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QUÍMICA GERAL
GUARULHOS – SP
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SUMÁRIO
5.1 O elétron....................................................................................................................27
5.2 Radioatividade.......................................................................................................... 30
5.4 O nêutron...................................................................................................................34
1
9.2 Determinação das fórmulas dos compostos iônicos ................................................ 49
12 GEOMETRIA MOLECULAR...................................................................................... 60
12.1 Moléculas em que o Átomo Central Não Tem Pares Isolados ............................... 62
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Prezado aluno!
Bons estudos!
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1 QUÍMICA: A CIÊNCIA QUE ESTUDA A MATÉRIA
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Os gases não ocupam porções definidas do espaço e não têm formas definidas.
Ao contrário, eles expandem sem limite para encher de forma uniforme o espaço
disponível. Os gases podem ser comprimidos para que ocupem volumes ou espaços
muito pequenos. O ar que respiramos é uma mistura de várias substâncias gasosas, ou
seja, o ar é um gás. Se você encher uma seringa de ar, fechar a saída e pressionar o
embolo da seringa, perceberá que o embolo pressiona o ar, diminuindo substancialmente
o volume ocupado. Vapor de água, oxigênio, neônio, hélio, entre outros são exemplos de
gases à temperatura ambiente (BOTH, 2018).
A matéria pode alterar sua forma quando é submetida a alterações de
temperatura, mas não perde sua identidade, ou seja, apenas passa de um estado para
outro. Isso quer dizer que, quando fornecemos ou removemos energia em forma de calor,
podemos mudar a temperatura de uma substância e alterar o estado físico da matéria
(BOTH, 2018).
O estado físico da matéria depende de um equilíbrio entre a energia cinética das
partículas (agitação de moléculas e átomos), que tendem a se manter separadas, e as
forças de atração entre elas, que tendem a aproximá-las (ligações intermoleculares)
(BETTELHEIM et al., 2012). Em altas temperaturas, as moléculas têm alta energia
cinética e se movimentam tão rápido que as forças de atração entre elas são muito fracas
para mantê-las unidas, formado assim o estado gasoso. Em temperaturas mais baixas,
as moléculas se movimentam tão lentamente que as forças de atração entre elas tornam-
se significativas. Quando a temperatura é suficientemente baixa, um gás se condensa e
forma um estado líquido. Moléculas no estado líquido ainda passam umas pelas outras,
mas se deslocam bem mais lentamente que no estado gasoso. Quando a temperatura é
ainda mais baixa, a velocidade das moléculas não permite mais que elas passem umas
pelas outras, formando o estado sólido. Neste, cada molécula tem um certo número de
vizinhos mais próximos, os quais são sempre os mesmos.
É importante salientar que as forças entre as moléculas são as mesmas em todos
os três estados. A diferença é que, no estado gasoso (e em menor grau no estado
líquido), a energia cinética das moléculas é suficientemente grande para superar as
forças de atração entre elas (CHANG; GOLDSBY, 2013).
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A maior parte das substâncias pode existir em qualquer um dos três estados. De
modo típico, um sólido, ao ser aquecido a uma temperatura suficientemente alta, se funde
e se torna um líquido. A temperatura em que essa transformação ocorre é chamada de
ponto de fusão. Aumentando o aquecimento, a temperatura sobe ao ponto em que o
líquido ferve e torna-se um gás. Essa temperatura é chamada de ponto de ebulição.
Entretanto, nem todas as substâncias podem existir nos três estados da matéria. A
madeira e o papel, por exemplo, não podem ser fundidos. Quando aquecidos, ou se
decompõem ou queimam (dependendo se estiverem na presença de ar), mas não se
fundem. Outro exemplo é o açúcar, que não se funde quando aquecido, mas forma uma
substância escura chamada caramelo (BOTH, 2018).
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Sob aquecimento contínuo, a temperatura do gelo aumenta até atingir 0 ºC, mas
permanece constante até que todo gelo se funda, no processo de fusão, ou seja, passa
do estado físico sólido para líquido. Essa temperatura constante corresponde à
temperatura de fusão (TF) ou ponto de fusão do gelo. A temperatura do sistema gelo +
água líquida não varia (CHANG; GOLDSBY, 2013).
Depois da fusão, a temperatura da água líquida aumenta com o aquecimento até
atingir 100 ºC, quando se inicia a segunda mudança de estado físico, a ebulição, ou seja,
quando a água líquida passa para o estado físico gasoso. Na curva de aquecimento, você
pode observar um segundo patamar paralelo ao eixo do tempo. Note que a temperatura
também permanece constante durante a passagem do líquido para vapor. Essa
temperatura é chamada de temperatura de ebulição (TE) ou ponto de ebulição da água
(CHANG; GOLDSBY, 2013).
Quando as substâncias estão sob pressão constante (1atm), como a água, as
temperaturas de fusão e de ebulição da água apresentam valores fixos e tabelados. O
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tempo de aquecimento, entretanto, varia de acordo com a quantidade de matéria que
está sendo aquecida e analisada (BOTH, 2018).
O estudo do aquecimento de diversos materiais levou à constatação de que
apenas as substâncias puras, isto é, formadas por um único constituinte como a água,
apresentam temperaturas constantes durante a fusão e a ebulição. Quando são
aquecidas substâncias não puras, como soluções, o comportamento da curva de
aquecimento é alterado. A Figura 3 representa a curva de aquecimento de uma
substância não pura, que poderia ser água misturada com sal de cozinha. Essa mistura
forma uma solução de água e sal (BOTH, 2018).
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a água pura se funde a 0ºC, a presença do sal faz com que ocorra o abaixamento da TF
da água, em que ela passa e ser líquida em temperaturas menores que 0ºC, causando o
derretimento do gelo das ruas (BOTH, 2018).
Dentro do estudo das misturas, você precisa prestar atenção no comportamento
das misturas azeotrópicas e eutéticas. A mistura que contém 96% (em volume) de álcool
e 4% (em volume) de água se comporta como uma substância pura durante a ebulição,
isto é, apresenta TE constante. Entretanto, a TF não é constante, mas sim uma faixa de
temperatura. Esse tipo de mistura é chamado de mistura azeotrópica (CHANG;
GOLDSBY, 2013). É comum apresentar a porcentagem, em volume, de um componente
numa mistura por graus Gay-Lussac (ºGL). A mistura que tem 96% de álcool e 4% de
água em volume é conhecida como álcool 96ºGL.
Já uma liga metálica usada como solda é formada por uma mistura que apresenta
63% de estanho e 37% de chumbo. Tal liga se comporta como uma substância pura
durante a fusão, isto é, apresenta TF constante e a TE ocorre em uma faixa de
temperatura não constante. Esse tipo de mistura é chamado de mistura eutética (CHANG;
GOLDSBY, 2013). Algumas misturas de metais que apresentam essa característica são
usadas em soldas, fusíveis e equipamentos de segurança empregados em instalações
elétricas. Quando a intensidade da corrente é muito alta e compromete a segurança da
instalação elétrica, os metais se fundem, interrompendo a partir desse momento a
passagem de corrente elétrica.
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2.2 Propriedades químicas da matéria
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de cobre anidro (detecção de água), papel tornassol azul representado na Figura 5c
(detecção de substâncias ácidas/básicas), entre outros (BOTH, 2018).
A seguir você encontra outros exemplos de reações químicas, como oxirredução,
decomposição, combustão e síntese.
Oxirredução
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Como vemos, o ferro sólido interage com oxigênio e forma óxido de ferro (BOTH,
2018).
Decomposição
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Combustão
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Síntese
N2 + 3 H2 → NH3
Neste estudo, é importante que você tenha clareza do que é uma substância
química, uma vez que essa expressão é essencial no estudo da química. Uma substância
é definida como uma porção de matéria que tem propriedades bem definidas e que lhe
são características. Anteriormente, já abordamos propriedades físicas e químicas que
são próprias de algumas substâncias. Dentre elas, estão o ponto de fusão, o ponto de
ebulição, a densidade, o fato de ser inflamável ou não, a cor, o odor, entre outras. Duas
substâncias diferentes podem, eventualmente, ter algumas propriedades iguais, mas
nunca todas elas. Caso aconteça de todas as propriedades de duas substâncias serem
iguais, então elas são, na verdade, a mesma substância (BOTH, 2018).
