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Pesquisa qualitativa sobre a organização nos

serviços de saude bucal na ESF no Povoado do


Setor em Teofilandia –Ba
Amanda Silva, Geisiele Almeida, Jeferson Carvalho.

Resumo:

Esse estudo tem como propósito conhecer as ofertas do serviço de saúde


bucal na estratégia de saúde da família do Povoado do Setor, no Município de
Teofilândia. E trata-se de uma pesquisa qualitativa baseada em cinco
entrevistados estruturadas em 4 usuários do serviço de saúde bucal e 1
funcionária do local.

PALAVRAS CHAVE: Agendamento de consultas; Serviços de saúde bucal;


Diretrizes no acesso.

Introdução:

Tendo em vista a redução da desigualdade existente no direito social garantido


por lei e a capacidade existente das ofertas nos serviços de Saúde Público,
foram sendo definidas publicações da Constituição Federal de 1988 as
diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo eles: universalidade, onde

garante um sistema igual a todos; Equidade, onde todos os iguais são tratados
como desiguais, levando em consideração aquilo que mais precisam; A
integralidade, buscando garantir a assistência à saúde; Descentralização, a

Hierarquização e a participação da Comunidade. A política nacional de saúde

bucal (PNBS) foi proposto no ano de 2004, contendo os princípios do

doutrinados já citado acima e com uma estrutura ampla para garantir a atenção

Odontológica à população, e era conhecido como Brasil sorridente. Como essa

proposta atingiu um número significantes, a influência ainda continuava

desigual na região do Nordeste tendo como avanço a implementação do

cirurgião dentista (CD) no SUS. Ainda pode-se observar que a cobertura dos

serviços na atenção básica é baixa, em um contexto nacional um fato


considerável diante das necessidades acumuladas historicamente pela

população brasileira. Diante disso, emerge imediatamente um questionamento:

as ações e serviços da PNSB têm alcançado as pessoas que mais precisam?

Se a Atenção Básica deve ser a ‘porta de entrada’ do sistema de saúde, eis um

grande desafio para as Equipes de Saúde Bucal (ESB), que precisam

organizá-la pautando-se também pela equidade. Com tudo esse trabalho tem o

objetivo de conhecer a ESF de um povoado em um município do estado da

Bahia e de como são organizados os serviços de Saúde bucal.

Revisão bibliográfica:

Esse estudo tem como uma pesquisa qualitativa realizada por meio de
entrevistas semiestruturadas aplicadas a alguns usuários do Sistema de Saúde
Bucal do Município de Teofilândia na Bahia com aproximadamente 23.319
habitantes (IBGE, 2016), cujo serviço de saúde dispõe de 1 Equipes de Saúde
Bucal (ESB) Modalidade I – Cirurgião-dentista e Auxiliar de Saúde Bucal para o
povoado do Setor. Nessa situação, o critério adotado para essa pesquisa foi
qual a experiência dos usuários do SUS na Política de Saúde Bucal e uma
funcionária que trabalha na unidade, incluído diferentes opiniões e situações
possibilitadas pela posição de cada entrevistado. Assim participaram quatro
usuários e uma recepcionista da unidade.

Esse trabalho foi solicitado no segundo semestre de 2021, estruturado a partir


de entrevistas dos usuários do SUS, foram realizadas também buscas de
dados em artigos publicados no período de 2004 a 2017, no Scielo usando
como palavras chave: políticas públicas em saúde, inclusão do dentista no
PSF, integralidade na atenção á saúde e pesquisa no Google no site do
Ministério da saúde, Brasil sorridente e IBGE. A partir da interpretação o
material foi transcrito nas seguintes organizações de análise: (1) marcação da
primeira consulta odontológica; (2) acessibilidade ao serviço de saúde bucal;
(3) forma de atendimento.

Resultado e discussão:
Quando proposto pelo Ministério da Saúde, o indicador de cobertura da
primeira consulta odontológica programática deveria representar o percentual
de pessoas que receberam uma primeira consulta odontológica realizada com
finalidade de diagnóstico e necessariamente com elaboração de um plano
preventivo-terapêutico (PPT) para atender às necessidades detectadas
(BRASIL, 2006). Quando os usuários foram questionados sobre como são
organizadas e distribuídas as vagas para tratamento odontológico – oferta da
primeira consulta odontológica –, encontrou-se:

Marcação da primeira consulta:

US 1 e 2: [...] saímos de casa as 03:00h da manhã para garantir nossa vaga na


fila, sendo que minha filha trabalha aqui no posto, e as vagas são distribuídas
conforme o agente de saúde. Cada agente de saúde tem uma determinada
quantidade de vaga para ser atendida [...]

US 3: [...] não sabia como funcionava, estou aqui apenas por esta sentindo dor
e gostaria de um atendimento de urgência [...]

US 4: [...] Precisa ir na unidade de saúde [...]

FUNC: [...] Com o antigo dentista, eram atendimento por demanda, com o novo
dentista, ele manda fazer o agendamento, nesse caso fica bem melhor [...]

