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IMUNOLOGIA CLÍNICA

SUMÁRIO

ANTÍGENOS E ANTICORPOS.............................................................................................6
1. O QUE É UM ANTÍGENO?..............................................................................................................................................6

RECONHECIMENTO ANTIGÊNICO......................................................................................8
1. POR ANTICORPOS.........................................................................................................................................................8
2. POR RECEPTORES DE LINFÓCITOS T.......................................................................................................................8
3. POR MOLÉCULAS MHC................................................................................................................................................9

AVIDEZ E AFINIDADE.....................................................................................................10
1. O QUE É UM ANTICORPO?.........................................................................................................................................10
2. FUNÇÕES DOS ANTICORPOS....................................................................................................................................11
3. ESTRUTURA DOS ANTICORPOS...............................................................................................................................11
4. ANTICORPOS MONOCLONAIS..................................................................................................................................13

PROPRIEDADES E VISÃO GERAL DAS RESPOSTAS IMUNES............................................15


1. MHC CLASSE I..............................................................................................................................................................15
2. MHC CLASSE II.............................................................................................................................................................16

O SISTEMA COMPLEMENTO..........................................................................................18
1. O QUE É O SISTEMA COMPLEMENTO?...................................................................................................................18
2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA COMPLEMENTO.......................................................................18
3. VIAS DE ATIVAÇÃO DO COMPLEMENTO.................................................................................................................19
4. APLICAÇÕES DO SISTEMA COMPLEMENTO.........................................................................................................20

RESPOSTA HUMORAL....................................................................................................21
1. RESPOSTA IMUNE HUMORAL...................................................................................................................................21

DEPENDÊNCIA E INDEPENDÊNCIA NA RESPOSTA HUMORAL.........................................24


1. RESPOSTA DEPENDENTE..........................................................................................................................................24
2. RESPOSTA INDEPENDENTE......................................................................................................................................24

MUDANÇA DE CLASSE DAS IMUNOGLOBULINAS ...........................................................25

RESPOSTA IMUNE CELULAR...........................................................................................26


1. INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................26
2. ATIVAÇÃO DE CÉLULAS T...........................................................................................................................................26
3. MOLÉCULAS ACESSÓRIAS E ESTIMULADORAS...................................................................................................27
4. LINFÓCITOS T CD8+....................................................................................................................................................28
5. DIFERENCIAÇÃO E SUBTIPOS DE LINFÓCITOS CD4+.........................................................................................29
SUMÁRIO

IMUNIDADE AOS MICRORGANISMOS: VÍRUS..................................................................30


1. INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................30
2. IMUNIDADE INATA CONTRA VÍRUS.........................................................................................................................30
3. IMUNIDADE ADAPTATIVA CONTRA VÍRUS.............................................................................................................30

MECANISMOS DE EVASÃO VIRAL...................................................................................33

IMUNIDADE AOS MICRORGANISMOS: PARASITAS E FUNGOS.........................................34


1. INFECÇÃO PARASITÁRIA............................................................................................................................................34
2. INFECÇÃO FÚNGICA ...................................................................................................................................................37

REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE................................................................................39
1. HIPERSENSIBILIDADE.................................................................................................................................................39
2. HIPERSENSIBILIDADE TIPO I.....................................................................................................................................40
3. HIPERSENSIBILIDADE TIPO II....................................................................................................................................41
4. HIPERSENSIBILIDADE TIPO III..................................................................................................................................41
5. HIPERSENSIBILIDADE TIPO IV (TARDIA)................................................................................................................41

TOLERÂNCIA E AUTOIMUNIDADE...................................................................................44
1. CONCEITOS...................................................................................................................................................................44
2. CAUSAS DA PERDA DA TOLERÂNCIA......................................................................................................................44
3. MECANISMOS IMUNOLÓGICOS DA PERDA DE TOLERÂNCIA...........................................................................45
4. DOENÇAS AUTOIMUNES ÓRGÃO-ESPECÍFICOS E SISTÊMICAS.......................................................................49

AUTOIMUNIDADE...........................................................................................................50
1. DOENÇAS AUTOIMUNES ÓRGÃO-ESPECÍFICOS E SISTÊMICAS.......................................................................50
2. MARCADORES IMUNOLÓGICOS DE DOENÇAS AUTOIMUNES..........................................................................51

IMUNODEFICIÊNCIAS.....................................................................................................53
1. IMUNODEFICIÊNCIAS..................................................................................................................................................53

IMUNIZAÇÕES................................................................................................................56
1. IMUNIZAÇÃO PASSIVA................................................................................................................................................57
2. AS INDICAÇÕES PARA IMUNIZAÇÕES PASSIVA INCLUEM.................................................................................58
3. IMUNIZAÇÃO ATIVA.....................................................................................................................................................58
4. IMUNIDADE ATIVA NATURALMENTEADQUIRIDA..................................................................................................58
5. IMUNIDADE ATIVA ARTIFICIALMENTE ADQUIRIDA..............................................................................................58
6. TIPOS DE ACORDO COM O COMPONENTE VACINAL..........................................................................................59
SUMÁRIO

QUALIDADE NO IMUNODIAGNÓSTICO............................................................................60
1. IMUNODIAGNÓSTICO.................................................................................................................................................60

IMUNOENSAIOS – PARTE I.............................................................................................64


1. O QUE SÃO IMUNOENSAIOS?....................................................................................................................................64
2. TIPOS DE REAÇÕES AG-AC........................................................................................................................................64
3. AS TÉCNICAS SÃO BASEADAS NOS TIPOS DE REAGENTES USADOS.............................................................64
4. IMUNOENSAIOS COM REAGENTES NÃO-MARCADOS........................................................................................64

IMUNOENSAIOS – PARTE II............................................................................................72


ENSAIOS COM REAGENTES NÃO-MARCADOS - CONTINUAÇÃO.........................................................................72
1. REAÇÕES DE AGLUTINAÇÃO.....................................................................................................................................72
2. ENSAIOS COM REAGENTES MARCADOS...............................................................................................................76

IMUNOENSAIOS COM REAGENTES MARCADOS – CONTINUAÇÃO..................................80


1. CITOMETRIA DE FLUXO: O QUE É?..............................................................................................................................80
2. COMO SE DÁ O PASSO A PASSO DA PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS?............................................................80
3. QUIMIOLUMINESCÊNCIA...........................................................................................................................................81

DIAGNOSTICO HIV..........................................................................................................87
1. VÍRUS HIV......................................................................................................................................................................87
2. DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HIV.................................................................................................................89
3. PRIMEIRA GERAÇÃO...................................................................................................................................................90
4. SEGUNDA GERAÇÃO...................................................................................................................................................90
5. TERCEIRA GERAÇÃO...................................................................................................................................................91
6. QUARTA GERAÇÃO......................................................................................................................................................91
7. TESTES RÁPIDOS (TR)................................................................................................................................................92
8. TESTES CONFIRMATÓRIOS.......................................................................................................................................92
9. ESTRATÉGIAS PARA IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DA INFECÇÃO PELO HIV
EM CRIANÇAS MENORES DE 18 MESES.....................................................................................................................93

DIAGNOSTICO DE ARBOVIROSES....................................................................................94
O QUE SÃO ARBOVIROSES?...........................................................................................................................................94
1. DENGUE..........................................................................................................................................................................94
2. CHIKUNGUNYA.............................................................................................................................................................96
3. ZIKA.................................................................................................................................................................................98
4. QUADRO CLÍNICO........................................................................................................................................................99
5. EXAMES LABORATORIAIS....................................................................................................................................... 100
6. FEBRE AMARELA....................................................................................................................................................... 100
SUMÁRIO

PAINEL TORCHS - TOXOPLASMOSE E HERPES.............................................................102


1. INFECÇÕES CONGÊNITAS ADQUIRIDAS PELO FETO........................................................................................ 102
2. O QUE É ESTE PAINEL TORCHS?........................................................................................................................... 103
3. TOXOPLASMOSE....................................................................................................................................................... 103
4. HERPES SIMPLES..................................................................................................................................................... 107

PAINEL TORCHS – CITOMEGALOVÍRUS........................................................................109


1. CITOMEGALOVÍRUS (CMV)..................................................................................................................................... 109
1.1. DIAGNÓSTICO........................................................................................................................................................ 110
2. INFECÇÃO CONGÊNITA........................................................................................................................................... 111
3. INFECÇÃO PERINATAL............................................................................................................................................. 111
4. TRATAMENTO............................................................................................................................................................ 112

FARMÁCIA – PAINEL TORCHS - RUBÉOLA....................................................................113


1. RUBÉOLA.................................................................................................................................................................... 113
2.SINTOMATOLOGIA..................................................................................................................................................... 113
3. TRANSMISSÃO.......................................................................................................................................................... 114
4. DIAGNÓSTICO............................................................................................................................................................ 114

FARMÁCIA – EPSTEIN BARR (EBV)...............................................................................116


1. EPSTEIN BARR........................................................................................................................................................... 116
2. LINFOMA DE BURKITT............................................................................................................................................. 117
3. MONONUCLEOSE INFECCIOSA.............................................................................................................................. 117
4. DIAGNÓSTICO............................................................................................................................................................ 118

REFERÊNCIAS...............................................................................................................120
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ANTÍGENOS E ANTICORPOS
1. O QUE É UM ANTÍGENO?
Um antígeno é qualquer substância solúvel, celular ou particulada que pode ser es-
pecificamente ligada por uma molécula de anticorpo ou receptor de célula T.
d Embora todos os antígenos sejam reconhecidos por linfócitos específicos ou por
anticorpos, somente alguns deles são capazes de ativar os linfócitos.
d LIGAÇÃO CRUZADA: Macromoléculas são efetivas para estimular os linfócitos B a
iniciarem as respostas imunes humorais, porque a ativação da célula B necessita que
múltiplos receptores de antígenos sejam mantidos juntos.

Anticorpos Receptores de células T


Podem reconhecer como antígenos prati-
camente todos os tipos de moléculas bio-
lógicas. Exemplos: simples metabólitos
intermediários, açúcares, lipídeos, autacoi- Reconhecem principalmente peptídeos.
des e hormônios, bem como macromolé-
culas (carboidratos complexos, fosfolipí-
deos, ácidos nucleicos e proteínas).

1.1. Particularidades dos antígenos

Os antígenos possuem duas propriedades: a da imunogenicidade, que é a capacida-


de de induzir uma resposta imune específica, e a da antigenicidade, que é a capacidade de
interagir com os linfócitos T ou linfócitos B já sensibilizados. Assim, todas as substâncias
imunogênicas são também antigênicas. As moléculas que desencadeiam a resposta imu-
ne são chamadas de imunógenos.
Pequenas substâncias químicas, no entanto, não são capazes de estimular uma res-
posta e, portanto, recebem o nome de hapteno. Para ter capacidade de induzir uma res-
posta imune, o hapteno é ligado a uma macromolécula, que é chamada de carreadora. O
complexo hapteno-carreador, ao contrário do hapteno livre, pode atuar como um imunó-
geno. Logo, resumindo:
d HAPTENO: pequena molécula química.
d CARREADOR: molécula grande a qual o hapteno está conjugado.
d IMUNÓGENO: porção capaz de gerar resposta imunológica.
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Hapteno Carreador Imunógeno

EPÍTOPO
Macromoléculas, tais como proteínas, polissacarídeos e ácidos
nucleicos, normalmente são muito maiores do que a região de
ligação do antígeno de uma molécula de anticorpo. Dessa maneira,
qualquer anticorpo se liga a somente uma porção da macromolécula,
que é chamada de determinante antigênico ou um epítopo.

AUTOANTÍGENOS: Todos os tecidos próprios têm autoantígenos que são apresen-


tados e são ignorados pelos linfócitos quando a autotolerância está ativa. Quando ocorre
quebra da autotolerância, autoantígenos são reconhecidos como estranhos e se desenca-
deia uma reação autoimune.
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RECONHECIMENTO ANTIGÊNICO
1. POR ANTICORPOS
A ligação do anticorpo ao antígeno pode ser altamente específica, distinguindo pe-
quenas diferenças nas estruturas químicas, mas reações cruzadas também podem ocor-
rer onde dois ou mais antígenos podem se ligar ao mesmo anticorpo.
Os locais de ligação de muitos anticorpos a antígenos são superfícies planares que
podem acomodar epítopos conformacionais de macromoléculas, permitindo que os anti-
corpos se liguem às grandes macromoléculas.
O reconhecimento do antígeno pelo anticorpo envolve ligação não covalente e rever-
sível.
Vários tipos de interações não covalentes podem contribuir para a ligação do anti-
corpo ao antígeno, incluindo:
d Forças eletrostáticas
d Ligações de hidrogênio
d Forças de van der Waals
d Interações hidrofóbicas
A importância de cada um desses depende das estruturas do local de ligação de um
anticorpo individual e de um determinante antigênico.
As concentrações relativas dos antígenos e anticorpos polivalentes podem favorecer
a formação de imunocomplexos que podem se depositar nos tecidos e causar dano.

2. POR RECEPTORES DE LINFÓCITOS T


Sabe-se que os linfócitos T são capazes de reconhecer antígenos (peptídeos) ape-
nas quando estão presentes na superfície celular. Esses peptídeos se originam de todos
os tipos de fontes, como bactérias e vírus intracelulares, produtos de metabolismo celular,
além de proteínas e lipídeos próprios ou estranhos àquela célula.
Todos esses antígenos são captados, processados e apresentados principalmente
na forma de peptídeos pela família HLA de glicoproteínas. Ademais, esses padrões de res-
posta são influenciados pelo background genético de cada pessoa.
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3. POR MOLÉCULAS MHC


Em humanos, a região do MHC, com aproximadamente 4.000kb de comprimento,
localiza-se no braço curto do cromossomo 6 (6p 21.3). Esses genes, expressos ou não,
estão dispostos em três regiões ou classes genômicas. Podem apresentar-se nas classes
I e II.
De maneira geral:
1) As proteínas são degradadas dentro das células, e os peptídeos derivados desse
processo são acoplados às moléculas de HLA e transportados para a superfície
celular.
2) As moléculas HLA de classe I e II transportam peptídeos produzidos
em compartimentos celulares distintos (proteassomos e endossomos,
respectivamente), nos quais as diferentes estratégias de proteólise usadas
geram a variedade de peptídeos necessários para uma apresentação eficiente
para o reconhecimento pelos receptores de células T.
3) O HLA com peptídeo de um lado, ligando-se ao receptor de célula T do outro,
forma o complexo trimolecular que desencadeia e confere a especificidade da
resposta imune efetora.
Figura 1 - Via da apresentação de um antígeno com restrição ao MHC classe I66.
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AVIDEZ E AFINIDADE
A força da ligação entre um único local de combinação de um anticorpo e um epítopo
de um antígeno é chamada de AFINIDADE do anticorpo.
A afinidade comumente é representada por uma constante de dissociação (Kd), que
indica como é fácil separar um complexo antígeno-anticorpo em seus constituintes.

Um Kd menor indica uma interação de


afinidade mais forte ou maior porque
uma menor concentração de antígeno
e de um anticorpo é necessária para a
formação do complexo.

O Kd dos anticorpos produzidos em


respostas imunes humorais típicas
normalmente varia de cerca de 10-7 M
a 10-11 M.

Pelo fato de a região de dobradiça dos anticorpos conferir flexibilidade, um único


anticorpo pode se ligar a um único antígeno multivalente em mais de um local de ligação.
Exemplo: para a IgG ou IgE, essa ligação pode envolver, no máximo, dois locais de ligação,
um de cada Fab.
Embora a afinidade de qualquer local de ligação de antígeno seja a mesma para cada
epítopo de um antígeno polivalente, a força da ligação do anticorpo ao antígeno deve levar
em conta a ligação de todos os locais a todos os epítopos disponíveis. Esta força geral
de ligação é chamada de AVIDEZ e é muito maior do que a afinidade a qualquer local de
ligação do antígeno.

1. O QUE É UM ANTICORPO?
Os anticorpos são proteínas circulantes produzidas em resposta à exposição a estru-
turas estranhas conhecidas como antígenos. Os anticorpos são incrivelmente diversos e
específicos em suas habilidades de reconhecer estruturas moleculares estranhas e cons-
tituem os mediadores da imunidade humoral contra todas as classes de microrganismos.
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Os anticorpos são sintetizados somente pelas células da linhagem de linfócitos B e


existem em duas formas:
d anticorpos ligados à membrana na superfície dos linfócitos B que funcionam
como receptores de antígenos;
d anticorpos secretados pelos plasmócitos que neutralizam as toxinas, previnem a
entrada e espalhamento dos patógenos e eliminam os microrganismos.

Várias mudanças na estrutura dos anticorpos feitas por um clone de células B podem ocorrer no
curso de uma resposta imune. Mutações pontuais nas regiões V de um anticorpo específico para
um antígeno levam à afinidade aumentada para aquele antígeno (maturação de afinidade).

As formas secretadas dos anticorpos estão presentes no plasma (a porção fluida do


sangue), nas secreções mucosas e no fluido intersticial dos tecidos. Na fase efetora da
imunidade humoral, esses anticorpos secretados se ligam aos antígenos e disparam vá-
rios mecanismos efetores que eliminam os antígenos.

2. FUNÇÕES DOS ANTICORPOS


As funções efetoras mediadas por anticorpo incluem:
d neutralização dos microrganismos ou produtos microbianos tóxicos
d ativação do sistema complemento
d opsonização dos patógenos para fagocitose aumentada
d citotoxicidade mediada por célula e dependente de anticorpo (ADCC), pela qual
os anticorpos têm como alvo células infectadas para a lise pelas células do sistema
imune inato
d ativação de mastócito mediada por anticorpo para expelir vermes parasitas

3. ESTRUTURA DOS ANTICORPOS


Outro nome comum para o anticorpo é imunoglobulina (Ig), fazendo referência à por-
ção que confere imunidade da fração gamaglobulina.
Uma molécula de anticorpo tem uma ESTRUTURA SIMÉTRICA do núcleo composta
de duas cadeias leves idênticas e duas cadeias pesadas idênticas. Ambas as cadeias leve
e pesada contém uma série de unidades homólogas repetidas.
Um domínio Ig contém duas camadas de folhas β-pregueadas, cada camada com-
posta de três a cinco fitas de cadeia polipeptídica antiparalela. As duas camadas são man-
tidas unidas pela ponte dissulfeto, e faixas adjacentes de cada folha β são conectadas por
pequenas alças.
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Figura 2 - Visualização das cadeias componentes de um anticorpo67.