Na Figura 8 são mostrados exemplos de substâncias e são mencionadas
algumas de suas propriedades (BOTH, 2018).
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3.1 Substâncias puras x misturas
A água tem densidade 1,00 g/cm³ e o cloreto de sódio 2,17 g/cm³. Ao acrescentar
cloreto de sódio à água e mexer, obtém-se uma mistura cuja densidade é diferente da
dos dois componentes isolados. Analise o Quadro 1, que ajuda a esclarecer esse ponto
(BOTH, 2018).
Como se pode perceber, qualquer mistura de água e cloreto de sódio tem uma
densidade tal que não lhe permite ser classificada nem como água pura nem como sal
(BOTH, 2018).
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Verifica-se experimentalmente que uma mistura de água e cloreto de sódio,
colocada num congelador, não congela a 0ºC. Esse sistema inicia seu congelamento
abaixo de 0ºC (o valor exato depende do teor de sal) e a temperatura não permanece
constante durante o congelamento, mas diminui gradualmente (BOTH, 2018).
Quando aquecida, verifica-se que o sistema não entra em ebulição a 100ºC. Ele
começa a ferver acima de 100ºC (assim como no congelamento, a TE de pende do teor
de sal) e a temperatura não permanece constante durante a ebulição, mas aumenta
progressivamente, como visto anteriormente (BOTH, 2018).
Você pode perceber, portanto, que uma mistura de água e cloreto de sódio tem
propriedades que não são características da água nem do sal. Em posse de todas essas
análises e constatações, podemos estabelecer uma importante diferença entre
substância pura e mistura. Uma substância pura, como o próprio nome diz, está pura, ou
seja, não está misturada com outra substância ou com outras substâncias. Em geral,
quando um químico se refere, por exemplo, à substância água, ele está deixando
subentendido que se refere à substância pura água. Já uma mistura é uma porção de
matéria que corresponde à adição de duas ou mais substâncias puras (ATKINS; JONES,
2018). A partir do memento em que elas são adicionadas, deixam obviamente de ser
consideradas sustâncias puras. Elas passam a ser as substâncias componentes da
mistura que forma um sistema.
Veja a seguir outros exemplos de misturas.
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3.2 Mistura homogênea e heterogênea
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Um sistema pode ser classificado como homogêneo ou heterogêneo,
dependendo do seu aspecto. Uma porção de água filtrada apresenta um único aspecto
em todos os seus pontos e, por isso, corresponde a um sistema homogêneo. Um pedaço
de madeira não apresenta aspecto uniforme em sua extensão e corresponde a um
sistema heterogêneo. Cada um dos diferentes aspectos observados em um sistema é
chamado de fase. Fase é uma porção do sistema que apresenta as mesmas
características em todos os seus pontos, sendo, portanto, de aspectos uniformes mesmo
quando observada no microscópio comum (BOTH, 2018).
O sistema homogêneo apresenta aspecto uniforme e as mesmas características
em toda a sua extensão. Esse sistema é monofásico (constituído por uma única fase)
(ATKINS; JONES, 2018). O sistema heterogêneo apresenta aspectos e características
diferentes em sua extensão. Esse sistema pode ser formado por duas fases (bifásico),
três fases (trifásico) ou mais (polifásico) (ATKINS; JONES, 2018). A Figura 10 apresenta
dois exemplos de sistemas: a gasolina é um exemplo de sistema homogêneo formado
por hidrocarbonetos que têm de 6 a 10 átomos de carbono e etanol. Já o granito é
exemplo de sistema heterogêneo formado por concentrações diferentes de minerais na
pedra.
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4 TEORIA ATÔMICA
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3. Os compostos são constituídos por átomos de mais de um elemento. Em
qualquer composto, a razão entre os números de átomos de quaisquer
dois elementos presentes é um número inteiro ou uma fração simples.
4. Uma reação química envolve apenas a separação, a combinação ou o
rearranjo dos átomos: não resulta na sua criação ou destruição.
Figura 2.1 (a) De acordo com a teoria atômica de Dalton, os átomos do mesmo elemento são
idênticos, mas os átomos de um elemento são diferentes dos átomos de outros elementos. (b) Um
composto formado por átomos dos elementos X e Y. Neste caso, a razão entre o número de átomos do
elemento X e dos átomos do elemento Y é 2:1. Repare que uma reação química resulta apenas no
rearranjo de átomos, não na sua destruição ou criação.
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diferentes do mesmo composto contêm sempre a mesma proporção das massas dos
seus elementos constituintes. Assim, se analisássemos amostras de dióxido de carbono
gasoso obtidas de fontes diferentes, encontraríamos em cada amostra a mesma razão
entre as massas de carbono e de oxigênio. É então aceitável que, se a razão entre as
massas dos diferentes elementos em um dado composto é fixa, a razão do número de
átomos destes elementos também deverá ser constante.
A terceira hipótese de Dalton apoia outra lei importante, a lei das proporções
múltiplas. De acordo com esta lei, se dois elementos podem se combinar para formar
mais de um composto, as massas de um elemento que se combinam com uma dada
massa do outro elemento estão na razão de números pequenos e inteiros. A teoria de
Dalton explica a lei das proporções múltiplas de uma forma muito simples: compostos
diferentes constituídos pelos mesmos elementos diferem no número de átomos de cada
espécie que se combinam. Por exemplo, o carbono forma dois compostos estáveis com
o oxigênio, nomeadamente, o monóxido de carbono e o dióxido de carbono. As técnicas
de medição modernas indicam que um átomo de carbono se combina com um átomo de
oxigênio no monóxido de carbono e com dois átomos de oxigênio no dióxido de carbono.
Assim, a razão entre o oxigênio no monóxido de carbono e o oxigênio no dióxido de
carbono é 1:2. Este resultado é consistente com a lei das proporções múltiplas (Figura
2.2) (GOLDSBY, 2013).
A quarta hipótese de Dalton é outra forma de exprimir a lei da conservação da
massa, que diz que a matéria não pode ser criada nem destruída. Como a matéria é
constituída por átomos que não são alterados em uma reação química, então a massa
também deve se conservar. A brilhante visão de Dalton sobre a natureza da matéria foi
o principal estímulo para o progresso rápido da química no século XIX (GOLDSBY, 2013).
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5 ESTRUTURA DO ÁTOMO
5.1 O elétron
Figura 2.3 Uma ampola de raios catódicos com um campo elétrico perpendicular à direção dos
raios catódicos e um campo magnético exterior. Os símbolos N e S representam os polos norte e sul do
ímã. Os raios catódicos atingirão a extremidade da ampola em A na presença do campo magnético, em C
na presença de um campo elétrico, e em B quando não houver campos exteriores ou quando os efeitos
do campo elétrico e magnético se anularem.
Figura 2.4 (a) Um raio catódico produzido em uma ampola seguindo do cátodo (esquerda) para
o ânodo (direita). O raio em si é invisível, mas a fluorescência do revestimento de sulfeto de zinco sobre o
vidro faz com que apareça em verde. (b) O raio catódico é dobrado para baixo quando o ímã se desloca
na sua direção (c) Quando a polaridade do ímã é invertida, o raio curva-se na direção oposta.
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O físico inglês J. J. Thomson (1856-1940) usou a ampola de raios catódicos e o
seu conhecimento da teoria eletromagnética para determinar a razão entre a carga
elétrica e a massa de um elétron. O número que ele encontrou foi -1,76 x 108 C/g, onde
C é o coulomb, que é a unidade de carga elétrica. A partir daí, em uma série de
experiências realizadas entre 1908 e 1917, R. A Millikan (1868-1953) conseguiu medir a
carga do elétron com grande precisão. O seu trabalho mostrou que a carga de cada
elétron era exatamente a mesma. Na sua experiência, Millikan examinou o movimento
de minúsculas gotas de óleo que apanhavam cargas estáticas de íons presentes no ar.
