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Nação

A grande invenção do séc. XIX

3.º Ano 

História Contemporânea do séc. XIX | Departamento de História


Prof. Dr. Daniel Alves

Carolina Fresta Santos


#27934
Ano lectivo 2011/2012
Ciência Política e Relações Internacionais

NAÇÃO, A GRANDE INVENÇÃO DO SÉC. XIX

«In 1914 (…) national movements, in alliance with state power, had become one of the most potent
forces shaping domestic and foreign policies. They had been successful in creating narratives about
nations which served as powerful focal points for the identities of a growing number of people
across Europe. Nationalism as an ideology had become a mighty tool for nation-states and for those
in search of a nation-state. »
Stefan Berger

Poucas frases introduziriam com tamanha exactidão a temática a ser abordada. Stefan Berger
consegue, neste parágrafo, englobar, por um lado, o poder do nacionalismo, bem como o seu
importante papel na eclosão da I Guerra Mundial e, por outro, o carácter artificial e instrumental de
que se revestiu o conceito de nação no séc. XIX.
A análise e reflexão aqui propostas vão focar-se, mais pormenorizadamente, na nação
enquanto produto de forças padronizadoras e agregadoras que a tentaram instrumentalizar para,
mais facilmente, atingir os seus objectivos.

Sem patente ou inventor, o conceito de nação só passou a ter uma conotação eminentemente
política e estatal com o advento da Modernidade. Hobsbawm avança que o Dicionário da Real
Academia Espanhola, antes de 1884, apenas se referia a nação como “o agregado de habitantes de
uma província, de um país ou de um reino” e que só a partir desta data passou a remeter para “um
Estado ou corpo político que reconhece um centro supremo de governo comum” e para “o território
constituído por esse Estado e pelos seus habitantes, considerados como um todo”. 

A construção do Estado Moderno e o seu ímpeto centralizador serão aqui considerados


essenciais para a incorporação da imaginação nacional na mentalidade de milhões, mas os factores
sociológicos que potenciaram ou impuseram resistências a este movimento serão também referidos
consoante a sua relevância para as variadas circunstâncias descritas.

O caso italiano servirá aqui de exemplo para outra manifestação nacionalista do séc. XIX, a
das nações à procura de um Estado que as unificasse, procurando ilustrar a importância da criação
cultural da nação para a consolidação de um processo de unificação política sob a égide
nacionalista. 

Como o Estado se fez Nação


Extrair a soberania da pessoa do monarca, deslocando-a para “em a nação” implicava a
construção de uma ligação entre o povo, a nação e o Estado.

Os Estados do séc. XIX tornavam-se verdadeiramente dependentes dos seus cidadãos, uma
vez que mesmo que não necessitassem do seu voto, necessitariam da população para efectuar a
colecta fiscal, esta por sua vez imprescindível para a construção de exércitos permanentes. A
preparação para a guerra implicaria, por sua vez, uma dependência física do Estado relativamente à
sua população, de onde extrairia jovens do sexo masculino para o recrutamento militar.

Os Impérios Multinacionais europeus sentiram a necessidade de se naturalizar, adoptando


línguas nacionais e contendo os nacionalismos emergentes, num movimento (nacionalismo oficial)
em que a nação dominante, muitas vezes, esmagou nações subjugadas.

Quatro estratégias/ necessidades estatais que foram particularmente eficazes na construção


de um sentimento nacional: o recrutamento militar, a burocracia, os sistemas de ensino nacionais e a
língua vernacular dominante.

Recrutamento Militar

«(…) Sob a égide da mobilização para a guerra e da intervenção militar na instável política
interna, edificara-se um Estado burocrático Centralizado que veio a ser legado a uma nação
francesa consolidada.»
Theda Skocpol

Ao nível da preparação para a guerra, a herança da Revolução Francesa marcou uma forte
ruptura com o passado (também ela matizada de continuidades e resistências) que, como Skocpol
aqui descreve, foi suficiente para transformar não apenas os aspectos de âmbito bélico ou militar,
mas a própria estrutura do Estado, servindo para a construção de uma nação consolidada.

O legado de Napoleão, nem após a sua derrota, foi ignorado pelas potências suas
adversárias. O líder francês soube dosear a coerção, possibilitada pelos novos mecanismos de
penetração na sociedade de que o Estado passava a dispor (ex. prefeitos e gendarmes),
contrabalançando-a com estímulos e “válvulas de escape” que permitiram envolver a população
através do recrutamento militar, em vez de a antagonizar.