Ambas as cadeias leve e pesada consistem em regiões variáveis de aminoterminal


(V) que participam no reconhecimento do antígeno e regiões carboxiterminais constantes
(C); as regiões C das cadeias pesadas mediam as funções efetoras.

Figura 3 - Fragmentos proteolíticos de anticorpos na presença de papaína79.


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3.1. Diferentes isotipos e subtipos de anticorpos realizam distintas funções efetoras.

A razão para isso é que a maioria das funções efetoras dos anticorpos é mediada pela
ligação das regiões C da cadeia pesada aos receptores Fc (FcRs) nas diferentes células.
Existem duas classes, ou isotipos, de cadeias leves, chamadas κ e l, que são diferen-
ciadas por suas regiões constantes (C) carboxiterminais. Em humanos, cerca de 60% das
moléculas de anticorpo têm cadeias leves κ.

Tabela 1 - Características básicas dos isotipos de anticorpos68,66.

Classe Estrutura Propriedades


Dimérica Encontrada em mucosas do trato gastrointestinal,
respiratório e urogenital. Previne colonização por
IgA patógenos.

Monomérica Presente também na saliva, lágrimas e leite.


Monomérica Imunoglobulina de membrana. Faz parte do re-
IgD
ceptor de membrana de linfócitos B virgens (BCR).
Monomérica Envolvida em processos alérgicos e parasitários.
IgE Sua interação com basófilos e mastócitos causa
liberação de histamina.
Monomérica Principal imunoglobulina da imunidade adquirida.
IgG Tem capacidade de atravessar a barreira placen-
tária.
Monomérica Faz parte do receptor de membrana de linfócitos B
virgens (BCR).

IgM
Pentamérica Forma encontrada no soro, secretada precoce-
mente na resposta imune adquirida.

4. ANTICORPOS MONOCLONAIS
O método se baseia na fusão das células B de um animal imunizado com uma linha-
gem celular imortalizada de mieloma e o crescimento dessas células sob condições nas
quais as células não normais e tumorais que não se fundiram não sobrevivem. As células
fundidas resultantes que cresceram são chamadas de hibridomas; cada hibridoma produz
somente uma Ig, derivada de uma célula B do animal imunizado.
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Figura 4 - Anticorpos Monoclonais80

Os Ac monoclonais são muito úteis como reagentes para diagnóstico, exames de


imagem e procedimentos terapêuticos na clínica médica. Para diagnóstico, podem ser uti-
lizados na detecção de gravidez, diagnóstico de numerosos microrganismos patogênicos,
medidas de níveis sanguíneos de várias drogas, tipagem sanguínea, tipagem de antígenos
de histocompatibilidade, caracterização fenotípica de diversos tipos celulares e detecção
de antígenos produzidos por determinados tumores.
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PROPRIEDADES E VISÃO GERAL


DAS RESPOSTAS IMUNES
1. MHC CLASSE I
Na região HLA de classe I, existem cerca de 20 genes, e três deles, HLA-A, B e C, são
ditos clássicos, sendo altamente polimórficos.
As moléculas de classe I são constituídas por uma cadeia α, codificada pelos genes
HLA-A, B ou C, uma cadeia pequena, invariável, a β2-microglobulina e um peptídeo for-
mando um trímero.
Uma vez que esses genes apresentam codominância, cada indivíduo pode apresen-
tar de três a seis diferentes tipos de moléculas de HLA de classe I na superfície de suas
células, codificadas pelos alelos maternos e paternos dos genes HLA-A, B e C.
O tamanho dessa fenda permite ligar peptídeos de 8 a 11 aminoácidos e corresponde
à região do MHC de classe I que interage com o TCR do linfócito T. Por essa razão, os an-
tígenos proteicos precisam ser processados para gerar peptídeos, pequenos o suficiente
para se ligarem à molécula do MHC.

As moléculas de classe I apresentam para os LTs CD8 peptídeos endógenos,


isto é, peptídeos derivados de proteínas autólogas no citoplasma.

Figura 5 - Estrutura MHC classe I1.


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2. MHC CLASSE II
As moléculas HLA de classe II são constituídas por duas cadeias, α e β. Elas são co-
dificadas pelos genes das famílias HLA-DR, DP e DQ. Dependendo do grau de homozigose
ou heterozigose, um indivíduo pode apresentar na superfície de suas APCs entre 10 e 20
diferentes moléculas de classe II.
Na NOMENCLATURA dos genes de classe II, a primeira letra indica a classe (D); a
segunda, a família (M, O, P, Q, R); e a terceira, a cadeia A (α) ou B (β).
Por exemplo, HLA-DRB1*0101 significa o alelo 0101 do gene 1, que codifica a cadeia
β da molécula de classe II da família DR.
Na molécula de classe II, as extremidades da fenda de ligação do peptídeo são aber-
tas, o que permite a ligação de peptídeos de 10-30 aminoácidos, mas pode ocorrer ligação
de peptídeos maiores, o que não acontece com a molécula de classe I que tem as extre-
midades fechadas.

As moléculas HLA de classe II apresentam para os LT peptídeos exógenos, isto


é, derivados da proteólise de proteínas não autólogas nos fagolisossomos.

Figura 6 - Via de apresentação de antígeno por MHC classe II1.


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Figura 7 - Estrutura MHC classe II1.


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O SISTEMA COMPLEMENTO
1. O QUE É O SISTEMA COMPLEMENTO?
O pesquisador Jules Bordet concluiu em seus experimentos que o soro deveria con-
ter algum outro componente termolábil que auxilia, ou complementa, a função lítica de
anticorpos. Posteriormente, esse componente recebeu o nome de complemento.

2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA COMPLEMENTO


d O sistema complemento é ativado por microrganismos e por anticorpos que estão
ligados aos microrganismos e outros antígenos.
d A ativação do complemento envolve a PROTEÓLISE SEQUENCIAL de proteínas
para gerar complexos de enzimas com atividade proteolítica.
As proteínas do sistema complemento são naturalmente inativas e circulam como
formas de pró-enzimas (zimógenos), as quais são ativadas pela clivagem proteolítica
apenas sob condições particulares.
d As cascatas proteolíticas permitem enorme AMPLIFICAÇÃO, porque cada molécula
de enzima ativada em uma etapa pode gerar múltiplas moléculas de enzima ativada
na etapa seguinte.
d É importante que a ativação completa e, por conseguinte, as funções biológicas do
sistema do complemento sejam LIMITADAS A SUPERFÍCIES de células microbianas
ou aos locais onde há anticorpos ligados a antígenos e não ocorram no sangue.
d A ativação do complemento é inibida por PROTEÍNAS REGULADORAS que estão
presentes em células normais do hospedeiro e AUSENTES NOS MICRORGANISMOS.
d CORPOS APOPTÓTICOS não apresentam inibidores do complemento ligados à
membrana, mas podem recrutar proteínas inibidoras do sangue, reduzindo, assim, a
ativação do complemento e o grau de inflamação.
O sistema complemento tem como função evitar a disseminação de microrganismos
no sangue e levar à sua eliminação; para isso, existem 3 mecanismos específicos que as
proteínas do sistema complemento irão ativar para promover tais ações:
1) Fagocitose: quando algumas proteínas ativadas do complemento se unem
às bactérias, opsonizando-as para ingestão pelos fagócitos portadores de
receptores do complemento.
2) Reação inflamatória: quando os pequenos fragmentos de proteínas promovem
eventos vasculares e recrutam fagócitos ao local da atividade inflamatória.
3) Lise: quando uma vez desencadeada a cascata, os componentes terminais do
complemento lesam certas bactérias, vírus e células com a formação de poros
na membrana celular.
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3. VIAS DE ATIVAÇÃO DO COMPLEMENTO


A ativação das proteínas do sistema complemento está intimamente ligada ao au-
mento da permeabilidade vascular e à quimiotaxia de células fagocíticas; além da pro-
moção direta da lise celular de bactérias e ativação de linfócitos B e T. Este sistema com-
preende aproximadamente 20 proteínas séricas que têm a capacidade de reconhecer os
padrões moleculares associados aos patógenos (PAMPS), além de serem classificados
de maneira numérica (C1-C9) e símbolos (Fatores D e P). Já os produtos da clivagem são
representados por letras minúsculas (C3a e C3b).
Existem três vias principais de ativação do complemento: a via clássica, que é ati-
vada por determinados isotipos de anticorpos ligados a antígenos; a via alternativa, que
é ativada na superfície das células microbianas na ausência de anticorpo; e a via das
lectinas, que é ativada por uma lectina plasmática que se liga a resíduos de manose em
microrganismos.

3.1. Etapas finais da ativação do complemento

As C5-convertases geradas pela alternativa clássica ou das lectinas iniciam


a ativação dos componentes da via terminal do sistema complemento, o que
culmina na formação do complexo citocida de ataque à membrana (MAC).

d As C5-convertases clivam C5 em um pequeno fragmento, C5a, que é liberado,


e outro fragmento com duas cadeias C5b, que permanece ligado às proteínas do
complemento depositadas na superfície da célula.
d Os demais componentes da cascata do complemento, C6, C7, C8 e C9, são
proteínas estruturalmente relacionadas e sem atividade enzimática.
d Este complexo C5b, 6, 7, 8 (C5b-8) inserido estavelmente tem uma CAPACIDADE
LIMITADA de lisar as células.
d A formação de um MAC completamente ativo é alcançada pela LIGAÇÃO DE C9, o
componente final da cascata do complemento, ao complexo C5b-8.
d C9 é uma proteína sérica que se polimeriza no local de ligação de C5b-8 para
formar poros nas membranas plasmáticas. Esses poros têm aproximadamente 100
Å de diâmetro e formam canais que PERMITEM A LIVRE CIRCULAÇÃO DE ÁGUA E DE
ÍONS.
d A entrada de água resulta em aumento osmótico e ruptura das células em cuja
superfície o MAC foi depositado. Os poros formados pela C9 polimerizada são
semelhantes aos poros de membrana formada por perforina.
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Figura 8 - Sistema complemento a partir da inflamação1.

4. APLICAÇÕES DO SISTEMA COMPLEMENTO


Os microrganismos sobre os quais o complemento é ativado pela via clássica ou pela
via alternativa tornam-se revestidos com C3b, iC3b ou C4b e são FAGOCITADOS pela liga-
ção dessas proteínas aos receptores específicos em macrófagos e neutrófilos.
Os fragmentos proteolíticos dos complementos C5a, C4a e C3a induzem inflama-
ção aguda, ativando mastócitos, neutrófilos e células endoteliais. Todos os três peptídeos
ligam-se a mastócitos e INDUZEM A DEGRANULAÇÃO, com a liberação de mediadores
vasoativos como a histamina. Esses peptídeos também são denominados anafilotoxinas
porque as reações de mastócitos que desencadeiam são características de anafilaxia.
Ao se ligar aos complexos antígeno-anticorpo, as proteínas do complemento PRO-
MOVEM A SOLUBILIZAÇÃO destes complexos e sua eliminação por fagócitos.
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RESPOSTA HUMORAL
1. RESPOSTA IMUNE HUMORAL
Embora, isoladamente, os anticorpos por si só não tenham a capacidade de destruir
bactérias, eles podem neutralizar os microrganismos, impedindo sua ligação com o tecido
do hospedeiro. Adicionalmente, em associação com o complemento, os anticorpos podem
lisar bactérias e funcionar como opsoninas, facilitando a fagocitose. 
As respostas imunes humorais são iniciadas pelo reconhecimento de antígenos por
linfócitos B específicos. O antígeno liga-se às imunoglobulinas M (IgM) monomérica e IgD
de membrana nas células B virgens maduras e as ativa.

Ativação

Proliferação de
Geração de células
células específicas
de memória
para o antígeno

Diferenciação, gerando
plasmócitos secretores
de anticorpos

1.1. Características da resposta humoral

d Ao iniciar uma resposta humoral, os linfócitos B específicos para o antígeno


invasor, sofrem seleção positiva havendo uma multiplicação dos clones; é o que se
chama de expansão clonal.
d Algumas células B ativadas começam a produzir outros tipos de anticorpos além
da IgM e IgD; este processo é chamado de troca de isotipo ou switch (classe) de cadeia
pesada e ocorre para que haja uma maior eficiência e especificidade na ligação ao
antígeno. Caso não haja essa troca de classe, o indivíduo fica susceptível às doenças
infecciosas, alergias ou doenças autoimunes, devido a deficiência de anticorpos IgG,
IgA ou IgE e ao excesso de IgM.
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d Conforme uma resposta imune humoral se desenvolve, células B ativadas


produtoras de anticorpos que se ligam a antígenos com afinidade crescente passam
a dominar progressivamente a resposta; este processo é chamado de maturação da
afinidade.
d As células B ativadas se diferenciam em plasmócitos secretores de anticorpos.
Em respostas T dependentes, os plasmócitos ou seus precursores migram dos
centros germinativos em órgãos linfoides periféricos, onde são produzidos, para a
medula óssea, onde permanecem por anos, protegendo o indivíduo; é o que define a
memória imunológica que caracteriza esta resposta, e dizemos que ocorre, portanto,
uma diferenciação em linfócitos B de memória. Com isso, as respostas adaptativas
humorais secundárias, frente a um mesmo antígeno, acontecem mais rapidamente e
com maior intensidade (imagem 1).

Figura 9 - Funções desempenhadas na resposta humoral1.

1.2 Mecanismos efetores

1.2.1 Neutralização

Os anticorpos contra microrganismos e toxinas microbianas bloqueiam a ligação


desses agentes e suas toxinas aos receptores celulares.
Muitos microrganismos penetram nas células hospedeiras por meio da ligação de
determinadas moléculas da superfície microbiana a proteínas ou lipídeos de membrana
presentes na superfície das células hospedeiras.
Em alguns casos, os anticorpos podem SE LIGAR AO MICRORGANISMO e induzir al-
terações conformacionais em moléculas de superfície que impedem a interação do agente
com receptores celulares.
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1.2.2 Opsonização

Os anticorpos do isotipo IgG cobrem (opsonizam) os microrganismos e promovem


sua fagocitose pela ligação de receptores de Fc nos fagócitos.
A eficiência da fagocitose pode ser acentuadamente aumentada se o fagócito puder
se ligar à partícula com afinidade alta. Os fagócitos mononucleares e os neutrófilos ex-
pressam receptores para as porções Fc dos anticorpos IgG que se ligam especificamente
a partículas recobertas por anticorpos.
O processo de cobertura de partículas para promover a fagocitose é denominado
opsonização, e substâncias que fazem essa função, incluindo anticorpos e proteínas do
complemento, são chamadas de opsoninas.

Figura 10 - Etapas da opsonização1.

1.2.3 Ativação das proteínas do sistema complemento

A atividade do sistema complemento já foi evidenciada no material complementar


anterior na íntegra! Nesse caso, os microrganismos podem ser cobertos por um subpro-
duto da ativação do complemento denominado C3b e são fagocitados pela ligação a um
receptor de leucócito para C3b.
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DEPENDÊNCIA E INDEPENDÊNCIA
NA RESPOSTA HUMORAL
1. RESPOSTA DEPENDENTE
A resposta humoral frente a antígenos proteicos requer o reconhecimento do antí-
geno pelos linfócitos T auxiliares e sua cooperação com os LB antígeno-específicos, es-
timulando a expansão clonal dos LB, a mudança de classe, a maturação de afinidade e a
diferenciação em LB de memória.
A troca de isotipo e a maturação da afinidade são características observadas em
respostas imunes humorais T dependentes a antígenos proteicos. Esses dois processos
resultam da estimulação de células B por células T auxiliares.
Algumas linhagens de célula B ativadas de forma T dependente podem se diferenciar
em células de memória. Estas células B de memória sobrevivem em um estado de repou-
so, sem secretar anticorpos, por muitos anos; mas elas montam respostas rápidas em
encontros posteriores com o antígeno.

Figura 11 - Sequência de eventos nas respostas imune humorais com antígenos T-dependentes1.

2. RESPOSTA INDEPENDENTE
As respostas de anticorpos para antígenos multivalentes não proteicos com deter-
minantes repetitivos, tais como polissacarídeos, alguns lipídeos e ácidos nucleicos, não
requerem a participação de linfócitos T auxiliares antígeno-específicos.
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Antígenos multivalentes (assim chamados porque cada molécula de antígeno con-


tém vários epítopos idênticos) são, portanto, denominados antígenos T independentes.
Esses antígenos são usualmente moléculas poliméricas, que estimulam a produção de
anticorpos de baixa afinidade, pertencentes, em sua maioria da classe IgM. Como geral-
mente não há ativação por Linfócitos T, NÃO são geradas as citocinas necessárias para
que haja a mudança de classe, maturação de afinidade ou formação de linfócitos B de
memória.
Essas respostas são induzidas por um acoplamento ao receptor da célula B (BCR) e
podem ser incrementadas pelos sinais de outros receptores sobre as células B.

MUDANÇA DE CLASSE DAS


IMUNOGLOBULINAS
Em respostas T-dependentes algumas células, das células progenitoras de células B
ativadas que expressam IgM e IgD, sofrem troca de isotipo (classe) da cadeia pesada e
produzem anticorpos com cadeias pesadas de diferentes classes, tais como γ, α e μ.

