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HISTÓRIA SOBRE A INVENÇÃO DA PERIODIZAÇÃO TATICA

Muitos atribuem a metodologia da “Periodização Tática” à José Mourinho (atual treinador do


Chelsea FC sobre o qual falaremos posteriormente); porem é valido enfatizar que
verdadeiramente quem trouxe ao mundo essa transgressora maneira de treinamento foi Vitor
Frade, professor jubilado da Universidade do Porto e atual Diretor de Departamento de
Metodologia do FC Porto.
O professor Frade, discordando das tendencias de treinamento que surgiram em torno do
futebol (analíticas, descontextualizadas, clássicas, reducionistas), decide analisar durante
quase 30 anos, para depois propor uma metodologia baseada em fundamentos científicos,
psicológicos e de certo modo anímicos em torno da motivação do jogador; parte de um
trabalho de apoio em sua mentalização foi a “Teoria Geral dos Sistemas” de Ludwig Von
Bertalanffy.
“Ninguém tem necessidade daquilo que não conhece”
Vitor Frade

Xavier Tamarit nos fala que Vitor Frade foi seu professor na Faculdade de Ciências do esporte
e Educação Física do Porto graças a bolsa de estudos que ganhou em Valencia e adiciona o
seguinte:
“No primeiro quadrimestre minhas anotações foram invadidas por números,
gráficos, dados, etc. Era uma visão completamente baseada na fisiologia. Uma
visão quantificadora do futebol. Números de quilômetros percorridos,
quantidade de lactato, gráficos de todos os tipos... Em resumo, tudo que se vê
nas aulas de futebol das faculdades. O professor Natal, é um grande seguidor
do trabalho fragmentado, analítico, do trabalho físico, e, conquistou grandes
resultados com sua maneira de treinar.”
Frade, um acadêmico e pesquisador incansável, encontrou uma maneira de contextualizar a
maneira de jogar de uma equipe, de criar uma identidade própria, preparando uma cultura
tática afim de conseguir um rendimento superior, especificidade de treinamentos para
vencer.

Várias pessoas que estudaram algum segmento do esporte, ou tiveram algum tipo de
formação tradicional já se depararam com o mesmo que fala Tamarit, mas toda sua percepção
muda quando conhece o professor Frade, “no início, em suas aulas, não entendia muito bem
sobre o que ele nos falava. Eram muito filosóficas, muito abstratas, além de ser em outro
idioma. Falava de neurociência... e sempre exemplificava com Mourinho”.
A criação de Vitor Frade era rejeitada, já que não ia de acordo com o que era preestabelecido,
com o que o senso comum entendia como a única verdade, e na Faculdade do Porto existia
quem acreditava nas suas ideias, mas também haviam aqueles que se apegavam ao sistema
tradicional. Isso continuava como uma ideia utópica até que chegou às mãos de José
Mourinho que por fim levou à pratica de maneira revolucionária.
Vitor Frade foi o idealizador e José Mourinho o executor de uma metodologia
que rompe com os esquemas, com o conhecido, reestruturando a maneira de
treinar, transgredindo uma realidade.

UMA METODOLOGIA TRANSGRESSORA


Por que nós definimos como uma metodologia transgressora? Por que transgredir, significa
sair do estabelecido, ir com a lei, a norma; e é exatamente o que faz a periodização tática,
muda as regras de como se deve treinar.
O professor Frade enxergava os treinamentos como um plano com carências importantes,
sobretudo pela insistência em isolar o treinamento, não vê-lo como um todo, com caráter
globalizador. De certo modo se vê claramente no cotidiano do futebol, no treinamento das
equipes esse processo; o fato de ter um preparador físico, que trabalhe com o grupo antes de
trabalhar a parte técnico-tática com o treinador.

Em geral, ainda que seja mínimo o desgaste a nível de Sistema Nervoso Central (SNC) em
atividades como trotar, correr, trabalho com o próprio peso, foram encontrados estudos
mostrando que um treinamento com pesos (academia), tem um alto nível de envolvimento
do SNC, sobre tudo em trabalhos de repetição (como vários clubes de futebol aplicam); ao
qual levaria a desgastar a plenitude de entendimento e desempenho durante a parte mais
essencial do treinamento, a Tática de Jogo.
Uma equipe não necessariamente deve ser a mais rápida, ou a mais forte para ganhar uma
partida de futebol, geralmente apontamos uma variável onde muitos justificam a boa ou má
atuação do time, “a concentração”; e se é um fator primordial , não deveríamos trabalhar em
função da concentração de jogo, na tática coletiva, mais do que saber se o atacante atinge um
determinado tempo em um percurso demarcados por cones em uma distância de 15 metros,
ou saber quantos quilos levanta na máquina extensora?

No início da inclusão do futebol como uma prática mundial, o esporte como tal era praticado
de maneira mais lúdica, onde se buscava enfrentar vários times para estar pronto para a
próxima partida.

Logo vários especialistas descobriram que um fator primordial era a técnica, então os
treinamentos se adaptaram a essa variável, criando situações onde o jogador podia trabalhar
mais sua técnica, e em conjunto com os procedimentos organizacionais, encontramos as filas
de jogo onde tem que se realizar fintas, desviando de obstáculos e logo devolver a bola com
alguma parte do corpo (se vê atualmente em várias equipes profissionais de futebol).
Depois se descobriu que o futebol em si não era, acima de tudo técnica, por outro lado, era
de igual forma, tático e físico, onde haviam muitas correntes a seguir. Haviam as escolas que
buscavam a mecanização do gesto técnico por meio da repetição, outras escolas preferiam
abordar a elaboração de esquemas táticos, jogadas preestabelecidas (com alta porcentagem
de acerto) e outras escolas que preferiam o trabalho prioritariamente físico, já que não
bastava saber dominar a bola, mas sim leva-la o mais rápido possível para a área adversaria,
e que logo evoluiu em um grupo que preferia o trabalho descontextualizado nas maquinas de
academia, para encontrar defensores e atacantes quem além de sua capacidade técnica e
leitura de jogo, eram escolhidos pela altura e forma física corpulenta que vencerá a equipe
adversaria “metendo medo e porrada”.

Muitos treinadores usaram a metodologia que a maioria dos entendidos do esporte


conhecem, a periodização do treinamento de Matveev.
(Cubeiro & Gallardo, 2012) discorrem que quando José Mourinho (expoente máxima da
periodização tática, atualmente treinador do Chelsea FC) ingressou no ISEF (Instituto Superior
de Educação Física de Lisboa) foi marcado negativamente pelo livro de Lev Pavlovich “Teoria
Geral do Treinamento Esportivo”. Em vários países, nas diferentes faculdades com temáticas
como a Educação Física, Esportes, Alto Rendimento, segue sendo a bíblia e o exemplo a ser
seguido, mas nunca foi do agrado de Mourinho, já que as qualidades de um esporte individual
não deveriam imperar em um treinamento de um esporte coletivo, bem como é o futebol.
Então, o que diferencia os procedimentos tradicionais do treinamento em questão?

 Não tem a condição física como prioridade no período preparatório


 Não foca na forma física
 Rompe o protocolo de picos de forma e a “recarga de baterias” nas pausas
competitivas
 Desmonta o mito do treinamento de capacidades condicionais
 Elimina o controle quantitativo do treinamento
 Não tem mudança de tática, partida a partida em função do adversário
Os pontos citados são apenas breves características do ponto de quebra entre outras
metodologias, na sequencia desse curso podemos analisar vários aspectos adicionais que sob
seu próprio critério evidenciará que é o que de verdade distingue do conhecido, do tradicional.

(Oliveira, Amieiro, Resende, & Barreto, 2007) em uma entrevista com José Mourinho nos
indicam o seguinte:

Para mim as coisas são muito claras. Existe o treinamento tradicional, analítico; existe o
treinamento integrado, que é o que se faz com a bola, porem onde as preocupações essenciais
não são muito diferentes das do treinamento tradicional... A única diferença entre o
treinamento tradicional e o integrado é que, no segundo, se “engana” mentalmente os
jogadores dando-lhes a bola. Porem as consequências do treinamento são exatamente as
mesmas que as do treinamento tradicional... A única influência positiva que o treinamento
integrado poderá ter é em um jogador que nunca conheceu o verdadeiro “integrado”, a
“periodização tática” porque uma pessoa só sente necessidade daquilo que conhece.
BREVE REVISÃO DA INCORPORAÇÃO DESTA METODOLOGIA PELAS EQUIPE DE MOURINHO

José Mourinho sempre foi uma pessoa que se destacou desde muito jovem, apesar de ter
problemas para de formar, abandonar uma carreira para seguir seu sonho de se tornar um
treinador de elite. A influência de sua mãe (professora de escola) e seu pai (ex estrela do
Vitória e técnico), transformaram Mourinho em um analista incansável com vontade de
ensinar os outros.
Existe uma excelente reportagem da vida de Mourinho no “Informe Robinson”, que está
dividido em duas partes no youtube e podemos acessar com os links:

 https://www.youtube.com/watch?v=kTSbnqC6vvQ
 https://www.youtube.com/watch?v=7nxjQFN3FYU
Mourinho teve vários professores com uma trajetória respeitada que possibilitaram a ele
aprender de maneira pratica o que havia estudado na universidade, sendo eles, Manuel
Fernández, Sir Bobby Robson, Louis Van Gaal e apesar de ter ofertas importante para
continuar sua função de auxiliar, Mourinho decidiu que era hora de tomar as rédeas por sua
conta, sendo o Benfica, em plena fase de transição de diretorias e próximo de acabar a
temporada, a equipe que abriu as portas para desempenhar seu trabalho de treinador; obteve
em 11 partidas disputadas 6 vitórias, 3 empates e 2 derrotas; o que abriu caminho para treinar
o Union de Leiría, uma equipe pequena e com poucos recursos e onde ainda se mantem como
um herói pelas mudanças que realizou, apesar de ter sua pior temporada durante a carreira,
20 partidas – 9 vitórias, 7 empates e 4 derrotas; mas graças a sua revolução de futebol
praticado uma das maiores equipes da história de Portugal solicitou seus serviços onde se
pode ver o início da transgressão a uma metodologia, e essa equipe foi o FC Porto.

COM O FC PORTO:

 Copa da UEFA
 Duas ligas de Portugal
 Copa de Portugal
 Supercopa de Portugal
 Liga dos Campeões
 Porto se posicionou como 5º clube (recorde de uma equipe portuguesa) no ranking da
IFFHS.
Na equipe portuguesa obteve tudo isso em apenas 2 anos, com 127 partidas Mourinho
acumulou 91 vitórias, 21 empates e 15 derrotas, seu desempenhou o lançou a uma das
maiores equipes da Europa.

COM O CHELSEA FC:

 Copa da Liga Inglesa


 Carling Cup
 Primeira Premier League depois de 50 anos
 Liga dos Campeões
 FA Cup
Conquistou os 6 títulos em 3 anos (treinador mais vitorioso da história do clube), mas por
problemas com o dono do clube Roman Abramovic abandonou o time com 185 partidas – 124
vitórias, 40 empates e 21 derrotas. Depois de sua saída, o treinador português viajou à Itália
para assinar com um dos clubes de maior história FC Internazionale Milano.

COM A FC INTERNAZIONALE:

 Supercopa Italiana
 2 Serie A
 Copa da Itália
 Liga dos Campeões
 Copa da Europa
No time italiano, das 108 partidas obteve 67 vitórias, 26 empates e 15 derrotas. No dia em
que ganhou a Liga dos Campeões comentou “ainda dirigirei o Real Madrid” e os diretores não
demoraram a entrar em contato para leva-lo a equipe com mais títulos na Europa.

COM O REAL MADRID:

 La Liga
 Copa del Rey
 Supercopa da Espanha
 Múltiplos torneios amistosos
No Real Madrid com 178 partidas obteve 128 vitorias, 28 empates e 22 derrotas. Foi com as
copas nesse país que Mourinho se tornou o primeiro e único treinador a ganhar a tríplice coroa
(liga, copa e supercopa) em quatro países diferentes (Portugal, Inglaterra, Itália e Espanha)
com quatro equipes distintas (Porto, Chelsea, Internazionale e Real Madrid).
Após sua passagem pela equipe espanhola Mourinho voltou a Londres, para novamente
treinar o Chelsea FC.
O português dirigiu até seu último encontro com o Norwich City em 4 de maio de 2014 um
total de 685 partidas com um total de 459 vitórias, 132 empates e 91 derrotas.
De acordo com estatísticas levantadas por (Cubeiro & Gallardo, 2012), Mourinho teve uma
sequência de 9 anos sem perder em casa sendo um total de 150 partidas (23 de fevereiro de
2002 – 3 de abril de 2011).
E não podemos descartar suas duas menções como o melhor treinador do ano (2004 e 2005)
de acordo com IFFHS e a Bola de Ouro da FIFA em 2010 como melhor treinador do ano.
José Mourinho o melhor treinador do século

A ORGANIZAÇÃO DE JOGO PARA JOGO


O futebol é um esporte praticado em um campo de 60 x 90 metros (mais ou menos de acordo
com o estádio), onde se enfrentam 11 jogadores contra 11 jogadores adversários com o
objetivo de marcar mais gols na baliza adversaria; de acordo com suas características o
identificamos como um esporte acíclico, totalmente dinâmico, complexo, coletivo e não
linear; mas além disso o futebol é um jogo e a melhor maneira de se desenvolver no
treinamento deveria ser o jogo.