Ele suspendeu as gotas carregadas no ar aplicando-lhes um campo elétrico e seguiu os
seus movimentos utilizando um microscópio (Figura 2.5). Aplicando os seus
conhecimentos de eletrostática, Millikan achou que a carga do elétron era -1,6022 10-19
C. A partir deste resultado, ele calculou a massa do elétron:
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5.2 Radioatividade
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Figura 2.6 Os três tipos de raios emitidos por elementos radioativos. Os raios consistem em
partículas com carga negativa (elétrons) e são, portanto, atraídos pela placa carregada positivamente. O
oposto é válido para os raios – eles têm carga positiva e são puxados para a placa com carga negativa.
Como os raios y não têm carga, o seu percurso não é afetado por um campo elétrico exterior.
No início do século XX, duas características dos átomos se tornaram claras: eles
continham elétrons e eram eletricamente neutros. Para manter a neutralidade elétrica,
um átomo deve conter um número igual de cargas positivas e negativas. Por isso,
Thomson propôs que um átomo podia ser imaginado como uma esfera uniforme de
matéria, com carga positiva, na qual os elétrons estão embebidos como passas em um
bolo (Figura 2.7). Este modelo chamado de “pudim de passas” foi a teoria aceita durante
muitos anos (GOLDSBY, 2013).
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Figura 2.7 O modelo de átomo de Thomson, por vezes descrito como o modelo do “pudim de
passas”, uma sobremesa tradicional inglesa. Os elétrons estão embebidos em uma esfera uniforme com
carga positiva.
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Figura 2.8 (a) Esquema da experiência de Rutherford para medir a dispersão das partículas α
por uma lâmina de ouro. A maioria das partículas α atravessa a lâmina de ouro praticamente sem ser
defletida. Algumas são defletidas em grandes ângulos. Ocasionalmente, uma partícula α é desviada em
sentido contrário. (b) Uma visão ampliada das partículas α atravessando e sendo defletidas pelos
núcleos.
1 pm = 1 x 10-12 m
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Um raio atômico típico é de aproximadamente 100 pm, enquanto o raio de um
núcleo atômico é apenas cerca de 5 x 10-3 pm. Podemos ter uma ideia das dimensões
relativas de um átomo e do seu núcleo imaginando que se um átomo fosse do tamanho
de um estádio esportivo, o volume do seu núcleo seria comparável ao de uma bolinha de
gude. Apesar de os prótons estarem confinados ao núcleo do átomo, os elétrons
aparecem espalhados à volta do núcleo e a alguma distância deste (GOLDSBY, 2013).
O conceito de raio atômico é útil experimentalmente, mas não devemos inferir
que os átomos têm limites ou superfícies bem definidas. Aprenderemos mais tarde que a
região externa dos átomos é um tanto “nebulosa” (GOLDSBY, 2013).
5.4 O nêutron
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A Figura 2.9 mostra a localização das partículas elementares (prótons, nêutrons
e elétrons) em um átomo. Existem outras partículas subatômicas, mas o próton, o elétron
e o nêutron são os três componentes fundamentais do átomo (GOLDSBY, 2013).
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preenchidas ou facilmente produzem cátions com subcamadas d parcialmente
preenchidas (Esses metais são, às vezes, chamados de elementos de transição do bloco
d). Os elementos do Grupo 2B ou 12 (Zn, Cd e Hg) não são nem elementos
representativos nem metais de transição. Não há nenhum nome especial para esse grupo
de metais. Os lantanídeos e os actinídeos são, muitas vezes, chamados de elementos
de transição do bloco f, pois têm subcamadas f parcialmente preenchidas (CHANG,
2013).
Figura 8.1 Configurações eletrônicas do estado fundamental dos elementos. Para simplificar,
apenas são indicadas as configurações dos elétrons das camadas mais externas.
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os que estão envolvidos nas ligações químicas, são frequentemente denominados
elétrons de valência. A semelhança na configuração eletrônica da camada mais externa
(isto é, na configuração dos elétrons de valência) é responsável pelo fato de os elementos
de um mesmo grupo apresentarem comportamento químico similar. Essa observação é
válida também para os halogênios (os elementos do Grupo 17), que possuem
configuração eletrônica da camada mais externa ns2 np5 e exibem propriedades muito
semelhantes. Temos de ter cuidado, contudo, ao prever propriedades dos elementos dos
Grupos 13 a 16. Por exemplo, os elementos do Grupo 14 possuem a mesma configuração
eletrônica da camada mais externa, (ns2 np2), mas há uma variação nas propriedades
químicas desses elementos: o carbono é um não-metal, o silício e o germânio são
semimetais, e o estanho e o chumbo são metais (CHANG, 2013).
Figura 8.2 A classificação dos elementos. Note que os elementos do Grupo 12 são muitas
vezes classificados como metais de transição mesmo que não apresentem as características dos metais
de transição.
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7 CONFIGURAÇÕES ELETRÔNICAS DOS CÁTIONS E DOS ÂNIONS
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7.1 Íons Derivados dos Elementos Representativos
Observe que cada íon tem uma configuração estável de gás nobre (CHANG,
2013).
Na formação de um ânion, são acrescentados um ou mais elétrons à camada n
mais alta parcialmente preenchida. Considere os exemplos seguintes:
Na Seção 7.9, vimos que, nos metais de transição da primeira fila (Sc a Cu), o
orbital 4s é sempre preenchido antes dos orbitais 3d. Considere o manganês cuja
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configuração eletrônica é [Ar]4s23d5. Quando se forma o íon Mn2+, podemos esperar a
remoção de dois elétrons do orbital 3d para gerar a configuração [Ar]4s23d3. Na realidade,
a configuração eletrônica do Mn2+ é [Ar]3d5! A razão para isso acontecer é que as
interações elétron-elétron e elétron-núcleo em um átomo neutro podem ser bastante
diferentes das do seu íon. Assim, enquanto o orbital 4s é sempre preenchido antes do
orbital 3d no Mn, os elétrons são removidos do orbital 4s para formar o íon Mn 2+ porque
os orbitais 3d são mais estáveis que o orbital 4s nos íons dos metais de transição. Por
isso, quando se forma um cátion a partir de um átomo de um metal de transição, os
elétrons são sempre removidos primeiro do orbital ns e depois dos orbitais (n - 1)d
(CHANG, 2013).
Lembre-se de que a maior parte dos metais de transição pode formar mais de
um cátion e que frequentemente esses cátions não são isoeletrônicos com o gás nobre
precedente (CHANG, 2013).
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de modo mais efetivo que os elétrons da mesma subcamada exercem uns sobre os
outros (CHANG, 2013).
Figura 8.3 (a) Em metais como o berílio, o raio atômico é definido como metade da distância
entre os núcleos de dois átomos adjacentes. (b) Para os elementos que existem como moléculas
diatômicas, como o iodo, o raio do átomo é definido como metade da distância entre os núcleos.
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A Figura 8.4 mostra os raios atômicos de vários elementos de acordo com as
suas posições na tabela periódica. As tendências periódicas são claramente evidentes.
Ao estudar as tendências, lembre-se de que o raio atômico é determinado em larga
extensão pela força de atração entre o núcleo e os elétrons da camada mais externa.
Quanto maior for a carga nuclear efetiva, maior é a força de atração do núcleo sobre
esses elétrons e menor o raio atômico. Considere os elementos do segundo período
desde o Li ao F, por exemplo. Deslocando da esquerda para a direita, vemos que o
número de elétrons na camada mais interna (1s2) se mantém constante enquanto a carga
nuclear aumenta. Os elétrons adicionados para contrabalançar o aumento da carga
nuclear não exercem qualquer blindagem uns sobre os outros. Em consequência, a carga
nuclear efetiva aumenta gradualmente enquanto o número quântico principal se mantém
constante (n = 2). Por exemplo, o elétron mais externo 2s do lítio é protegido do núcleo
(que tem três prótons) pelos dois elétrons 1s. Como aproximação, assumimos que o
efeito de blindagem dos dois elétrons 1s é cancelar duas cargas positivas no núcleo.
