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Intervenções

docentes para ajudar na compreensão do sistema de


escrita.1

Intervenções que resultam produtivas para todas as crianças:

● Propor contínuas situações que lhes permitam escrever “da melhor maneira que
podem”, colocando em jogo suas ideias sobre a escrita.

● Fomentar o respeito de todos em relação às escritas dos demais para que as crianças
se atrevam a escrever segundo suas conceitualizações.

● Remeter às fontes de informação seguras existentes na classe para que as crianças


possam ir ampliando seu conhecimento acerca de como funciona o sistema de escrita:
quantas letras, quais e em que ordem, e assim cheguem a escritas cada vez mais
convencionais.

● Solicitar a leitura de suas produções acompanhando com o dedo com o propósito de


que as crianças possam ir controlando suas produções (relacionando o que dizem com
a escrita propriamente dita).

● Favorecer certas discussões e intercâmbios entre as crianças que se encontram em


níveis próximos de conceitualização, o que lhes permite, às vezes, compartilhar certa
informação que o outro pode desconhecer e outras vezes, colocar em discussão ou
coordená-las quando as informações que se compartilham são diversas.

● Favorecer que as crianças se ocupem de suas próprias escritas e possam voltar à elas
para confirmá-las ou modificá-las. Permitir o apagar e o riscar.

● Fornecer informação direta (por exemplo, informar a direção da escrita) ou indireta (a


partir de outras informações escrever, por exemplo, se uma criança pergunta qual é o
“TA”, escrever outras palavras que comecem com essa sílaba) que promova reflexão
sobre o que se está escrevendo.

● Solicitar que justifiquem suas decisões.

● Problematizar as produções sem validá-las imediatamente.


1
Tradução livre de Andréa Dias Tambelli e revisão de Miruna Kayano Genoino de trecho do documento "Gobierno
de la Ciudad de Buenos Aires, Diseño Curricular para la Escuela Primaria : primer ciclo, Prácticas del Lenguaje. - 1a
edición. - Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Gobierno de la Ciudad de Buenos Aires. Ministerio de Educación e
Innovación, 2019. Libro digital, PDF" p. 42-46

● Validar afirmações adequadas das crianças.

● Solicitar informação do grupo sobre a escrita.

● Socializar a informação dada por outros companheiros.

● Solicitar que revisem e ajustem a escrita a partir do que foi discutido (“Já se deram
conta que ‘bandeira’ termina com ‘a’, então, querem colocar?").

● Sistematizar os aspectos que já tenham sido refletido (“Parece que hoje puderam dar-
se conta de que ‘ma’ se escreve com M e A; que para escrever tem que usar letras; os
números se usam para contar”).

Intervenções com crianças cujas escritas manifestam uma hipótese pré-


silábica em que as crianças não buscam diferenciações entre as escritas:

● Oferecer confiança para que não temam escrever (“Na escola vemos aprender a
escrever e para aprender precisamos começar a escrever como pensamos; temos todo
o ano para aprender e eu coloquei muitas escritas em nossa sala; podem buscar as
letras que vocês acham que servem.”)

● Informar sobre os aspectos gráficos (“Eu te mostro como faz o S, é como uma
cobrinha”).

● Ajudar a recuperar o conteúdo da escrita (“Você escreveu ‘Os três porquinhos’, vamos
ler como escreveu para ver se já está pronto”).

● Incentivar a escrever com letras (“Lembrem-se que para escrever usamos letras como
eu disse nas fichas com o nome de vocês, dos meses.”).

● Propor ampliar seu repertório de letras copiando outros nomes e consultando as


fontes de informação (“Você já sabe as letras do seu nome, agora tem que aprender
outras. Observa quais têm Rodrigo e tente copiar seu nome, assim saberá outras
mais.”)

● Promover o uso de distintas letras em uma mesma palavra (“Você usou as mesmas
letras, tente colocar outras, observe que teu nome tem diferentes letras.”).

● Favorecer o controle de quantidade a partir da solicitação de uma leitura mais pausada


(“Tente seguir a leitura com seu dedo; mais devagar, sem pressa.”)
● Propiciar a diferenciação entre as escritas (“Se aqui diz … aqui também diz…. Pode ser
que se escreva com as mesmas letras?”).

● Conceder informação qualitativa (“A do seu nome é A. Olha, é a mesma que começa
Augustina e Amália.”).

● Conceder informação sobre aspectos quantitativos da escrita (“Aqui diz ‘José’ e qui
‘Guadalupe’ - mostrando ambas fichas: JOSÉ e GUADALUPE - Viram que poucas letras
tem no nome de José? O nome de Guadalupe tem muitas… Escutem quando dizemos
‘Guadalupe’, dizemos mais, quando dizemos ‘José’, dizemos pouquinho.”).

Intervenções com crianças cujas escritas manifestam uma hipótese pré-


silábica em que as crianças buscam diferenciações entre as escritas.

● Promover a reflexão sobre o valor sonoro convencional das letras, focalizando no início
e no final (“Com qual começa ‘caracol’? Começará como ‘Camila’? Pegue a ficha da
‘Camila’ para observar qual te serve.”).

● Entregar letras móveis para que escolham qual lhes servem para escrever a palavra
correspondente.

● Promover a reflexão sobre os aspectos quantitativos da escrita quando escrevem sem


controle de quantidade (“Pense quantas letras você vai colocar para escrever.”).

● Solicitar a interpretação do escrito, apontando lentamente com o dedo as partes da


escrita à medida que interpreta (“Leia em voz alta apontando com seu dedo, sem
pressa.”). No caso de sobrar letras, perguntar o que diz ali. Se não diz nada, sugerir que
risquem ou apaguem as letras que sobraram.