O serviço militar foi imposto em toda a França, através de um levantamento rigoroso de


todos os homens de vinte anos. Estes jovens, caso fossem considerados aptos fisicamente, eram
submetidos a um sorteio que encaminharia os escolhidos para sete anos de serviço militar. Este
contexto remete para a válvula de escape acima referida, pois aos jovens era dada a possibilidade de
se fazerem substituir através do pagamento a outro jovem, que tomaria o seu lugar.

Outros mecanismos de envolvimento das massas na causa nacional foram a democratização


do acesso às patentes de oficiais, que deixavam assim de estar circunscritas à Nobreza; e a reforma
no sistema de promoções que deixava de permitir a venalidade dos cargos e que passava a basear-se
na aptidão e experiência militar e não em títulos (meritocracia).

Aos jovens combatentes, muitos oriundos das classes mais pobres, foi dado um estatuto de
heróis nacionais que acrescentavam ao já adquirido estatuto de cidadãos. Mais que isso, foi-lhes
dado um papel na condução dos destinos nacionais. 

Burocracia

O inflacionar das burocracias centrais desempenhou papéis fulcrais na construção da


nacionalidade: por um lado, criou lealdades directas entre os membros da Burocracia e o Estado,
que por sua vez corporizava a Nação; e, por outro, levando o Estado-nação às populações, através
dos seus múltiplos agentes, conseguiu (de forma independente) contabilizá-las, tributá-las e
canalizá-las para as recém-criadas estruturas nacionais (exército, sistemas de Ensino e a própria
burocracia).

O crescimento burocrático foi, efectivamente, o que se verificou nas grandes potências


europeias, com um número de funcionários burocráticos que, no princípio do séc. XX, ascendia a
1,5 milhões no gigante burocrático alemão, a 700 000 na Itália e na Áustria e a meio milhão na
França.

A consolidação da administração centralizada com sistemas fiscais e de registo civil, o


mapeamento do território e delimitação clara das fronteiras, bem como o registo dos fluxos de
entrada e de saída eram factores que, mais do que propiciarem directamente o nacionalismo,
abriram caminho à criação de instituições que fomentaram a “nacionalização” dos cidadãos (ex.
exército e sistemas de ensino) e à construção de uma comunidade cada vez mais uniforme e com
menos resquícios de particularismos regionais.

Sistemas de Ensino Nacionais e Língua Vernacular

Iniciou-se, no séc. XIX, um movimento de uniformização das línguas vernaculares


dominantes, escolhidas pelos Estados. Estes procuraram enunciar regras que definissem a língua
padrão (dicionários e gramáticas), procurando também difundir esta nova norma através da
Burocracia e dos sistemas de ensino. 

Muitas línguas foram preteridas em favor daquela que passaria a ser língua nacional: os
russos proibiram o alemão, os espanhóis procuraram acabar com o catalão, os ingleses quase
extinguiram o gaélico, num movimento em que a língua oficial era sinónimo de poder e, muitas
vezes de opressão que procurava obliterar culturas minoritárias.
 
Os sistemas de ensino nacionais foram, a par da Burocracia, os principais veículos das
línguas nacionais e foram essenciais para o forjar das lealdades nacionais, não apenas pela exaltação
da nacionalidade através da língua, mas também por veicularem aos jovens estudantes um ideário
nacional feito através da manipulação e rescrita da História, de forma a conferir-lhe um formato
nacional.

A educação, para além de endoutrinar e de, através da língua nacional, ajudar à criação de
uma comunidade imaginada, serviu ainda como centro de recrutamento para as burocracias estatais
que se muniam de quadros através da expansão do Ensino Técnico, Secundário e Superior. 

A língua e os sistemas de ensino ajudaram assim a delimitar “as verdadeiras fronteiras


naturais das nações” que, segundo a Revue des Deux Mondes “não são determinadas por
montanhas e rios, mas sim pela língua, pelos costumes, pelas lembranças, por tudo aquilo que
distingue uma nação da outra.”
Como a Nação se fez Estado - O «Risorgimento» e a unificação italiana

Depois de se enumerarem alguns dos elementos que auxiliaram os Estados a tornar-se


nações, explicita-se agora o movimento inverso - a forma como uma nação, ainda sem Estado que a
circunscrevesse, se unificou.

Este breve resumo daquilo que foi a unificação italiana procurará descrever aqueles que
foram os seus momentos cruciais e fazer referência ao movimento nacional que acompanhou o
processo político e militar, uma vez que se trata também de um mecanismo, neste caso não
necessariamente estatal, que visava criar nas populações um sentimento de união nacional através
da evocação de um passado histórico comum e da exaltação das virtudes da pátria.

«Fatta l'Italia, bisogna fare gli Italiani.»