Assim, o elétron 2s apenas sente a atração de um próton no núcleo; a carga nuclear
efetiva é +1. No berílio (1s22s2), cada um dos dois elétrons 2s está blindado pelos dois
elétrons mais internos 1s, que cancelam duas das quatro cargas positivas no núcleo.
Como os elétrons 2s não se protegem entre si de forma efetiva, o resultado é que a carga
nuclear efetiva de cada elétron 2s é maior que +1. Assim, como a carga nuclear efetiva
aumenta, o raio atômico diminui gradualmente desde o lítio até ao flúor (CHANG, 2013).
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Figura 8.4 Os raios atômicos (em picômetros) dos elementos representativos de acordo com a
sua posição na tabela periódica. Observe que não há qualquer concordância geral sobre o tamanho dos
raios atômicos. Interessam-nos apenas as tendências dos raios atômicos, não os seus valores precisos.
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9 LIGAÇÕES QUÍMICAS E ELETRONEGATIVIDADE
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O exemplo mais representativo de uma ligação iônica é a formação de um cristal
de cloreto de sódio (sal de cozinha) a partir de átomos de sódio (Na) e de cloro (Cl). Pode-
se imaginar a formação do sólido em três etapas: os átomos de sódio liberam elétrons,
que se ligam aos átomos de cloro, e os íons resultantes agrupam-se como um cristal
(SILVA, 2019).
O átomo de sódio (Na) está no Grupo 1-IA da tabela periódica, logo, apresenta
um elétron na camada de valência. Assim, sua estabilidade eletrônica será atingida pela
perda de um elétron, originando o íon Na+, com oito elétrons da camada de valência. A
energia de ionização do sódio é de 494 kJ·mol-1, então, é preciso fornecer essa
quantidade de energia para formar os cátions no processo (SILVA, 2019). Observe:
O átomo de cloro (Cl) está no grupo 17-VIIA da tabela periódica, logo, apresenta
sete elétrons na camada de valência. A sua estabilidade eletrônica é então atingida pelo
ganho de um elétron, originando o íon Cl–. A afinidade eletrônica dos átomos de cloro é
de +349 kJ·mol-1, logo, são liberados essa quantidade de energia quando elétrons se
ligam aos átomos de cloro para formar ânions (SILVA, 2019). Observe:
Após a formação dos íons (Na+ e Cl–) eletronicamente estáveis, ocorre uma
interação eletrostática (cargas com sinal contrário se atraem), formando assim os
compostos iônicos. A interação entre os íons produz aglomerados com forma geométrica
definida, denominados retículos cristalinos, característicos dos sólidos (SILVA, 2019).
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Assim, quando os íons de sódio e cloro, por exemplo, se juntam para formar um
sólido cristalino, a atração mútua libera uma grande quantidade de energia (SILVA,
2019). Experimentalmente, obtém-se:
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9.2 Determinação das fórmulas dos compostos iônicos
Como os não metais não formam cátions monoatômicos, a natureza das ligações
entre não metais envolve o compartilhamento de elétrons. Os elementos não metálicos
existem como moléculas, por exemplo, as espécies diatômicas H2, N2, O2, F2, Cl2, Br2 e
I2 e as espécies poliatômicas P4 e S8 (SILVA, 2019).
Para explicar a ligação entre dois átomos de não metais, a proposta de Lewis é
que um par de elétrons é compartilhado pelos dois átomos, isto é, cada par eletrônico é
constituído por um elétron de cada átomo e pertence simultaneamente aos dois átomos.
Em outras palavras, os dois átomos ficam juntos porque ocorre interação coulômbica
entre os dois elétrons e os núcleos e nenhum dos átomos perde totalmente um elétron,
portanto, nenhum átomo precisa receber a totalidade de energia de ionização (SILVA,
2019).
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A ligação covalente pode ser representada esquematicamente, como mostrado
no Quadro 2 a seguir.
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ambiente são sólidas e apresentam elevadas TF e TE, como: sílica (SiO2)n , grafita (C),
diamante (C), celulose (C6H10O5)n, polietileno (C2H4)n, entre outros (SILVA, 2019).
9.5 Eletronegatividade
O poder de atração dos elétrons exercido por um átomo que participa de uma
ligação é chamado de eletronegatividade. Assim, o átomo do elemento que apresenta
a maior eletronegatividade tem maior poder de atrair elétrons e tende a afastá-los do
átomo que apresenta a menor eletronegatividade. Em 1932, o químico norte-americano
Linus Pauling propôs, experimentalmente, uma medida quantitativa da distribuição dos
elétrons na ligação, conforme mostrado na Figura 1 (SILVA, 2019).
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eletronegatividades são muito diferentes, um dos átomos pode ficar com a maior parte
do par de elétrons compartilhado (por exemplo, numa ligação covalente), em que o
elemento mais eletronegativo lembra um ânion e o outro lembra um cátion. Esse tipo de
ligação apresenta caráter iônico considerável. Se a diferença de eletronegatividade é
muito grande, como em NaCl e KF, a contribuição iônica domina a distribuição covalente
e é melhor considerar iônica a ligação (SILVA, 2019).
Sendo assim, não existe uma linha divisória muito clara entre as ligações
covalentes e iônicas. Contudo, uma regra útil pode ser aplicada, em que se a diferença
de eletronegatividade é de cerca de duas unidades, o caráter iônico é tão alto que é
melhor considerar iônica a ligação. Porém, para diferenças de eletronegatividade
menores do que 1,5, é razoavelmente mais seguro descrever a ligação como sendo
covalente (SILVA, 2019).
Lewis criou uma forma simples para demonstrar os elétrons de valência quando
os átomos formam ligações iônicas. Ele representou cada elétron de valência como um
ponto e distribuiu em torno do símbolo do elemento. Cada ponto representa um único
elétron em um orbital e um par de pontos representa dois elétrons emparelhados
partilhando o orbital. Alguns exemplos estão representados a seguir (SILVA, 2019).
52
Para deduzir a fórmula de um composto iônico usando os símbolos de Lewis,
representa-se primeiro o cátion pela remoção de elétrons (representados pelos pontos
do símbolo do átomo do metal). Após, representa-se o ânion transferindo esses pontos
(elétrons) para o símbolo do átomo do não metal, de modo a completar sua camada de
valência, ou seja, atingir a configuração de um gás nobre. Por fim, escreve-se sobrescrito
a carga de cada íon. Um exemplo simples seria a fórmula do cloreto de cálcio (CaCl2),
representado a seguir (SILVA, 2019).
A mesma ideia descrita por Lewis para ligações iônicas pode ser estendida às
ligações covalentes. Contudo, quando uma ligação covalente é formada, os átomos
compartilham elétrons até atingir a configuração de um gás nobre. Lewis denominou esse
princípio de regra do octeto, em que os átomos de uma ligação covalente tendem a
completar seus octetos pelo compartilhamento de elétrons. O nitrogênio (N), por exemplo,
tem cinco elétrons na camada de valência e utiliza mais três para completar o octeto. O
cloro (Cl) tem sete elétrons na camada de valência e utiliza mais um para completar o
octeto. O argônio (Ar) já tem seus oito elétrons na camada de valência, dessa forma, não
compartilha elétrons. O hidrogênio (H), pelo fato de formar apenas uma ligação, ou seja,
ter valência igual a 1, usa apenas mais um elétron para atingir ao dublete do hélio (SILVA,
2019).