A melhor escola de futebol, que revelou vários craques do futebol mundial, foi a rua. Mas os
que isso tem a ver com o treinamento? O próprio jogo foi seu processo de treinamento, já que
o ser humano passa sempre por um processo de adaptação diante das múltiplas exigências
que um jogo de futebol exige; quer dizer, quando temos adversários fortes, sempre buscamos
posicionar nossos companheiros de equipe para deter o ataque adversário e buscar marcar
mais gols que eles.
O resultado de tantas horas gastas no jogo das ruas, dos bairros, foi um organismo adaptado
a exigências constantes num período de 2 horas ou mais, rapidez de reação já que na maioria
das vezes se joga em espaço reduzido, posicionamento, antecipação, definição, características
presentes nas escolas de futebol atualmente; mas que não promovem uma combinação de
ideias, já que geralmente se separam os conteúdos para um estudo mais individualizado em
cada aula, assim temos uma sessão de treinamento só de passes, outra só de cabeceio, outra
de domínio, etc. Talvez poderia se justificar pelo recurso humano (mas não se divide esse
sistema de estruturação das sessões de treinamento), porem vários desses planos anuais de
treinamento (macro ciclos) se refletem em equipes mais adultas (jovens de 16 anos em diante)
ainda que com menos espaço para o treinamento técnico e onde se dá espaço para mais
trabalho físico, como sprints, corridas longas, trabalho de academia, etc.
Embora seja verdade, se sabe que o condicionamento físico pode ser fundamental no futebol
de elite, mas é mais útil que os jogadores com pouca resistência aeróbica corram um
determinado número de voltas no campo ou que joguem um 5 vs 7 em campo reduzido?
O desgaste a nível de SNC em dar voltas no campo chega a ser quase nulo, mas o outro
exercício proposto demanda uma participação muito mais ativa do cérebro, assim como do
sistema cardiovascular pela desvantagem estabelecida.
(Tamarit Gimeno, 2007) tem em seu livro marcada a frase “vivenciar o jogo para condicionar
o jogo”, já que o futebol não pode ser visto de forma fracionada (forma tradicional, trabalho
físico, técnico, psicológico e tático) mas sim da forma mais pura que pode ser identificado,
como uma globalidade, um todo. E levando em conta o autor que cita a (Resende, N, 2002)
nos diz que “os conhecimentos e as experiencias são fatores preponderantes para a
elaboração de um processo perceptual, processo esse que só poderá se desenvolver pela ação
pratica”.
Nosso treinamento sempre dever direcionado a ser o mais semelhante possível com o que
será o jogo do fim de semana, então não há espaço para treino de passes sem finalização, de
cabeceio sem ter marcação, ou defensores que não permitam o livre trabalho dos atacantes,
salvo na aprendizagem do elemento tático, tudo de acordo com as propostas (será visto nos
próximos PDFs).
“jogamos como treinamos” (Mourinho)
E se trata de um embasamento cientifico a sustentação da hipótese de assemelhar nosso
treinamento fazendo jogadas mais reais, não sob sistemas automáticos de tarefas motoras
repetidas incontáveis vezes para condicionar o “gesto técnico”, temos a colaboração de
(Skinner, 1998) com sua abordagem de condicionamento operante, onde mostra que um
organismo é fixado a um estimulo manifestando uma resposta, sendo comportamento
respondente ou comportamento operante, na qual pode ser reforçada de maneira positiva ou
negativa, fazendo com que o comportamento se fortaleça ou se enfraqueça. De igual modo
temos a contribuição de (Ardila, 2001) com sua tese de aprendizagem perceptivo-motora e
nos permitimos citar textualmente:
Quando aprendemos algo certas reações bioquímicas acontecem no cérebro. Sua natureza
não é muito bem conhecida apesar da grande quantidade de estudos realizados na última
década... atualmente existem duas hipóteses a respeito:
1. Uns afirmar que quando aprendemos algo, se ativam certas sinapses no cérebro;
depois quando nos encontramos na mesma situação ou em situação similar, as
mesmas sinapses transmitem impulsos nervosos melhor do que antes. Este poderia
ser considerado o enfoque fisiológico de aprendizagem.
2. Outros afirmam que o que aprendemos se codifica e se armazena no interior das
células. Certas transformações ocorrem na estrutura molecular do ácido
ribonucleico (RNA) como consequência da aprendizagem. Este é o enfoque
bioquímico, baseado principalmente nos trabalhos de Hydén na Suécia. (pag. 20)

Segundo o primeiro enunciado as informações se codificam a nível celular, enquanto no


segundo se codificam a nível molecular; sendo qual o for o verdadeiro efeito interno (ainda
que se considere uma sinergia), a aprendizagem acontece por uma automatização produzida
no cérebro, que vai conexões neurais que possibilitam a execução mais eficiente, neste caso
de tarefas motoras; porem os estímulos que contribuem para a aprendizagem estão
relacionados a nossos sentidos, visão, olfato, audição, gosto, tato e nosso sentido cinetésico.
Se nós criarmos um exercício de repetição de passes (forma tradicional), sem oposição
alguma, sem outra finalidade que passar a bola ao companheiro, criaremos excelentes
passadores, mas que atuam sem pressão. Quando na partida existir uma pressão constante
do adversário, o jogador sabe passar e treinou passes, mas o fator de estresse, “a pressão” faz
com que o SNC não interprete de forma igual todos processos, já que seu cérebro está
codificado a executar passes sem pressão do adversário; e é o momento decisivo quando os
defensores erram passes e a outra equipe pode ficar de frente para o gol.
BIBLIOGRAFÍA

 Cubeiro, J. C., & Gallardo, L. (2012). Código Mourinho. Madrid, España:


ALIENTA.
 Oliveira, B., Amieiro, N., Resende, N., & Barreto, R. (2007). Mourinho ¿Por
qué tantas victorias? Tuy, Pontevedra, España: Gradiva - Publicações, Lda.
 Tamarit Gimeno, X. (2007). ¿Qué es la "Periodización Táctica"? Tuy,
Pontevedra, España: MC Sports.
 Skinner, B. F. (1988). The Selection of Behavior: The Operant Behaviorism.
New York, USA: Cambridge University Press.
 Ardila, R. (2001). Psicología del Aprendizaje (25ª Edición ed.). Buenos Aires,
Argentina: Siglo Veintiuno Editores.
 Tamarit Gimeno, X. (2013). Periodización Táctica vs Periodización Táctica.
Bogotá, Colombia: Autor-Editor

1/4
DESVENDANDO OS MITOS DE METODOLOGIAS TRADICIONAIS

Já citamos alguns pontos que diferenciam a periodização tática e a metodologia tradicional,


porem devemos esclarecer de que maneira elas divergem; e não de maneira simples, mas sim
sustentado sob várias teses propostas.

1. A condição física como prioridade no período preparatório


É indiscutível que o período preparatório é fundamental, mas não da maneira que a
metodologia tradicional concebe, onde predomina um trabalho de esforço desmedido a nível
cardiovascular e treinamento com sobrecarga para depois mudar dias antes da primeira
partida a um trabalho claramente tático; contudo, geralmente se vê nas primeiras entrevistas
de início de temporada comentários como o seguinte:
“... a equipe rendeu muito bem fisicamente, mas precisamos seguir fazendo
mudanças para achar os 11 ideais da equipe, é muito comum já que chegamos
de uma temporada difícil e precisamos de tempo e trabalho até estabelecer o
time titular...” TREINADOR X, 2012
Nesse exato momento cabe a pergunta, se tivéssemos uma pré-temporada focada em
trabalhos táticos, modelação da equipe, organização ofensiva e transição defensiva,
estaríamos melhor que o resto das equipes já que eles estiveram trabalhando mais a parte
física e tiveram problemas ainda com a definição dos 11 titulares e dos esquemas táticos?
(Fdez, 2013) Nos apresenta parte de uma entrevista a Mourinho onde indica que “quando
vejo as informações anteriores da temporada de nossa equipe e me mostram fotos de
jogadores correndo, trabalhando em espaços que não são o campo de futebol, desde a praia
até campo de golf, fico pensando que esses métodos não são adequados, para não dizer
arcaicos”.
A pré-temporada é fundamental no sentido de que devemos construir quanto antes possível
um modelo de jogo; que os jogadores saibam qual sistema vamos usar, que os jogadores
saibam o que precisamos em cada função específica dentro de campo, para que com base nas
dinâmicas estabelecidas os atletas vão focando, mentalizando e sobretudo trabalhando para
ser a melhor opção ao treinador e poder contribuir com a equipe da melhor maneira; então
não há tempo para gastar dando voltas no parque da cidade, ou recorrer as praias de areia
solta para “tonificar as pernas”, se deve focar os treinamentos em descobrir quais são nossos
pontos fortes e quais são nossos pontos fracos para converte-los em oportunidade e chegar
ao primeiro jogo oficial com cem por cento de concentração e com a ideia de como jogamos
clara na cabeça de cada atleta do time.

Reafirmando o que já foi citado temos (Vázquez Novo & Rey Vázquez, 2013) que indicam que
a forma de trabalho do Mourinho é uma metodologia que revoluciona tudo que era praticado
durante anos na preparação do futebolista. Diferentemente do que era feito antes, Mourinho
buscava um equilíbrio das qualidades físicas para melhorar o desempenho individual através
da formação técnica, tática e estratégica e relacional, e tudo isso pensando no rendimento
coletivo da equipe.
2. A forma física

Devemos levar em consideração que os jogos se ganham por um bom desempenho coletivo
antes que o individual e é exatamente o que devemos criar, um alto rendimento de grupo,
onde todos se entendam e criem sinergia de jogo, onde uma equipe seja mais do que as soma
de suas forças individuais, mas sim uma coesão de talentos grupal que nos dará os resultados
esperados.
Um exemplo de pensamento tradicional é dado no livro de (Oliveira, Amieiro, Resende, &
Barreto, 2007) “se a parte física não está bem, de nada vale a parte tática ou a técnica”
Vanderlei Luxemburgo.
Podemos ter um jogador que nos testes físicos apresente a melhor tolerância ao lactato, que
seu VO2max seja superior ao resto da equipe, mas que na partida não saiba quando correr,
fique toda hora impedido e não saiba se adequar aos companheiros, assim seu “estado físico
superior” fica ofuscado já que não pode contribuir com o que a equipe necessita. Sendo
diferente o caso de um jogador que pode ter um “estado físico deplorável”, que pode,
contudo, ser disfarçado pela organização do time.
Então, é fundamental realizar vários testes físicos? De certo modo o próprio jogo pode ser um
indicador, quem consegue nos mostrar quem está melhor em tal posição ou em outra, quem
consegue cumprir sua função e quem não.

3. Os picos de forma física e a “recarga de baterias” nas pausas competitivas


Se relembrarmos uns dos métodos que mais se estudaram e estudam como o ideal de
treinamento no futebol é a periodização de Matveev, que tem uma contribuição
importantíssima para os esportes, porem os esportes individuais. Se temos um time de futebol
não queremos que no começo ele esteja a 50%, a metade da temporada a 75% e no final a
100%; nosso treinamento deve ser focado em estar 100% concentrado e não dirigindo um
treinamento como sugerido por Tudor O. Bompa “de longo estado de forma”.
Nós devemos buscar um modelo onde prevaleça a estabilização já que não queremos que
nossa equipe oscile de rendimento, independente se jogarmos contra o primeiro da tabela ou
uma equipe próxima da zona de rebaixamento, nós trabalhamos mais em função de corrigir
os erros da partida anterior mirando a próxima partida.
Isso é muito claro para (Oliveira, Amieiro, Resende, & Barreto, 2007) e citando Mourinho
indicam que:
Logo a partir do segundo microciclo semanal da temporada, e estou falando do
período que convencionalmente chamamos de pré-temporada, os micros ciclos
são basicamente iguais até o final da temporada. Tanto a nível dos princípios e
objetivos do trabalho, como no nível físico. Somente no aspecto técnico-tático
é que vou modificando os conteúdos em função das dificuldades enfrentadas na
partida anterior e do que será a próxima... Os objetivos são os mesmo desde o
segundo microciclo até o último. (pág. 84-85)
Então vemos que ter “picos de forma” não é o ideal para uma temporada, a não ser que exista
algum treinador que procure estar bem em uma partida e em outra não. Porem se falarmos
sobre “recargas de bateria” em paradas esportivas, como no caso da Copa do Mundo Brasil
2014, já estamos começando a escutar que as esquipes estão trabalhando com os jogadores
pequenas pré-temporadas, onde buscam um aumento de VO2max, resistência ao lactato,
resistência de força, hipertrofia muscular, etc. Onde em todo caso seria melhor (na minha
percepção), trabalhar táticas coletivas, jogadas ensaiadas, transição, etc. O que nos dará um
plus, já que nosso time estará melhor preparado do que o resto.