A habilidade das células B de produzirem diferentes isotipos de anticorpos propor-


ciona uma notável PLASTICIDADE nas respostas imunes humorais por meio da geração de
anticorpos que exercem funções efetoras distintas e estão envolvidos na defesa contra os
diferentes tipos de agentes infecciosos.
ATENÇÃO!
As células B mudam os isotipos dos anticorpos que produzem, alterando as regiões
constantes das cadeias pesadas, mas A ESPECIFICIDADE DOS ANTICORPOS (determina-
da pelas regiões variáveis) PERMANECE INALTERADA.
Os sinais emitidos após interação do CD40 com o CD40L trabalham em conjunto
com as citocinas para induzir a troca de isotipo.
d A ligação do CD40 induz a enzima de aminase induzida por ativação (AID, do inglês,
Activation-induced Deaminase).
d O mecanismo molecular da troca de isotipo é um processo chamado de
recombinação de troca, no qual o DNA da cadeia pesada de Ig em células B é cortado
e recombinado.
d De modo que um éxon VDJ previamente formado, que codifica o domínio V, é
posto em uma posição adjacente a uma região C subsequente e o DNA intercalado
entre essas regiões é excluído.
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RESPOSTA IMUNE CELULAR


1. INTRODUÇÃO
Se a resposta inata for suficiente para anular a ação de um agente infecto-parasitá-
rio, não ocorrerá ativação da resposta imune adaptativa e, portanto, não formará memória
imunológica. Por outro lado, caso ocorra persistência da infecção, devido aos mecanis-
mos de escape desse agente, haverá a necessidade da ativação da resposta imune adap-
tativa. Em função da natureza do microrganismo e da forma com que seus antígenos são
processados, a resposta imune adaptativa pode seguir dois caminhos distintos, que levam
à proliferação de células CD8+ (resposta celular predominantemente Th1) e secreção de
anticorpos por células B e plasmócitos (resposta humoral predominantemente Th2). Th1 e
Th2 não são sinônimos de resposta celular e humoral. Existe predomínio, mas células Th2
são funcionais, e existem anticorpos IgG ligados ao perfil Th1.
A imunidade mediada por células se desenvolve por uma rede de interações que re-
sulta em defesa contra microrganismos que sobrevivem dentro de fagócitos ou de outras
células. Os antígenos de patógenos processados no citosol, fora de vesículas ácidas, são
conduzidos até a superfície celular pela molécula de classe I e apresentados para as cé-
lulas T CD8+ que eliminam diretamente a célula infectada, enquanto os antígenos de pa-
tógenos processados em vesículas ácidas são apresentados pelas moléculas de classe II
às células T CD4+, que podem se diferenciar nos dois tipos apresentados acima: CD4+Th1,
que ativam células mononucleares (macrófagos e linfócitos) e CD4+Th2, que induzem a
proliferação e diferenciação das células B em plasmócitos produtores de anticorpos.

2. ATIVAÇÃO DE CÉLULAS T

O processo de ativação das células T gera, a partir de um pequeno grupo


(pool) de linfócitos imaturos específicos para um antígeno, um grande número
de células efetoras com a mesma especificidade funcional para eliminar
aquele antígeno e a população de células de memória com longa vida que
podem reagir rapidamente contra o antígeno caso ele seja reintroduzido.

Uma característica fundamental da resposta das células T, como todas as respostas


imunes adaptativas, é sua ALTA ESPECIFICIDADE pelo antígeno que estimulou a resposta.
Essa ativação de linfócitos T imaturos ocorre em ÓRGÃOS LINFOIDES ESPECIALIZADOS,
onde linfócitos imaturos e as APCs se encontram. Linfócitos T imaturos se movimentam
pelos órgãos linfoides, interagindo momentaneamente com muitas células dendríticas e
parando quando eles encontram o antígeno pelo qual expressam receptores específicos.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 27

O reconhecimento do antígeno resulta na GERAÇÃO DE SINAIS BIOQUÍMICOS que


levam a uma rápida captura das células T. Esse processo estabiliza o contato entre as
células T e as APCs relevantes expressando antígeno, permitindo que o programa de ati-
vação da célula T seja iniciado.
A resposta das células T diminui depois que o antígeno é eliminado pelas células
efetoras. Esse processo de contração é importante para o retorno do sistema imune a um
estado de equilíbrio ou HOMEOSTASE.

2.1. Sinais para ativação dos linfócitos T

A proliferação de linfócitos T e sua diferenciação em células efetoras e de memória


requerem reconhecimento do antígeno, coestimulação e citocinas.

2.2. Reconhecimento de Antígeno

O antígeno é sempre o primeiro sinal necessário para a ativação dos linfócitos, ga-
rantindo que a resposta imune resultante é específica para o antígeno. É importante lem-
brar que a resposta mediada por LT só acontece mediante interação dos seus TCRs com
antígenos fragmentados, associados às moléculas de MHC.

Uma vez que os linfócitos T CD4+ e CD8+ reconhecem os complexos MHC-peptídeos


exibidos pelas APCs, eles podem responder apenas a antígenos proteicos, a fonte
natural de peptídeos, ou a substâncias químicas que modificam proteínas.
Isso inclui moléculas de adesão, que estabilizam a interação dos linfócitos
T com as APCs; correceptores, que transmitem sinais bioquímicos que
trabalham em conjunto com os sinais do complexo TCRe e coestimuladores.

3. MOLÉCULAS ACESSÓRIAS E ESTIMULADORAS


Figura 12 - Efeito dos coestimuladores sobre as populações de linfócitos T1.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 28

O reconhecimento de antígeno, juntamente com outros estímulos de


ativação, induz várias respostas nas células T: secreção de citocinas;
proliferação, levando a um aumento no número de células nos clones
antígeno-específicos (chamado de expansão clonal); e diferenciação
das células imaturas em células efetoras e linfócitos de memória.

d Citocinas conduzem a proliferação e diferenciação de células T ativadas por


antígeno. Ao mesmo tempo, que servem para estabelecer limites seguros para a
resposta.
d As APCs não apenas expõem os antígenos, mas também providenciam o estímulo
que guia a magnitude e natureza da resposta das células T. Esses estímulos incluem
moléculas de superfície e citocinas secretadas.
As moléculas chamadas de COESTIMULADORES são o segundo sinal para a ativação
da célula T. NA AUSÊNCIA DA COESTIMULAÇÃO, as células T que encontram antígenos
falham ao responder e morrem por apoptose ou entram em um estado prolongado de NÃO
RESPONSIVIDADE; logo, não ocorrendo ativação das células T, não ocorre resposta celular.
A via de ativação de células T mais bem caracterizada envolve o receptor de super-
fície de célula T, o CD28, que se liga às moléculas coestimuladoras B-71 (CD80) e B7-2
(CD86), expressas nas APCs ativadas. B7-1 e B7-2 são glicoproteínas de membrana inte-
gral e cadeia única, estruturalmente semelhantes, cada uma contendo dois domínios ex-
tracelulares do tipo imunoglobulina (Ig). A expressão de coestimuladores B7 é regulada e
garante que a resposta por parte dos linfócitos T seja iniciada apenas quando necessário.
Além disso, as células T auxiliares ativadas expressam o CD40L, que se liga ao CD40
nas APCs e as ativa para torná-las mais potentes por meio da amplificação da sua ex-
pressão de moléculas B7 e da secreção de citocinas, tais como IL-12, que promovem a
diferenciação das células T.

4. LINFÓCITOS T CD8+
Células T do subtipo CD8+ se proliferam e diferenciam em linfócitos T citotóxicos
(CTLs), que expressam grânulos citotóxicos e podem matar células infectadas. Reconhe-
cem antígenos intracelulares apresentados por moléculas de MHC-I, que são expressos
em praticamente todas as células nucleadas.
d A diferenciação das células T CD8+ em CTLs funcionais e células de memória
requer: RECONHECIMENTO DO ANTÍGENO apresentado pelas células dendríticas
e sinais de células T CD4+ auxiliares em algumas situações, COESTIMULAÇÃO e
CITOCINAS.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 29

d A diferenciação em CTLs envolve a aquisição da maquinaria para matar as células


alvo e é determinada por vários FATORES DE TRANSCRIÇÃO.
d Em algumas situações de exposição crônica a antígenos (p. ex., tumores e
infecções virais crônicas), as células T CD8+ iniciam uma resposta, mas começam a
expressar receptores inibitórios que suprimem a resposta, um processo chamado de
EXAUSTÃO.

5. DIFERENCIAÇÃO E SUBTIPOS DE LINFÓCITOS CD4+


A sequência de eventos nas respostas de CD4+ às células T envolve:
d Ativação inicial destas células nos órgãos linfoides
d Produção de células efetoras e de memória
d Migração de células efetoras para os locais de infecção
d Eliminação dos agentes infecciosos nesses locais
As células T CD4+ efetoras são geradas pelo reconhecimento do antígeno nos órgãos
linfoides secundários, mas a maioria deles deixa esses órgãos e migra para os locais pe-
riféricos da infecção onde funciona na eliminação dos microrganismos. Essa migração de
células T efetoras (e de memória) para os locais da infecção é DEPENDENTE das MOLÉCU-
LAS DE ADESÃO endoteliais e QUIMIOCINAS EXPRESSAS NESSES LOCAIS.
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IMUNIDADE AOS
MICRORGANISMOS: VÍRUS
1. INTRODUÇÃO
Os vírus são microrganismos intracelulares obrigatórios, que se replicam no interior
das células e podem causar lesão tecidual e doença, por vários mecanismos: ou quando
levam à ocorrência da lise da célula do hospedeiro; ou quando ficam latentes, abrigados
dentro destas células, podendo induzir respostas autoimunes. Essa lesão celular é uma
consequência direta das respostas imunes fisiológicas contra os vírus.

2. IMUNIDADE INATA CONTRA VÍRUS


Os principais mecanismos de imunidade inata contra os vírus são a inibição da
infecção por interferons do tipo I por células infectadas, especialmente por células
dendríticas do tipo plasmocitóide e a destruição das células infectadas mediada
pelas células NK, essa última sendo um importante mecanismo de imunidade
contra os vírus no início do curso da infecção, antes das respostas imunes
adaptativas terem se desenvolvido. Além desses mecanismos, a ativação do sistema
complemento e a fagocitose servem para eliminar vírus de locais extracelulares.

A expressão do MHC de classe I é muitas vezes desligada nas células infectadas por
vírus como um mecanismo de fuga dos CTLs. Isso permite que as células NK destruam as
células infectadas porque a ausência da molécula de classe I libera as células NK de um
estado normal de inibição.

3. IMUNIDADE ADAPTATIVA CONTRA VÍRUS


A imunidade adaptativa contra as infecções virais é mediada por:
d Anticorpos que bloqueiam a ligação do vírus e entram nas células hospedeiras
d CTLs que eliminam a infecção matando as células infectadas.
Os anticorpos mais eficazes são anticorpos de alta afinidade produzidos nas reações
do centro germinativo dependente de célula T.
Os anticorpos são eficazes contra os vírus apenas durante a fase extracelular das
vidas desses microrganismos!
Os anticorpos antivirais ligam-se ao envelope viral ou aos antígenos do capsídeo e
funcionam principalmente como anticorpos neutralizantes para impedir a fixação e a en-
trada do vírus nas células hospedeiras.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 31

Assim, os anticorpos evitam tanto a infecção inicial quanto a disseminação célula a


célula.
Os anticorpos secretados do isotipo IgA são importantes para a neutralização dos
vírus no trato respiratório e intestinal. Além disso, os anticorpos IgG opsonizantes tam-
bém podem potencializar a remoção pela fagocitose ou destruição das células infectadas
através da ADCC via células NK. Embora os anticorpos sejam importantes na imunidade
contra vírus, eles não são suficientes para eliminar infecções virais. A ativação do comple-
mento também pode participar da imunidade viral mediada por anticorpos, principalmente
através da promoção de fagocitose e possivelmente pela lise direta de vírus com envoltó-
rios lipídicos.
d A importância de CTLs na defesa contra as infecções virais é demonstrada pelo
aumento da susceptibilidade a tais infecções observadas em pacientes deficientes
em linfócitos T.
d Muitos vírus são capazes de alterar seus antígenos de superfície, tais como as
glicoproteínas do envelope, e assim escapar do ataque por anticorpos.

Figura 13 - Geração de novas cepas de vírus Influenza1.


PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 32

Figura 14 - Mecanismos inibitórios da apresentação de antígenos1.

No entanto, as células infectadas podem produzir algumas proteínas virais que são
invariantes, de modo que a defesa mediada por CTLs continua a ser eficaz contra esses
vírus.
d Em infecções latentes, o DNA viral persiste nas células do hospedeiro, mas o vírus
não se replica ou destrói as células infectadas.

A latência é frequentemente um estado de equilíbrio entre a infecção


e a resposta imune. Qualquer deficiência na resposta imune do
hospedeiro pode resultar na reativação da infecção latente.
Estes efeitos citopáticos podem incluir a lise de células
infectadas ou a proliferação descontrolada das células.
Exemplos de infecções latentes comuns: vírus de Epstein-Barr e
vários outros vírus de DNA da família dos herpes-vírus.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 33

MECANISMOS DE EVASÃO VIRAL


Tabela 2 - Resumo dos mecanismos de evasão viral1.

TIPOLOGIA MECANISMO
As proteínas de ligação a citocinas secretadas podem
funcionar como antagonistas competitivos das citoci-
nas.
Produção de moléculas que
O vírus Epstein-Barr produz uma proteína homóloga à
inibem a resposta imunológica
citocina IL-10, que inibe a ativação de macrófagos e
células dendríticas e assim, pode suprimir a imunidade
mediada por células.
Os vírus podem ter evoluído para explorar mecanismos
normais de regulação imunológica e para ativar essas
vias nas células T. Este fenômeno tem sido chamado
Infecções virais crônicas estão de EXAUSTÃO, o que implica que as respostas imuno-
associadas à insuficiência de lógicas contra os vírus são iniciadas, mas interrompi-
respostas CTL das prematuramente.
Existe evidência da exaustão de células T CD8+ nas in-
fecções virais humanas crônicas, incluindo o HIV e a
infecção pelo vírus da hepatite.
Os vírus podem infectar e des- O exemplo óbvio é o HIV, que sobrevive ao infectar e
truir ou inativar as células imu- eliminar as células T CD4+, os principais indutores de
nocompetentes respostas imunes a antígenos proteicos.
Os vírus podem alterar seus
antígenos e não serem mais
Levam a mutações pontuais e rearranjos dos genomas.
alvos das respostas imunoló-
gicas.
Alguns vírus inibem a apresen- Dessa forma, células infectadas por tais vírus não po-
tação de antígenos proteicos dem ser reconhecidas ou mortas por LT CD8+. Assim,
citosólicos associados ao MH- as células NK podem ser uma estratégia pois, são ati-
C-I. vadas na ausência de moléculas de MHC-I.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 34

IMUNIDADE AOS MICRORGANISMOS:


PARASITAS E FUNGOS
1. INFECÇÃO PARASITÁRIA

A infecção parasitária refere-se à infecção com parasitas de animais, tais como


os protozoários, helmintos e ectoparasitas (p. ex., carrapatos e ácaros).

Tais parasitas atualmente são responsáveis por maiores taxas de morbidade e mor-
talidade do que qualquer outra classe de organismos infecciosos, particularmente nos
países em desenvolvimento.
A maioria dos parasitas passa por CICLOS DE VIDA COMPLEXOS:
d Parte ocorrem em seres humanos (ou em outros vertebrados).
d Outra parte ocorre em hospedeiros intermediários, tais como moscas, carrapatos
e caracóis.
Os seres humanos são geralmente infectados por picadas de hospedeiros intermedi-
ários infectados ou através do COMPARTILHAMENTO DE UM HABITAT ESPECIAL com um
hospedeiro intermediário. Por exemplo:
d A malária e tripanossomíase são transmitidas por picadas de insetos.
d A esquistossomose é transmitida através da exposição à água em que os caramujos
infectados residem.
A maioria das infecções parasitárias são CRÔNICAS por fatores como:
d A fraca imunidade inata.
d Capacidade de evasão dos parasitas.
d Muitos fármacos antiparasitários não são eficazes em destruir os organismos.

Indivíduos que vivem em áreas endêmicas requerem quimioterapia


repetida por causa da exposição continuada e este tratamento muitas
vezes não é possível devido ao custo e aos problemas logísticos.

O parasito precisa superar os mecanismos de defesa preexistentes no hospedeiro,


para que possa se estabelecer com sucesso antes da iniciação da resposta imune especí-
fica do hospedeiro. O complemento exerce um papel nesta fase, uma vez que vários tipos
de parasitos, incluindo os vermes adultos e as larvas infectantes, possuem moléculas em
sua superfície de revestimento que ativam a via alternativa. Macrófagos, neutrófilos, eosi-
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 35

nófilos e plaquetas constituem a primeira linha de defesa. Anticorpos e citocinas, produzi-


dos especificamente em resposta aos antígenos parasitários, potencializam as atividades
antiparasitárias de todas estas células efetoras. Entretanto, os macrófagos teciduais, mo-
nócitos e granulócitos possuem alguma atividade intrínseca antes mesmo da potenciali-
zação.

1.1. Imunidade Inata contra Parasitas

d A principal resposta da imunidade inata aos protozoários é a FAGOCITOSE, mas


muitos desses parasitas são resistentes à fagocitose e podem se replicar mesmo
dentro de macrófagos.
d Alguns protozoários expressam moléculas de superfície que são reconhecidas
por TLRs e ATIVAM OS FAGÓCITOS.
d As espécies de Plasmodium, o Toxoplasma gondii, e espécies de Cryptosporidium
(o principal parasita que causa a diarreia em pacientes infectados pelo HIV), todos
expressam lipídios glicosil fosfatidilinositol que podem ATIVAR TLR2 E TLR4.
d Os fagócitos também podem atacar os parasitas helmintos e SECRETAR
SUBSTÂNCIAS MICROBICIDAS para matar organismos que são muito grandes para
serem fagocitados.
d Alguns helmintos podem ATIVAR A VIA ALTERNATIVA DO COMPLEMENTO, embora,
parasitas obtidos de hospedeiros infectados parecem ter desenvolvido resistência à
lise mediada pelo complemento.
A ativação dos neutrófilos e macrófagos é uma característica geral dos estágios ini-
ciais da infecção. Todas as funções efetoras dos macrófagos são potencializadas logo
após a infecção. Embora sua ativação específica seja induzida por citocinas secretadas
pelas células T, como IFN-g, GM-CSF, IL-3 e IL-4, mecanismos T-independentes também
podem ativá-los. Neste caso, células NK secretam IFN-g quando estimuladas pela IL-12
produzida pelos macrófagos.

1.2. Imunidade Adaptativa contra Parasitas

Alguns protozoários patogênicos evoluíram para sobreviver no interior das células


hospedeiras, de modo que a imunidade protetora contra estes organismos é mediada por
mecanismos semelhantes aos que eliminam as bactérias intracelulares e os vírus.
O principal mecanismo de defesa contra os protozoários que sobrevivem dentro de
macrófagos é a resposta imunológica mediada por células, em particular pela ATIVAÇÃO
DE MACRÓFAGOS por CITOCINAS DERIVADAS DE CÉLULAS TH1.
Protozoários que replicam dentro de várias células do hospedeiro e lisam estas célu-
las, estimulam anticorpos específicos e as respostas de CTL.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 36

A defesa contra muitas infecções por helmintos é mediada pela ativação das células
TH2, o que resulta na produção de anticorpos IgE e ativação de eosinófilos.
d Os helmintos estimulam a diferenciação de células T CD4+ imaturas para o
subconjunto de células efetoras TH2
d Secretam IL-4 e IL-5. A IL-4
d Estimula a produção de IgE
d Se liga ao receptor Fc de eosinófilos e de mastócitos
d IL-5 estimula o desenvolvimento dos eosinófilos e ativa os eosinófilos.
A IgE reveste os parasitas e os eosinófilos se ligam à IgE e são ativados para liberar
seus conteúdos granulares, que destroem os helmintos.