Pode-se utilizar também os símbolos de Lewis para descrever ligações
covalentes, como uma linha (-) para representar o par de elétrons compartilhado. A
molécula de hidrogênio, formada por dois átomos de hidrogênio, é representada pelo
símbolo H-H. O átomo de cloro tem sete elétrons na camada de valência, logo, o outro
elétron utilizado para completar o octeto vem do compartilhamento de um elétron
53
fornecido por outro átomo, como um outro átomo de cloro ou um átomo de hidrogênio,
conforme mostrado na Figura 2 (SILVA, 2019).
54
Já nas ligações covalentes, a existência de polos está associada à deformação
da nuvem eletrônica e depende da diferença de eletronegatividade entre os elementos.
Quando há formação de ligação covalente entre átomos com a mesma
eletronegatividade, não ocorre distorção da nuvem eletrônica de forma tão significativa.
Sendo assim, essas ligações são denominadas apolares. Um exemplo de molécula
formada por ligação covalente apolar está representado na Figura 4 (SILVA, 2019).
55
Dessa forma, a polaridade de uma ligação é caracterizada por uma grandeza
denominada momento dipolar (μ), ou dipolo elétrico, que normalmente é representada
por um vetor orientado no sentido do elemento mais eletronegativo, ou seja, o vetor é
orientado do polo positivo para o polo negativo. Veja um exemplo na Figura 6 (SILVA,
2019).
57
2. A segunda situação é chamada de ligação pi (π), representada nas
ligações duplas e triplas, quando a sobreposição dos orbitais ocorre no
plano da ligação e está representada na Figura 8. Nesse caso, a
densidade eletrônica no eixo da ligação é igual a zero (SILVA, 2019).
58
Dessa forma, para que ocorra uma ligação química, é necessário que haja
simetria adequada e energias próximas entre os orbitais (SILVA, 2019).
59
12 GEOMETRIA MOLECULAR
61
12.1 Moléculas em que o Átomo Central Não Tem Pares Isolados
62
AB2: Cloreto de berílio (BeCl2)
A estrutura de Lewis do cloreto de berílio no estado gasoso é (CHANG, 2010):
63
Os pares de elétrons repelem-se mutuamente e, por isso, devem situar-se nos
extremos opostos de uma linha reta para ficarem o mais afastado possível um do outro.
Assim, prevê-se que o ângulo CeBeCl é de 180° e a molécula, linear (veja a Tabela 10.1)
(CHANG, 2010). O modelo de “bolas” e “varetas” BeCl2 é
Desse modo, os três ângulos FBF são de 120º e os quatro átomos encontram-se
no mesmo plano (CHANG, 2010).
64
AB4: Metano (CH4)
A estrutura de Lewis do metano é:
Como existem quatro pares ligantes, o CH4 tem uma geometria tetraédrica (veja
a Tabela 10.1). Um tetraedro é um sólido geométrico com quatro faces (daí vem o prefixo
tetra) que são todas triângulos equiláteros. Em uma molécula tetraédrica, o átomo central
(nesse caso, C) está localizado no centro do tetraedro e os outros quatro átomos, nos
vértices. Os ângulos de ligação são todos iguais a 109,5º (CHANG, 2010).
65
O átomo central (nesse caso, P) está no centro do triângulo comum e os átomos
vizinhos situam-se nos cinco vértices da bipirâmide trigonal. Dizemos que os átomos que
se encontram acima e abaixo do plano triangular ocupam posições axiais e aqueles que
estão no plano triangular ocupam posições equatoriais. O ângulo formado entre duas
ligações equatoriais é sempre igual a 120º; o ângulo entre uma ligação axial e uma
equatorial é de 90º e o ângulo entre duas ligações axiais é de 180º (CHANG, 2010).
O arranjo mais estável para os seis pares ligantes SF é o aquele que tem formato
de um octaedro, tal como indica a Tabela 10.1. Um octaedro possui oito faces (daí vem
o prefixo octa) e pode ser gerado pela junção de duas pirâmides quadradas considerando
uma base comum. O átomo central (nesse caso, S) está no centro da base quadrada e
os outros seis átomos encontram-se nos seis vértices do octaedro. Nesse caso, todos os
ângulos de ligações são iguais a 90º, exceto aqueles formados pelas ligações entre o
átomo central e pares de átomos diametralmente opostos, que são ângulos de 180º.
Como, em uma molécula octaédrica, as seis ligações são equivalentes, não podemos
utilizar os termos “axial” e “equatorial”, como no caso das moléculas com geometria
bipiramidal trigonal (CHANG, 2010).
66
13 FORÇAS INTERMOLECULARES
67
vapor. Se for necessária mais energia para separar as moléculas de uma substância A
do que de uma substância B, em razão de as primeiras serem atraídas por forças
intermoleculares mais intensas, então o ponto de ebulição de A será superior ao de B. O
mesmo princípio se aplica ao ponto de fusão das substâncias. Em geral, os pontos de
fusão aumentam com o aumento da intensidade das forças intermoleculares nas
substâncias (CHANG, 2010).
Para discutirmos as propriedades da matéria condensada, temos primeiro que
compreender os diferentes tipos de forças intermoleculares. Forças do tipo dipolodipolo,
dipolo-dipolo induzido e forças de dispersão constituem o que os químicos chamam de
forças de van der Waals, em homenagem ao físico holandês Johannes van der Waals.
Os íons e os dipolos atraem-se mutuamente por forças eletrostáticas denominadas forças
íon-dipolo, que não são forças de van der Waals. A ligação de hidrogênio é um tipo de
interação dipolo-dipolo particularmente forte. Uma vez que apenas alguns elementos
podem participar na formação desse tipo de ligação, esta será tratada como uma
categoria à parte. Como veremos a seguir, a atração global entre as moléculas pode ter
contribuições de mais do que um tipo de interação, dependendo do estado físico da
substância, da natureza das ligações químicas e dos elementos presentes (CHANG,
2010).
68
Figura 12.1 Moléculas que possuem momento de dipolo permanente tendem a se alinharem
com polaridades opostas, no estado sólido para maximizar as interações atrativas.
69
Figura 12.3 Interação entre uma molécula de água e os íons Na+ e Mg2+.
Que tipo de interação atrativa existe entre substâncias apolares? Para responder
a essa pergunta, considere o arranjo descrito na Figura 12.4. Se colocarmos um íon ou
uma molécula polar perto de um átomo (ou de uma molécula apolar), a distribuição
eletrônica do átomo (ou molécula apolar) é distorcida pela força exercida pelo íon ou pela
molécula polar resultando em um tipo de dipolo. Esse dipolo é denominado dipolo
induzido porque a separação das cargas positiva e negativa no átomo (ou na molécula
apolar) deve-se à proximidade de um íon ou molécula polar. A interação atrativa entre
um íon e o dipolo induzido chama-se interação íon-dipolo induzido e a interação atrativa
entre uma molécula polar e o dipolo induzido designa-se interação dipolo-dipolo induzido
(CHANG, 2010).
70
Figura 12.4 (a) Distribuição esférica de cargas em um átomo de hélio. (b) Distorção causada
pela aproximação de um cátion. (c) Distorção causada pela aproximação de um dipolo.
71
cada um dos átomos vizinhos mais próximos (Figura 12.5). No instante seguinte, um
dipolo instantâneo diferente pode criar dipolos temporários nos átomos de He que estão
ao seu redor. Esse tipo de interação origina as forças de dispersão, que são forças
atrativas que surgem como resultado de dipolos temporários induzidos nos átomos ou
nas moléculas. Em temperaturas muito baixas (e velocidades atômicas reduzidas), as
forças de dispersão são suficientemente fortes para manter juntos os átomos de He,
provocando a condensação do gás. A atração entre moléculas apolares pode ser
explicada do mesmo modo (CHANG, 2010).
Figura 12.5 Interação entre dipolos induzidos. Esses arranjos espaciais existem apenas
momentaneamente; no instante seguinte vão se formar novos arranjos. Esse tipo de interação é
responsável pela condensação dos gases apolares.