4. TREINAMENTO DE CONDICIONAMENTO FÍSICO


Geralmente as capacidades condicionais são trabalhadas separadamente para o suposto
plano onde não se deve repetir, já que deve dar-se um tempo de descanso para que o
organismo se recupere.; mas, quais capacidades são consideradas como condicionais?
Segundo (Weineck, 2005) essas capacidades se baseiam em processos energéticos e são as
seguintes:

 Resistencia
 Força
 Velocidade
 Flexibilidade
E geralmente se trabalha uma por dia separadamente antes do treinamento tático. O que nos
dá um dia de academia, ou treinamento com pesos no campo de jogo, outros dias de provas
de velocidade, ou trabalhos anaeróbios láticos e aláticos (em diferentes tempos), outros dias
com o método Fartlek (entre as pessoas que estudaram mais o tema) e outros treinadores
que preferem indicar “umas 10 voltas no campo”.

Todas são formas de trabalho e tem dado frutos, não podemos negar; mas é uma maneira
ideal trabalhar o musculo a um ponto que a força que colocamos na bola supere uma
necessária para colocar a bola na rede?

Andrea Pirlo e David Beckham, dois dos melhores cobradores de falta do mundo não precisam
de tempo na academia ou de agachamentos para conseguir sua especialidade, eles fazem
dentro do campo, para que pernas mais hipertrofiadas que com a que eles têm já é o
suficiente?
Se trata de identificar um tipo de capacidade a trabalhar, preferencialmente deveriam estar
as capacidades coordenativas, já que o cérebro é o que impera sobre a coletividade, minhas
pernas grandes e fortes não vão ajudar que meu companheiro corra mais rápido, mas minha
visão de jogo pode encontrar um passe ideal onde meu companheiro necessita para marcar o
gol.
Se de periodizar se trata, é a nível de SNC e é precisamente o que realiza o modelo de jogo
que vemos nesse curso. Não macro ciclos de periodização, mas sim microciclos de oscilação
de cargas que nos levarão a uma estabilização ao longo da temporada e isso sem dizer que a
força, resistência e velocidade não sejam importantes, de fato são, já que não poderíamos
trabalhar nada em nosso modelo de jogo sem essas capacidades, mas por que treinar além da
conta se o que necessito é satisfazer as necessidades do coletivo?
A tática não se vê em quadros de sala de aula, a tática se vivencia dia-a-dia jogando,
aprendendo, treinando nossos músculos em relação ao modelo de jogo, compreendendo e
concentrando em como contribuir à equipe com minhas características individuais.
5. CONTROLE QUANTITATIVO DO TREINAMENTO

Sobre esse tema já tratamos bastante, porem podemos constatar que existe uma obsessão
pela dimensão tática, onde Mourinho indica que “é uma questão de crença, eu não creio”; e
de que pode nos servir que o volante pela direita pode aguentar 1 mmol de lactato a mais que
o resto, quando não consegue fazer uma tabela, ou preencher o centro da área numa
transição ofensiva?
O próprio treinamento e o modelo de jogo são nossos agentes avaliadores que nos permitirão
identificar “o estado físico” dos jogadores e com base nessa análise podemos desenhar tarefas
cooperem com a supercompensação desejada para que os jogadores cumpram os objetivos
da equipe.
6. MUDANÇA DE TÁTICA, PARTIDA A PARTIDA, EM FUNÇÃO DO ADVERSÁRIO
Podemos ter adaptação por situação de lesão, suspensão, etc. Porém não deve interferir na
maneira como nós jogamos, uma vez que levamos (dependendo do momento da temporada)
um tempo grande para construir um modelo de jogo e familiarizar os jogadores com ele, para
que em um jogo difícil mudemos o que tínhamos aprendido, nossa própria identidade. É mais
fácil mudar o sistema para encarar uma equipe forte ofensivamente ou nos ater a nossas
ideias e obrigar a outra equipe a mudar seu sistema já que nossa identidade se mostra
inquebrável.
E acrescentamos um fator que pode ser levado em consideração, geralmente as equipes
mandantes jogam muito mais desinibidas, soltas e ofensivas, enquanto a equipe visitante joga
mais defensiva buscando espaços para contra-atacar. Porem analisando a partida de futebol
de forma mais pragmática, são onze contra onze em um campo que mais ou menos tem as
mesmas dimensões; por que mudar minha equipe de mais ofensiva (mandante) à mais
defensiva (visitante)? Se construímos um modelo de jogo e temos um sistema de jogo não
deveríamos manter, seja em que estádio for, ou contra qual equipe seja?

UMA METODOLOGIA DE TREINAMENTO QUE NÃO SERVE APENAS PARA O ALTO


RENDIMENTO
Muitas pessoas tem dito que a periodização tática é aplicável para equipes de alto rendimento
(primeira divisão, jogadores com anos de experiencia), mas que em caso de divisões
inferiores>17 anos, não é tão factível.
Tal é o caso do seguinte artigo, (Staff de Un Fútbol Moderno, 2013), onde indica que em certas
categorias não há espaço para a metodologia. Aqui um pequeno extrato:
A periodização tática mostra uma orientação conceitual e metodológica para o
alto rendimento. Em último nível, não se referiria como processo de formação
dos jovens no futebol, mas sim como otimização da forma desportiva e das
equipes, como parte das atividades associadas ao modelo de jogo desejado pelo
treinador. De uma forma geral, desde o período preparatório, a marca distintiva
dos treinamentos deve ser com intensidades altas (Oliveira, 2005; Aroso, 2006;
Alves, 2008). Nos escalões de formação de base, a aprendizagem das
propriedades técnicas e táticas não se produzem de imediato, o que requer mais
volume do que intensidade, com finalidade de melhorar as ações técnicas, a
capacidade de desenvolver o raciocínio tático, evitando, por outra parte, o
fracasso que acarreta a saturação, retirada e abandono do processo de
treinamento e competição (Stafford, 2005).
No livro de (Oliveira, Amieiro, Resende, & Barreto, 2007) entrevistam ao Mourinho onde ele
da a entender que quando chegou ao FC Porto, uma de suas preocupações foi reunir em várias
ocasiões com os responsáveis pelas equipes inferiores para que conheçam a fundo seu modelo
de jogo e sobre todo treinamento, a mesma coisa foi feita no Chelsea FC e em todas outras
equipes que treinou. Para que? Pois são os jovens da base que alimentarão o clube e eles
devem trabalhar de certa forma como os jogadores da equipe principal, já que esta é a
projeção, que possam chegar e se adaptar rapidamente a um trabalho que vivenciaram desde
categorias menores.
Antes de continuar com os pontos que faltam abordar no modulo 2, enviaremos uma tarefa,
na qual consiste em identificar nosso sistema de jogo e dar nosso critério sobre a periodização
tática, modelo aplicável em divisões inferiores?
Atividade 1

1.1 Identificar nosso sistema de jogo.


Estruturar o sistema de jogo: é dizer o sistema que vamos usar (442; 433; 352) e qual sua
dinâmica resumida em 3 características.
Um exemplo de um sistema que aplico muito:
Sistema ou estrutura de jogo: (3-5-2)

 Contragolpes rápidos.
 Retenção da bola no meio campo
 Apoio de volantes em transição ofensiva e defensiva (grande resistência)
1.2 A periodização tática, modelo aplicável em categorias de base? (nas seguintes
categorias)
-Sub 17
-Sub 15
-Sub 13
-Menos de 10 anos
*a entrevista que citamos está no link: http://unfutbolmoderno.blogspot.com/2013/03/la-
periodizacion-tactica-en-el-futbol.html
1.3 Por que existem mais derrotas do que vitórias em partidas como visitantes? Você como
treinador usa um sistema mais ofensivo, defensivo ou o mesmo sistema quando visita um
adversário?

FIM DA PRIMEIRA PARTE DO MODULO 2 (2/4)

SUSTENTAÇÃO CIENTÍFICA DE UMA METODOLOGIA REVOLUCIONARIA


A ciência sempre estará presente em toda atividade do ser humano, independente se ele saiba
ou não; e esse é um fator que também estará presente no caso da Periodização Tática, já que
sua construção não é feita apenas com ideias lançadas sem mais nem menos em uma conversa
de treinadores, mas sim se sustenta em caráter empírico (por sua repetição constante durante
vários anos) e além disso com o vasto estudo do efeito do treinamento a nível neural.
Já mencionamos as ideias de (Skinner, 1988) (Ardila, 2001) quanto aos efeitos do
condicionamento por ações repetidas; outro grande trabalho que pode apoiar essas teses é o
efeito condicionado realizado por Pavlov (https://www.youtube.com/watch?v=kuAVOQixBl8)
Então a aprendizagem, tanto de técnica (principalmente em equipes juvenis) e táticas (em
equipes mais avançadas) pode dar-se sob dois sistemas, o estimulo positivo e estimulo
negativo. De acordo com o que foi publicado por (Dispenza, 2008) o ser humano tem três tipos
de cérebro, o neocórtex, o mamífero e o mais primitivo (e mais forte) o reptiliano. O cérebro
réptil segue duas funções principais, evitar o castigo e buscar o prazer; por isso que em
situações que desconhecemos nossa pele arrepia e se produz um processo de levantar o pelo
corporal (resposta animal quando se encontra ameaçado) e ainda que alguma vez sabemos
que algo não é correto, fazemos assim mesmo pois nos dá prazer.
Podemos obter resultados de duas formas distintas com um grupo de futebol, sendo os
treinadores que castigam com exercícios quando ocorre uma falha ou os que premiam uma
boa execução, ambas tem dado resultados e muitos técnicos evoluíram a uma dualidade com
suas equipes, premiando certos aspectos e castigando outros. Conta-se que Sir Alex Ferguson
(ex treinador emblemático do Manchester United), pela crescente fama de David Beckham
em sua sensacional carreira, o jogador começou a chegar mais tarde aos treinamentos e
Ferguson a fim de evitar que se tornasse uma conduta constante decidiu jogar seu sapato nele
na frente da imprensa que parou o atleta para tirar fotos e gritou “ou vem ou senão vai
embora”; Beckham começou a trabalhar melhor desde então.
Na Periodização Tática, existem diretrizes muito claras, primeiro apresentar para os jogadores
os objetivos do dia, em que isso beneficia os futebolistas? Bem, faz com que eles sejam
participantes conscientes do processo de treinamento e os conduzirá ao conhecimento do
que estamos buscando com os exercícios colocados no campo, o que pode se converter em
um agente motivador para que os participantes se concentrem mais e busquem treinar seus
cérebros em relação a melhor resolução motora sob condições similares. Saber fazer sobre
um saber fazer – ser consciente do por que realizamos determinada ação.
Atividade 1 – trabalho para comprovação da hipótese levantada.

Realize um trabalho de passes, uma equipe contra outra com um jogador coringa em um
espaço retangular. O grupo pode ser formado por 4 jogadores de uma equipe (azul) e 4 de
outra (amarelo); o jogador vermelho sempre apoiará a equipe que tem a posse de bola
(pessoa altamente técnica e que saiba distribuir bem a bola).
Tarefa: passar a bola entre todos os companheiros da mesma cor (incluindo o vermelho), e a
outra equipe tem que impedir; cada 12 passes completos valerá 1 gol; uma vez perdida a bola
a conta volta a zero; quem “marcar mais gols” e 6 minutos ganha.
Aplique a dois grupos se for possível, se não aplique ao mesmo grupo sob as seguintes
orientações:
Em caso de 2 equipes:

 Explique as regras do jogo ao grupo 1 (9 jogadores) e os permita jogar


 Explique as regras do jogo ao grupo 2 (9 jogadores) e indique que o objetivo essencial
é buscar espaços, fazer tabelas, usar todo espaço, jogadores pelos lados, além de
muito dinamismo e jogar nas costas do rival.
Em caso de 1 equipe:

 Explique somente as regras na primeira rodada, e na segunda diga o que você deseja
ver.
Mostrando graficamente, é possível que acontece algo similar.
“A repetição sistemática não como simples automatização de determinado tipo
de comportamento, mas sim como a tentativa de compreensão e aprendizagem
de determinados princípios, de modo que se tornem regular” (Vitor Frade, 2003)
citado por (Tamarit Gimeno, 2007).

