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Série de oficinas promovida pela Repórter Brasil em parceria com Contag e Contar levou a
jornalistas e comunicadores que trabalham para organizações sindicais as mais atuais
orientações de sobrevivência no cenário de proliferação das notícias falsas
Cerca de 200 informações falsas circulam hoje em dia em celulares e computadores no Brasil.
Boa parte delas é disseminada em redes sociais. A Pesquisa Brasileira de Mídia 2016, realizada
pela Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, revelou
que 49% das pessoas se informam pela internet. O cenário atual de proliferação das notícias
falsas exige mais educação da população e jornalismo de mais qualidade.
Essas foram algumas das diretrizes destacadas na série de oficinas “Formação em redes sociais
no mundo das fake news”, realizado pela Repórter Brasil, em parceria com a Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e a Confederação Nacional dos
Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais (Contar), em 30 e 31 de maio, em São Paulo.
O público foi formado por jornalistas e comunicadores que trabalham para organizações
sindicais.
Uma das maiores preocupações passa pela reforma da previdência, diz ele. “Ao desmontar
esse sistema de proteção, o governo vai criar um problema sério na sociedade”. Cálculos da
Contag apontam que, em 45% dos municípios brasileiros, o montante da renda das
aposentadorias rurais é maior do que o valor recebido do governo federal via Fundo de
Participação dos Municípios.
Essas informações, porém, custam a chegar para a população. Ao contrário, governo e grande
mídia “vendem” a narrativa de que a reforma é um passo inicial para a melhora da economia. A
Repórter Brasil e a Contag irão preparar um manual de boas práticas de comunicação nesse
ambiente em que as pessoas cada vez mais obtêm informações pelas redes sociais e o número
de notícias falsas é crescente.
A ideia é que a publicação contenha conceitos sobre o que são fake news e como elas são
distribuídas, além de incorporar informações sobre como as entidades podem combatê-las, por
exemplo, melhorando a qualidade do jornalismo praticado e engajando seus dirigentes nessa
estratégia de comunicação pelas redes sociais.
“Jornalismo de qualidade é uma das armas nesse ecossistema novo que estamos vendo. Hoje
existem quase dois bilhões de sites no mundo, e o número de usuários do facebook é 1,7
bilhão de pessoas. Há uma baixa capacidade de pessoas distinguirem o que é falso e
verdadeiro, e um excesso de informações”, afirmou Rodrigo Ratier, diretor da Repórter Brasil e
professor de jornalismo da faculdade Cásper Líbero.
Ratier apontou que existem duas motivações para as fake news: a primeira é política. Grupos
políticos e de interesse que têm como objetivo, sobretudo, difamar os adversários. A outra
motivação é a econômica, em que não há o lado ideológico tão claro, mas se está interessado
em pegar carona nos assuntos do momento para elevar o tráfego de páginas.
“Cria-se o reforço de usar boas práticas no consumo de notícias: não passar pra frente
informações de que a gente não conhece a procedência, cruzar fontes. Se você lê uma coisa
que parece esquisita, cruze com outra fonte, veja se essa fonte de informação é de um veículo
que você já conhece”, explica.
Coordenadora de marketing da revista Nova Escola, Elaine Iorio apontou em sua palestra que a
gestão das mídias sociais tem sido uma prioridade das empresas que buscam maior visibilidade
e credibilidade nesse momento. Um dos passos importantes é a criação de uma política de
atuação no segmento, definindo reuniões periódicas, nomeando pessoas para a equipe,
elaborando relatórios de monitoramento e planejando os objetivos e as ações a serem feitas.
“62% da população está ativa nas redes sociais, 92% das pessoas acessam o facebook pelo
celular, então é preciso ter um site que seja responsivo”, destacou. É preciso um alinhamento
entre a equipe de comunicação e os dirigentes da empresa ou da entidade. “As redes sociais
são um cartão postal, é preciso saber o que vai se comunicar.”
Gestor de mídias sociais com serviços prestados à União Nacional dos Estudantes (UNE) e ao
site Vaza Falsiane, Alexandre de Melo aponta que é preciso informar sempre o leitor e saber
quando se inserem notícias na rede para ampliar o alcance da mensagem.
“Fotos de reunião podem conter legendas ilustrativas com informações sobre aquele encontro,
saindo do lugar comum. E é preciso ter em mente que existem dias e horários melhores para
publicar uma notícia, há estudos sobre isso. Divulgar em outra data é falar para poucos e não
alcançar impacto algum”, apontou.
A receita publicitária dos jornais, que somou US$ 49,9 bilhões em 2005 – seu mais alto
patamar histórico – caiu para US$ 16,6 bilhões em 2017. Já o número de jornalistas caiu de 72
mil para 40 mil. No Brasil, a Editora Abril, que chegou a ter duas publicações com mais de um
milhão de exemplares impressos, ingressou em recuperação judicial, e os principais jornais do
país têm reduzido suas redações diante da queda da circulação.
Esta reportagem foi realizada com o apoio da DGB Bildungswerk, no marco do projeto PN:
2017 2606 6/DGB 0014, sendo seu conteúdo de responsabilidade exclusiva da Repórter Brasil