● Pedir que justifiquem o valor das partes que escreveram: através da leitura e de
momentos de esconder as partes (“Até aqui diz?” - deixando à vista a primeira letra -;
E até aqui?” - destapando a segunda letra e assim sucessivamente até que diga a
palavra completa, sugerir que risquem as letras que sobraram).

Intervenções com crianças cujas escritas manifestam uma hipótese


silábica:
● Promover a escrita de alguma letra pertinente no caso de ainda escreverem sem valor
sonoro convencional. Para isso, se oferece informação indireta a partir de uma fonte
de informação muito conhecida (“Maçã começa como ‘Mariana’? Se você acha que
fica bom, pode trocá-la).

● Propiciar a confrontação/comparação de escritas de crianças que realizam recortes


alternativos (núcleo vocálico/consoante), por exemplo: para “caramelo” escrever
“AAEO” e “CAMO”.

● Oferecer informação indireta, ou seja, outras palavras que servem como fonte de
informação, por exemplo: “casa” para escrever “caracol”.

● Solicitar a escrita de palavras com diferenças morfológicas (gramaticais) para propiciar


a busca de um valor grafofônico diferenciador, por exemplo: “coelho” (CEO) e “coelha”
(CEA).

● Solicitar a escrita de palavras com idênticos núcleos vocálicos, por exemplo: banana,
laranja, “AAA” - “AAA”.

● Solicitar a escrita de distintas palavras que tenham núcleos vocálicos iguais, mas que
sejam diferentes entre si, por exemplo: “gato” (AO); “pato” (AO).

● Propor diferentes escritas de uma mesma palavra para decidir qual é a adequada, por
exemplo: SER, SERPEN, SERPENTE em qual diz “serpente”.

● solicitar a escrita de monossílabos sendo que as crianças (considerando suas


conceitualizações de quantidade mínima) tentarão incluir mais letras em seus escritos.

● Sugerir que se auto ditem para que sigam escrevendo o que vão ditando, por exemplo:
“diga devagar e vá colocando as letras que acha que deve”.

● Propor a escrita da mesma palavra em dois momentos diferentes para constatar se as


escreve da mesma maneira ou se realizam recortes alternativos (núcleo
vocálico/consoante: em “pelicano”: EIAO ou PICO.) para problematizá-la.

● Propiciar a análise da sílaba a partir de outras escritas. Por exemplo: em uma escrita
silábica de “manzana” - maçã - (ASA): “manzana se escreve como MALENA, até onde
diz MA no nome de MALENA… observe se é como você escreveu ou se quer mudar. Ou
outra possibilidade seria: “Que parte de ‘MAMA” te serve para MA de MAÇÃ?”


Intervenções com crianças cujas escritas manifestam uma hipótese
silábica-alfabética ou quase alfabética:

● Conceder as letras móveis certas para que digam a palavra solicitada (“Te dou todas as
letras de … para que as ordene de modo que fique escrito …. Observe qual colocou e
qual falta e em que ordem as colocaria.”)

● Oferecer uma fonte de informação com a palavra escrita adequadamente para que
analisem quais colocaram e em que ordem, quais faltam colocar e porque está escrita
assim (“Procurem no livro de Pinóquio e comparem como está escrito e como vocês
escreveram.”)

● Jogar forca.

● Propor com maior frequência a escrita de palavras com sílabas complexas.

● Propiciar a análise da sílaba, a partir de outras escritas. Por exemplo, na escrita


silábico-alfabética de “bruja” (BUJA): “brújula’ se escreve como ‘bruja’, até onde diz
BRU em BRÚJULA… Observe se é como você escreveu ou se quer mudar”. Que parte
de BRUNO te serve para BRUXA?"

● Propiciar a reflexão sobre a inclusão de alguma letra que falta. Por exemplo, diante da
escrita de “pelicano” (PELICAO): “Em pelicano, você esqueceu de colocar o N, como de
‘noite’. Onde você colocaria?

Intervenções com crianças cujas escritas manifestam uma hipótese


alfabética:

● Propiciar reflexões sobre a separação de palavras a partir da oferta de diferentes


frases escritas com separação de palavras variadas.
● Propor reflexões sobre as palavras conhecidas que podem trazer dúvidas ortográficas.
Solicitar justificativas.

● Propiciar a busca de informações no dicionário e em outras fontes frente às diferentes


dúvidas ortográficas.

● Propiciar a reflexão sobre diferentes alternativas ortográficas na escrita de uma


mesma palavra, para que discutam qual é a forma correta (por exemplo, para
“bosque”: VOCE, BOKE, BOSQ, VOSQUE, VOKE, BOSQUE).

● Apresentar várias opções de escrita de uma palavra com restrições posicionais: MB,
MP, R/RR, para que escolham a que acham adequada e justifiquem a decisão tomada.

● Oferecer textos para serem revisados, que promovam reflexões sobre o uso de
maiúscula e sinais de pontuação (estes problemas não estão somente vinculados com
o sistema de escrita , mas também implicam na reflexão sobre a linguagem que se
escreve).

Claudia Molinari en el marco de su conferencia “Enseñar y aprender a leer y escribir; análisis


de intervenciones en alfabetización inicial”, en el II Encuentro Pedagógico con Foco en el
Aprendizaje , Brasil, 2010

https://issuu.com/espaciodocentes/docs/np-pl-dise_o-curricular_vp-febrero.

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