Em 1930, o físico alemão, Fritz London, propôs uma interpretação para os dipolos
temporários baseada na mecânica quântica. London demonstrou que a intensidade
dessa interação atrativa é proporcional à polarizabilidade do átomo ou da molécula.
Como é esperado, as forças de dispersão podem ser muito fracas. Isso é verdade, para
o caso do hélio, que tem uma temperatura de ebulição de apenas 4,2 K ou -269ºC. (Note
que o hélio tem apenas dois elétrons no orbital 1s, e esses são fortemente atraídos pelo
núcleo. Portanto, o átomo de hélio apresenta baixa polarizabilidade.)
As forças de dispersão, também conhecidas por forças de London, geralmente
aumentam com a massa molar, pois moléculas com maiores massas molares também
têm mais elétrons, e a intensidade das forças de dispersão aumentam com o número de
elétrons. Além disso, massas molares maiores significam átomos maiores cujas
distribuições eletrônicas são mais facilmente perturbáveis, porque os elétrons mais
externos são menos fortemente atraídos pelo núcleo. A Tabela 12.2 traz as temperaturas
de fusão de algumas substâncias semelhantes e constituídas por moléculas apolares.
72
Conforme esperado, o ponto de fusão aumenta à medida que aumenta o número de
elétrons na molécula. Uma vez que se trata apenas de moléculas apolares, as únicas
forças intermoleculares atrativas presentes são as de dispersão (CHANG, 2010).
73
13.4 Ligação de Hidrogênio
74
CH4, é também o que tem menor ponto de ebulição, e o composto mais pesado, SnH4,
apresenta o ponto de ebulição mais elevado. No entanto, os compostos constituídos por
hidrogênio e elementos dos Grupos 15, 16 e 17 não seguem essa tendência. Em cada
uma dessas séries, o composto mais leve (NH3, H2O e HF) é o que tem o ponto de
ebulição mais elevado, contrariamente ao esperado com base na massa molar. Essa
observação indica que as atrações intermoleculares nas moléculas NH3, H2O e HF são
mais fortes do que as das outras moléculas dos seus grupos. Esse tipo de atração
intermolecular particularmente forte é conhecido como ligação de hidrogênio, que é um
tipo especial de interação dipolo-dipolo entre o átomo de hidrogênio em uma ligação
polar, tal como N—H, O—H ou F—H e um átomo eletronegativo como O, N ou F. Essa
interação é representada por
75
Figura 12.6 Pontos de ebulição de compostos hidrogenados de elementos dos Grupos 14, 15,
16 e 17. Embora normalmente se espere que o ponto de ebulição aumente à medida que se desce no
grupo, verifica-se que três compostos (NH3, H2O, HF) se comportam de modo diferente. Essa anomalia
pode ser explicada em termos das ligações de hidrogênio intermoleculares.
A energia média de uma ligação de hidrogênio é muito grande (de até 40kJ/mol)
quando comparada às energias das interações dipolo-dipolo. Por isso, as ligações de
hidrogênio têm grande influência na estrutura e nas propriedades de muitos compostos.
A Figura 12.7 mostra alguns exemplos de ligações de hidrogênio (CHANG, 2010).
76
Figura 12.7 Alguns exemplos de ligações de hidrogênio envolvendo moléculas de água, amônia
e ácido fluorídrico. As linhas cheias representam ligações covalentes e as pontilhadas representam
ligações de hidrogênio.
77
Todas as forças intermoleculares discutidas até agora são de natureza atrativa.
Lembre-se de que as moléculas também exercem forças repulsivas sobre outras
moléculas. Quando duas moléculas aproximam-se, uma da outra, ocorrem repulsões
entre os seus elétrons e entre os seus núcleos. A magnitude das forças repulsivas sobe
abruptamente à medida que diminui a distância entre as moléculas em um estado
condensado. É por essa razão que é tão difícil comprimir os líquidos e os sólidos. Nesses
estados, as moléculas já estão muito próximas umas das outras, resistindo à compressão
(CHANG, 2010).
79
A equação química é interpretada (lida) da seguinte forma: 1 mol de etanol reage
com 3 mols de oxigênio para formar 2 mols de gás carbônico e 3 mols de água, ou, ainda,
1 molécula de etanol reage com 3 moléculas de oxigênio para formar 2 moléculas de gás
carbônico e 3 moléculas de água (BOTH, 2019).
As reações químicas não ocorrem ao acaso, mas obedecem uma relação entre
a quantidade de reagentes que podem interagir para formar a mesma quantidade em
massa de outros produtos. Essa relação de massa entre produtos e reagentes obedece
a lei de conservação de massas e de proporções, postulada pelos pesquisadores Antoine
Laurent Lavoisier e Joseph Louis Proust, que formularam as leis ponderais das reações
químicas. Essas leis estabelecem relações entre quantidade de regentes consumidos e
de produtos formados durante uma reação química, em que nenhum átomo é formado
ou destruído, apenas ocorre a formação de novas substâncias (BROWN; LEMAY;
BURSTEN, 2005), ou seja, se forem utilizadas 5 g de reagentes, e se a reação converter
todos os reagentes em produtos, serão produzidas 5 g de produtos. Quando as
proporções de átomo presentes nos reagentes são proporcionais ao número de átomos
dos produtos, considera-se que a equação química está balanceada. Como saber
quando uma equação química mantém o mesmo número de átomos em reagentes e
produtos? Vamos aprender a balancear uma reação química utilizando a relação entre a
quantidade de reagentes químicos e produtos, que é chamada de estequiometria da
reação química.
80
O balanceamento da reação química para que ela esteja proporcional, ocorre
com a utilização dos coeficientes estequiométricos, que são únicos para cada reação
química. Estes que estão localizados a frente da fórmula molecular em uma equação
química, como visto na Figura 1 (BOTH, 2019).
Para balancear uma reação química, precisamos saber a fórmula molecular dos
reagentes transformados e dos produtos que são formados. A reação de combustão do
metano servirá de exemplo para realizar o balanceamento. Para compreender melhor o
balanceamento de uma equação, vamos realizá-la em etapas e acertando o coeficiente
estequiométrico para cada molécula que participa da reação (KOTZ; TREICHEL, 2005).
82
Etapa 4: verifique se o número de átomos de cada elemento está balanceado.
83
As equações químicas balanceadas são de importância fundamental na
descrição dos resultados das reações químicas e na compreensão quantitativa da
química. Por meio das equações balanceadas poderemos realizar cálculos de reagentes
e produtos em quantidade de matéria (mol). Por isso as equações químicas devem ser
balanceadas (BOTH, 2019).
84
A lei das proporções definidas de Proust segue o mesmo princípio da lei de
conservação da massa, em que qualquer relação de massas entre substâncias que
participam de uma reação química é sempre uma proporção constante (BOTH, 2019).
Utilizaremos como exemplo a substância H2O, a água, que é composta pelos
elementos hidrogênio e oxigênio. Na reação, se utilizarmos 18 g ou dobrarmos a
quantidade para 36 g de água (equação não balanceada), temos a decomposição em 2
g de hidrogênio e 16 g de oxigênio, e, ainda, 4 g de hidrogênio e 32 g oxigênio,
respectivamente, como segue:
85
Essas relações revelam que a proporção entre os elementos que compõem a
água permanece constante: a massa de oxigênio é 8 vezes maior que a massa de
hidrogênio. Em outras palavras, a composição da água, em massa, é sempre de 1 parte
de hidrogênio para 8 partes de oxigênio (BOTH, 2019).
É fundamental você saber que a lei de Proust é adequada para as substâncias
puras e não para misturas. Isso porque uma substância pura tem sempre a mesma
composição. Assim, por exemplo, a água pura sempre será formada por hidrogênio e
oxigênio numa mesma proporção, ou seja, sempre terá a mesma composição,
independentemente se for água de chuva, mar ou rio, desde que esteja adequadamente
purificada. Já as misturas não têm composição constante, como a mistura de água e sal.