Massimo D’Azeglio

Esta frase, geralmente atribuída a Massimo D’Azeglio dá o mote perfeito para esta breve
reflexão acerca do modo, como, em Itália, se conseguiram “fazer” italianos. Aqui o verbo fazer
deixa transparecer uma necessidade de acender nos corações italianos uma chama nacionalista, que
os fizesse sentir-se verdadeiramente parte de Itália.

No caso italiano, começou a forjar-se uma ligação entre os italianos e a ideia de Itália ainda
antes de a nação ter um Estado que a compreendesse no seu todo. Torna-se, então, indissociável o
Risorgimento – movimento nacionalista – do processo político e militar da unificação. Nem o
Risorgimento surgiu sem motivações políticas, nem o processo unificador se poderia ter
consolidado se este movimento não tivesse propiciado as bases sociais de apoio às sucessivas
anexações que se foram dando com vistas à criação de um Estado italiano unificado.

Risorgimento significa literalmente ressurgimento e remete para um passado idealizado a


que se recorre à falta de um presente satisfatório. O movimento visava exortar à libertação italiana,
emancipando-a das forças opressoras, numa primeira fase austríacas e depois francesas, através de
uma guerra revolucionária de ressurgimento nacional.

A ocupação francesa durante a Era Napoleónica tinha dado à Península Itálica as primeiras
experiências de centralização política e administrativa e de oposição política organizada sob a égide
maçónica que, embora defendesse os mesmo ideais que os seus opositores, se insurgia contra a
invasão. 
Após o Congresso de Viena e o consequente fim do domínio francês, a Itália voltou a ficar divida e
subjugada. Os seus territórios passaram a ser controlados pelo Império Austríaco, pelos arquiduques
austríacos, pelo Papado, pelos Bourbon e pela Casa de Sabóia.
Na era da Restauração, a Península caiu num profundo conservadorismo e regresso ao
absolutismo. Foi contra este retrocesso político que se insurgiram Mazzini (antigo membro da
Carbonária) e os seus revolucionários nas Revoluções de 1848/49. As suas aspirações saíram
frustradas pela falta de enraizamento do ideário liberal e nacionalista nas camadas populares, mais
ligadas à Igreja. Por outro lado, o forte separatismo que caracterizava as cidades e estados itálicos
não era propício à unificação nesta altura.

Todavia, esta tentativa falhada deixou transparecer a ideia de que só através das armas se
poderia construir uma Itália forte e unificada e que o Reino da Sardenha (Piemonte - onde se tinham
refugiado os revolucionários) personificava a entidade política a partir da qual se iniciaria este
processo. Este Reino tinha-se tornado uma Monarquia Constitucional e não estava sob a influência
austríaca, que se tinha estendido também aos Estados Papais e ao Reino das Duas Sicílias.

A partir de 1852, com a ascensão do liberal moderado Conde di Cavour, uma série de
reformas económicas e políticas foram feitas no Piemonte, com vista à limitação do poder do
monarca e da Igreja e com o objectivo de elevar internacionalmente o Estado piemontino. Dez anos
depois das revoltas liberais de Mazzini, o Piemonte conquistava a Lombardia após derrotar as
forças austríacas (1859) e em 1860 uniam-se ao seu Estado os territórios de Parma, Toscânia e
Modena, após derrubarem os seus respectivos governos de Restauração.

Os governos da Restauração cada vez mais se mostravam incapazes de implementar


reformas conservadoras, oscilando entre o retrocesso e o progresso e, dada a sua inconsistência
política, abriram caminho para as alternativas liberais e para o seu progressivo enraizamento
popular.

Simultaneamente, decorria um processo de natureza cultural e artística que visava mobilizar


as massas da Península Itálica a juntarem-se à causa italiana e a verem no Piemonte a força
providencial de todo este processo. O Risorgimento deu a Verdi este papel, fazendo com que o
compositor, inadvertidamente, instigasse, através da sua obra musical, o fulgor nacionalista italiano.
Até o seu nome deu origem ao anagrama V.E.R.D.I. – Vitor Emanuel Rei di Italia – que remetia
para a figura do Rei do Piemonte como futuro rei italiano.
Apesar de se ir insinuando gradualmente nas massas populares, o Risorgimento não poderá ser
confundido com um movimento popular, tendo, pelo contrário, fortes raízes nas classes altas da
Burguesia e Nobreza Liberal. 

Este carácter de prudência face ao poder das massas explica os contornos da unificação
italiana que, a partir de 1860 vai opor dois lados que, apesar de tudo, partilhavam do desejo de
unificar a Itália. Cavour e Garibaldi personificavam, respectivamente, o liberalismo moderado e
conservador e o fulgor revolucionário esquerdista.