Acessibilidade ao serviço de saúde:

No sentido da avaliação dos serviços de saúde, a acessibilidade pode ser


definida como as características do serviço que permitem a fácil utilização
pelos usuários (UNGLERT, 1995). Nesse caso propôs que a acessibilidade
fosse considerada em três dimensões: acesso geográfico, acesso econômico e
acesso funcional. Para este estudo, chamaram atenção as interferências
negativas – as barreiras – sobre o acesso funcional, ou seja, aqueles aspectos
de funcionamento dos serviços de saúde que interferem em sua plena
utilização. Ao serem questionados sobre os problemas e dificuldades em
relação ao acesso à primeira consulta odontológica, emergiram as seguintes
respostas:
US 1 e 2: [...] Equipamentos quebrados e falta de material adequado; Durante
a tarde não tem atendimento [...]

US 3: [...] Não sei, essa será minha primeira vez. Até o momento fui bem
instruída, o doutor me informou que logo após esse paciente será minha vez
[...]

US 4: [...] Da última vez o doutor me atendeu com a lanterna do celular, porque


o refletor da cadeira tinha queimado [...]

FUNC: [...] Durante a tarde não tem atendimento, porque a energia daqui é
muito franca, então a autoclave só funciona pela manhã para esterilizar o
material. Além disso tem apenas 15 instrumentais para atender toda a
demanda [...]

Forma de atendimento:

Todos os entrevistados foram questionados sobre a forma de atendimento do


dentista direcionando-se ao paciente e forma em que o procedimento foi
realizado. Obtiveram como respostas as seguintes falas:

US 1 e 2: [...] eu gosto do atendimento, até porque é próximo de casa e sou


bem atendida pela doutora [...]

US 3: [...] Será minha primeira vez [...]

US 4: [...] o atendimento é bom e não gasto nada [...]

FUNC: [...] Dentista e Auxiliar trabalham em harmonia, tentando fazer com que
todos os pacientes sejam atendidos de forma adequada mesmo com o déficit
de material [...]

O conhecimento do território e da população, bem como da dinâmica familiar e


social deve fazer parte da rotina de trabalho das Equipes de Saúde da Família
e trazem dados importantes para o planejamento e acompanhamento na
avaliação das ações. Compõe essa rotina de trabalho o mapeamento da área
de abrangência (realização e atualização) com identificação das áreas de risco,
a identificação de pessoas e famílias em situação de risco e vulnerabilidade, o
cadastramento das famílias e a atualização das informações (BRASIL, 2006).
Diante disso a ' triagem', deveria limitar-se a uma análise individual a
partir de uma demanda espontânea, não se constituindo, portanto, numa
estratégia que possibilite identificar pessoas e grupos da área de abrangência
expostas ao maior risco e vulnerabilidade. O atendimento à demanda
espontânea é importante e necessário, mas não deve se constituir como
conduta na organização dos serviços de saúde, sob pena de não se avançar
na mudança do modelo de atenção, persistindo-se nas práticas com foco na
doença. O cumprimento de princípios do SUS, tais como a universalidade e a
equidade, requer das ESF o conhecimento da realidade local e da comunidade
adscrita. Daí a necessidade de se organizarem ações valendo-se de
estratégias de programação que utilizem critérios para a priorização da
população mais necessitada, como palestras de maneiras adequadas da
escavação, a importância do uso do fio dental, distribuição de escova de
dentes, entre outros. Podendo contribuir como instrumento de programação
para ESF ao permitir também a aproximação com as condições sociais das
famílias Percebe-se também a falta de materiais, instrumental e manutenção
de equipamentos com isso, constituem-se barreiras organizacionais,
aumentando o tempo de espera para o atendimento e agravando a demanda
reprimida existente. A situação retratada é coerente com os números sobre a
cobertura de serviços de saúde bucal na ESF desse Município, que não
alcança nem metade da população. Diante do exposto, além da ampliação da
cobertura, recomenda- se que o Município adotado como campo deste estudo
o arsenal metodológico do levantamento epidemiológico para a identificação
dos grupos e indivíduos vulneráveis ao risco e discuta os achados junto à
comunidade, fomentado a participação social, inclusive no que tange à
melhoria do acesso ao serviço de saúde, e permitindo, assim, o
empoderamento desse grupo e a adoção da equidade como princípio
fundamental à organização do acesso aos serviços de saúde bucal.

Considerações finais:

Com base na construção do artigo, ficou evidente que na há participação da


comunidade na organização da oferta dos serviços prestados pelas ESF,
revelando a fragilidade do Controle Social. Quanto à acessibilidade aos
serviços de saúde bucal na ESF, foi possível detectar barreiras funcionais pela
falta de materiais e de manutenção do equipamento odontológico,
comprometendo a plena utilização da capacidade instalada dos serviços
existentes.

Referências:

Mattos GCM et al. A inclusão da equipe de saúde bucal na Estratégia Saúde da


Família: entraves, avanços e desafios.375Ciência & Saúde Coletiva, 19(2):373-
382, 2014.

PINHO, B.P. A INCLUSÃO DA EQUIPE DE SAÚDE BUCAL NA ESTRATÉGIA


SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF). Campos Gerais- MG 2011.

TAVARES, R. P.; COSTA, G. C.; FALCÃO, M. L. M.; CRISTINO, P. S. • A


organização do acesso aos serviços de saúde bucal na estratégia de saúde da
família de um município da Bahia. Saúde em Debate • Rio de Janeiro, v. 37, n.
99, p. 628-635, out/dez 2013.

Ministério da saúde. Brasil sorridente. Disponível em:


https://aps.saude.gov.br/ape/brasilsorridente.Acesso em: 11 de outubro 2021

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