Atividade 2 – O que você acha?


Um jogador deseja praticar cobranças de falta, que lhe permitirá adquirir o gesto técnico ideal
para tornar-se um goleador mais efetivo? (justifique sua resposta)
Opção A- Cada vez que acerta recebe comprimentos, aplausos e admiração por parte do
treinador.
Opção B- Cada vez que mandar fora do gol deve pagar 10 abdominais.

O treinador nunca deve cortar a criatividade dos jogadores, deve permitir que tenham uma
dose de espontaneidade, já que se indicamos exatamente tudo que queremos que façam
criamos esportistas dependentes da aprovação de uma jogada, eles devem saber o que é o
melhor que podem fazer em uma situação determinada dentro da partida em função do
coletivo, quer dizer, nossa função como treinadores é permitir um auto feedback dos
jogadores sobre seu desempenho nas tarefas propostas, nunca indicando “estava errado o
passe, era melhor ter passado para o outro lado”, mas sim com um possibilidade “se virasse e
levantasse a cabeça poderia ver o passe que poderia ter feito o outro jogador” (críticas e
sugestões sempre separados do grupo).

Mas não podemos demonstrar que o futebol e todo seu treinamento deve ser cor de rosa,
onde não existe nenhum comentário aberto sobre o desempenho de tal jogador, é ai que
entra a habilidade do treinador, saber ate onde pressionar uns e o que motiva a outros.

Aqui temos um vídeo de um treinamento de Mourinho, apesar de os comentaristas


analisarem de uma perspectiva mundana, com certa zombaria, vemos vários aspectos da
periodização tática implícitos:

https://www.youtube.com/watch?v=MEy4h0sQAK0
Embora Mourinho não seja um motivador extraordinário como o vídeo evidencia, sabe lidar
com o grupo, você não tem que gritar, bater palmas, pressionar, mas alcançar o grupo. No
livro “Código Mourinho” de (Cubeiro & Gallardo, 2012), analisam vários aspectos do treinador
português e vários o definem como uma pessoa amável, carinhosa, interessada pela vida
pessoal dos atletas, apesar de tudo que se vê na imprensa. O fator da psicologia sobre o grupo
é mais que transcendental e será precisamente a arte do treinador desenvolver uma boa
relação, mas que por sua vez saibam que no momento de treinar a concentração seja cem por
centro e com seriedade.

O MODELO COMO GUIA DE TODO PROCESSO


A criação de um modelo é baseada no treinador, cada treinador tem seu próprio estilo ou
possibilitará um estilo de jogo em grupo, que se converterá em um modelo individual de
acordo com o grupo de trabalho. Pode ter o mesmo Bayern de Munique, com o mesmo elenco,
porem não terá nada a ver a equipe desenhado por Jupp Heynckes com a equipe desenhada
por Pep Guardiola. Então percebemos o treinador como o pensador e líder do grupo.

É responsabilidade do treinador ter uma ideia clara de jogo (para isso que serve a pré
temporada, ter vários sistemas e princípios de jogo provisório e de acordo com a analise de
pros e contras estabelecer sob qual sistema começar a treinar), e ele será encarregado de
entregar essa “cultura” tática a mente de todos os futebolistas. E os atletas devem saber
claramente a ideia do treinador para poder contribuir da melhor forma.
(Tamarit Gimeno, 2007) que cita a Vítor Frade nos indica que:
O treinador deverá se formar como um ser reflexivo, um ser organizado,
ponderativo, para o qual a única certeza será a incerteza. O treinador não fará
por viu ser feito uma vez, mas sim por que sua intuição e reflexão mostrarão
esse caminho com o melhor para alcançar os objetivos procurados (pág. 38)
A periodização que leva a uma determinada forma de jogar, é um processo longo liderado
pelo treinador, que para a construção de uma equipe com identidade própria, deverá criar
tarefas que facilitem a assimilação dos princípios que nos levarão a um conhecimento geral e
comum sobre nosso modelo de jogo.
Podemos definir o modelo de jogo como uma visão futura da equipe que pretendemos, não
unicamente com base no sistema de jogo (exemplo 1-4-4-2), mas sim a nível mental, a
colaboração coletiva além da soma das partes, o resultado harmônico em determinados
momentos do jogo.
E o modelo de jogo só pode ser moldado com base na operacionalização do jogar, e sempre
em base da Especificidade que difere da especificidade. O principio de especificidade
comandará sempre a “periodização tática”. Revisaremos mais a frente a diferença, mas em
breve resumo podemos exemplificar da seguinte forma.

Cruzamento e cabeceio para marcar gol na baliza (exercício específico de caráter ofensivo)
Cruzamentos pela lateral (já que temos jogadores velozes) ao segundo pau (já que temos
jogador com bom jogo aéreo e altura relevante) e ele proporciona um passe de cabeça para
outro jogador cabecear ao gol (jogador rápido e que busca espaços). (exercício Específico) já
que usamos nosso modelo de jogo para dividir e mapear a tarefa.
Os exercícios sempre estarão condicionados ao futebol que queremos alcançar, simplificados
para a rápida assimilação dos objetivos sobre predisposições que pouco a pouco dificultarão
o principio de jogo pretendido com redução do tempo, do espaço, com maior pressão
contraria, etc. E é fundamental entender e planificar que não devemos equipar e equipar os
jogadores com novos princípios, mas sim buscar uma manutenção dos princípios já
aprendidos.

FIM DA SEGUNDA PARTE DO MODULO 2 (2/4)


HÁBITOS QUE LEVAM A DESTACAR-SE DO RESTO

Vários dos entendidos do futebol apontam que as vitórias obtidas por Mourinho foram por
sua liderança e estudo minucioso sobre o adversário; o que também é uma grande
contribuição já que devemos identificar as forças e fraquezas do adversário para criar
trabalhos que nos aproximem da vitória, porem nós queremos expor que não são apenas os
“mind-games” que fazem com que a periodização tática funcione como uma verdadeira
metodologia.
Metodologia é um conjunto de métodos; Método é o modo de trabalhar ou atuar, hábito ou
costume que cada um tem e observa. (Real Academia da Língua Espanhola)
Embora a prática nos levará a identificar o modelo de jogo que aplicaremos com nossa equipe,
é importante ter procedimentos que tem dado resultados, nesse caso a periodização tática
não vem a ser um passo a passo estruturado a seguir para conseguir sucesso; considere vários
estudiosos que propõe que praticamos o que nos indicam na metodologia, deixa de ser
Periodização Tática. Pode ser que contaminamos o que está modelado no estado teórico,
porem cada qual responde a suas circunstancias particulares, para o caso único e irrepetível
que existem em condições espaciais próprias; por isso devemos seguir as diretrizes, mas
defendendo nossa ideologia já que ela e nossa motivação podem mudar o mundo.
Aqui citaremos um pequeno trecho do livro “Mourinho: por que tantas vitórias?” de (Oliveira,
Amieiro, Resende, & Barreto, 2007):

As pessoas tem uma ideia geral do que faço, mas isso não é suficiente para ser
crível. Operacionalizar essa forma de treinar é muito difícil e muito mais quando
não se qualifica...
A coerência é fundamental e dificilmente se alcança quando só se conhecem as
coisas superficialmente, ou se parte do principio que não é nada novo ou de
difícil execução.
Pode ser que um treinador que defenda os modelos tradicionais de treinamento,
sinta-se atraído por minha linha de pensamento e tente colocar em pratica,
copiá-la no bom sentido. Isso pode fazer com que ele nem trabalhe bem
segundo minha filosofia de treinamento e nem segundo a sua, que não será
equivocada. É um fato que muitos tem e continuarão tendo êxito treinando de
uma forma muito diferente da minha. Agora, acontece que eu penso de uma
maneira diferente, totalmente diferente, e que, além de conquistar meus
objetivos, também são ideias que agradam os jogadores. É como dizia: os
jogadores não me adoram... adoram trabalhar comigo! (pág. 154)

Pessoalmente em momentos de treinamento (com jogadores sub10), digo que terá um


prêmio que me falar quanto é 3 x 4 + 8, talvez não tenha muito a ver com futebol, mas mantem
os jogadores espertos, inclusive se divertindo esforçando para saber a resposta, não está
dentro da periodização tática, mas é um método que achei adequado para os garotos.

Portanto nós encontraremos as práticas prudentes e pertinente que nos ajudam a ter o
controle do grupo, tanto a nível disciplinar como de concentração. Contundo, existe uma serie
de passos, ou lições, que nos deixa (Cubeiro & Gallardo, 2012), para alcançar o melhor
resultado na criação do nosso modelo.

 MOTIVAÇÃO INTERNA, SOMENTE VOCÊ MOTIVA A SI MESMO

Um não motiva resto, mas pode mostrar a melhor maneira a cada um para que ele possa
motivar a si mesmo. Podemos ter o melhor “motivador” do mundo, mas se a pessoa não é de
meu agrado, não gosto do que ela diz, será uma pessoa a mais. Por exemplo recomendo esse
vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=0UQzz7Dwuvk

Para vários pode ser só mais um vídeo, mas para mim é muito bom e me dá vontade de
construir novos projetos, poderia dizer que esse vídeo motiva, mas o faz quando creio nesse
efeito interno, quer dizer, nos ajuda a auto motivar.

Contudo cabe o questionamento, o que quer alcançar com sua equipe? Que tipo de técnico
que se tornar? Quer um time de futebol ou prefere um time de colegas que trabalham para o
mesmo objetivo? Tudo reside em ti e nas decisões que toma.

 ORINTAÇÃO A RESULTADOS, MOBILIZA SUAS ENERGIAS

As vezes temos equipes que ao saber que enfrentaremos o campeão da temporada passada,
ou que os outros jogadores são mais altos, fortes, velozes, etc. Se abatem e se deixam ganham
antes do tempo.

A pessoa que se encontra a cargo do grupo somos nós e tudo será um reflexo próprio;
devemos tomar as rédeas e mostrar ao grupo por que nos encontramos ali, não importa o
resultado, importa é entregar tudo que nos temos até o fim do jogo, contribuir sempre de
maneira coletiva, não individual e se o adversário estava melhor na ultima temporada, mais
saborosa será nossa vitória; nos transformaremos nessa pessoa que buscará as melhores
palavras para criar esse efeito de automotivação nos atletas.

https://www.youtube.com/watch?v=Veh0vJc6H9c

https://www.youtube.com/watch?v=1Ym9nr_O0r0

“meu coração e minha mente carregaram meu corpo quando minhas pernas não puderam
mais” Coach Flowers

 UNIFICAR CRITERIOS

No futebol não existe jogador mais e menos valioso dentro de campo, apesar do marketing
nos dizer o contrário; não deve existir jogador livre de tarefas defensivas por mais ofensivo
que seja, ou que repreende ao resto por não o abastecer de passes bons; todos os jogadores
devem ter muito claro o que o treinador quer deles, posição, passe, chute, etc. Não é melhor
o treinador que fica gritando e pressionado o grupo para que cumpra com o que ele quer, o
próprio treinamento durante a semana define o que esperávamos em uma situação ou em
outra. O futebol se joga em equipe, um coletivo que quanto melhor relação tenha, mais se
conheçam, mais joguem entre eles, mostrará melhor resultado.

 O MUNDO NÃO É DOS MODERADOS

Geralmente se recomenda que devemos dizer o que os outros querem escutar para poder
agradar mais as massas, porem cabe uma questão, é melhor incomodar com a verdade ou
agradar com a mentira? Se existe algo que não nos agrada, que vemos que não é benéfico
devemos fazer notar, é nossa obrigação moral, somente por nossos atos o resto tomará
partido.

Os melhores acordos para diretores técnicos, sem querer seguir isso como ideal, são os que
falam mais, que se sentem confiantes de suas palavras, apesar de não estarem certa, mas isso
chama a atenção. De certo modo isso que nutriu pouco a pouco que economistas, advogados,
doutores em cargos ondem deveriam se encontrar pessoas capacitadas no esporte,
professores, técnicos, licenciados, etc. Porem esse alarde que os outros fazer os posicionam
melhor do que as pessoas que estudaram para o cargo.

 INICIATIVA TOTAL, O MOVIMENTO SE DEMONSTRA ANDANDO

Uma atividade que tenho deito nos meus treinamentos é me dedicar a interagir com os
jogadores, carregando a bola, realizando fintas, correndo, etc. Essa é uma maneira de indicar
a eles que você também sabe, que você gosta de futebol e por isso esta ali, no meu critério
pessoal, não há espaço para treinadores com notório sobrepeso, que não toquem nunca na
bola e que sempre buscam o melhor do grupo para explicar as tarefas, se nos somos os
treinadores devemos exemplificar da melhor maneira.

As palavras movem, o exemplo arrasta.