Essas misturas não contêm necessariamente a mesma proporção entre as quantidades
de água e sal em sua composição. Podemos fazer uma mistura com meia colher de sal
em um recipiente e outra com duas colheres de sal na mesma quantidade de água.
Assim, para as misturas, a lei de Proust não se aplica (BOTH, 2019).
Dessa forma, essa reação pode ser interpretada por meio da quantidade de mol
de cada molécula, da seguinte forma: 4 mols de ferro combinam-se com 3 mols de O2
para formar 2 mols de óxido de ferro III. Em cálculos estequiométricos, diz-se que 4 mols
de ferro são equivalentes a 2 mols de óxido de ferro III, representado da seguinte
maneira:
87
A partir dessas relações de mol, podemos calcular a quantidade de uma dada
substância em uma reação química. Suponhamos que na reação química de formação
de óxido de ferro III, 5,8 mols de ferro reajam completamente com O2 para formar óxido
de ferro III. Qual seria a quantidade de óxido de ferro III formada?
Para calcular a quantidade em mol de óxido de ferro III produzido, utiliza-se o
fator de conversão que tem ferro no denominador e escrevemos a seguinte relação
matemática:
88
0,14 mol de ferro é equivalente a 8 g de ferro utilizados para reação. Agora
calculamos o número de mol produzidos de óxido de ferro III, utilizando mais uma vez o
fator de conversão que tem como denominador o ferro (BOTH, 2019).
89
Para relacionar o balanceamento das reações químicas e os cálculos de
quantidade de reagentes, vamos desenvolver os conhecimentos abordados em um
exemplo (BOTH, 2019).
90
91
15.1 Quantidade de produtos em reações químicas com reagente limitante
92
Vamos supor que estão reagindo 4 moléculas de monóxido de carbono e 3
moléculas de O2, como representado na Figura 4 (BOTH, 2019).
93
Essas são as quantidades de dióxido de carbono que foram formados com a
reação de cada reagente. Da definição de reagente limitante, sabemos que apenas este
dará origem a uma quantidade menor de produto. Assim, como a quantidade de 3 mols
de monóxido de carbono utilizados na reação produz menor quantidade de dióxido de
carbono, ele é o reagente limitante da reação e o O2 é o reagente e em excesso. Para
que essa reação consumisse todo o O2 disponível, seria necessário adicionar mais
reagente monóxido de carbono (BOTH, 2019).
Além da possibilidade de descobrir quem é o reagente limitante e o reagente em
excesso pelo número de mol, pode-se calcular a quantidade pela massa utilizada de cada
reagente. Esses cálculos são realizados utilizando o mesmo raciocínio para calcular a
quantidade de reagentes e produtos em uma reação química. Entretanto, vamos
exemplificar utilizando uma maneira semelhante para que o conhecimento seja
sistematizado (BOTH, 2019).
94
16 RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE OS NÚMEROS DE MOL, A MASSA (GRAMAS) E
O VOLUME NA QUANTIDADE DE REAGENTES E PRODUTOS DE UMA REAÇÃO
QUÍMICA
Onde:
n = número de mol (quantidade de matéria)
96
m = massa em gramas
MM = massa molar (g/mol)
Vamos utilizar um exemplo simples pra converter gramas em mol ou vice- -versa.
Quantos gramas existem em 2 mols de bicarbonato de sódio (NaHCO 3) e quantos mols
existem em 5 g de bicarbonato de sódio?
Aplicando a fórmula:
97
Para a conversão de massa de substância para volume, o raciocínio é
semelhante, apenas precisamos inicialmente transformar a quantidade em grama para
mol e depois converter para volume. Vamos observar essas relações no exemplo a
seguir: qual o volume ocupado por 9 g de gás oxigênio (O2)?
Iniciamos calculando a quantidade de mol que 9 g de O2 representam:
98
Este cálculo também pode ser realizado utilizando uma regra de três simples:
Vamos calcular quantos mols de ácido sulfúrico (H2SO4) serão necessários para
reagir com 18 mols de hidróxido de sódio (NaOH) para formar sulfato de sódio (Na 2SO4)
e água (BOTH, 2019).
99
x = 9 mols de H2SO4 → esta é a quantidade de mol ácido sulfúrico que vai reagir
com 18 mols de O2 (BOTH, 2019).
101
A resolução de exercícios envolvendo cálculos estequiométricos depende do
domínio dos conceitos utilizados, da compreensão do enunciado e da organização dos
dados fornecidos pelo problema. Ainda, cada questão requer relações diferentes entre
os dados. Assim, quanto mais exercícios você resolver, mais situações e relações você
vai aprender e poderá colocar em prática (BOTH, 2019).
17 REAÇÕES QUÍMICAS
102
No exemplo da figura, podemos observar as evidências de que ocorreu uma
reação química: a transformação da madeira em gás carbônico e a efervescência de um
comprimido antiácido em água, utilizado para amenizar os sintomas da azia — o
aparecimento das bolhas no líquido também é uma evidência que corre uma reação
química (BOTH, 2019).
Esses tipos de evidências são formas simples e diretas de reconhecimento de
reações químicas, e podem envolver um ou mais fenômenos, como formação de gases,
mudança de cor, formação de sólido, liberação ou absorção de energia na forma de calor,
liberação de eletricidade ou luz, entre outros (PERUZZO; CANTO, 2007). No entanto,
não podemos ter certeza de que ocorreu uma reação química com base apenas nessas
evidências. Uma forma mais segura de obter informações sobre a natureza de uma
transformação é o isolamento dos materiais obtidos, seguido da determinação de
algumas de suas propriedades, como temperaturas de fusão e ebulição, densidade, etc.
A constatação de que as propriedades do sistema final são diferentes daquelas
que compõem o sistema inicial é a forma mais segura de comprovar a ocorrência de
reações químicas. Na prática, a determinação das propriedades dos materiais só é
utilizada quando o trabalho envolve reações químicas desconhecidas, as quais não se
tem certeza sobre a natureza das substâncias formadas (BROWN; LEMAY JÚNIOR;
BURSTEN, 2005). O conhecimento das evidências de uma reação química é uma
ferramenta eficaz que ajuda os químicos a ganhar tempo na caracterização das
transformações.
103
18 INTERPRETANDO E ESCREVENDO UMA REAÇÃO QUÍMICA
104
Observe que a reação química foi representada de duas formas mais a forma
descrita. Contudo, a forma mais tradicional é pela equação química, a última forma
representada na Figura 2. As fórmulas são utilizadas universalmente para expressar, de
forma escrita, as equações químicas, ou seja, o mundo todo representa as equações
químicas por meio das fórmulas químicas das substâncias, e isso permite que qualquer
reação química possa ser compreendida e interpretada, independentemente de onde o
estudo é realizado (BOTH, 2019).
Como estrutura principal, a reação química escrita por meio de uma equação
química, possui reagentes e produtos. Os reagentes são representados pelas
substâncias em seu estado inicial, localizados à esquerda da seta, e os produtos
formados — no caso do exemplo, a água — estão localizados à direita, depois da seta
(BOTH, 2019).
Os reagentes, o hidrogênio e o oxigênio, são representados pelas fórmulas
químicas H2 e O2, respectivamente. Isso quer dizer que dois átomos do elemento
hidrogênio se unem para formar a substância hidrogênio, e dois átomos do elemento
oxigênio se unem para formar a substância oxigênio. O produto água é representado pela
fórmula química H2O, ou seja, dois átomos do elemento hidrogênio se unem a um átomo
do elemento oxigênio para formar a substância água (BOTH, 2019).
O sinal matemático de soma (+) nos reagentes possui o significado de interação
ou reage, ou seja, o hidrogênio interage com o oxigênio. Porém, se o sinal + aparecer
nos produtos, passa a ter o significado de e. Já a seta (→) indica o sentido da reação
química. Quando a seta apresenta apenas uma direção, no sentido da esquerda para a
direita, como representado na Figura 2, quer dizer que a reação química é irreversível, e
ocorre na direção de reagentes para produtos. Uma reação reversível é representada
pelo sinal de duas setas opostas e sobrepostas (←→), e também significa que a reação
está em equilíbrio, ou seja, ocorre no sentido dos produtos e dos reagentes. Existem
outras simbologias associadas ao sentido da reação e ao modo como a reação se
desenvolverá, que estão representados no box saiba mais (BOTH, 2019).
