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Fio Da Meada - 2014 02 17 - A Dúvida Hamletiana Da MP 627
Fio Da Meada - 2014 02 17 - A Dúvida Hamletiana Da MP 627
Sem dúvida alguma, uma das frases mais famosas de um dos maiores escritores e
dramaturgos da história universal, Willian Shakespeare, tenha sido a dúvida manifestada
pela boca de Hamlet: “to be or not to be”. Ainda nos tempos da faculdade, fui
apresentado a uma interpretação interessante sobre essa dúvida: na verdade, a questão
hamletiana seria “fazer ou não fazer” – no caso, vingar a morte de seu pai –, cuja
consequência seria o “ser ou não ser” moralmente repreensivo, em razão do assassinato
cometido.
A favor do “fazer” (ou do “ser”) a opção está a remissão (perdão) de eventual imposto
sobre a renda a ser exigido do excesso de dividendos distribuídos aos sócios desde 2008
(sem considerar, aqui, o prazo decadencial), momento da entrada em vigor do Regime
Tributário de Transição – RTT, para aquelas empresa que, naquele ano, exerceram
também uma opção.
Durante o RTT, vigoraram duas contabilidade, o que gerou, por decorrência, dois
lucros: o lucro societário, apurado de acordo com o padrão internacional de
contabilidade (IFRS), e o lucro fiscal, que manteve as regras contábeis em vigor em 31
de dezembro de 2007.
Eventual diferença positiva entre o lucro societário e o lucro fiscal (sujeito à tributação),
foi considerada passível de tributação pelo Parecer PGFN/CAT n° 202/2013, sendo que
sua regulamentação constou da Instrução Normativa RFB n° 1.397.
Exercida a opção e antecipados os efeitos da MP 627, tanto o mencionado parecer como
a IN RFB n° 1.397 perdem sua validade no que diz respeito aos lucros gerados durante
o RTT e efetivamente pagos até 11/11/2013 (dada de publicação da citada medida
provisória).
A favor do “não fazer” (ou do “não ser”) a opção está a prorrogação do aumento dos
controles internos para o ano de 2015. As empresas, então, ganhariam um ano para se
adaptarem à burocracia contábil-fiscal imposta pelo texto da mencionada medida
provisória.
Como exemplos desses controles adicionais, podem ser citados a avaliação a valor justo
e o ajuste a valor presente – AVP, que deverão ser mantidos em subcontas nas
demonstrações contábeis elaboradas pelas empresas.
A par da decisão sobre “fazer ou não fazer” a opção, continuará pairando o fantasma da
tributação do excesso de dividendos, uma vez que o tratamento tributário do saldo dos
lucros acumulados e das reservas de lucros não foi contemplado pelo perdão da MP
627. Espera-se, ansiosamente, que ao menos esse ponto seja alterado na lei de
conversão.