 MODIFICA SEUS COMPORTAMENTOS PARA SE ADAPTAR


Eleonor Roosevelt disse: “ninguém pode te ferir sem teu consentimento”; nesse mundo cada
vez mais competitivo, sobrarão comentários, atacarão sua forma de treinar, vão te comparar
com outras pessoas, dirão que outros foram melhores, porem tudo depende de cada um. Você
decide com quais comentários fica e sobretudo, como os interpreta, já que existem muitas
pessoas bem ou mal intencionadas que falaram sobre você, mas aí está o interessante; se
ninguém está falando de você é porque não está fazendo um grande trabalho, não excede,
não ultrapassa o que esperam de ti.
Devemos focar naquele processo de adaptação tendo em vista as circunstâncias dadas,
inclusive a torcida, a diretoria, o staff e os próprios jogadores podem te criticar, mas só você
é dono da verdade e demonstrará tudo com o tempo. E devemos refletir essa segurança já
que tendo um grupo que dirigimos, eles copiarão várias de nossas atitudes, então seja sempre
confiante, já que o mundo é dos que mantem a cabeça sempre levantada.

 HUMANIDADE COM OS SEUS


Nosso objetivo primário deve ser transcender, dai a mensagem dos vídeos do curso “aprender
não é para conhecer, aprender é para transcender”, se não aplicamos pelo menos uma parte
do que vimos nesse curso será dinheiro desperdiçado, tempo jogado fora e recursos perdidos.
Nosso grupo precisa de um treinador que esteja apaixonado pelo que faz, de verdadeiramente
os treine, não unicamente para o desenvolvimento de capacidades físicas e cognitivas, mas
sim que de verdade acrescentem algo no crescimento íntegro dos atletas.
Daí a importância de ser consciente, ser amável, cordial, perguntar por situações pessoais das
pessoal que estão sob nosso comando, ser um confidente; um treinador não é só o que te diz
o que fazer em campo, mas que estará disponível em qualquer situação de sua vida
O importante não é brilhar, mas sim iluminar

 ORQUESTRAR A SINFONIA, SEJA O MODELO PARA OS DEMAIS


Têm comparado os atletas como peças de uma orquestra e o treinador como o maestro, sendo
justamente a interação de todo o grupo que leva a criar um espetáculo mais agradável, sem
erros.
Justamente comparando com a orquestra, eles não aquecem dando 10 volta em frente seu
instrumento, eles começam com notas suaves e progressivas para depois articular diferentes
partes e sonoridades pra criar uma peça musical; o mesmo deve acontecer no futebol, não
aquecemos dando voltas no campo, começamos com o movimento progressivo da bola e
entre os aspectos do nosso modelo, articularemos as funções no campo para que no jogo
executar da melhor maneira.

SABER SOBRE UM SABER FAZER


Vítor Frade nos aponta que para adquirir um princípio, o treinamento deverá ser “aquisitivo”
(que vai desde o mais simples ao mais complexo), referindo ao principio de propensões (fazer
aparecer uma grande porcentagem do que queremos alcançar, do objetivo pretendido, com
o que devemos condicionar o exercício, para que com base na repetição surja o
comportamento pretendido).
Um claro exemplo de um Principio de Propensão podemos ver graças a (Tamarit Gimeno,
2007) que cita a Frade:
Realizamos um exercício onde 6 jogadores pressionam, os três atacantes e os
três meias (em um esquema 4-3-3) contra 7 jogadores com a posse de bola, por
exemplo 4 defensores e 3 meias. O que queremos é que os jogadores que
pressionam recuperem muitas bolas, cumprindo dessa forma a repetição
sistemática que os levará a um hábito. Ao ser Específico de nosso <<jogo>> esse
hábito, podemos alcançar as esferas de “saber sobre um saber fazer”, que não
é outra coisa que “fazer consciente o que se quer” (pág. 58).
O princípio das propensões busca Princípios e Sub-Princípios de jogo, onde se verá a forma
ideal para que se aprenda cognitivamente com base na repetição que nos irá moldando o
exercício até que apareça como uma das condutas a tomar dentro dos confrontos. Porem não
é uma repetição mecânica dos movimentos sem objetivos concretos que levam a repetição
motora e sem maior sentido, mas sim com o objetivo que seja a aquisição do padrão que
queremos formar, sem cair na monotonia, com um alto grau de imprevisibilidade, criatividade
da parte dos jogadores e onde sejam participante ativos do processo encontrando eles suas
próprias respostas.
Já as Propensões poderão dar-se com base a complexidade, quer dizer, existirão
condicionantes que tornem mais complexo o exercício (uma vez que se domine o exercício
prévio) ou que diminuem a complexidade (quando recém explicamos um exercício ou quando
o exercício planejado não possa ser realizado e devemos baixar a complexidade para buscar a
correta assimilação).

Trazendo outro exemplo sobre as Propensões.


Premissa original:
-Equipe amarela defende o gol grande com goleiro e marca nos 2 gols laterais feitos com
cones.
-Equipe vermelha quando rouba a bola deve fazer o gol em 8 segundos, se realiza um
desmarque de ruptura e a jogada acaba em gol, este vale 3 pontos, se é gol antes dos 8
segundos vale 1 ponto.

Princípios de jogo:

-Ataque rápido
-Jogo de profundidade

Sub princípios:
-Mudança de ritmo: essas mudanças tem que trazer uma grande velocidade
-Desmarques de ruptura: dos mais próximos do gol para finalizar logo a jogada.

Condicionantes que REDUZEM a dificuldade:

1. O tempo para a equipe vermelha marcar o gol é de 15 segundos;


2. O espaço de jogo é mais amplo;
3. O jogo se desenvolve entre 4 amarelos (incluindo goleiro) e 5 vermelhos;
4. Se joga com o gol vazio sendo valido qualquer gol dentro da área;
5. Se joga com tempo de 8 segundos para marcar o gol com defesa passiva da equipe
amarela (menos o goleiro); uma vez recuperada a bola.

Exemplo, condicionante número 4 (sem goleiro):

Condicionantes que AUMENTAM a dificuldade:

1. Se joga com um jogador adicional por time, mas com duas bolas em campo;
2. Joga com jogadores coringa por fora que jogam para a equipe que tem a bola;
3. Joga com um jogador a mais por time e 3 gols feitos de cone;
4. Exista equilíbrio de jogadores 7 vs 7, em mais o goleiro na equipe amarela;
5. Colocam 2 gols laterais e frontais para equipe amarela, adicionando 2 jogadores por
equipe; o campo se prolonga lateralmente toda sua extensão.

Exemplo, condicionante número 5 (gols laterais):


Somente o movimento intencional é educativo, por isso viram o exemplo no modulo anterior
do exercício que se explica a um grupo e a outro só passa as premissas de trabalho; quando
os jogadores sabem o que estamos buscando com o exercício, eles respondem melhor, por
que eles sabem o que nós queremos.

Atividade 3.1:

Criar um exercício (de preferencia gráfico), onde encontremos o seguinte:

Princípios:
- Ataque combinativo
- Criação de espaços

Sub princípios:
- Conservação da bola: um ataque combinativo lento com mita posse de bola construindo a
jogada.
- Desmarques de apoio ao portador da bola.

Uma vez criado o exercício, indicar 5 condicionantes que podem aumentar a complexidade e
5 condicionantes que diminuem a complexidade.

FIM DA PRIMEIRA PARTE DO MÓDULO 3 (3/4)

UM MECANISMO NÃO MECANICO

“sem o detalhe, sem a criatividade, o jogo perde sua própria riqueza. Agora,
também há necessidade de compreensão... é que, mesmo essa criatividade,
mesmo esse detalhe deverão estar sempre em um contexto, um uma linha do
plano de jogo. Essa criatividade e esse detalhe não podem surgir
anarquicamente, eles devem estar subentendidos no cumprimento de qualquer
ação do jogo. A questão é essa, como no treinamento analítico consiga que
surja esse detalhe? Na minha opinião é impossível, ou então são malabaristas
que fazem determinadas habilidades, porem sempre descontextualizadas”
(pág. 63) (Tamarit Gimeno, 2007)

Imaginemos um futebolista que ensinamos que a única maneira de chutar é com a parte
interna do pé, cada ação do jogo ensinamos ele resolver com a parte interna do pé já que “e
a maneira que fazem os grandes atacantes”, se prepara, se educa, se treina e efetivamente é
um bom goleador, porem o atleta se muda para outro time, outra realidade, a marcação é
muito mais forte, não dão tempo dele ajeitar o corpo, e quando tem a oportunidade não
consegue definir já que o chute com a parte externa do pé não foi muito desenvolvido, sem
falar das outras partes do pé. Sua realidade é que com a parte interna pode marcar os gols e
se não acontecerem situações similares ele não conseguirá repetir seu recorde de gols.
O exemplo é algo grosseiro e não quer indicar que o treinamento tradicional crie indivíduos
que usem somente uma parte do pé para realizar alguma ação, mas de certo modo o
treinamento muitas vezes diminui sua criatividade, já que remos treinadores que criticam
tudo e apontam exatamente o que cada jogador tem que fazer, porem o êxito consiste em
fazer sugestões ao atleta, e sobretudo buscar um aprendizado guiado para que seja o próprio
jogador quem se de conta do que tem que fazer em determinada situação. Quer dizer, um
processo construtivista que segundo (Carretero, 2005), é o processo que garante o
aprendizado significativo dos estudantes com base as ferramentas e conflitos a nível cognitivo,
procurando desse modo que reestruturem seus conhecimentos e construam um novo
“saber”.

O objetivo do treinamento é moldar e ir gerando nosso modelo de jogo, mas não como um
time mecânico que faz as coisas por que sim, por outro lado, melhor formaremos um time
com ideias claras, com normas, com Princípios unificados que levará a um time que tem um
pensamento parecido, uma logica de jogo conectada que manterá a equipe com antecipações
e apoios constantes às jogadas.

Devemos sempre promover uma liberdade de criação e execução no desfecho final de ações;
quer dizer, a criatividade é o fator principal que destrói mecanismos e torna o jogo como um
“mecanismo não mecânico”, que sempre estará sujeito a regras, porem será, na hora certa,
imprescindível.

Vídeo muito recomendado: https://www.youtube.com/watch?v=vvLsVi5c7Ps

Então se enxergamos a criatividade como um fator fundamental, ela deverá ser preparada no
treinamento.

Certamente podemos dividir o Treinamento de Futebol referindo-nos ao “jogo” em duas


partes:
Uma equipe terá partida a partida um comportamento que se repete, jogadas, transições,
pressing; e de terá também um comportamento embasado na criatividade, “não se repete”,
ninguém está esperando, porem muitos jogadores tem facilidade de criar e geralmente essas
jogadas rompem o sistema do adversário e são esses momentos que devemos aproveitar para
marcar os gols.

 https://www.youtube.com/watch?v=kKjy0-wNvuU

O futebol tem a característica de ser um sistema de reorganização permanente, a todo


momento se deve adaptar ao que acontece, mas apesar disso se observa que há uma ordem,
então podemos apontar que o futebol tem a interação pura entre ordem e desordem, o que
o torna tão chamativo. Onde a criatividade pode causar essa “desordem”, mas sempre, e
unicamente, será útil quando estiver alicerçada na ordem, o objetivo concreto da equipe; a
criatividade não deve ser confundida com um circo ou como ações que provocam o adversário
para conseguir faltas a nosso favor. A função da criatividade é aparecer em momentos
específicos do jogo que proporcionem a imprevisibilidade para o benefício do grupo.

Desse modo, a criatividade deve estar sujeita ao Modelo de Jogo, contextualizada à nossa
maneira de jogar, se não é praticada nos treinamentos, dificilmente ocorrerá nas partidas; de
igual modo, se o treinamento é analítico e descontextualizado, o jogo será previsível e não
trará grandes resultados.

(Tamarit Gimeno. 2007) que cita a Damásio, A. nos indica que “as imagens nos permitem
selecionar os repertórios de ação anteriormente disponíveis e otimizar a execução da ação
escolhida”, quer dizer, quanto mais vivencias tem o nosso cérebro a nível de jogo, maior
numero de padrões (técnico-táticos) teremos a disposição para selecionar e utilizar de acordo
com as necessidades.

Atividade de sugestão:

Ponha um de seus jogadores de confiança que não domine “a lambreta” ou “elástico” para
pratica-los, e que aos poucos faça com marcação dos companheiros, é muito factível que
num futuro não muito distante seu jogador realize uma dessas técnicas no campo e te
premie com uma vantagem por aquela “criatividade” ou “genialidade” que pode acabar em
gol.

O treinamento chegou muitas vezes a um alto nível de “tatiquismo”, quer dizer, a tática é tão
primordial que vários jogadores tem que desempenhar o papel específico que o treinador
pretende, porem isso muitas vezes corta a criatividade, já que os jogadores só fazem o que o
treinador diz para fazer em cada situação, perdendo sua capacidade de leitura de jogo e
principalmente de tomada de decisão.

