira a informação e possuir a mesma
indagação que autor. Outrossim, a mesma incerteza que ocorre no primeiro parágrafo,
apresenta-se neste também, na frase “alguns impactos”, onde o pronome indeterminado deixa
omitido a quantidade de impactos que essa ação causa, ou seja, onde há omissão de certezas,
há a elaboração de hipóteses.
Ademais, no terceiro parágrafo o autor explica sobre o porquê da ação realizada pelo
ministro da Fazenda, em função de inibir o contrabando online. Mas, ainda assim, com
verbos que causem uma segunda perspectiva sobre a situação, trazendo ambiguidade no
sentido das palavras.
A tributação de compras online, em especial dos sites chineses, já tinha sido ventilada
pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo ele, essa era uma forma de acabar
com o que chama de “contrabando online” e aumentar a arrecadação. Para conseguir
cumprir as metas do novo arcabouço fiscal, o ministro disse que é preciso aumentar a
receita entre 110 bilhões e 150 bilhões de reais.
No caso dos verbos acabar e aumentar estão como verbos transitivos indiretos e com
temas verbais em /a/, na mesma intenção de manter o leitor em alerta sobre as ocorrências,
pelo seu sentido semântico. Outro processo morfológico a ser destacado é a composição no
contrabando online, que por mais que não seja unido por um hífen ou união de palavras, é
perceptível o encontro de um núcleo e um especificador, onde o núcleo é o contrabando e o
online especifica qual o tipo de contrabando.
Dessa forma, por meio dessa análise de seleção lexical, bem como análise de
processos morfológicos em cima dessas palavras selecionadas, foi possível identificar a
parcialidade antiética conforme os parâmetros da Teoria Ética de Guerra (1999) do autor
nesta notícia, uma vez que notória a intenção de manipular o leitor a tomar um lado de
oposição contra a ação realizada pela Receita Federal, subordinada pelo Ministério da
Fazenda através do discurso com palavras indicando a indagação com a situação, bem como
alertando quem lê, para que a ideologia inerente ao discurso envolva os leitores. Ainda mais
quando se reitera o fato da existência de “encapsuladores” postulado por Koch (2014), que
podem contestar de uma vez por todas essa objeção.
REFERÊNCIAS
GIL, Pedro. Por que Lula decidiu deixar mais caras as compras na Shein e Shopee. VEJA,
2023. Disponível em:
<https://veja.abril.com.br/economia/por-que-lula-decidiu-deixar-mais-caras-as-compras-na-sh
ein-e-shopee/>
KOCH, Ingedore Villaça. Argumentação e linguagem. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2005.