1.2.1. E que grânulos são estes que destroem estes parasitos?

O dano aos helmintos pode ser causado pela proteína básica principal (MBP). A MBP
não é específica para um determinado alvo, mas o dano às células do hospedeiro é muito
pequeno, uma vez que a proteína fica confinada a um espaço diminuto entre o eosinófilo
e o verme.

1.3. Evasão da Resposta Imunológica por Parasitas

Os parasitas escapam da imunidade protetora reduzindo a sua imunogenicidade e


pela inibição das respostas imunológicas do hospedeiro.
Muitos helmintos possuem TEGUMENTOS ESPESSOS que os tornam resistentes aos
mecanismos citocidas de neutrófilos e macrófagos, e que são muito grandes para serem
ingeridos pelos fagócitos.
d Os parasitas ALTERAM SEUS ANTÍGENOS DE SUPERFÍCIE durante o seu ciclo de
vida em hospedeiros vertebrados.
y Alteração fase-específica: de modo a que os estágios teciduais maduros de
parasitas produzem antígenos diferentes daqueles das fases infecciosas.
y Variação contínua dos principais antígenos de superfície: apresentam ondas
de parasitemia no sangue e cada onda consiste de parasitas que expressam um
antígeno de superfície diferente daquele da onda anterior. Assim, no momento
em que o hospedeiro produz anticorpos contra o parasita, um organismo
antigenicamente diferente já se desenvolveu.
d Alguns parasitas helmínticos RESIDEM NOS LUMENS intestinais e estão a salvo
dos mecanismos imunológicos efetores mediados por células.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 37

d Parasitas também podem EXPELIR SUAS CAPAS ANTIGÊNICAS espontaneamente


ou após a ligação a anticorpos específicos. A disseminação de antígenos torna os
parasitas resistentes a um ataque subsequente mediado por anticorpos.
d Alguns parasitas, como Leishmania sp., ESTIMULAM O DESENVOLVIMENTO DAS
CÉLULAS T REGULADORAS, que suprimem a resposta imunológica o suficiente para
permitir a persistência dos parasitas.
d Os antígenos solúveis dos parasitos, quando liberados em enormes quantidades,
podem prejudicar a resposta do hospedeiro por um processo denominado distração
imune. Assim, os antígenos solúveis de vários agentes infecto-parasitários parecem
inativar os anticorpos circulantes, fornecendo uma cortina de fumaça e desviando o
anticorpo do parasito. Muitos destes antígenos de superfície liberados são formas
solúveis de moléculas inseridas na membrana do biopatógeno.

2. INFECÇÃO FÚNGICA
Qual o perfil das infecções fúngicas?

As infecções fúngicas são chamadas de MICOSES. Algumas delas são


ENDÊMICAS e estas infecções são normalmente causadas por fungos
presentes no ambiente e cujos esporos penetram nos humanos.
Outras infecções fúngicas são chamadas de OPORTUNISTAS, pois os agentes
causadores causam doenças brandas ou não manifestam doença em indivíduos
sadios, mas podem infectar e causar doença grave em pessoas imunodeficientes.

A DEFICIÊNCIA DE NEUTRÓFILOS como um resultado da supressão ou de dano na


medula óssea é frequentemente associada a tais infecções!
Contudo, devido à escassez de modelos animais para micoses e pelo baixo potencial
de sintomas clínicos relevantes, há poucos estudos sedimentados sobre a Imunologia
voltada para essas infecções.

2.1. Imunidade Inata e Adaptativa contra Fungos

APLICAÇÃO CLÍNICA
d Infecções por fungos oportunistas também estão associadas à imunodeficiência
causada pelo HIV e à terapia para o câncer disseminado e rejeição ao transplante;
como exemplo para os dois primeiros casos tem-se o Pneumocystis jiroveci.
d Os pacientes com neutropenia são extremamente suscetíveis a infecções por
fungos oportunistas.
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2.1.1. Imunidade Inata

Os principais mediadores da imunidade inata contra fungos são os neutrófilos e ma-


crófagos. Os fagócitos e células dendríticas reconhecem os organismos fúngicos através
dos TLRs e dos receptores do tipo lectina chamados dectinas.
Os neutrófilos presumivelmente liberam substâncias fungicidas, tais como as espé-
cies reativas de oxigênio e enzimas lisossomais e fagocitam os fungos para a morte intra-
celular. As cepas virulentas de Cryptococcus neoformans inibem a produção de citocinas,
tais como o TNF e a IL-12 por macrófagos e estimulam a produção de IL-10, inibindo as-
sim a ativação dos macrófagos.

2.1.2. Imunidade Adaptativa

A imunidade celular é o principal mecanismo de imunidade adaptativa contra infec-


ções fúngicas.

Ativação de células Produção de citocinas


Reações TH17
dendríticas como IL-6 e IL-2

As células TH17 ESTIMULAM A INFLAMAÇÃO e os neutrófilos e monócitos recruta-


dos destroem os fungos. Os indivíduos com respostas TH17 defeituosas são suscetíveis
a infecções por Candida mucocutânea crônica.
As respostas TH1 são protetoras em INFECÇÕES FÚNGICAS INTRACELULARES,
como a histoplasmose, mas estas respostas podem provocar a inflamação granulomato-
sa, que é uma importante causa de lesão tecidual no hospedeiro, nessas infecções.
As micoses superficiais são comuns em países tropicais como o Brasil, em geral
ocasionadas por dermatófitos e restritas à camada córnea da pele. A resposta imunológi-
ca do hospedeiro frente às infecções pelos dermatófitos depende de fatores como as de-
fesas do hospedeiro a metabólitos do fungo, a virulência da cepa ou da espécie infectante,
a localização anatômica da infecção e as características ambientais locais.
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REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE
1. HIPERSENSIBILIDADE

1.1. O que é?

Quando uma resposta imunológica acontece de forma inadequada, descontrolada


ou, inapropriadamente dirigida para os próprios tecidos do hospedeiro, acontece o que
chamamos de Hipersensibilidade. Rotineiramente, vê-se o desenvolvimento desta reação
em situações de processos inflamatórios descontrolados, que acabam promovendo efei-
tos deletérios, causando danos teciduais no hospedeiro.

Os distúrbios causados por respostas imunes são chamados de


hipersensibilidade. Este termo surgiu da definição clínica de imunidade
como uma sensibilidade, baseando-se na observação de que um indivíduo
que tenha sido exposto a um antígeno exibe uma reação detectável, ou
torna-se sensível, a encontros subsequentes com esse antígeno.

1.2. Causas da hipersensibilidade

d As respostas imunes contra antígenos de diferentes fontes podem ser a causa


subjacente de distúrbios de hipersensibilidade.
d AUTOIMUNIDADE: reações contra antígenos próprios.
d A falha dos mecanismos normais de autotolerância resulta em reações contra as
próprias células e tecidos. As doenças causadas por reações de autoimunidade são
denominadas doenças autoimunes.
d REAÇÕES CONTRA MICRORGANISMOS: as respostas imunes contra antígenos
microbianos podem causar doença se as reações forem excessivas ou se os
microrganismos forem anormalmente persistentes.
d INFLAMAÇÃO: As respostas das células T contra microrganismos persistentes
podem dar origem a uma inflamação grave, algumas vezes, com a formação de
granulomas; esta é a causa da lesão tecidual observada na tuberculose e algumas
outras infecções crônicas.
d REAÇÕES CONTRA ANTÍGENOS AMBIENTAIS: A maioria dos indivíduos saudáveis
não reage contra substâncias ambientais comuns, em geral inofensivas, mas quase
20% da população é anormalmente responsiva a uma ou mais destas substâncias.
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TUDO É UMA QUESTÃO DE EQUILÍBRIO!

Esses indivíduos produzem anticorpos imunoglobulina E (IgE) que causam doenças


alérgicas. Em todas essas condições, os mecanismos de lesão do tecido são os mesmos
normalmente observados na eliminação de agentes infecciosos. Esses MECANISMOS in-
cluem respostas imunes inatas e adaptativas que envolvem fagócitos, anticorpos, linfóci-
tos T, mastócitos e várias outras células efetoras, além dos mediadores da inflamação. O
problema na hipersensibilidade é que a resposta imune não é controlada adequadamente.

1.3. Mecanismos e classificação das reações de hipersensibilidade

As hipersensibilidades são geralmente classificadas de acordo com o tipo de respos-


ta imune e o mecanismo efetor responsável pela lesão celular e tecidual.

2. HIPERSENSIBILIDADE TIPO I
A hipersensibilidade imediata, causada por anticorpos IgE específicos para antíge-
nos ambientais, é o tipo mais prevalente de hipersensibilidade.
d Comumente chamada de ALERGIA ou ATOPIA.
d É o exemplo de doença resultante da ativação de células T auxiliares produtoras
de IL-4, IL-5 e IL-13, classicamente denominadas células TH2.
d As células T estimulam a produção de anticorpos IgE e a inflamação, constituindo,
respectivamente, a fase imediata (que acontece entre 5-30min), e a fase tardia,
com recrutamento de eosinófilos, que sofrem degranulação, liberando mediadores
inflamatórios.
d Tem um forte componente genético associado.
d Podem gerar reação anafilática.
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3. HIPERSENSIBILIDADE TIPO II
Os anticorpos, além de IgE, podem causar doenças ao se ligarem aos antígenos-
-alvos nas células e tecidos. podem-se depositar em qualquer tecido que apresente um
antígeno relevante, sendo que as doenças causadas por tais anticorpos são usualmente
específicas para um tecido em particular. Os anticorpos IgG1 e IgG3 se ligam aos recepto-
res Fc dos neutrófilos e macrófagos, ativando-os, resultando em opsonização, fagocitose
e inflamação, e assim como a IgM, ativam o sistema complemento através da via clássica,
podendo levar à destruição da célula-alvo e também, à inflamação. Além disso, podem
mediar a ativação de células NK, as quais levam à destruição da célula-alvo (ADCC = cito-
toxicidade dependente de anticorpo).
Como exemplos de doenças de hipersensibilidade do tipo II, tem-se a anemia hemo-
lítica autoimune, como ocorre na eritroblastose fetal; doença de Graves, além das reações
transfusionais.

4. HIPERSENSIBILIDADE TIPO III


Ocorre quando os anticorpos formam IMUNOCOMPLEXOS na circulação – de modo
que os complexos são subsequentemente depositados nos tecidos, particularmente NAS
PAREDES DOS VASOS SANGUÍNEOS (principalmente, áreas de turbulência, onde ocorre
ramificação dos vasos ou de alta pressão) – e causar lesões.

5. HIPERSENSIBILIDADE TIPO IV (TARDIA)


d A reação é chamada tardia porque se desenvolve tipicamente 24 a 48 horas após
o desafio com o antígeno.
d A lesão tecidual pode ocorrer em razão dos linfócitos T que induzem inflamação
ou matam diretamente as células-alvo.
d Elas são causadas principalmente pela ativação de células T auxiliares CD4+.
d Ocorre a secreção de citocinas que promovem a INFLAMAÇÃO e ativam os
leucócitos, especialmente neutrófilos e macrófagos.
d As células T auxiliares também estimulam a PRODUÇÃO DE ANTICORPOS que
danificam os tecidos e induzem a inflamação.
d Os CTLs (Linfócitos T citotóxicos) contribuem para a lesão.
d As reações crônicas podem se desenvolver se uma resposta TH1 a uma infecção
ativar os macrófagos, mas não conseguir eliminar os microrganismos fagocitados.
d Se os microrganismos estiverem localizados em uma área pequena, a reação
produzirá nódulos de tecido inflamatório chamados de GRANULOMAS.
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5.1. Doenças Mediadas por Imunocomplexos

Doenças causa-
Opsonização e fagocitose Inflamação
das por anticorpos
• Os anticorpos que se li-
gam a antígenos da su-
perfície celular podem • Os anticorpos deposita-
opsonizar diretamente as dos nos tecidos recrutam
células ou ativar o siste- neutrófilos e macrófagos.
• São produzidas por anti-
ma complemento. • Esses leucócitos são ati-
corpos que se ligam a an-
• Essas células opsoniza- vados pela sinalização
tígenos em determinadas
das são fagocitadas e dos receptores (particu-
células ou por complexos
destruídas pelos fagóci- larmente receptores de
antígeno-anticorpo que
tos, que expressam re- Fc) e produtos de leucó-
se formam na circulação.
ceptores para as porções citos, incluindo enzimas
• O diagnóstico geralmente
Fc dos anticorpos IgG e lisossomais e espécies
se baseia na demonstra-
receptores para proteínas reativas de oxigênio.
ção de anticorpos ou de
do complemento. • O mecanismo de lesão na
imunocomplexos na cir-
• Este é o principal me- glomerulonefrite mediada
culação ou depositados
canismo de destruição por anticorpos e em mui-
nos tecidos.
celular na anemia he- tas outras doenças é a
molítica autoimune e púr- inflamação e ativação de
pura trombocitopênica leucócitos.
autoimune e hemólise nas
reações transfusionais.

5.2. Doenças causadas por linfócitos T

As reações inflamatórias são desencadeadas principalmente por células T CD4+ das


subpopulações TH1 e TH17, que secretam citocinas que recrutam e ativam os leucócitos.
Em algumas doenças mediadas por células T, os CTLs CD8+ matam as células hos-
pedeiras.

5.3. Doenças Causadas por Linfócitos T Citotóxicos

As respostas de CTLs à infecção viral podem levar à lesão tecidual em decorrência


da morte das células infectadas, mesmo se o vírus por si só não tiver efeitos citopáticos.
A principal função fisiológica dos CTLs é eliminar os microrganismos intracelulares, prin-
cipalmente vírus, matando as células infectadas.
OS CLTs NÃO DISTINGUEM OS VÍRUS CITOPÁTICOS E NÃO CITOPÁTICOS!
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Os imunocomplexos que causam doença podem ser compostos por anticorpos liga-
dos a autoantígenos ou a antígenos estranhos.
As características patológicas das doenças provocadas por imunocomplexos refle-
tem o local de deposição do complexo antígeno-anticorpo e não são determinadas pela
fonte celular do antígeno.
Dessa maneira, as doenças mediadas por imunocomplexos tendem a ser sistêmicas,
embora alguns sejam particularmente suscetíveis, como os rins e as articulações.
Exemplos de infecções virais, nas quais as lesões se devem à resposta de CTL do
hospedeiro e não ao próprio vírus, incluem a determinadas formas de hepatite viral em
humanos.

Figura 15 - Mecanismos das doenças mediadas por células T1.


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TOLERÂNCIA E AUTOIMUNIDADE
1. CONCEITOS
d O que é Autoimunidade?
É uma resposta imune específica contra seus próprios antígenos.

d E quando é que essa resposta vira uma doença AUTOIMUNE?


Quando ocorre uma lesão tecidual ou uma alteração funcional nas suas células e
tecidos devido a estas reações autoimunes.

d E por que desencadeamos respostas imunes contra nossas próprias células


(antígenos)?
Devido a uma falha na tolerância imunológica.

Define-se tolerância imunológica como a não responsividade a um antígeno, conse-


guida por meio da exposição prévia ao mesmo.
Quando ocorre a tolerância aos autoantígenos, chamamos de autotolerância. Ao
ocorrer uma falha neste mecanismo de autotolerância, desenvolvem-se reações imunoló-
gicas contra estes antígenos próprios (autoantígenos ou antígenos autólogos).
Quando então, ocorrem falhas neste mecanismo de tolerância, as doenças autoimu-
nes se desenvolvem.

2. CAUSAS DA PERDA DA TOLERÂNCIA


• Polimorfismos de moléculas de histocompatibilidade.
• Polimorfismos de componentes do sistema complemento e
Causas intrínsecas receptores Toll-like.
• Polimorfismos de componentes como linfócitos com ativida-
de regulatória e citocinas além de fatores hormonais.
• Infecções bacterianas e virais.
Causas extrínsecas • Exposição a agentes físicos e químicos como UV, pesticidas
e drogas.

A perda da autotolerância pode ter causas intrínsecas ou extrínsecas, fazendo com


que as células imunes reconheçam os antígenos próprios como estranhos, desencadean-
do reação autoimune.
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3. MECANISMOS IMUNOLÓGICOS DA PERDA DE TOLERÂNCIA

3.1. TOLERÂNCIA CENTRAL DE LINFÓCITOS T

A tolerância central ocorre durante um estágio de maturação dos linfócitos, no qual


o encontro com um antígeno pode:

Os antígenos normalmente presentes no timo e na medula óssea incluem autoantí-


genos amplamente disseminados, inclusive aqueles adquiridos através do sangue.
Assim, nos órgãos linfoides centrais, os linfócitos imaturos que reconhecem especi-
ficamente antígenos são, tipicamente, células específicas para autoantígenos (e não para
antígenos externos/estranhos).
A seleção negativa de timócitos é responsável pelo fato de que o repertório de células
T maduras que deixam o timo e povoam os tecidos linfoides periféricos não respondem a
muitos autoantígenos que estão presentes no timo.
A supressão pelas células TReg ocorre nos órgãos linfoides secundários e nos teci-
dos não linfoides.

PEGADINHA DO SISTEMA IMUNE?


Antígenos podem ser capturados do sistema imunológico por barreiras anatômicas,
como nos testículos e nos olhos, e assim, não podem encontrar seus receptores.
Já antígenos externos, na ausência de sinais coestimulatórios, podem inibir as
respostas imunológicas por meio da indução da tolerância em linfócitos específicos.
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3.2. TOLERÂNCIA PERIFÉRICA DA CÉLULA T

A tolerância periférica desencadeia-se quando linfócitos maduros reconhecem auto-


antígenos e morrem por apoptose ou quando se tornam incapazes de serem ativados pela
reexposição àquele antígeno.

Figura 16 - Mecanismos de tolerância periférica da célula T1.