Os Princípios de jogo de nossa equipe, marcam o início de um comportamento, mas não o


final, esse é o momento exato onde se operacionaliza a criatividade do jogador. Se nosso
treinamento exige certos padrões de movimento e deixa espaços para a resolução livre dos
jogadores, estamos treinando tanto a parte cientifica, como a não cientifica, quer dizer, o
Modelo de Jogo e a Criatividade.

Portolés, J. (2007), citado por (Tamarit Gimeno, 2007) nos diz que:

Experiencia não significa diretamente conhecimento. A experiencia é um


comportamento em uma situação determinada, mas para esse comportamento
dê uma bagagem de conhecimento e de associação interna entre o que você fez
e o que quer conseguir fazer, necessita de um aspecto que é a capacidade de
induzir o jogador a reflexão. Se o jogador simplesmente executa uma ação de
jogo, isso não gerará diretamente um conhecimento e uma adaptação a um
comportamento superior... Não se trata de refletir sobre o movimento que fez,
mas sim que quando realiza o movimento faça consciente de porque está
fazendo, inclusive corrigir se for necessário, nesse mesmo momento... treinar a
esfera de “saber sobre o saber fazer” (pág. 69)

A CONCENTRAÇÃO TÁTICA, FUNDAMENTAL E DETERMINANTE

Correr por correr tem um desgaste energético natural, mas a complexidade


desse exercício é nula, e como tal, o desgaste emocional tende a ser nulo
também, ao contrario das situações complexas onde se exige dos jogadores
requisitos técnicos, táticos, psicológicos e de pensar as situações, isso é o que
representa a complexidade do exercício e que leva a uma concentração maior.
(Cubeiro & Gallardo,2012) que citam Mourinho.

Concentração significa “a capacidade de por atenção a informação que recebemos,


eliminando agentes que perturbem o propósito”. No futebol essa concentração deve ser
máxima dentro de todos os treinamentos e, portanto, nas partidas.

É comum escutar nas entrevistas, tanto treinadores, jogadores e diretores colocando a culpa
na “concentração”, que foi o momento que nos fizeram gols ou que erramos os nossos. Conta-
se que os treinadores russos treinavam seus atletas para os jogos olímpicos com sessões entre
20 e 120 minutos de olhar para o relógio para desenvolver a concentração. Apesar de poder
desenvolver formas melhores de treinar a concentração, no futebol precisamos da
concentração; e temos que operacionalizar não de maneira descontextualizada, mas sim com
o próprio treinamento. Daí a importância de que os treinamentos não durem muito mais que
90 minutos ou que sejam menores que isso.

No esporte não queremos uma concentração geral, por outro lado poderíamos chama-la
concentração decisional ou tática, que nos permitirá ter a melhor leitura de jogo, saber como
podemos atacar melhor o adversário, como jogar com as linhas dos defensores. Por isso todos
os exercícios que criamos em campo devem corresponder ao nosso Modelo de Jogo e sempre
panejados com base nos erros da partida anterior e mirando a próximo.
Uma vez que trabalhemos com base nos erros cometidos, nosso cérebro codifica a informação
nova para no futuro, em situações similares, nosso padrão mental ter mudado, modificado e
tem outra resolução motora que evitará cometer os mesmos erros.

Da mesma maneira, os treinamentos mirando o próximo jogo são compostos por exercícios
que nos permitirão criar ideias e comportamentos que aplicaremos no jogo, por isso devemos
ter a concentração dos esportistas no topo, já que a repetição das jogadas nos permitirá estar
mais preparados antes dos jogos.

As condições dos exercícios para propiciar uma concentração máxima serão as seguintes:

Em resumo, a melhor maneira e garantir a operacionalização da concentração é através de


situações que simulem nossa maneira de jogar.

Porém um ponto muito importante sobre o treinamento reside no treinador, já que os


exercícios podem estar de acordo aos Princípios e Subprincípios do modelo de jogo, mas a
compreensão adequada pode ser reduzida por uma má atuação do treinador; ele sempre deve
sempre se relacionar com o grupo como o líder que é, premiando as virtudes e buscando a
reflexão dos atletas frente a possíveis erros, quer dizer, a função do treinador é potencializar
essa Especificidade do jogo.

O esportista precisa constantemente de feedbacks, tanto internos como externos para poder
superar seus limites.

A forma de treinar é uma simulação do que se enfrentará, por isso devemos deixar tudo
amarrado para não receber surpresas, e dessa maneira ter um time compacto capaz de se
adaptar as circunstancias e render da melhor maneira.

A Periodização Tática baseia o treinamento em aprender uma forma de jogar para alcançar a
concepção de um modelo de jogo; sob características próprias do jogo, mas ensinando o
trabalho a nível do SNC.

FIM DA SEGUNDA PARTE DO MODULO 3 (3/4)


A INTENSIDADE, O VOLUME E O RENDIMENTO

Abordando a temática de componentes do treino temos o volume e a intensidade, que


segundo (Prieto, 2012) volume é a quantidade total de atividade realizada pelo sujeito durante
o exercício, sessão ou ciclo de trabalho. Representa o aspecto quantitativo da carga, a
quantidade de trabalho, enquanto que a intensidade é o componente qualitativo da carga de
treinamento definida pela quantidade de trabalho de treinamento ou competição efetuado
por unidade de tempo.

Na Periodização Tática temos os mesmos componentes, porem situados de outra maneira,


sua importância e determinação são fundamentais já que sua inclusão é feita desde o primeiro
dia de treinamento em intensidades máximas relativa. Segundo (Oliveira, Amieiro, Resende,
& Barreto, 2007) a intensidade será determinada pelo desgaste mental-emocional de um
exercício e não pela ação de deslocamento, quer dizer, uma intensidade decisional
(concentração tática). A intensidade máxima relativa entenderemos como a intensidade
necessária para cumprir uma ação adequadamente,

Veremos a intensidade como um fator diretamente proporcional ao grau de concentração,


sem indicar que haverão dias de maior ou menor concentração, mas sim redução da
complexidade, que dizer, a complexidade será o fator oscilante de cargas, mas a intensidade
será máxima por mais simples ou complexo que seja o treinamento.

(Tamarit Gimeno, 2007) nos fala que a capacidade de estar concentrado ao máximo durante
um determinado período de tempo é determinado por um volume de intensidade de
concentração.

Se nós trabalhamos em um trecho de 40 metros uma corrida em velocidade máxima (sprint)


em determinado tempo, executaremos com uma intensidade elevada, agora, se nós
trabalharmos só 20 metros porem devemos conduzir a bola desviando de obstáculos por 8
metros e diante de um estimulo visual correr ao ponto B outros 5 metros para receber um
passe, lançar a bola para a lateral e correr para área (7 metros) para um exercício de finalização
terá uma intensidade (concentração) muito alta e será mais útil para nosso jogo.

Quanto mais articulações existam no exercício, mais intenso ele será já que garantirá uma
concentração máxima do esportista. As articulações dos exercícios deverão ser condicionadas
aos Princípios e Subprincípios de nosso Modelo de Jogo.

“A intensidade máxima relativa deve mandar sempre, sendo que o volume aqui é a soma de
frações de máxima intensidade relativa (volume de qualidade) de acordo com o Modelo de
Jogo adotado e os respectivos princípios que lhe dão corpo” Freitas, S. (2004) citado por
(Tamarit Gimeno, 2007).

O volume que se entende na Periodização Tática é o da repetição de exercícios em intensidade


máxima relativa que perseguem a aprendizagem de Princípios e Subprincípios de nosso
Modelo de Jogo.
Devemos esquecer do volume de trabalho (peso, quilometragem, etc), mas é o volume das
intensidades, o aumento da intensidade que me importa, quer dizer, o volume é composto
por frações de exercícios em intensidade que o treinador dosará para evitar uma “fadiga
tática”.

Sendo a fadiga tática o resultado de sempre se trabalhar com alta complexidade, tanto em
volume como em intensidade; daí a importância de planejar e ter a leitura do grupo para
identificar possíveis desconcentrações por uma inadequada prescrição de exercícios. Deve-se
propiciar um espaço em doses para o equilíbrio do organismo.

(Oliveira, Amieiro, Resende, & Barreto, 2007) nos diz que o cansaço mental pode ser mais
grave que o cansaço físico, estar concentrado pode cansar mais que o desgaste fisiológico do
próprio jogo, já que no plano psicológico podemos os controles para o plano físico.

Conforme nós dosamos o trabalho de acordo com as sessões dentro do microciclo, criaremos
uma melhor forma (recuperação e eficiência de recursos), a demanda de maior concentração
e menor tempo de recuperação pode ser desgastante por isso devemos ter o entendimento
preciso, para não deixar os atletas fadigados, tanto a nível físico e sobre tudo a nível mental;
portanto devemos incorporar atividades que possam ser recreativas para o aproveitamento
pleno dos atletas.

De acordo com (Carvalhal, C., 2001) citado por (Tamarit Gimeno, 2007) o trauma psicológico
de um exercício leva a percepção desagradável da fadiga, precedendo a aparição de uma
limitação no interior dos músculos. Essa fadiga é produzida no Sistema Nervoso Central, na
medida que a ativação dos músculos depende, em parte, do controle da consciência.

“Eu não quero que meu time tenha picos de forma... Não posso querer que minha equipe oscile
de desempenho! Quero que este se mantenha sempre em níveis de rendimento elevado. Por
que não há partidas ou períodos mais importante que outros.” (Oliveira, Amieiro, Resende, &
Barreto, 2007) em entrevista com José Mourinho.

Portanto, a maneira ideal de conseguir um nível de rendimento ótimo durante toda


temporada é trabalhando sob intensidade relativa máxima desde o primeiro dia, o volume de
trabalho será praticamente idêntico já que usaremos “cargas” (Frade não gosta desse termo,
segundo ele as cargas são para os burros) idênticas semana a semana, somente sobre o
trabalho de Princípios de Subprincípios do Modelo de Jogo, fortalecendo aspectos e corrigindo
erros; quer dizer, criaremos um padrão semanal ou o chamado morfociclo padrão.

“Morfo” pelas pequenas adaptações que existem, mas serão praticamente replicados os ciclos
semana a semana e dessa maneira conseguiremos uma estabilização.

O objetivo da pré temporada dentro da Periodização Tática é estabelecer “a forma de jogo” e


depois de conseguir usaremos um morfociclo padrão semanal que levaremos durante toda
temporada, visando estabilização e deixando de lado os picos de forma (performance).
A ESTABILIZAÇÃO DO MORFOCICLO PADRÃO

O Morfociclo Padrão é a dinâmica do processo de treinamento proposta para a semana de


trabalho, baseado principalmente nos erros cometidos na partida anterior e em uma
perspectiva da próxima partida. Daí a importância de analisar os rivais e sobretudo ter
autocritica para criar exercícios que nos ajudem a melhorar a forma geral da equipe. Em outras
palavras, construiremos o Morfociclo com base no “jogo” da nossa equipe, o “jogo” resultante
da partida anterior e o “jogo” que temos no futuro.

Para a formação do Morfociclo nos basearemos em três pilares fundamentais:

Princípio de progressão complexa

Resumidamente se trata de hierarquizar Princípios, evitando desse modo a concorrência e


sobretudo interferência entre os mesmos. Vá retirando complexidade ao Modelo de Jogo para
buscar uma aprendizagem dos jogadores; entender, dominar e articular Subprincípios cm
outros Subprincípios para poder sistematizar a melhor execução dos Princípios. (anda de mãos
dadas com o Princípios das Propensões)

Princípios das Propensões

Já vimos anteriormente, e consiste em que os exercícios se baseiem em Subprincípios e


Princípios para que estes apareçam muitas vezes no treinamento para a assimilação dos
mesmos, provocando uma repetição sistemática.
Ambos princípios (propensões e progressão complexa) servem para permitir aos esportistas
adquirir, manter e potencializar os Princípios e Subprincípios compõem o Modelo de Jogo.
Enquanto um permite organizar e mensurar certas atividades o outro se encarrega de que
apareçam varias ocasiões na sessão de treinamento para consolidar a aprendizagem.

Princípio de Alternância Horizontal

A Alternância Horizontal é executável com base em três tipos de contrações existentes:


Tensão, Velocidade, Duração, cabendo explicação que todas elas se dispõem sempre em
Especificidade (de acordo com o Modelo de Jogo). A alternância é necessária para não atingir
uma sobrecarga de treinamento, já que se modificam os procedimentos atacando sistemas
diferentes permitindo assim o descanso completo após a sessão.