Neste contexto inicia-se uma disputa entre os dois pela conquista das regiões do sul de Itália
com vista à imposição de dois modelos distintos de anexação. Enquanto Cavour apostava nos seus
jogos políticos com franceses e prussianos, cedendo inclusive parte do território italiano com vista à
obtenção do auxílio francês (Nice e Sabóia) e defendia um modelo de anexação vindo de cima
(anexação por decreto piemontino, validada, posteriormente, através de plebiscito, frequentemente
fraudulento); Garibaldi distanciava-se do “auxílio” francês, que via com desconfiança (cedência de
territórios e acordos secretos entre França e Áustria), e pretendia que fossem os delegados eleitos
das regiões italianas a promover a integração no Piemonte e não o contrário.

Garibaldi, na sua expedição dos Mil Camisas Vermelhas, vai até ao Reino das Duas Sicílias
e conquista Nápoles (Set/1860), mas perde a corrida para Cavour na conquista dos territórios
papais, chegando mesmo a pedir a sua ajuda para as restantes regiões do Sul.

Em 1861 faltava ainda conquistar Roma (controlo francês) e Veneza (controlo austríaco).
Estas duas regiões só são conquistadas por intermédio dos prussianos que, nas suas próprias lutas
com vista à unificação, derrotam a Áustria (1866) e a França (1871), datas em que a Itália anexa
Veneza e Roma, respectivamente.

A unificação teve um final amargo para os italianos que, apesar de a concluírem, foram
derrotados tanto pela França como pela Áustria que só pereceram perante os prussianos. No entanto,
o seu objectivo último foi concretizado e, em 1871, a nação italiana tinha efectivamente um Estado
que a circunscrevia no seu todo e o Risorgimento tinha cimentado, embora não por completo, o
sentimento nacional nos italianos, que efectivamente “se fizeram”, tendo como pais fundadores
Cavour, Mazzini e Garibaldi.

Conclusão

«Ora a essência de uma nação é que todos os indivíduos tenham muitas coisas em comum, e
também que todos tenham esquecido bastantes coisas.»
Renan

Os Estados do séc. XIX foram realmente capazes de construir uma imaginação que, através
da História, da língua e do espaço, uniu milhões de indivíduos que, pela sua bandeira mataram e
morreram, cometeram as maiores atrocidades (I e II Guerras Mundiais), mas também se defenderam
mutuamente e descobriram a pertença a uma família de compatriotas.

Um sentimento e fenómeno tão intrinsecamente profundo e psicológico não pode apenas ser
explicado de um ponto de vista estatal, sob pena de não caber num enquadramento teórico tão
redutor. Hobsbawm fala-nos de uma engenharia social ideológica consciente e deliberada dos
Estados face às populações que, apesar de, em última análise, ter alcançado os objectivos que se
propunha atingir, não é suficiente para explicar o nacionalismo.

Esta promoção estatal da nação tornava-se muito mais bem sucedida quando assente em
sentimentos nacionais pré-existentes, como pretendi explicar através do caso italiano, em que o
Risorgimento ajudou a veicular o ideário nacional às populações.

Nos casos em que a acção estatal não era complementada por estes traços de
protonacionalismo ou quando tentava esmagar nacionalidades emergentes, encontrou barreiras,
porventura pouco visíveis em certos períodos particularmente repressivos, mas que nunca deixaram
de existir, lembrando ao Estado que este não corporizava, necessariamente, uma só nação. 

São disso exemplo os conflitos balcânicos na era pós-Tito, as reivindicações separatistas da


Catalunha e do País Basco face á Espanha após a ditadura de Franco e as múltiplas guerras civis que
rebentaram em muitos países africanos após a ocupação colonial, que ignorou, na delimitação de
territórios, as múltiplas tensões que iria unir sob a mesma égide.

Na realidade, a nível empírico, são raros os países que se revestem de tão apregoada
homogeneidade nacional.

BIBLIOGRAFIA

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do Nacionalismo (2º ed.). Lisboa: Edições 70, 2005. 
 BERGER, Stefan (ed.) – A Companion to the Nineteenth-Century Europe 1789-1914.
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 WATSON, Hugh Seton - Nations and States: an inquiry into the origins of nations and
politics of nationalism. Londres: Methuen & Co, 1977. Disponível em Google Books:
http://books.google.pt/books?id=u5kOAAAAQAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-
PT#v=onepage&q&f=false (consultado entre 01/12/2011 e 07/12/2011)

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