Abaixo, confira os mecanismos desse tipo de tolerância:

3.2.1. Anergia (Não Responsividade Funcional)

A anergia resulta de alterações bioquímicas que reduzem a habilidade dos linfócitos


em responder aos sinais de seus receptores de antígenos.
A exposição de células T CD4+ maduras a um antígeno, na ausência de coestimula-
ção ou imunidade inata, pode tornar as células incapazes de responder àquele antígeno.
Neste processo, as células autorreativas não morrem, mas tornam-se não responsivas
a um antígeno.
Fique ligado (a)!
O sinal 1 prolongado, quando sozinho (p. ex., reconhecimento de antígeno), pode
levar à anergia.
A transdução de sinal induzida pelo TCR é bloqueada em células anérgicas.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 47

3.2.2. Supressão pelas Células T Regulatórias

Linfócitos T regulatórios são um subconjunto de células T CD4+ cuja função é supri-


mir as respostas imunológicas e manter a autotolerância.
Células T regulatórias são produzidas principalmente através do reconhecimento de
autoantígenos no timo e através do reconhecimento de autoantígenos e antígenos exter-
nos em órgãos linfoides periféricos.
A produção de algumas células T regulatórias necessita da citocina TGF-β.
A sobrevivência e a competência funcional das células T regulatórias dependem da
citocina IL-2.
Mecanismos de Ação das Células T Regulatórias
d Produção das citocinas imunossupressoras IL-10 e TGF-β.
d Habilidade reduzida das APCs em estimularem as células T.
d Consumo de IL-2. Isso torna por privar outras populações de células desse fator de
crescimento, resultando na redução da proliferação e diferenciação de outras células
dependentes de IL-2.

3.2.3. Deleção de Células T Via Morte Celular por Apoptose

A tolerância dos linfócitos B é necessária para manter a não responsividade dos au-
toantígenos timo-independentes, como polissacarídeos e lipídeos.
Dessa forma, diante destes conceitos, pode-se inferir que, quando ocorre quebra
desta anergia funcional, ou supressão das células T regulatórias, assim como defeitos na
deleção pelo mecanismo de apoptose, ocorrem as falhas na autotolerância e, consequen-
temente, autoimunidade.

3.2.3.1. Tolerância Central da Célula B

Linfócitos B imaturos que reconhecem autoantígenos na medula óssea com alta afi-
nidade mudam sua especificidade ou são deletados.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 48

Figura 17 - Tolerância central das células B1.

Edição: Através do processo em que as células B reativam seus genes RAG1 e RAG2
e iniciam uma nova rodada de recombinação VJ no lócus do gene da cadeia leve da imu-
noglobulina (Ig) κ, ocorre um rearranjo e uma nova cadeia leve de Ig é expressa, criando,
assim, um receptor de célula B com uma nova especificidade.
Deleção: Se a edição falhar, as células B imaturas podem morrer por apoptose.
Anergia: Se células B em desenvolvimento reconhecerem autoantígenos fracamente,
as células tornam-se funcionalmente não responsivas (anérgicas) e saem da medula ós-
sea nesse estado de não responsividade.

Figura 18 - Tolerância periférica das células B1.


PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 49

4. DOENÇAS AUTOIMUNES ÓRGÃO-ESPECÍFICOS e SISTÊMICAS


Além dos mecanismos vistos de falhas na tolerância imunológica, sabe-se que as
reações de autoimunidade ocorrem também em detrimento da predisposição genética do
hospedeiro, assim como de fatores ambientais externos, como sol, produtos químicos,
drogas, estresse, INFECÇÕES, distúrbios hormonais entre outros.
d Existe uma ampla variedade de doenças autoimunes. Como elas se classificam?
A sua classificação depende da distribuição dos autoantígenos que são reconheci-
dos. Assim, são classificadas em Órgão Específicas e Órgão Inespecíficas ou Sistêmicas.

d O que acontece nas doenças autoimunes sistêmicas?


Acomete diversos tecidos e órgãos, simultaneamente.
Ocorre a formação de complexos imunológicos circulantes (compostos de auto-nú-
cleo-proteínas e anticorpos específicos) tendo exemplo, o lúpus eritematoso sistêmico.
Constituindo assim uma hipersensibilidade do tipo III. E são estes depósitos que levam à
lesão tecidual!

d E o que acontece nas doenças autoimunes específicas?


Ocorrem respostas de autoanticorpos ou células T contra autoantígenos com distri-
buição tecidual restrita, que levam à DOENÇAS ESPECÍFICAS DOS ÓRGÃOS, como miaste-
nia grave, diabetes tipo 1, tireoidite de Hashimoto e esclerose múltipla.
Assim, vários mecanismos efetores são responsáveis pela lesão do tecido em
diferentes doenças autoimunes. Esses mecanismos incluem: complexos imunológicos,
autoanticorpos circulantes e linfócitos T autorreativos, sendo que estas doenças autoimu-
nes tendem a ser crônicas, progressivas e de autoperpetuação.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 50

AUTOIMUNIDADE
O conceito de tolerância imunológica foi definido como a capacidade do sistema
imunológico de impedir o ataque às próprias moléculas, células ou tecidos.

1. DOENÇAS AUTOIMUNES ÓRGÃO-ESPECÍFICOS e SISTÊMICAS


ATENÇÃO! A existência desses potenciais linfócitos T e/ou B autorreativos ou a ca-
pacidade dessas células em produzir autoanticorpos, não levam necessariamente à pato-
logia. Nesse sentido, a autoimunidade pode às vezes ser classificada como autoimunida-
de “fisiológica” e “patológica”.
A identificação de FATORES AMBIENTAIS específicos tem importância crítica para a
compreensão da suscetibilidade individual. 
Incluem nutrição, microbiota, processos infecciosos e xenobióticos, como fumaça
de tabaco, agentes farmacêuticos, hormônios, luz ultravioleta, solventes de sílica, metais
pesados, vacinas e implantes de colágeno/silicone.
A formação de complexos imunológicos circulantes (compostos de autonucleopro-
teínas e anticorpos específicos) produz tipicamente doenças sistêmicas, como o lúpus
eritematoso sistêmico.
Respostas de autoanticorpos ou células T contra autoantígenos com distribuição
tecidual restrita levam a doenças específicas dos órgãos, como miastenia grave, diabetes
tipo 1 e esclerose múltipla.
A autoimunidade fisiológica é geralmente transitória, sem evidência de doença clíni-
ca. Isto é exemplificado pela presença dos chamados autoanticorpos naturais, que ajudam
a eliminar antígenos auto-degradados e estranhos para a manutenção da homeostase. 
Quando a tolerância imunológica é quebrada e autoanticorpos e linfócitos autorreati-
vos tornam-se envolvidos na inflamação, a autoimunidade clássica ou patológica desen-
volve e, finalmente, conduz a danos nos tecidos.
A sua classificação depende da distribuição dos autoantígenos que são reconheci-
dos.
Vários mecanismos efetores são responsáveis pela lesão do tecido em diferentes
doenças autoimunes. Esses mecanismos incluem: complexos imunológicos, autoanticor-
pos circulantes e linfócitos T autorreativos.
Doenças autoimunes tendem a ser crônicas, progressivas e de autoperpetuação.
Historicamente, as doenças autoimunes eram consideradas raras, mas, através de estu-
dos epidemiológicos rigorosos, demonstraram afetar 3-5% da população, sendo a doença
autoimune da tireoide e o diabetes tipo 1 (DM1) as mais comuns.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 51

2. MARCADORES IMUNOLÓGICOS DE DOENÇAS AUTOIMUNES


A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória e crônica que afeta
aproximadamente 1% da população adulta mundial.
A doença caracteriza-se pela inflamação do tecido sinovial de múltiplas articula-
ções, levando a destruição tecidual, dor, deformidades e redução na qualidade de vida do
paciente.

2.1. DOENÇAS SISTÊMICAS

Na AR, um antígeno desconhecido da sinóvia articular ativa as células T CD4+ atra-


vés de uma célula apresentadora de antígeno e HLA (MHC) de classe II, formando um
complexo trimolecular. Isso acarreta na superprodução de células T e um aumento na
proliferação e diferenciação das células B produzindo autoanticorpos. Logo, observa-se a
ocorrência tanto de respostas celulares quanto humorais, na artrite. A seguir, encontra-se
uma síntese de como estas respostas ocorrem nesta doença.
O diagnóstico da AR é realizado a partir dos achados clínicos (sinais e sintomas),
laboratoriais e radiográficos. Quanto aos marcadores laboratoriais, tem-se:

2.1.1. Fator reumatoide

O FR representa um grupo de autoanticorpos caracterizados pela habilidade de reagir


com determinados epítopos da porção fragmento cristalizável (Fc) da IgG.
Os mais frequentemente encontrados são dos isotipos IgM, IgA, IgG. Apesar de 75-
80% dos doentes com AR apresentarem FR, este pode ser encontrado em outras doenças,
por isso, é um marcador de baixa especificidade. Tem sido correlacionado com pior prog-
nóstico, onde níveis mais elevados se associam à doença agressiva, presença de nódu-
los reumatoides e manifestações extra-articulares. Individualmente, entretanto, o valor
diagnóstico é limitado, sendo que na fase inicial da doença, mais de 50% dos doentes são
soronegativos.

2.1.2.Anticorpo anti-CCP

Resíduo de arginina é
convertido em citrulina.
Processo catalisado pela
Modificação pós-traducional enzima peptidilarginina
de determinada proteina deiminase (PAD) .
Produção de citocinas
como IL-6 e IL-2
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 52

Os anticorpos anti-CCP são produzidos localmente na membrana sinovial inflamada


e no liquido sinovial de pacientes com AR e são capazes de reagir com diversos peptídeos
citrulinados. Por isso, é considerado um marcador mais específico para a AR, em detri-
mento do FR. Além disso, é considerado um marcador de pior prognóstico para o desen-
volvimento desta doença.
De acordo com os critérios de classificação de LES do American College of Rheuma-
tology (1997), as alterações imunológicas são:
d Anticorpo anti-DNA nativo de dupla fita
d Anti-Sm
d Presença de anticorpo antifosfolípide com base em níveis anormais de IgG ou IgM
anticardiolipina
d Anticorpos antinucleares: título anormal de anticorpo antinuclear por
imunofluorescência indireta ou método equivalente

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica,


multissistêmica, caracterizada pela presença de diversos autoanticorpos.
Evolui com manifestações clínicas polimórficas, com períodos de exacerbações
e remissões. O desenvolvimento da doença está ligado a predisposição
genética e fatores ambientais, como luz ultravioleta e alguns medicamentos.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 53

IMUNODEFICIÊNCIAS
1. IMUNODEFICIÊNCIAS
O sistema imunológico tem a árdua missão de defender o organismo de ameaças à
sua homeostasia e, consequentemente, aumentar suas chances de sobrevivência e per-
petuação da espécie.
Algumas vezes, quando um único elo deste sistema complexo se rompe, ou seja,
quando ocorre a falha de um mecanismo específico, o equilíbrio imune é normalmente
mantido, uma vez que o sistema é, na verdade uma rede envolvendo outras inúmeras mo-
léculas e células capazes de suprir uma falha localizada. Outras vezes, o organismo é
incapaz de reparar alguns erros dessa rede de reações específicas, então podemos dizer
que o organismo entrou em desequilíbrio e, como resultado, poderá resultar em reações de
Hipersensibilidade ou Imunodeficiências.
Assim, o termo Imunodeficiência é considerado uma falha do sistema imune em pro-
teger contra doença ou malignidade e que são provocadas por defeitos CONGÊNITOS ou
ADQUIRIDOS nos componentes tanto da imunidade inata, quanto adaptativa.
Elas podem ser classificadas de acordo com a etiologia em:
d Imunodeficiência primária (intrínseca ao indivíduo), causada por defeitos no
desenvolvimento ou genéticos, no sistema imune.
d Imunodeficiência secundária ou adquirida (ambiental), sendo a perda da função
do sistema imune como resultado da exposição a agentes de doenças, fatores
ambientais, imunossupressão ou envelhecimento. 

1.1. IMUNODEFICIÊNCIAS PRIMÁRIAS (IDPs)

Podem ser entendidas como um grupo de doenças que se caracteriza pela elevada
frequência de infecções, que geralmente se iniciam na infância e que podem ser congêni-
tas ou hereditárias.

As imunodeficiências primárias são um grupo de doenças geneticamente heterogêneas que


afetam diferentes componentes da imunidade inata e adaptativa, como neutrófilos, macrófagos,
células dendríticas, proteínas do sistema complemento, células natural killer e linfócitos B e T.

d São consideradas doenças de incidência rara.


d De acordo com Conley e Stiehm, na faixa etária pediátrica, aproximadamente 10%
podem ter imunodeficiência.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 54

d A maioria das IDPs é determinada por herança autossômica ligada ao cromossomo


X e herança autossômica recessiva.
d A identificação da herança genética envolvida é essencial para o posterior
aconselhamento genético.
Os diferentes tipos de IDPs compreendem um grupo heterogêneo com mais de 200
doenças bem definidas e que, juntas, são tão frequentes quanto as leucemias e os linfo-
mas na infância. Esse importante subtipo de imunodeficiência pode ser didaticamente
categorizado em 4 subgrupos:
a) Imunodeficiência de células B.
b) Imunodeficiência de células T.
c) Deficiência do Sistema Complemento.
d) Deficiência do Sistema Fagocitário.
A imunodeficiência primária altera significativamente a capacidade de defesa dos
indivíduos diante das infecções, principalmente quando essas alterações atingem as imu-
nidades celular e humoral, simultaneamente. Nestes casos, o diagnóstico precoce é es-
sencial. Dessa forma, os principais EXAMES DE TRIAGEM para as imunodeficiências pri-
márias são:
1) Hemograma completo.
2) Dosagem de imunoglobulinas séricas (IgG, IgM, IgA e IgE).
3) Radiografias de cavum e tórax.
4) Testes cutâneos de hipersensibilidade tardia.
5) Teste de redução do NBT (nitroblue tetrazolium).
6) Complemento hemolítico total (CH50).
7) Sorologia para HIV.
MEDIDAS PROFILÁTICAS E TERAPÊUTICAS gerais também devem ser adotadas nas
seguintes condições:
d Adotar padrões de higiene ambiental e pessoal rigorosos.
d Educar pacientes e familiares sobre a doença.
d Restabelecer as condições nutricionais e de micronutrientes.
d Adotar dietas sem alimentos crus e malcozidos.
d Evitar aglomerações.
d Evitar vacinas constituídas de agentes vivos atenuados (BCG, Sabin, rotavírus,
tríplice viral, febre amarela e varicela) especialmente nos casos de deficiências graves
da imunidade celular.
d Quando necessário, infundir hemoderivados somente se previamente irradiados,
com o intuito de evitar reações enxerto vs. hospedeiro.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 55

d Quando o tratamento evita o curso fatal da doença, melhora a qualidade de vida


do paciente, possibilita aconselhamento genético e o diagnóstico pré-natal.

Figura 19 - Algumas patologias secundárias a falhas imunológicas2.

A Síndrome DiGeorge é a mais claramente definida imunodeficiência de células T e é


também conhecida como aplasia tímica congênita, ou imunodeficiência com hipoparati-
reoidismo. A síndrome está associada com hipoparatireoidismo, doença cardíaca congê-
nita, orelhas de implantação baixa e boca em forma de peixe. É autossômica dominante.
Anormalidades do complemento também levam à susceptibilidade aumentada a in-
fecções. Existem deficiências genéticas para vários componentes do sistema do comple-
mento, que levam ao aumento de infecções. A mais séria entre elas é a deficiência de C3,
que surge da baixa síntese de C3 ou deficiência no fator I ou fator H. 

1.2. IMUNODEFICIÊNCIAS SECUNDÁRIAS (IDSs)

Neste tipo de imunodeficiência, pode-se dizer que a característica principal é a capa-


cidade imunológica reduzida, atribuída a causas ambientais.

As imunodeficiências secundárias, são normalmente divididas em


função da causa que a elas se associa (Idade Extrema, Doenças
Metabólicas, Doenças Genéticas, Tratamento Farmacológico, Cirurgia
e Trauma, Condições Ambientais, Doenças Infecciosas).
A mais conhecida destas é a SIDA, Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida, pelas suas características epidêmicas e alta mortalidade

1.2.1. Origem Infecciosa

O exemplo mais conhecido de IDS causada por vírus é a Síndrome da Imunodeficiên-


cia Adquirida (AIDS), causada pelo vírus HIV, citopático e não-oncogênico, que necessitam
da enzima Transcriptase Reversa para se multiplicar.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 56

1.2.2. Imunodeficiências associadas com outros fatores

d No envelhecimento: Incluem hipocelularidade e decréscimo nas funções


celulares, além de redução no tamanho do timo. Pode ocorrer também, um aumento
na autorreatividade, uma diminuição nas funções das células CD4, enquanto que,
contrariamente, as funções das células B podem estar um pouco elevadas.
d Nas malignidades e outras doenças: As neoplasias malignas, em especial as
neoplasias linfoides, podem alterar o padrão e os níveis de citocinas, além de
destruírem o tecido linfoide sadio. Além disso, pacientes imunossuprimidos por
quimioterapia ou submetidos aos transplantes de órgãos, apresentam o sistema
imunológico extremamente debilitado. Outros fatores corriqueiros, como fadiga
e deficiências nutricionais, também podem estar envolvidos com as IDSs, já que a
carência de determinadas substâncias pode afetar a complexa rede de reações do
sistema imune.

IMUNIZAÇÕES
Imunização é o meio de prover proteção específica contra patógenos nocivos, sendo
um processo artificial. O mecanismo da imunidade depende do local onde está o patógeno
e também do mecanismo da sua patogênese.
A IMUNIDADE protetora contra um MICRORGANISMO, NORMALMENTE, é induzida
pela resposta do hospedeiro ao MICRORGANISMO. Indivíduos que responderam a um an-
tígeno MICROBIANO e são protegidos de exposições subsequentes àquele microrganismo
são tidos como imunes.

Figura 20 - Distinções entre imunidades passivas e ativas1.


PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 57

1. IMUNIZAÇÃO PASSIVA
A imunidade pode ser adquirida sem que o sistema imune seja estimulado por um
antígeno. Isso é feito pela transferência de soro ou gamaglobulinas de um doador imune
para um indivíduo não imune. Alternativamente, células imunes de um indivíduo imuni-
zado podem ser usadas para transferir imunidade. Imunidade passiva pode ser adquirida
naturalmente ou artificialmente. É uma forma transitória de conferir imunidade.
A terapia baseada em anticorpos é utilizada em infecções humanas desde o final do
século XIX, não sendo, portanto, algo novo. Entretanto, a transferência e a administração
de anticorpos prontos, de forma artificial, têm indicação quando um indivíduo não imune é
exposto a doença infecciosa e a imunização ativa não está disponível, está contraindicada
ou não foi administrada previamente a exposição.
A imunidade TAMBÉM pode ser conferida a um indivíduo pela transferência de soro
ou linfócitos de um indivíduo especificamente imunizado em situações experimentais, um
processo conhecido como transferência adaptativa. A imunidade passiva é um método
útil para conferir rapidamente resistência, sem ter que esperar pelo desenvolvimento de
uma resposta imune.
EXEMPLOS: Transferência de anticorpos maternos através da placenta para o feto, o
que permite aos RECÉM NASCIDOS o combate a infecções antes de eles próprios desen-
volverem habilidades de produzir anticorpos.
d A TRANSFERÊNCIA placentária é unicamente IgG.
d Já a amamentação garante a transferência, pelo colostro, de IgA.
d A IMUNIZAÇÃO passiva contra toxinas pela administração de anticorpos de
animais imunizados éUMTRATAMENTOsalvador para infecções letais, tais como
raiva e picadas de cobras.
É PRATICADA EM NUMEROSAS situações agudas ou infecções (difteria, tétano, sa-
rampo, hidrofobia, etc.) envenenamento (insetos, répteis, botulismo), e como uma medida
profilática (hipogamaglobulinemia).

A transferência passiva de imunidade mediada por célula pode também


ser conseguida em certas doenças (câncer, imunodeficiência). Entretanto,
é difícil encontrar doador com histocompatibilidade adequada e há
risco severo de doença do tipo rejeição enxerto x hospedeiro.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 58

2. AS INDICAÇÕES PARA IMUNIZAÇÕES PASSIVA INCLUEM

2.1. Imunodeficiências congênitas ou adquiridas

d Indivíduos suscetíveis expostos a determinadas doenças, principalmente se forem


imunodeprimidos ou quando o tempo não permitir imunização ativa isolada, como no
caso da vacina contra o sarampo, raiva ou hepatite b.
d Determinadas doenças, se o anticorpo administrado neutralizar a ação de uma
toxina, como no caso de botulismo, difteria ou tétano; ou a resposta inflamatória, no
caso da Doença de Kawasaki.

Dentre estes produtos usados para a confecção da IMUNIZAÇÃO passiva, tem-se:


d Imunoglobulina (intramuscular e intravenosa).
d Imunoglobulina hiperimune.
d Soros animais e antitoxinas.
d Anticorpos monoclonais.

3. IMUNIZAÇÃO ATIVA
Um dos maiores trunfos da imunologia na clínica médica foi a descoberta do evento
da imunização ativa ou vacinação. Esta, consiste na administração prévia de um agente
infeccioso específico, em uma forma inábil para causar a doença, com o objetivo de evitar
a manifestação dela. O evento da vacinação permite ao sistema imunológico uma mani-
festação de resposta de defesa, a qual envolve risco para o desenvolvimento da doença ou
de perigo à vida muito baixo.

4. IMUNIDADE ATIVA NATURALMENTEADQUIRIDA


A forma de imunidade é induzida pela exposição a um antígeno estranho porque o
indivíduo imunizado tem papel ativo na resposta ao antígeno.
Indivíduos e linfócitos que não encontraram um antígeno particular são ditos como
sendo inativos (imaturos ou naïve), implicando que eles são imunologicamente inexpe-
rientes
Exposição a diferentes patógenos leva a infecções subclínicas ou clínicas que resul-
tam em uma resposta imune protetiva contra esses patógenos.

5. IMUNIDADE ATIVA ARTIFICIALMENTE ADQUIRIDA


Esse tipo de IMUNIZAÇÃO pode ser conseguido ao administrar patógenos vivos ou
mortos ou seus componentes. Vacinas usadas para imunização ativa consistem em orga-
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 59

nismos vivos (atenuados), organismos completos mortos, componentes microbianos ou


toxinas secretadas (que tenham sido detoxificadas).

VACINAS – VAMOS SABER UM POUCO MAIS?

6. TIPOS DE ACORDO COM O COMPONENTE VACINAL


Os agentes imunizantes (antígenos) são produtos que compõem as vacinas. Podem
ser vírus vivo atenuado, bactéria viva atenuada, vírus inativado, bactéria inativada, toxoides
ou componentes de estrutura bacteriana ou viral. Estas vacinas são obtidas a partir de cul-
turas de microrganismos vivos, porém com virulência atenuada pela ação de agentes físicos
ou químicos, assim como pela inoculação repetida em tecidos. É importante ressaltar que,
diminui-se a virulência e preserva-se a capacidade imunogênica do microrganismo.
Este tipo de vacina com agentes vivos atenuados, a resposta é mais eficiente e, por-
tanto, são necessárias menos doses do produto para garantir a resposta. Em contraste,
no caso dos inativados a resposta é menos eficien-
INTERDISCIPLINARIEDADE – GANHOS
te, sendo necessárias mais doses, e há utilização de
DOS PROGRAMAS DE VACINAÇÃO
adjuvante (qualquer substância que aumente a imu-
O grande avanço dos programas de vacina-
nogenicidade de outras substâncias injetadas mis- ção em todo o mundo, atingindo altas co-
turadas com ele) na composição. berturas com as vacinas tradicionais e em
alguns países com a introdução de novas
Nestas vacinas, a inativação faz com que os vacinas de alto valor agregado, vem sal-
microrganismos percam a possibilidade de produ- vando vidas de milhares de crianças de do-
enças imunopreveníveis, tornando possível
zir doença vacinal, porém seus produtos antigênicos atingir Metas do Milênio.
guardam a capacidade de provocar imunidade nos O papel desempenhado por algumas ins-
indivíduos que a RECEBEM. tituições multilaterais como OMS, Unicef,
Opas; e instituições não governamentais,
6.1. MEMÓRIA IMUNOLÓGICA1 como a GAVI, com apoio financeiro da
BMGF, vem tornando possível a globaliza-
O sistema imune também tem a CAPACIDADE ção das vacinações, inclusive a introdução
de novas vacinas nos países mais pobres
DE SE LEMBRAR DAS AMEAÇAS JÁ COMBATIDAS, do mundo.
por isso, sempre que os mesmos agentes infeccio- No entanto, a sustentabilidade e a continu-
sos entram em contato com o organismo, o COM- ação dos programas de vacinação nesses
países permanecem ainda não soluciona-
PLEXO PROCESSO DE PROTEÇÃO É REATIVADO.
das.
Mas não é sempre assim. No caso da doença Possivelmente, as autoridades governa-
meningocócica, da difteria, do tétano e da coque- mentais e a sociedade como um todo nes-
ses países deverão se conscientizar mais
luche, tanto as infecções quanto as vacinas que as da importância da vacinação, para gradual-
previnem não geram proteção para toda a vida, seja mente aumentarem o orçamento dedicado
porque o estímulo do sistema imune não é suficiente a essas atividades.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 60

a ponto de produzir uma ótima memória imunológica, seja porque ter memória imunoló-
gica, nesses casos, não basta para manter a proteção no longo prazo. É por isso que às
vezes é preciso TOMAR doses de REFORÇO de algumas vacinas!
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil é considerado como um dos
mais completos dentre os países em desenvolvimento, tendo sido pioneiro na introdução
da vacina de rotavírus em 2007 e com programação para introduzir as vacinas pneumocó-
cica conjugada meningite meningocócica, sorogrupo C conjugada, no segundo semestre
de 2010.

QUALIDADE NO IMUNODIAGNÓSTICO
1. IMUNODIAGNÓSTICO

1.1. O que é?

Os testes laboratoriais de Imunologia podem ser usados tanto para doenças apre-
sentando um envolvimento direto do sistema imune, quanto para doenças não imunoló-
gicas.
Os testes mais estabelecidos e clássicos são voltados para a detecção de anticorpos
contra parasitas, fungos, bactérias, vírus, indicando a presença de uma resposta imune
contra o agente.
Testes mais modernos e sensíveis podem detectar a presença de antígenos destes
organismos, indicando diretamente a sua presença no hospedeiro.
O DESEMPENHO de um teste diagnóstico depende da ausência de desvios da ver-
dade (ausência de viés) e da precisão (o mesmo teste aplicado ao mesmo paciente ou
amostra deve produzir os mesmos resultados): respectivamente da validade e da repro-
dutibilidade do “teste”.

1.2. Uso do Imunodiagnóstico

d O Doenças apresentando um envolvimento direto do sistema imune.


d Doenças não-imunológicas.
d Detecção de anticorpos contra parasitas, fungos, bactérias, vírus, indicando a
presença de uma resposta imune contra o agente.
d Testes mais modernos e sensíveis podem detectar a presença de antígenos destes
organismos, indicando diretamente a sua presença no hospedeiro.
d Detecção de produtos como drogas ou hormônios.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 61

1.3. Importância do Imunodiagnóstico

d Confirmação de uma sugestão clínica


d Exclusão de determinada patologia/condição
d Diagnóstico precoce de uma doença
d Acompanhamento do progresso da doença
d Avaliação da efetividade da terapêutica

1.4. Parâmetros de qualificação do teste e clínica

O conhecimento de alguns parâmetros do imunodiagnóstico é de extrema importân-


cia para o entendimento do real valor dos resultados obtidos, atrelados aos dados clínicos
e epidemiológicos do paciente.
O resultado de um imunoensaio é a probabilidade de refletir a situação clínica do
paciente no momento da coleta da amostra, e quando bem avaliado, representa uma im-
portante ferramenta para o clínico dispor na tomada de conduta clínica ou na mudança de
uma hipótese diagnóstica inicial; daí a importância de um resultado confiável e, portanto,
da qualidade no imunodiagnóstico.

1.5. Sensibilidade

É a capacidade que o teste diagnóstico apresenta de detectar os indivíduos verdadei-


ramente positivos, ou seja, de diagnosticar corretamente os doentes.
A sensibilidade analítica se refere ao limite de detecção do teste, isto é, à quantidade
mínima da substância analisada capaz de ser medida.
Sendo assim, um teste com sensibilidade analítica de 1ng/ml tem a capacidade de
detectar 1ng da substância por ml de solução.
Já a sensibilidade diagnóstica, aplicada na clínica, é a medida da capacidade do tes-
te em detectar todos os indivíduos com determinada doença.

Sensibilidade = Verdadeiros Positivos/Total de doentes.

Fornece poucos resultados falsos negativos.


PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 62

Assim, testes com alta sensibilidade diagnóstica são bastante úteis em casos de
pacientes na fase de janela sorológica, onde os anticorpos ainda estão em baixas concen-
trações.
Desta maneira um teste com 100% de sensibilidade seria capaz de identificar todos
os pacientes portadores da doença a ser detectada pelo teste.

1.6. Especificidade

É a capacidade que o teste diagnóstico tem de detectar os verdadeiros negativos, sto


é, de diagnosticar corretamente os indivíduos sadios.
A especificidade analítica se refere à capacidade de um antissoro de distinguir entre dois antígenos
relacionados, diminuindo a ocorrência de reações cruzadas.

Ainda assim, a especificidade diagnóstica se refere à capacidade do teste em ser negativo quando
o indivíduo não possui a doença.

Especificidade = Verdadeiros Negativos/Total de não-doentes (sadios).

Fornece poucos resultados falsos positivos.

No contexto epidemiológico e clínico, a validade de um marcador sorológico diz res-


peito à extensão com que ele pode predizer a ocorrência da doença/infecção.
Dado que o teste apresentou resultado positivo (ou negativo), qual a probabilidade
do indivíduo ser realmente doente (ou sadio)?
O parâmetro que agrega três variáveis (sensibilidade, especificidade do teste e a pre-
valência da doença) é chamado de VALOR PREDITIVO.

1.7. Valor preditivo positivo (VPP)

Dado pela proporção de doentes entre os positivos pelo teste. Se esse valor para de-
terminada doença for 60%, equivale a dizer que em cada 10 testes positivos, 6 indivíduos
seriam realmente doentes.

1.8. Valor preditivo negativo (VPN)

É a proporção de sadios (sem a doença) entre os negativos ao teste. Obtendo um


VPN de 98%, a cada 100 testes negativos 98 seriam sadios.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 63

Dessa forma:
d O VPP aumenta com a prevalência: quando a doença é rara o VPP é baixo, pois
a maior parte dos exames positivos pertencem a sadios, representando resultados
falso-positivos.
d O VPN diminui com a prevalência.
Outra propriedade também utilizada para caracterizar um imunodiagnóstico, bem
como os demais testes laboratoriais é o índice Kappa (k)!
Ele expressa a confiabilidade de um teste e constitui um avanço em relação à taxa
geral de concordância, por ser um INDICADOR DE CONCORDÂNCIA AJUSTADA, pois leva
em consideração a concordância devida à chance.
O k informa a proporção de concordância não aleatória entre medidas da mesma
variável categórica, e seu valor varia de “menos 1” (completo desacordo) a “mais 1” (con-
cordância total).
Interpretação:
d Se a medida concorda mais frequentemente do que seria esperado pela chance,
então o índice k é positivo.
d Se a concordância é completa, k = 1.
d Zero indica o mesmo que leituras feitas ao acaso.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 64

IMUNOENSAIOS – PARTE I
1. O QUE SÃO IMUNOENSAIOS?
Os imunoensaios são técnicas para a detecção ou quantificação de antígenos ou
anticorpos, podendo utilizar reagentes marcados ou não marcados, onde as reações ba-
seiam-se nas interações entre Ag-Ac.

2. TIPOS DE REAÇÕES AG-AC


d Primárias: detectam a interação direta entre antígeno e anticorpo:
y Radioimunoensaio, Imunofluorescência, ELISA.
d Secundárias: detectam consequências da interação entre antígeno e anticorpo -
mudanças no estado físico do antígeno:
y Imunodifusão, Aglutinação.

3. AS TÉCNICAS SÃO BASEADAS NOS


TIPOS DE REAGENTES USADOS
• Sensibilidade de detecção menor!
Ensaios com reagentes • É necessário que se forme grande quantidade de imuno-
não marcados complexos para que se processe a visualização do fenô-
meno.
• Torna possível a amplificação do sinal final e detecção!
Ensaios com sistemas de
• São usados instrumentos que elevam a sensibilidade à or-
marcação de reagentes
dem de atomol ou zeptomol (10-19 /10-21).

ATENÇÃO! O processo de validação é chave na prevenção de erros (imprecisão e ine-


xatidão) e interpretação dos resultados.

4. IMUNOENSAIOS COM REAGENTES NÃO-MARCADOS

4.1. PRECIPITAÇÃO

Quando quantidades suficientes de anticorpo são misturadas com antígenos ma-


cromoleculares solúveis, pode-se formar um precipitado visível, constituído de grandes
agregados antígeno-anticorpo. A quantidade de precipitado depende das quantidades de
antígeno e anticorpo e da proporção entre eles.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 65

4.1.1. ETAPAS

Conforme a quantidade de antígeno aumenta, a quantidade de precipitação produzi-


da também aumenta até um valor máximo, para depois diminuir.

Antígeno Anticorpo Complexo imune

Ocorre a
formação
Essa situação da zona da
se reverte, equivalência
gerando um
Adição ocorre estágio de
gradualmente. excesso de
De forma antígeno
inicial, se tem
excesso de
anticorpo
Adição de
antígeno
solúvel a soro
com anticorpo

1) Várias quantidades de antígeno solúvel são adicionadas a uma QUANTIDADE


FIXA DE SORO contendo o anticorpo.
2) Quando pequenas quantidades de antígeno são adicionadas, os complexos
antígeno:anticorpo são formados sob condições de EXCESSO DE ANTICORPO,
de forma que cada molécula de antígeno está amplamente ligada por anticorpos
e com LIGAÇÃO CRUZADA a outras moléculas de antígeno.
3) Quando grandes quantidades de antígeno são adicionadas, formam-se apenas
pequenos complexos antígeno:anticorpo, muitas vezes solúveis nessa ZONA DE
EXCESSO DE ANTÍGENO.
4) Entre essas duas zonas, todo o antígeno e o anticorpo serão precipitados,
gerando uma ZONA DE EQUIVALÊNCIA.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 66

Figura 21 - Curva parabólica de representação dos complexos imunes3.

Na zona de equivalência, grandes mosaicos de antígeno e anticorpo são formados


por ligação cruzada.

Excesso de anticorpo Pró zona

Complexo imune
em imunoensaio
de precipitação

Excesso de antígeno Pós zona

4.1.2. APLICAÇÕES E LIMITAÇÕES

Em virtude da reversibilidade da reação, o excesso de um dos reagentes pode induzir


à dissociação do precipitado formado à erros de interpretação dos resultados. Esta situa-
ção é prevista e minimizada durante os processos de padronização dos ensaios.
A reação de precipitação, em tubo de ensaio, pode ser utilizada, por exemplo, para a
detecção de imunoglobulinas do soro humano que se precipitam a baixas temperaturas
(crioglobulinas).

4.2. IMUNODIFUSÃO

A imunodifusão consiste em um método onde ocorre difusão de substâncias solúveis


moleculares ao acaso, em meio gelificado. Enquanto as moléculas estão livres, continua ocor-
rendo difusão, até que se formam IMUNOCOMPLEXOS de elevado peso molecular e que, de-
vido ao tamanho, ficam imobilizados no gel → visualização de turvação = imunoprecipitado.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 67

A imunodifusão pode ser de 4 tipos, podendo ser usados concomitantemente:


d Simples: Ag ou Ac está fixado ao gel, enquanto o outro migra até a formação do
imunocomplexo e linha de precipitação.
d Dupla: os dois elementos migram simultaneamente, um em direção ao outro.
d Linear: ocorre um movimento, o qual é direcionado para uma determinada direção,
por corrente elétrica ou gravidade, e pela forma de aplicação.
d Radial: ocorre um movimento ao acaso em todas as direções, a partir do orifício
de inserção da amostra.

4.3. RADIAL DUPLA

Também chamada de difusão de Ouchterlony.