Segundo (Gaiteiro, B. 2006) citado por (Tamarit Gimeno, 2007):

Em termos biológicos, não é possível que um organismo se esforce


constantemente com mesma intensidade, solicitando todos os dias as mesmas
coisas do “jogar”. Então os diferentes Princípios e Subprincípios, deverão ser
classificados, passando a treinar no mesmo dia os que trabalhem as mesmas
estruturas (os que possuem mesma exigência), não sendo um dia igual a outro
na semana, quanto ao esforço exigido, permitindo a regeneração das estruturas
trabalhadas. (pág. 92-93)

O que se busca então é uma organização semanal (Morfociclo Padrão) onde dia-a-dia se
alternam os esforços, agrupando exercícios de acordo com exigências similares e
proporcionando o descanso a diferentes entre as diferentes estruturas.

Contudo, deve-se diferenciar o Morfociclo Padrão com um jogo por semana de outras
situações, como por exemplo, copas nacionais, copas internacionais, partidas remarcadas, etc.
Onde a dinâmica mudará.

Morfociclo Padrão com uma partida por semana

Esse sistema se repetirá durante toda temporada, sendo suas características:

 90 minutos por sessão (buscando assemelhar o treino ao jogo)


 1 sessão por dia (proporcionado a recuperação)

 Domingo: Partida
 Segunda: Descanso
 Terça: Recuperação
 Quarta: Operacionalização aquisitiva
 Quinta: Operacionalização aquisitiva
 Sexta: Operacionalização aquisitiva
 Sábado: Recuperação
Segunda = Descanso

É o dia posterior à partida, já que o nível de exigência tanto físico quanto mental é alto, se
toma como um dia para a Recuperação Passiva. Já que se for pedido ao grupo para assistir e
analisar ao jogo, as jogadas, etc. não teremos o melhor proveito, por isso a preferencia da
Periodização Tática é deixar o dia livre.

Terça = Recuperação

Apesar do dia livre devemos trabalhar uma recuperação, sendo importante ter pausas
frequentes, treinamentos descontínuos, promovem-se Princípios e Subprincípios sob
recuperação, com uma complexidade baixa que poderia ser considerada recreativa.

Nesse dia repassamos o que foi nossa partida anterior, tanto os erros como os acertos, porem
as dimensões do campo são reduzidas, assim como os níveis de concentração (velocidade,
tensão e duração) são baixos. Graus de oposição nulos ou de certo modo passivos.

Uma consideração especial com o grupo que não jogou a última partida, já que não tiveram
desgaste é prudente que haja uma exigência mais elevada .

Quarta = SubDinâmica de Tensão

Mesmo com os três dias de descanso depois da partida, o organismo ainda não se encontra
completamente adaptado, é prudente trabalhos com um numero de jogadores reduzidos,
igualmente os espaços e o tempo de duração. Existe um regime de esforços de tensão muito
elevados, curta duração e velocidade de concentração elevada; existem várias pausas já que
a execução será muito rápida e se repetirá várias vezes.

Nesse dia teremos trabalho com varias mudanças de ritmo, acelerações e varias contrações
excêntricas, é o dia da semana onde existe maior descontinuidade.

Um exemplo seria para um grupo de defensores (4jogadores) contra 6 ofensivos (3 meias e 3


atacantes); o jogo para os atacantes consiste em marcar gols, porem devem jogar com tabelas
e sobretudo trocas de lado para chegar ao gol pelo meio (tudo isso com cria com base no
Modelo de Jogo), o trabalho para os defensores é bastante intenso, já que terá mudanças de
direção, agarrões, coberturas, velocidade, saltos, etc.

Quinta = SubDinâmica de Duração

Esse dia se se encontra como o mais distante entre ambos dias de jogo, portanto
trabalharemos os grandes Princípios de jogo (trabalho coletivo), varias articulações de jogo
(assemelhando ao que será nossa próxima partida) o trabalho será em campo grande, maior
tempo de duração e maior inclusão de jogadores.

Esse é o dia de maior intensidade, com altas demandas de concentração e geralmente (de
acordo com os interesses do treinador) se pratica um 11 vs 11, porem em espaço mais
reduzido para buscar uma grande dinâmica de passes e não fadigar o organismo ao máximo.
O espaço mais reduzido serve para que o Princípio tratado possa se repetir a maior quantidade
de vezes possível (princípios de propensão, repetição sistemática)

Sexta = SubDinâmica de Velocidade

Nesse dia proporcionaremos uma recuperação do treinamento anterior, promovendo o


trabalho de Subprincípios dentro de cada setor; outra alternativa é o trabalho em conjunto,
mas com menor complexidade já que as interações demandam muita concentração e esse dia
serve mais de recuperação.

Os exercícios prescritos devem demandar uma alta velocidade de decisão e execução, porem
trabalhando sob oposição passiva ou nula. O que provocará exercícios com uma elevada
velocidade de concentração, curta duração e baixa tensão, sendo as repetições muito
utilizadas.

Os exercícios planejados para esse dia são de finalização sem oposição que nos permitirá uma
grande velocidade de execução (não de seve confundir com velocidade de deslocamento).

Sábado = Recuperação

Nesse dia trabalharemos com uma recuperação ativa com objetivos e pré-ativações para o
próximo jogo com a inclusão de subprincípios muito simples, devemos também fazer um
repasso geral das ações que queremos executar no dia seguinte, mas sem oposição.

Dia de concentração máxima relativa, porém com pouca complexidade. Aqui veremos
comportamentos da equipe, trabalhamos nossa forma de jogo o que não repercutirá em
excesso de complexidade. Os exercícios serão de moderada/baixa velocidade e tensão, mas a
duração será bem reduzida. Exercícios de finalização buscando recordar os padrões que
implementamos.

Atividade:

Revisamos as características de um Morfociclo com um jogo por semana, como organizaria


as dinâmicas se os jogos fossem quarta e domingo? Quais subdinâmicas aplicaria? Justifique
sua resposta.

FIM DO MODULO 4 PARTE 1 (4/4)


Continuando a atividade enviada...

É muito complicado ver SubDinâmicas muito detalhadamente, porem podem ser abordadas
de acordo com o critério do treinador, sobretudo na sexta-feira. No caso dos jogadores que
não tiveram minutos em campo podem ser convocados na segunda-feira para realizar a
preparação, devemos levar em consideração que a complexidade não será imperativa nesses
microciclos pelo sistema competitivo, a exceção serão os jogadores que não tiveram minutos
no campo onde não existe uma forma especifica e será o treinador quem determina o trabalho

Aqui uma tabela para ter uma forma referencial em um sistema com 2 partidas por semana:

O CÉREBRO COMO A PEÇA FUNDAMENTAL NO PROCESSO

Além dos músculos, fisiologia, anatomia vemos que o eixo fundamental da Periodização Tática
é o cérebro (SNC); a oscilação de “cargas” e procedimentos gira em torno a predispor o SNC a
graus de complexidade. E de certo modo, criar um Modelo de Jogo serve para estabelecer um
“cenário mental” para que os jogadores tenham uma mesma concepção do jogo que
queremos praticar.

Para nós como treinadores não nos serve que nossos jogadores tenham uma ideia sobre o
“saber fazer”, devemos implementar um “saber sobre um saber fazer”, para que eles não só
cumpram o papel de executar nossas diretrizes, mas sim que se conscientizem e saibam o que
esperamos deles em cada exercícios que propomos, tornando-os meros elementos do
processo de ensinamento-aprendizagem, junto ao treinador que ao ver os resultados dos
exercícios poderá ver a viabilidade de incorporar novos condicionantes que consolidem e/ou
dificultem um treinamento.
Mais que um treinamento devemos criar um espaço divertido, já que em divisões menores os
jogadores se sentirão mais à vontade, mais livres (tendo regras e disciplinas muito claras), e
essa liberdade permitirá que eles sejam mais espontâneos com maior entrega em relação a
equipe; lamentavelmente dentro da cultura Latino Americana o treinador que não grita, não
“controla o grupo”, é mal visto e não é um grande líder. A liderança dentro da Periodização
Tática é entendida de outra maneira, transforma o jogador em seu próprio motivador,
valorizando suas proezas e sobretudo aprendendo com os erros.

Dentro de grupos de elite também se pode e, segundo opinião pessoal, se deve instaurar
espaços alegres já que o futebol é um jogo onde doamos tudo, isso é muito claro; porem não
há espaço para brigas dentro do próprio grupo, inimizades, agressão contra o adversário;
devemos promover uma prática adequada de futebol, sem buscar humilhar ou agredir o rival.
Mostraremos respeito sempre dentro do grupo e contra os adversários.

Não estamos falando unicamente de futebol, mas sim de Neurociência.

Para Gómes, M. (2006) citado por (Tamarit Gimeno, 2007)

“as situações que não se inserem no Modelo de Jogo são abstratas e não
promovem um aprendizado da informação vivida no processo” ... esta
compreensão da globalidade e de suas parcelas de forma contextualizadas
“estimula o poder associativo das apresentações”. Representações gravadas
em nossa memória, que serão utilizadas ara “facilitar a interpretação” dos
dados do contexto, pois não é de surpreender que... “o mesmo objeto provoque
padrões neurais semelhantes”, através dessa logica entendemos que a forma
com vemos e interpretamos a realidade, ou seja, o contexto de treinamento,
resulta das performances que temos relativamente a esse mesmo contexto.
(pág. 104-105)

Daí a importância que nosso treinamento seja contextualizado a nosso Modelo de Jogo já que
criaremos impulsos e caminhos neurais conhecidos, comportamento similar aos da
competição que permitirá ter “padrões mentais” em nosso repertorio motor que facilitarão a
velocidade de execução, antecipação e principalmente de adaptação.

As pessoas estão obcecadas com a vertente física e só enxergam o musculo como um órgão
gerador de trabalho e não como um órgão sensível. (Oliveira, Amieiro, Resende, & Barreto,
2007) em entrevista com José Mourinho.

Nossa “plasticidade neural” depende do reforço das sinapses no nosso cérebro, a partir de
repetições diárias, assim, os treinamentos que repassem o que aplicamos nos jogos (Modelo
de Jogo) nos permitirá ser mais aptos, mais adaptável e sobretudo com uma maneira de jogar
que se tornará inquebrável, tanto em partidas em casa quanto fora, já que os adversários
deverão sujeitar-se a nosso estilo. Geralmente ganha a equipe que esteja mais fiel a seu estilo
de jogo e a única forma de conseguir isso é treinando da mesma maneira que jogamos.
Como dados e ideias soltas sobre outros fatores que se aplicam dentro da Periodização Tática
temos o seguinte:

 Deve-se retardar o feedback pelo erro, para que o próprio atleta se conscientize e não
dependa sempre da aprovação e desaprovação do treinador;
 Geralmente no aquecimento cada jogador deve ter sua própria bola;
 O desenvolvimento individual deve estar fundamentado no cooperativo;
 Propicia-se um ambiente tolerante ao erro (de execução, mas não de desacato de
instruções). Um chute que passou longe do gol pode ser aprovado, enquanto buscar
fazer firula reiteradamente e zombar do goleiro deve ser bastante criticado;
 O processo de formação de um jogador nunca está acabado, inclusive nos jogadores
da elite;
 A prática do jogo e sua operacionalização transcendem a teoria, no entanto devem
estar contaminados por ela.
 A contração muscular isolada da especificidade dentro do Modelo de Jogo proposto
pelo treinador só conseguirá limitar o “jogar” antes mesmo de treinar a dimensão do
musculo contraído. A qualidade de jogar, em qualquer instante, se revela como uma
dimensão tão indescritível quanto indivisível.

DESCOBRIR A “PERIODIZAÇÃO TÁTICA” DESDE O MAIS ESSENCIAL

O professor Frade nos diz que “quem só de futebol sabe, nem de futebol sabe”; é muito
curioso, mas se analisarmos tem muita razão, já que as vezes queremos abordar um tema, e
lemos sobre o tema, vemos entrevistas relacionadas, conversamos com sobre o tema com
colegas, porem acabamos nos perdendo e é precisamente quando estamos abordando outra
temática, um momento totalmente fora do primeiro tópico, é quando chegamos a entende-
lo. Com resposta a esse caso temos a neuroplasticidade que segundo (Tamorri, 2000) é a
capacidade cerebral de unir e formar redes neurais com base nas experiencias da pessoa, com
objetivo de moldar a aprendizagem, ou para direciona-lo de uma melhor maneira. Quanto
mais experiencias e conhecimentos temos, mais eficiente se torna nosso cérebro e temos
melhor comportamento a nível neural.

Vítor Frade chegou a concepção dessa metodologia com base em suas experiencias ao longo
de toda uma vida, tanto como um garoto de bairro que fugia de policiais para jogar bola nas
ruas, curioso e sempre perguntando a seus professores sobre diversos temas até quando
discordou do conteúdo de varias matérias na universidade, onde encontrou fascinação pela
psicomotricidade, neurociências, cibernética, psicologia, entre outros; aluno de varias
carreiras (Educação Física, Engenharia, Medicina, Filosofia), inclusive no serviço militar de seu
pais e jogador profissional tanto de futebol quanto de vôlei.