As letras que aparecem subscritas entre parênteses, logo depois da
representação da fórmula química, representam os estados físicos das substâncias. Na
Figura 2, todas as substâncias estão em estado gasoso, representado por (g). Em outras
105
palavras, a reação ocorre entre os reagentes: hidrogênio gasoso (H2(g)) e oxigênio gasoso
(O2(g)), para formar água também na forma de gás ou vapor (H 2O(g)). Quando as
substâncias se apresentarem em estado físico sólido e líquido, a simbologia subscrita é
(s) e (l), respectivamente. Caso as substâncias estejam formando uma solução em que
o solvente é a água, a simbologia utilizada é (aq), e significa que determinado composto
está dissolvido em água ou em solução aquosa (BOTH, 2019).
Apresentadas todas as simbologias envolvidas, uma equação química pode ser
lida da seguinte forma: uma molécula de hidrogênio gasoso interage (+) com uma
molécula de oxigênio gasoso para formar (→) duas moléculas de água gasosa (BOTH,
2019).
Vamos a outro exemplo, escrever a equação química da reação entre
bicarbonato de sódio (NaHCO3) com ácido clorídrico (HCl), que produz gás carbônico
(CO2), cloreto de sódio (NaCl) e água (H2O) (BOTH, 2019).
107
Além dos conceitos já trabalhados, outro pressuposto para escrevermos uma
reação química é que as substâncias são constituídas por átomos que se conservam
durante as transformações. Desse modo, o mesmo número de átomos de determinado
elemento químico existente nos reagentes deve constar também nos produtos, ou seja,
a massa é conservada porque os átomos não são criados, nem destruídos. Esse
conceito, está relacionado à lei de conservação de massas, em que o estudioso Lavoisier
propôs que, na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma (CHANG;
GOLDSBY, 2013).
Vamos utilizar a reação de decomposição da água para interpretar essa lei.
108
Vamos dividir a massa de hidrogênio pela massa de oxigênio em cada uma
dessas experiências. Fazendo isso, chegamos a uma mesma razão (BOTH, 2019).
Esses dados revelam que a proporção entre os elementos que compõem a água
permanece constantes: a massa de oxigênio é sempre oito vezes maior que a massa de
hidrogênio. Em outras palavras, a composição da água, em massa, é sempre uma parte
de hidrogênio para oito partes de oxigênio (BOTH, 2019).
O Quadro 2 traz o exemplo do gás carbônico.
109
Assim, podemos afirmar que a composição do gás carbônico em massa é sempre
de três partes de carbono para oito partes de oxigênio (BOTH, 2019).
É importante ressaltar que a lei de proporções constantes só é aplicada a
substâncias puras, como a água e o gás carbônico. Uma substância pura possui sempre
a mesma composição, independentemente de sua origem. Para as misturas, em que a
composição química não é constante, a lei de Proust não se aplica. Considerando uma
mistura de água e açúcar, a proporção de água e de açúcar pode mudar de uma mistura
para outra (BOTH, 2019).
Entretanto, se observarmos as equações de composição da água e de
decomposição do gás carbônico, ambas não possuem a mesma proporção de átomos
de elementos químicos nos reagentes e produtos, ou seja, as reações químicas utilizadas
para representar a conservação de massa não apresentam a proporção adequada de
átomos de elementos químicos nos dois lados da reação química. Dizemos que a
equação química não está balanceada. O processo utilizado para igualar a quantidade
de átomos é chamado de balanceamento da equação química (ATKINS; JONES, 2011).
Para realizar essa operação, vamos retomar a reação de decomposição da água.
Precisamos, em primeiro lugar, identificar as quantidades de cada átomo nos produtos e
reagentes:
Temos mais oxigênios que nitrogênios nessa equação química. Para balanceá-
la, precisamos corrigir o número de oxigênios que estão presentes na reação química.
Podemos fazer isso adicionando o coeficiente estequiométrico apropriado (nesse caso,
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2) à frente das fórmulas químicas da água 2H2O e do gás hidrogênio 2H2. Teremos a
equação química balanceada da seguinte forma:
Essa equação química balanceada mostra que duas moléculas de água líquida
se decompõem e formam duas moléculas de gás hidrogênio e uma molécula de gás
oxigênio. Como a razão entre o número de moléculas é igual à razão entre os números
de mol (quantidade de matéria), a equação também pode ser lida da seguinte forma: 2
mols de água líquida vão se decompor para formar 2 mols de hidrogênio e 1 mol de
oxigênio. O balanceamento é importante para realizarmos cálculos que determinem as
quantidades de reagentes e produtos (BOTH, 2019).
Já na reação de decomposição do gás carbônico, temos:
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A equação pode ser lida da seguinte forma: duas moléculas de gás carbônico se
decompõem para formar uma molécula de carbono e duas moléculas de oxigênio; ou 2
mols de gás carbônico se decompõem para formar 1 mol de carbono e 2 mols de oxigênio
(BOTH, 2019).
Obviamente, o balanceamento das reações químicas não é um processo tão
simples, e necessita de uma abordagem mais detalhada. Neste capítulo, vamos aprender
a interpretar uma reação química e a construir uma equação química. Apresentaremos,
de forma resumida, os passos para realizar o balanceamento de uma equação química,
utilizando a equação de decomposição do clorato de potássio, formando cloreto de
potássio e oxigênio, no box a seguir (BOTH, 2019).
112
113
19 CLASSIFICAÇÃO DAS REAÇÕES QUÍMICAS
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butano (um dos componentes do gás de cozinha juntamente com o gás
propano) são exemplos simples dessas reações.
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reações o nitrato de prata em interação com o cloreto de sódio e o nitrato
de bário em interação com o sulfato de potássio (BOTH, 2019).
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• Reação de síntese, formação ou combinação: ocorre a formação de
uma substância mais complexa a partir da interação ou combinação entre
duas ou mais substâncias. A interação entre o carbono e o oxigênio ou,
ainda, a interação entre dióxido de enxofre com oxigênio são reações de
síntese que formam os produtos gás carbônico e óxido sulfídrico,
respectivamente (BOTH, 2019).
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O processo de fotólise ocorre quando a substância decompõe-se na presença
de luz. A decomposição do peróxido de hidrogênio ocorre facilmente quando essa
substância é exposta à luz (BOTH, 2019).
Essas são as principais classes de reações químicas. Nos links a seguir, você
vai poder conferir outros exemplos de reações químicas que se classificam nos grupos
que acabamos de estudar, além de poder retomar os principais conceitos abordados
neste capítulo, que vão lhe auxiliar na resolução dos exercícios para a sistematização do
conhecimento (BOTH, 2019).
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BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BROWN, T.; LEMAY, E.; BURSTEN, B. E. Química: a Ciência Central, 9ª Ed., Editora
Prentice- Hall , 2005.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
119
BROWN, T. L.; LEMAY, H. E.; BURSTEN, B. E. Química: a ciência central. 9. ed. Rio
de Janeiro: Pearson, 2005.
CHANG, R.; GOLDSBY, K. A. Química. 11. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
CHANG, R.; GOLDSBY, K. A. Química. 11. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
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KOTZ, J. C.; TREICHEL, P. M. Química geral e reações químicas. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2005.
QUÍMICA - reações químicas: simples troca e dupla troca. Vídeoaula ministrada por
Prof. Eduardo Silva. [S. l.], 2015b. 1 vídeo (9min11s). Disponível em: . Acesso em: 23
out. 2018.
ROSENBERG, J. L.; EPSTEIN, L. M.; KRIEGER, P. J. Química geral. 9. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2012.
TRO, N. J. Química: uma abordagem molecular. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. v.
1.
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