Quando ambos os reagentes (um antígeno desconhecido e moléculas de um anticor-
po poliespecífico) são colocados a difundir em um meio suporte, o ponto onde os reagentes
se encontram e formam pode ser visualizado como uma linha ou banda de precipitação.
A densidade da linha de precipitação e a distância em relação ao orifício da amostra
pode dar alguma indicação da concentração do anticorpo.
Estas reações continuam sendo utilizadas por alguns laboratórios devido a sua es-
pecificidade, principalmente no diagnóstico de infecções causadas por fungos e para a
detecção de alguns autoanticorpos.

4.4. SIMPLES

É a variação quantitativa da imunodifusão radial dupla.


1) Nesta técnica o anticorpo é uniformemente distribuído no gel e o antígeno
(amostra teste) é aplicado em um orifício.
2) A amostra teste difunde radialmente no gel, formando um halo de precipitação
circular em torno do orifício da amostra.
3) O diâmetro do halo de precipitação formado é proporcional à concentração do
analito pesquisado na amostra.

4.5. VARIÁVEIS DA DIFUSÃO

d Tamanho do orifício.
d Temperatura.
d Consistência do gel.
d Concentração do anticorpo incluído no gel.
d Tempo de difusão.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 68

Pela comparação do diâmetro do halo da amostra-teste com padrões de concentra-


ção conhecidos (curva padrão), estabelece-se a concentração do analito na amostra.
Esta técnica pode ser utilizada principalmente na QUANTIFICAÇÃO de proteínas
como imunoglobulinas, fatores do complemento, proteínas de fase aguda, cadeias leves e
proteínas de transporte.

Figura 22 - Diferenças entre as técnicas de imunodifusão69.

4.6. IMUNOELETROFORESE

É um método qualitativo onde a associação das duas técnicas permite que um maior
número de componentes antigênicos de um líquido biológico (soro, urina) seja identificado,
pois utiliza a especificidade dos anticorpos para identificar cada antígeno, previamente
separado na eletroforese.
Na eletroforese, antígenos são evidenciados por diferenças de carga elétrica sendo
detectados a partir da migração dos mesmos, carregados em um solvente condutor sob a
influência de um campo elétrico.

4.6.1. ETAPAS

Eletroforese Imunodifusão
Imuno eletroforese
em gel dupla
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 69

1) Separação eletroforética das proteínas.


2) Imunodifusão de cada componente, a partir do seu centro de difusão, contra o
antissoro específico, formando uma linha ou arco de precipitação na região de
equivalência.

A caracterização de uma substância é feita a partir de suas propriedades


eletroforéticas (mobilidades diferentes devido a cargas elétricas diferentes),
coeficientes de difusão e propriedades imunológicas (especificidade).

Os padrões de precipitação obtidos podem ser interpretados como nas técnicas de


dupla difusão.
A imunoeletroforese pode ser utilizada para DETECÇÃO de proteína-M (monoclonal).
É tecnicamente mais fácil e de menor custo quando comparada à técnica de imuno-
fixação, no entanto não é tão sensível.

4.7. IMUNOFIXAÇÃO

A imunofixação combina a eletroforese e a imunoprecipitação.

Dois estágios:
1) A amostra é aplicada em seis posições diferentes do gel de agarose e as
proteínas são separadas por eletroforese de acordo com a carga.
2) Soros monoespecíficos para IgG, IgA, IgM, cadeia kappa e cadeia lambda
impregnados numa fita de papel ou acetato de celulose, seguidos da aplicação
de solução fixadora de proteínas.
PRINCÍPIO: Se o antígeno complementar estiver presente em proporções adequadas
na amostra, os complexos formados precipitam e são fixados no gel, o que permite sua
identificação com o auxílio de um corante.
INDICAÇÕES: quando um pico ou banda é encontrada na eletroforese de proteínas
séricas ou quando há suspeita de gamopatia monoclonal. Também se aplica na interven-
ção terapêutica em casos novos e na recorrência de mieloma.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 70

Figura 23 - Eletroforese com imunofixação. SPE é a eletroforese de referência e, a seguir, cada cam-
po foi analisado com o antissoro respectivo (anti-IgG, anti-IgA, anti-IgM, anti-kappa e anti-
-lambda). Neste paciente a presença de proteína M monoclonal em IgM-kappa70.

4.8. TÉCNICAS ENVOLVENDO DISPERSÃO DE LUZ

Uma característica importante das soluções coloidais é a sua pronunciada dispersão


da luz. Quando um feixe de luz incidente atravessa um meio contendo partículas, estas
interferem com a passagem da luz, fazendo com que seja dispersa em todas as direções.

4.8.1. NEFELOMETRIA

Os ensaios nefelométricos se baseiam no princípio de que um imunocomplexo em


solução dispersa luz em vários ângulos em relação à luz incidente.
Um nefelômetro utiliza uma fonte de luz de alta intensidade que incide em uma cube-
ta contendo os imunorreagentes.
A quantidade e a natureza da dispersão dependem da forma e do tamanho das partí-
culas, da concentração, do comprimento de onda e do índice de refração do meio.

4.8.1.1. CARACTERÍSTICAS Principalmente se forem utilizados


nefelômetros que subtraiam ruídos,
d Totalmente automatizada.
como os causados por lipemia ou
d Realização fácil, rápida e precisa. hemólise, e que garantam leitura na
região de excesso de anticorpo.

APLICAÇÕES: determinações de proteínas específicas como alfa-1-antitripsina,


alfa-1-glicoproteína-ácida, alfa-2-antiplasmina, IgG, IgA, IgM, C3, C4, apolipoproteínas,
beta-2- microglobulina, anti-estreptolisina O, proteína C reativa ultrassensível e fator reu-
matoide.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 71

4.8.2. TURBIDIMETRIA

Segue o mesmo princípio de dispersão da nefelometria.


Quanto maior for a quantidade de imunocomplexos, maior a luz absorvida e menor a
luz transmitida.
ATENÇÃO! O sinal de detecção é a absorbância e não a intensidade de luz dispersa.
APLICAÇÕES: Pode ser utilizada para medidas quantitativas de drogas ou biomarca-
dores no soro, plasma ou urina.

Figura 24 - Princípios da nefelometria e turbidimetria4.


PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 72

IMUNOENSAIOS – PARTE II
ENSAIOS COM REAGENTES NÃO-MARCADOS - CONTINUAÇÃO
1. REAÇÕES DE AGLUTINAÇÃO
A ligação cruzada com produção de agregados ocorre quando um anticorpo reage
com um antígeno multivalente presente em uma partícula (insolúvel); logo, a característi-
ca principal dos imunoensaios de aglutinação, é que um dos componentes deve ser apre-
sentado na forma insolúvel, em suspensão.
d Têm boa sensibilidade, comparada à precipitação, necessitando de uma quantidade
de Anticorpo 500x menor.
d Podem ser analisadas por inspeção visual.
d São mais sujeitas a resultados falso-positivos devido à aglutinação inespecífica.
d Diagnóstico de doenças causadas por vírus, bactérias, protozoários e fungos,
doenças autoimunes, na detecção de hormônios, na tipagem de grupos sanguíneos
dos sistemas ABO e Rh, etc.
A partícula insolúvel pode ser um antígeno insolúvel nativo, antígenos expressos em
células (por exemplo, antígenos eritrocitários, ou seja, antígenos naturais nas células) ou
partículas cobertas com antígenos (por exemplo, partículas de látex, logo, antígenos ad-
sorvidos artificialmente).

1.1. DIRETA

O Ag faz parte naturalmente da célula, havendo aglutinação promovida por anticor-


pos específicos contra estes antígenos.
Nesta reação utilizam-se partículas antigênicas insolúveis em sua forma íntegra ou
fragmentada: hemácias, bactérias, fungos e protozoários podem ser aglutinados direta-
mente por anticorpo.

1.1.1. ETAPAS
1) São realizadas diluições em série do anticorpo frente a uma quantidade
constante do antígeno.
2) Após um período de incubação a aglutinação se completa.
3) O resultado é geralmente expresso como a máxima diluição em que ocorre a
aglutinação.
Aplicações de reações de aglutinação direta:
d Tipagem de grupos sanguíneos (antígenos específicos).
d Reação de PaulBunnel-Davidson (antígenos heterófilos).
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 73

d Teste de Widal para salmoneloses.


d Teste de aglutinação para toxoplasmose e tripanossomíase.

1.2. INDIRETA

Emprega a absorção de Acs ou Ags solúveis proteicos ou polissacarídicos na super-


fície de partículas inertes que não interferem na reação Ag-Ac.
Nas reações de aglutinação passiva ou indireta, as hemácias e as partículas inertes
(bentonita, látex, sepharose, leveduras, gelatina) podem ser sensibilizadas por adsorção
passiva.
APLICAÇÕES: devido à grande diversidade de antígenos que podem se ligar às célu-
las ou partículas, a aplicação dos testes de aglutinação passiva é muito variada.
Isto pode ser feito através de contato direto com antígenos solúveis, por ADSORÇÃO
via agentes químicos solúveis, por adsorção com agentes químicos, (p. ex. ácido tânico ou
cloreto de cromo) e por CONJUGAÇÃO através de ligações químicas covalentes.

1.3. TESTE DE COOMBS (DIRETO E INDIRETO)

A reação de aglutinação causada pelos anticorpos é chamada hemaglutinação (do


grego haima [sangue]).
Os antígenos de grupo sanguíneo estão arranjados em múltiplas cópias na superfí-
cie da hemácia, fazendo as células se aglutinarem quando sofrem reação cruzada com os
anticorpos.
Coombs, Mourant e Race descreveram em 1945 o teste da antiglobulina podendo ser
direta ou não.
Aplicações clínicas:

TESTE DA ANTIGLOBULINA

TAI TAD

Detecta hemácias revestidas


Detecta no soro anticorpos não
in vivo por imunoglobulinas e/
aglutinantes do sistema Rh
ou frações do complemento
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 74

d Determinar o grupo sanguíneo ABO entre doadores e receptores de sangue.


d Detectar anticorpos de doença hemolítica do recém-nascido, ou eritroblastose
fetal.

1.3.1. REAGENTES

A realização do teste depende do soro antiglobulina humana (AGH), que pode ser
obtido a partir da sensibilização de animais com globulinas humanas e/ou anticorpos mo-
noclonais.
Soros monoespecíficos (antiIgG, antiIgM, antiIgA, antiC3, antiC3d) e poliespecíficos
(antiIgG associado a antiC3d) são disponíveis comercialmente.
TAD detecta Acs fixados às hemácias após adição do soro de Coombs.
d A reação de hemácias ocorre diretamente com o soro AGH.
d Neutralização do soro: Na técnica em tubo, a lavagem de hemácias é importante
para remover todo o resíduo de plasma, anticorpos livres e outras proteínas do meio
(evita um resultado falso negativo).
d As antiglobulinas combinamse preferencialmente com a porção Fc das moléculas
de anticorpos ligadas às hemácias.
d As células que não apresentam anticorpos ligados não são aglutinadas.
TAI Detecta Acs para Ags eritrocitários mediante ligação dos anticorpos às hemá-
cias, seguida da aglutinação promovida pelo soro de Coombs.
d Tem como objetivo determinar a sensibilização de hemácias “in vitro”.
d Aplicações: investigação imunohematológica para a detecção e identificação de
anticorpos incompletos (não aglutinantes) de importância clínica no soro de doadores
e pacientes, na fenotipagem eritrocitária e titulação de anticorpos incompletos.

Detecção de anticorpos anti-Rh não aglutinantes no soro materno


1) O soro é inicialmente incubado com hemácias Rh-positivas.
2) Eles se ligam ao anticorpo anti-Rh.
3) As células cobertas de anticorpos são lavadas para remover as imunoglobulinas
não ligadas.
4) As hemácias, então, são aglutinadas com anticorpo anti-imunoglobulina.
As incompatibilidades do fator Rh podem levar à doença hemolítica do recém-nas-
cido, também chamada de Eritroblastose Fetal, logo, o ensaio é usado para a prevenção.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 75

1.4. SORO POLIESPECÍFICO x ANTI-IgG MONOESPECÍFICOS

A utilização do soro poliespecífico pode proporcionar a detecção de anticorpos ca-


pazes de ativar a via do complemento, no entanto, antiIgG monoespecíficos são utilizados
por muitos especialistas na maioria dos casos.

Figura 25 - A hemaglutinação é utilizada para identificar os grupos sanguíneos e parear doado-


res e receptores compatíveis para transfusão de sangue. É induzida por anticorpos ou aglutini-
nas chamadas anti-A ou anti-B que se ligam ao grupo sanguíneo A ou B, respectivamente3.

1.5. FLOCULAÇÃO

É uma variante da aglutinação indireta, onde há uma interação de Acs específicos


com o Ag levando à formação de imunocomplexos em meio líquido. Necessário lupa ou
microscópio.
A ligação de anticorpos em várias micelas resulta na floculação, que pode ser obser-
vada ao microscópio. Os imunocomplexos formados depositam-se sobre os cristais de
colesterol (presente no reagente), formando grumos visíveis.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 76

Os testes de floculação baseiam-se em uma suspensão


antigênica que contém cardiolipina, colesterol e lecitina.
No preparo da suspensão antigênica, a ligação desses componentes ocorre ao
acaso e resulta na formação de estruturas arredondadas denominadas micelas.

Figura 26 - Representação esquemática de uma reação de floculação na qual anticor-


pos não treponêmicos (sífilis) ligam-se simultaneamente em várias micelas71.

Essa ligação é encontrada na forma de flocos ou grumos, grandes ou pequenos, que


podem ser visualizados a olho nu em alguns testes e em outros com auxílio de microscópio.

2. ENSAIOS COM REAGENTES MARCADOS


Por que houve a necessidade de se criarem imunoensaios utilizando reagentes mar-
cados?
Porque a interação Ag-Ac in vitro nem sempre é visível; então a partir de 1950 no-
vos imunoensaios mais sensíveis foram surgindo, utilizando moléculas marcadas com
compostos químicos que podiam ser mensurados, passando estes compostos a serem
chamados de conjugados.
As técnicas que utilizam-se de conjugados, podem diferir em relação a vários fato-
res, como:
d Ligante/Marcador.
d Sistema de revelação.
d Molécula conjugada ao ligante.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 77

Como ligantes e sistemas de revelação, pode-se ter os diferentes tipos de ensaios:


radiação, fluorescência, quimioluminescência e enzimáticos.

2.1. IMUNOFLUORESCÊNCIA (DIRETA E INDIRETA)

d São empregados conjugados constituídos de anticorpos ou antígenos ligados


covalentemente a moléculas reveladoras denominadas FLUOROCROMOS.
Fluorocromo (ou fluoróforo) é uma substância
DIRETA: pesquisa o antígeno
que absorve luz de comprimento de onda menor e
emite luz de comprimento de onda maior quando INDIRETA: Pesquisa o anticorpo
excitado, fenômeno conhecido como fluorescência.
Seu comprimento de onda de excitação é característico.

2.2. TESTES FLUORESCENTES HOMOGÊNEOS DE MODULAÇÃO DIRETA

São baseados na capacidade da molécula de fluoresceína em emitir luz polarizada


em um plano após excitação.
d Um composto marcado compete com o composto não marcado, da amostra
analisada, pelo sítio de ligação em um anticorpo específico.

Maior a quantidade de
composto marcado ligado
Menor a quantidade do
ao anticorpo específico em
composto na amostra
solução, com retenção da
luz polarizada incidente.

d O sinal emitido é modificado quando o antígeno marcado se liga ao anticorpo.


APLICAÇÃO CLÍNICA: Monitorização terapêutica ou dosagem de drogas de abuso.

2.3. TESTES FLUORESCENTES HETEROGÊNEOS

2.3.1. REAÇÃO DE IMUNOFLUORESCÊNCIA DIRETA

É a detecção direta de antígenos usando anticorpo antígeno-específico marcados


com substância fluorescente.
APLICAÇÃO CLÍNICA
d Detecção de antígenos em tecidos biológicos (material de biópsias, vírus, bactérias,
células etc.);
d Pesquisa de vírus respiratórios (influenza, parainfluenza, vírus sincicial respiratório
e adenovírus).
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 78

2.3.2. REAÇÃO DE IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA

O anticorpo presente na amostra do paciente reage com um antígeno específico fixa-


do em uma lâmina de microscopia.
1) Lavagem.
2) Adição de um anticorpo anti-humano (conjugado) marcado com substância
fluorescente.
3) Nova lavagem, para remover o conjugado não ligado.
4) Realiza-se a observação de fluorescência ao microscópio.
O conjugado é isotipo-específico, sendo assim possível distinguir reações condicio-
nadas pela presença de IgG, IgA e IgM.
APLICAÇÕES
d Teste referência na sorologia de doenças infecciosas e autoimunes.
d Diagnóstico de infecções pelo Treponema pallidum, Tripanosoma cruzi, para as
diversas Chlamydiae, entre outros.
LIMITAÇÕES: A necessidade de microscópio de fluorescência, a qualidade do siste-
ma de iluminação empregado a subjetividade na leitura podem ser fatores limitantes.

Figura 27 - Testes fluorescentes heterogêneos: em (a) imunofluorescência direta (IFD), em (b) imunofluorescên-
cia indireta (IFI) com anticorpo antiisotipo e em (c), IFI com proteína A marcada com substância fluorescente72.

2.3.3. RADIOIMUNOENSAIO (RADIOIMUNOENSAIO (RIA, DO INGLÊS


RADIOIMMUNOASSAY)

O ensaio pode ser realizado com amostra de anticorpo ou antígeno puro, seguindo o
mesmo princípio.
APLICAÇÕES: medir os níveis de hormônio, proteínas séricas e vitaminas no sangue
e em líquidos teciduais.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 79

O anticorpo marcado pode ligar-se ao antígeno não marcado, sob condições nas
quais a adsorção inespecífica é bloqueada; todos os anticorpos não ligados e outras pro-
teínas são retirados por lavagens.
A ligação do anticorpo é medida diretamente pela quantidade de radioatividade reti-
da nos poços.
O RIA não permite que a quantidade de antígeno ou anticorpo em uma amostra de
composição desconhecida seja medida diretamente.
Um ensaio de inibição competitiva pode auxiliar nessa limitação!
A presença e a quantidade de um antígeno em uma amostra desconhecida são de-
terminadas pela sua habilidade de competir com um antígeno marcado pela ligação a um
anticorpo fixado à placa.
1) Uma curva-padrão é construída pela adição de quantidades variáveis de uma
preparação-padrão conhecida e não marcada.
2) O ensaio pode medir a quantidade do antígeno em amostras desconhecidas por
comparação à curva-padrão.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 80

IMUNOENSAIOS COM REAGENTES


MARCADOS – CONTINUAÇÃO
1. CITOMETRIA DE FLUXO: O QUE É?
A citometria é uma ferramenta para identificar e analisar partículas, sendo que estas
podem ser: CÉLULAS, COMPONENTES CELULARES E MATERIAL NÃO-CELULAR.
Permite a avaliação de características físicas, químicas e biológicas de vários tipos
celulares (humanas, de animais, protozoários, fungos, ou bactérias), previamente prepara-
dos e marcados com anticorpos monoclonais conjugados a fluorocromos, com afinidade
por determinada molécula de interesse.
A identificação de determinadas células ou partículas ocorre em suspensão, através
de um sistema que gera um fluxo contínuo laminar de partículas, que passam uma a uma,
frente a um feixe de laser. A partir da incidência deste sobre as mesmas, marcadas com
fluorocromos, a intensidade de fluorescência emitida será captada e convertida através de
softwares, para identificar e caracterizar das moléculas em questão.