Todas as experiencias e conhecimentos se unem para formar uma bagagem de repertorio


onde a compilação de nossos conhecimentos nos levarão a ter nossas próprias verdades que
darão lugar a nossa futura metodologia.
Nós, com base no conhecimento passaremos por momentos da dialética de Aristóteles que
segundo (Garcia Marques, 2011).

 Os Éndoxa – referindo-se à aquisição de conhecimento, o estudo de vários artigos,


diversas escolas, de diferentes correntes do saber.
 A Peirástica – refere-se ao momento que começamos a refutar, a indicar que pode ser
de uma maneira diferente.
 As Aporías – são as hipóteses que vamos formando de acordo com o conhecimento e
sobretudo a discordância que levantamos, são um “e se fosse desse modo”.
 A Argumentação – ou a corroboração sob qualquer modo das Aporías ou hipótese que
levantamos

Todos os livros que lemos, todos cursos que podemos assistir, conferencias, entrevistas,
artigos, criarão um “critério”, nos colocará não só como uma esponja que absorve a
informação, mas ajudarão a contrasta-la com o que já sabemos e filtrar o que ajuda e nos
levará a um debate sobre o que identificamos com falsidades. Nenhuma verdade é absoluta,
uma vez que as verdades e realidades são diferentes de acordo com o interprete.

A Periodização Tática nasce como uma necessidade de criar algo diferente, com base em todas
as experiencias do professor Vítor Frade. “Periodização” por que necessita de um tempo, de
um balanço que permite o aprendizado e acima de tudo a intencionalidade coletiva; e “Tática”
faz menção aos procedimentos precisamente coletivos a nível de organização dentro de
campo.

Um time que é exportador de talento de toda Europa é o Ajax, e precisamente eles enxergam
o futebol não somente como futebol, mas como algo mais e não o todo. E é sua maneira de
treinar que faz com que revele vários dos atletas de elite hoje em dia. Aqui pode ver um vídeo
sobre o Ajax e categorias de base.

https://www.youtube.com/watch?v=jGdb67Q4S7Y

Como informação adicional que ajudará a ter uma visão aproximada a ideia de Vítor Frade,
em uma entrevista (Tamarit Gimeno, 2013) chegaram às seguintes conceitualizações (pág.
151-161):

Bioenergética: Constitui um dos principais grupos temáticos da Fisiologia, estando


essencialmente dedicado ao estudo de vários processos químicos que tornam possível a vida
celular a partir do ponto de vista energético. Busca, entre outras coisas, explicar os principais
processos químicos que acontecem nas células e analisar suas consequências fisiológicas,
principalmente em relação ao modo como esses processos se enquadram no conceito global
de homeostase. A compreensão do que significa “energia” e a forma que o organismo pode
adquirir, converter, armazenar e utilizar, é a chave para compreender o funcionamento
orgânico tanto nos esportes de alto rendimento, como nas atividades de lazer.
Causalidade: É a relação entre um evento originado por uma causa e um segundo evento
originado do efeito, de forma que em uma concepção linear o segundo evento é consequência
do primeiro. Podemos distinguir dois tipos de causalidade: a linear e a não linear.

Pode-se dizer que a causalidade ou determinação de um fenômeno é a maneira especifica na


qual os eventos se relacionam e surgem, motivo pelo qual captar ou tentar decifrar os
contornos gerais da causa de um fenômeno passa por entender as relações que se
estabelecem e a amplificação que pode resultar dessas relações. É isso que permite
compreender a inteligibilidade global de um sistema, ainda que no caso da causalidade não
linear, como acontece no futebol, tal inteligibilidade deva fugir da “tendencia obsessiva” por
catalogar, já que em vista do pormenor ela é indecifrável. Por isso que o Professor Vítor Frade
afirma que “para o detalhe não existe equação”.

Rendimento superior: Nível de rendimento mais elevado que se pode alcançar. É o patamar
de rendimento em que se enquadram as melhores equipes e os melhores jogadores mundiais.
É caracterizado por um elevado nível de exigência, elevado nível de ambição e elevada
densidade competitiva.

Plano Conceitual e Plano Metodológico: Esses dois planos são os grandes pilares, ou padrões,
ao redor dos quais se deve desenvolver todo o processo, e necessitam de uma congruente
articulação de sentido, para que o que emerge do processo faça de fato sentido, o sentido que
queremos dar ao Processo. O Plano Conceitual, também requer a nível interno uma
articulação de sentido para que a fluidez seja coerente e a maneira de jogar represente uma
verdadeira unidade inquebrável. É o plano que se reporta a Ideia de Jogo e compreende os
Princípios de Jogo que a compõe em suas diferentes escalas (Grandes - Macro, Sub – Meso,
SubSub – Micro). O Plano Metodológico é quem permite a operacionalização do Plano
Conceitual, é quem lhe dá a vida, e está composto pelos Princípios Metodológicos da
Periodização Tática. Esse plano também requer a articulação de sentido, uma vez que a
dinâmica do processo implica a interação entre os diferentes Princípios Metodológicos.

A fadiga: é também uma necessidade para a Periodização Tática, se assume como um aspecto
central. É de fato, na aparência, um dos poucos pontos em comum que esta concepção
metodológica tem com as demais, contudo, é só na aparência pois há diferenças muito
significativas, principalmente naquilo que se constitui como estimulo desencadeante do
desempenho, um estimulo de matriz qualitativo e não quantitativo, e não menos relevante
no reconhecimento da necessidade de recuperar desses mesmos desempenhos e
consequentes estados de fadiga, o que não acontece nas metodologias convencionais, em que
a lógica tem uma ênfase quantitativo e cujo objetivo é perpetuar fadiga sob a designação de
conferir ao organismo uma maior capacidade de resposta sob condições de fadiga acentuada
e contínua. Pelo contrário, na Periodização Tática a indução de fadiga procura a possibilidade
de aspirar a estados de reorganização estrutural, funcional e organizacional sucessivamente
(ainda que não linearmente) superiores, os quais só são possíveis se a recuperação de tais
esforços é constatada. A adaptabilidade, que daí resulta, deriva de um processo que se
constitui como uma espécie de residência biológica que não pretende uma maior capacidade
de resposta em condições de fadiga acentuada, mas sim uma maior qualidade do desempenho
devido a uma melhor gestão da fadiga, garantindo sua perpetuação.

Apresentação semanal do Morfociclo e a Repetição Sistemática: É por esse motivo que o


Morfociclo Padrão se constitui como o núcleo duro do processo, uma matriz metodológica
que se assume como constante por sua repetição continua durante o tempo, em termos de
logica, e não necessariamente a nível dos conteúdos. É essa regularidade metodológica que
permite estabilização sem estagnação, se espera, dos desempenhos e da maneira da equipe
jogar.

Propensões: São essas “circunstancias condicionais que levam à...” que, determinada por
objetivos da nossa maneira de jogar fazem emergir a propensão para que o que desejamos
que ocorra (critérios que sustentam nossos Princípios de Jogo e mais concretamente aqueles
que priorizamos em determinado instante ou unidade de treinamento), transcorra como
queremos que transcorra, quer dizer, respeitando uma logica acontecimental determinada e
obedeça a configuração padrão das subdinamicas do respectivo dia. Como se verifica nessa
explicação temos presentes e de forma conectada os três Princípios Metodológicos da
Periodização Tática (Principio das Propensões – “circunstancias que levam a...”; Princípio da
Progressão Complexa – aquilo que em determinado instante é prioridade; Princípio da
Alternância Horizontal em Especificidade – respeito pelo padrão da unidade de treinamento).

Metabolismos e Sistemas Energéticos: Reforçando aquilo que é referido na entrevista,


Santos, P. (?) diz que “para compreender as necessidades energéticas de qualquer modalidade
esportiva, tanto a nível de treinamento como a nível de competição, é importante conhece-la
profundamente. O êxito de qualquer tarefa motora pressupõe que a conversão de energia
seja feita eficazmente, na razão direta das necessidades energéticas dos músculos
esqueléticos envolvidos nessa atividade. Será importante mencionar que o gasto energético
depende de vários fatores, entre eles podemos dizer a tipologia do exercício, a frequência, a
duração e intensidade, os aspectos de caráter dietéticos as condições de exercitação (altitude,
temperatura e humidade), a condição física do atleta e sua composição muscular em fibras
(tipo I e II)”. Devemos levar em consideração que os sistemas metabólicos são geralmente
classificados em três tipos: A) Sistema anaeróbico alático ou sistema dos fosfágenos (ATP e
fosfocreatina – CP) recorre as fontes imediatas de energia, sendo também as mais potentes
(maior aporte energético por unidade de tempo) se encontrando associada dominantemente
aos desempenhos de elevada intensidade metabólica e de curta duração. B) Sistema
anaeróbico lático ou glicose anaeróbia, recorre aos hidratos de carbono como substrato
energético, sendo a produção de energia resultante do desdobramento do glicogênio (forma
de armazenamento dos hidratos de carbono nas células) em ácido lático, por um processo
denominado de glicólise que ocorre a nível do citosol sem necessidade de oxigênio (por isso
anaeróbico). Em aspectos energéticos é mais eficaz que os fosfágenos, pois aporta maior
quantidade de energia em termos absolutos, porem é menos potente, pois requer mais tempo
para fazê-lo. Encontra-se dominantemente envolvido em desempenhos de elevada
intensidade, mas não máxima, e com duração reativamente considerável (ainda que curta).
Apesar de ser capaz de grande produção de energia tem como grande consequência a
acentuação de acidose metabólica devido a acumulação de ácido lático, o qual é
contraproducente quando se deseja alcançar desempenhos de qualidade. C) Sistema
oxidativo ou aeróbio, processo metabólico que ocorre a nível mitocondrial e que é
responsável pela produção de energia celular tendo como intermediário o oxigênio (por isso
aeróbico) através da oxidação mitocondrial da glicose (derivado armazenado resultante dos
carboidratos), dos lipídios (ácido graxo) e inclusive dos aminoácidos (proteínas). Se trata do
sistema metabólico menos potente, mas simultaneamente o de maior capacidade absoluta,
se encontrando por isso bastante associado aos desempenhos de duração mais prolongada.
Importante ressaltar que nenhum desses sistemas funciona de maneira isolada,
independentemente de que tipo de desempenho requeira preponderantemente mais uns que
outros, se verifica sempre sua aplicação concomitante ainda que em graus de implicação
diferentes. Santos, P. (?) reforça essa ideia e apresenta um esquema que nos ajuda a entender
precisamente isso.

Propriocepção: Compreende um conjunto de funções do sistema nervoso do qual resulta a


sensação de equilíbrio, da posição e do movimento dos segmentos os membros e do corpo
(Habib, 2003). Marisa Gomes esclarece que “a proprioceptividade é uma capacidade de jogo,
de conseguir jogar, ainda que seja estando parado, porem estar parado de maneira a poder
intervir no contexto, isso é uma manifestação de proprioceptividade e a propriocepção não é
somente tocar a bola, é saber tocar a bola, é faze-lo em função das circunstancias”.

“Direcionar”: encaminhar em relação a uma determinada direção de forma intencional.

Contração Muscular: para que o musculo se contraia, precisa de um estimulo que provem de
um impulso propagado através do nervo motor. No momento da chegada desse impulso as
terminações nervosas, estas produzem uma substância – acetilcolina (ACh) – que atua como
facilitadora na transmissão desse impulso elétrico. Esse neurotransmissor se conecta aos
receptores de membrana (sarcolema) das fibras e se a quantidade de ACh for suficiente, se
cria uma carga elétrica que é propagada ao longo de toda fibra (potencial de ação). Esse
impulso é transmitido através dos túbulos T e do retículo sarcoplasmático até o interior da
célula. A chegada do impulso motiva a liberação por parte do retículo de cálcio (Ca2+)
armazenado, o qual se dirige até o interior da célula. Em repouso, a tropomiosina (uma das
proteínas que compõe os filamentos de actina) impede a conexão das cabeças de miosina à
actina, impedindo desse modo a possibilidade de contração por falta de locais de contato.
Com a entrada de Ca2+, este se conecta a troponina (uma das proteínas que compõe os
filamentos de actina) provocado a remoção da tropomiosina e permitindo, que dessa forma,
as cabeças de miosina entrem em contato com a actina e assim se inicie o processo de
contração muscular. Esse mecanismo multiplicado por milhares de conexões de miosina-
actina promove o encurtamento do musculo e consequente produção de trabalho mecânico.
O relaxamento ocorre quando o Ca2+ é novamente bombeado até o reticulo e a tropomiosina
volta a interpor-se, impossibilitando assim a contração. (Soares, 2005)

FIM DO MODULO 4 PARTE 2 (4/4)

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