2. COMO SE DÁ O PASSO A PASSO DA


PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS?
1) As células e/ou partículas são colocadas em uma suspensão, marcadas com
anticorpos monoclonais conjugados a fluorocromos.
2) Esta suspensão de células marcadas é então colocada em um separador de
células ativado por fluorescência (FACS).
3) O aparelho determina a intensidade da fluorescência de cada célula.
4) As células são separadas conforme sua emissão fluorescente característica,
além de serem diferenciadas pelo tamanho (FSC=foward scatter) e granulosidade
ou complexidade (SSC=side scatter).
Exemplos da aplicação são a quantificação de populações celulares (CD4+, CD8+),
identificação de antígenos leucocitários como HLA B27, HLA DR4 e imunofenotipagem.

Análise fenotípica e funcional de subpopulações celulares

É ferramenta diagnóstica e prognóstica na avaliação de doenças malignas


e benignas, transplante de órgãos e tecidos, imunodeficiências primárias e
adquiridas.
APLICAÇÕES
Isolamento de diferentes populações celulares com distintos antígenos de
superfície, também chamados de CDs (cluster of diferentiation).
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 81

3. QUIMIOLUMINESCÊNCIA
As reações de quimioluminescência mais utilizadas envolvem reações de oxidação
(luminol e do isoluminol, ésteres de acridina) e de decomposição catalisada pela fosfata-
se alcalina de adamantil 1,2-dioxetano aril-fosfato.
d São altamente sensíveis.
d O nível de detecção é da ordem de atomol ou zeptomol.

3.1. ELETROQUIMIOLUMINESCÊNCIA

Figura 28 - Princípio da Eletroquimioluminescência81.

Também chamada de quimioluminescência eletrogerada, envolve reações de transfe-


rência de um elétron na superfície de um eletrodo com geração de composto instável (ex-
citado) que emite um fóton de luz. Ocorre como uma reação de oxidação-redução em ciclo.

3.2. APLICAÇÕES

d Imunoensaios.
d Análise de DNA.
d Dosagem de hormônios, marcadores tumorais, marcadores cardíacos.
d Detecção de anticorpos em algumas doenças infecciosas.

Figura 29 - Esquema da reação de eletroquimioluminescência. A micropartícula magnética (fase só-


lida) suporta a estrutura do imunoensaio, em que o marcador é a molécula de rutênio73.

O marcador participa de uma reação de oxidação-redução com a tripropilamina (TPA).


PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 82

3.3. ENZIMAIMUNOENSAIOS

Estes ensaios usam o produto da


mudança de cor da interação da enzima
com o seu substrato para medir a
reação entre o antígeno e o anticorpo.

3.3.1. EMIT

“Enzyme Multiplied Immunoassay Technique” (EMIT).

COMPETIÇÃO ENTRE ANTÍ- O anticorpo reagente tem a O antígeno marcado livre re-
GENOS capacidade de bloquear a sultante da competição com
atividade enzimática ao li- o antígeno da amostra reage
É de fase única.
gar-se ao antígeno marcado, com o substrato e forma um
O antígeno a ser medido impedindo a formação do produto corado proporcional
compete, com um antígeno produto ao ser adicionado o à concentração de antígeno
marcado com enzima, por substrato. presente na amostra.
um número limitado de an-
ticorpos.

3.3.2. ELISA

“Enzyme Linked Immunosorbent Assay” (ELISA).

3.3.2.1. CARACTERÍSTICAS

d Boa sensibilidade.
d Heterogênea (múltiplas fases).
d Técnica utilizada para a quantificação de antígenos ou anticorpos.
d Um dos reagentes é imobilizado na fase sólida, outro é ligado à enzima.
d A fase sólida pode ser constituída por partículas de agarose, poliacrilamida,
dextrano, poliestireno, etc.
d Placas plásticas são as mais difundidas por permitirem múltiplos ensaios e
automação.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 83

d Os conjugados enzimáticos devem ser preparados com anticorpos de alta


afinidade e muito purificados.

O teste detecta quantidades extremamente pequenas de


antígenos ou anticorpos, podendo ter elevada precisão se os
reagentes e os parâmetros forem bem padronizados.

Os substratos cromogênicos empregados pela degradação enzimática dão origem a


produtos solúveis coloridos, cuja determinação é feita medindo-se a densidade ótica da
solução por espectrofotometria.

Figura 30 - Esquemas dos testes enzimáticos heterogêneos do tipo indireto (a), sanduíche (b) e captura (c)74.

3.3.2.2. INDIRETO

Mede a concentração de anticorpo usando o antígeno ligado à fase sólida, onde o


anticorpo da amostra se ligará. O imunocomplexo será evidenciado pelo anti-anticorpo
marcado com enzima (pode ser isótipoespecífico: IgG, IgA, IgM) e a subsequente adição
do substrato/cromógeno.
A especificidade do ensaio de ELISA indireto para a detecção de anticorpos da classe
IgM em doenças infecciosas é limitada, ocorrendo resultados falso-positivos, por conta
da presença de fator reumatóide. Daí a necessidade de nestes casos, realizar o ELISA de
Captura de IgM.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 84

3.3.2.3. DE CAPTURA

Anticorpos anti-IgM são adsorvidos à fase sólida, capazes de fixar todos os anticor-
pos de isótipo IgM da amostra do paciente. Após, o antígeno é adicionado, ligando-se ao
anticorpo específico da amostra, anteriormente imobilizado.
Um segundo anticorpo anti-antígeno marcado com enzima é adicionado e, subse-
quentemente, o substrato/cromógeno, resultando em um produto corado de intensidade
proporcional à concentração de IgM específica presente na amostra.

3.3.2.4. COMPETITIVO

ELISA competitivo direto é uma técnica para a medida de antígeno baseada na com-
petição entre o antígeno da amostra e o antígeno marcado com enzima pelo anticorpo.
Diferente dos demais, o resultado da absorbância obtida no final da reação é inversamente
proporcional à concentração do analito pesquisado.

Figura 31 - Representação esquemática dos diferentes tipos de ELISA75.

3.4. IMMUNOBLOT: WESTERN BLOTTING

O immunoblotting é utilizado para identificar a presença de uma determinada proteí-


na em um lisado celular, mas evita o problema de marcar grandes quantidades de células
com radioisótopos. Permite detectar, caracterizar e semi-quantificar múltiplas proteínas,
principalmente aquelas que estão em baixas quantidades na amostra.

3.4.1. APLICAÇÕES

É um procedimento em que as proteínas são separadas pelo tamanho por eletro-


forese e, após separação, transferidas para uma membrana de nitrocelulose onde ficam
imobilizadas.
Essa membrana é utilizada como suporte sólido para um ensaio imunoenzimático.
Pode-se determinar:
d Se há antígeno ou anticorpo na amostra e qual é a sua especificidade.
d Se o preparado é puro ou não.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 85

d Quais proteínas estão sendo reconhecidas por um anticorpo.


d Distinguir diferentes perfis de anticorpos de acordo com a fase da doença ou
infecção.
d Diferenciar entre cepas patogênicas e não patogênicas.
d Teste confirmatório na investigação de doenças infecciosas e autoimunes.
d Detectar anticorpos contra os diferentes constituintes do HIV.

3.4.2. ETAPAS DO WESTERN BLOTTING


1) Eletroforese – SDS-PAGE.
2) Transferência para membrana.
3) Bloqueio.
4) Adição de anticorpos específicos.
5) Detecção da reação.
Sendo que a detecção pode ser de 3 tipos:
1) Colorimétrica.
2) Quimioluminescente.
3) Fluorescente.
Figura 32 - Western Blot de soros de crianças com diagnóstico de lupus eritemato-
so sistêmico juvenil. Em 1, soro controle negativo, em 2 e 3, soros controle positivos, con-
forme indicado. Entre 4 e 17, fitas com reações individuais de autoanticorpos.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 86

3.4.3. VANTAGENS
1) Membranas úmidas são maleáveis e de fácil manuseio.
2) As proteínas imobilizadas na membrana são rapidamente e uniformemente
acessíveis a diferentes ligantes.
3) Somente uma pequena quantidade de reagentes são necessários para a análise
de transferência.
4) É possível fazer múltiplas réplicas do gel.
5) O armazenamento da amostra transferida pode ser prolongado, antes de ser
usada, e a mesma proteína transferida pode ser usada para múltiplas análises
sucessivas (KURIEN & SCOFIELD, 2006).

3.5. IMUNOCROMATOGRAFIA

A imunocromatografia é uma técnica que começou a ser desenvolvida nos anos 60,
sendo primeiro criada para o estudo das proteínas séricas. Quanto às suas característi-
cas, tem-se: são qualitativos e, por isso, usados para triagem; são econômicos e de fácil
interpretação; apresenta sensibilidade e especificidade semelhantes aos métodos de ELI-
SA de 3ª geração; além de poderem ser vistos a olho nu, e serem extremamente, rápidos.
Estes testes rápidos podem ser usados para pesquisar antígenos ou anticorpos con-
tra os agentes infecciosos para os quais foram projetados e para tais detecções, o for-
mato dos ensaios é modificado, baseando-se no que irá ser identificado: se antígeno ou
anticorpo. Logo, para detectar antígeno, emprega-se um anticorpo de captura, ligado à
matriz e um anticorpo marcado específico ao antígeno pesquisado; para detectar anticor-
po, utiliza-se um antígeno específico ligado à matriz e um anticorpo anti-imunoglobulina
marcado.
Em relação ao tipo de amostra empregada, podem ser utilizadas amostras de san-
gue, soro, plasma ou fluido crevicular gengival.
Sobre a execução do imunoensaio, existe uma ampla variedade de modalidades de
imunocromatografia, disponíveis para o diagnóstico de doenças infecciosas.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 87

DIAGNOSTICO HIV
1. VÍRUS HIV
O HIV é uma partícula esférica, que mede de 100 a 120 nm de diâmetro, pertencente
ao gênero Lentiviridae e família Retroviridae, apresentando em seu núcleo duas cópias de
RNA de cadeia simples, encapsuladas por uma camada proteica ou núcleo-capsídeo,
capsídeo e um envelope externo composto por uma bicamada fosfolipídica.
A classificação do HIV é feita por meio da análise filogenética de sequências nucleo-
tídicas dos vírus. A classificação atual é hierárquica, e consiste em tipos, grupos, subtipos,
sub-subtipos e formas recombinantes.
O HIV-1 e o HIV-2 são tipos distintos do vírus, mas distantes, filogeneticamente.
Ao longo do tempo, tem-se verificado um aumento na complexidade da composição
de subtipos virais e formas recombinantes nas diferentes regiões brasileiras.

Figura 33 - Distribuição geográfica dos subtipos de HIV pelo Brasil76.


PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 88

Figura 34 - Filogenética do HIV1.

A maioria das infecções pelo HIV-1 ocorre através das mucosas do trato genital ou
retal durante a relação sexual. Ainda assim, pode ocorrer transmissão fetal durante a ges-
tação via mãe soropositiva.

Nas primeiras horas após a infecção pela via sexual, o HIV e


células infectadas atravessam a barreira da mucosa

O vírus se estabelece no local de entrada e continua infectando linfócitos


T CD4+ (T CD4+), além de macrófagos e células dendríticas.

Após a transmissão do vírus, há um período de aproximadamente 10 dias, denominado de fase eclipse G.

A partir dessa pequena população de células infectadas, o vírus é disseminado


inicialmente para os linfonodos locais e depois sistemicamente.

Nos tecidos linfoides estabelece um reservatório viral latente,


principalmente em linfócitos T CD4+ de memória.

A replicação viral ativa e a livre circulação do vírus na corrente sanguínea causam a


formação de um pico de viremia por volta de 21 a 28 dias após a exposição ao HIV.
A ativação de linfócitos T citotóxicos CD8+ específicos (TC CD8+) contra o HIV ocorre
normalmente antes da soroconversão.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 89

2. DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO PELO HIV


Todos os indivíduos recém-diagnosticados devem realizar o exame de quantificação
da Carga Viral - CV que ratifica a presença da infecção no indivíduo.

2.1. Objetivos da testagem

d Melhorar a qualidade do diagnóstico da infecção recente pelo HIV.


d Fornecer uma base racional para assegurar que o diagnóstico seja seguro e
concluído em tempo hábil.

CLASSIFICAÇÃO DE FIEBIG: sistema de estagiamento laboratorial da infecção recen-


te pelo HIV.
d Estágio 0 (ou período de eclipse): há ausência de marcadores virais em amostras
de sangue.
d Estágio I: o RNA viral é detectável em amostras de sangue e nenhum outro ensaio
laboratorial é positivo.
d Estágio II: os testes para RNA viral e antígeno p24 são positivos.
d Estágio III: e IV: RNA, antígeno p24 e imunoensaios de terceira geração são
reagentes, mas o Western blot não mostra bandas específicas do HIV-1.
d Estágio V: Com padrão positivo de Western blot, exceto pela ausência de reatividade
da proteína p31 (pol). Esse estágio é mais longo.
d Estágio VI: Com o padrão de reatividade do Western blot completo, incluindo a
banda p31.
d Os testes de 3ª e 4ª geração são mais SENSÍVEIS do que os testes confirmatórios
convencionais
d Existem indivíduos, chamados de CONTROLADORES DE ELITE, que mantêm a
viremia em um nível que pode ser indetectável em testes moleculares.
Nesses casos, o diagnóstico só pode ser realizado mediante a utilização dos testes
confirmatórios Western blot - WB, Imunoblot - IB, ou Imunoblot Rápido – IBR.
Indivíduos na FASE CRÔNICA da infecção são identificados com sucesso com qual-
quer combinação de testes de triagem (3ª ou 4ª geração), seguido por um teste confirma-
tório (WB ou teste molecular).
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 90

Figura 35 - Marcadores da infecção pelo HIV na corrente sanguínea de acordo com o período após infecção.

3. PRIMEIRA GERAÇÃO
d O ensaio de primeira geração tem o formato INDIRETO, ou seja, a presença de
anticorpos específicos é detectada por um conjugado constituído por um anticorpo
anti-IgG humana.
d O ensaio é POUCO ESPECÍFICO e, pelo fato de detectarem apenas IgG, também
são menos sensíveis do que os ensaios de gerações posteriores.
d Esses ensaios deixaram de ser utilizados na rotina diagnóstica dos laboratórios.

Figura 36 - Ensaio imunoenzimático do tipo ELISA76.

4. SEGUNDA GERAÇÃO
d O ensaio de segunda geração também tem formato INDIRETO.
d Utiliza ANTÍGENOS RECOMBINANTES ou peptídeos sintéticos derivados de
proteínas do HIV.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 91

d Contêm uma maior concentração de proteínas (EPÍTOPOS IMUNODOMINANTES)


relevantes.

5. TERCEIRA GERAÇÃO
d O ensaio de terceira geração tem o formato “SANDUÍCHE”.
d Utiliza antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos tanto na fase sólida
quanto sob a forma de conjugado.
d Esse formato permite a DETECÇÃO SIMULTÂNEA de anticorpos anti-HIV IgM e IgG.
d Há aumento da ESPECIFICIDADE, pois o conjugado (antígenos) liga-se apenas à
valência livre do anticorpo que está no complexo imune.
d A janela de soroconversão é de 22 a 25 dias.

Figura 37 - Ensaio imunoenzimático imunométrico de terceira geração76.

6. QUARTA GERAÇÃO
d O ensaio de quarta geração detecta SIMULTANEAMENTE o antígeno p24 e
anticorpos específicos anti-HIV.
d Detecta todas as classes de imunoglobulinas contra proteínas recombinantes ou
peptídeos sintéticos derivados das glicoproteínas gp41 e gp120/160.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 92

Figura 38 - Ensaio imunoenzimático imunométrico de quarta geração76.

7. TESTES RÁPIDOS (TR)


d Os Testes Rápidos (TR) são imunoensaios (IE) simples, que podem ser realizados
em ATÉ 30 MINUTOS.
d AMPLIAM O ACESSO ao diagnóstico.
d FORMATOS: dispositivos (ou tiras) de Imunocromatografia (ou fluxo lateral),
Imunocromatografia de dupla migração (DPP), dispositivos de imunoconcentração
e fase sólida.
d São primariamente recomendados para TESTAGENS PRESENCIAIS.
d AMOSTRAS: fluido oral, soro, plasma ou sangue total (o que permite o uso de
amostras obtidas por punção digital).

8. TESTES CONFIRMATÓRIOS
Estão incluídos nessa categoria:
d Western blot (WB).
d Imunoblot (IB).
d Imunoensaios em linha (LIA, do inglês Line Immuno Assay), incluindo o Imunoblot
Rápido (IBR).
d Imunofluorescência indireta (IFI).
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 93

O diagnóstico sorológico da infecção é realizado com pelo menos dois testes, um


para triagem e um segundo, mais específico, para confirmar o resultado da triagem.
A combinação mais utilizada, habitualmente denominada de padrão-ouro, é realiza-
da por meio de um IE de triagem seguido pelo Western blot (WB), como teste confirmató-
rio. O IBR é o imunoensaio que mais tem sido aplicado na prática laboratorial, das redes
públicas.

9. ESTRATÉGIAS PARA IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DA INFECÇÃO


PELO HIV EM CRIANÇAS MENORES DE 18 MESES
A passagem transplacentária de anticorpos maternos do tipo IgG anti-HIV, principal-
mente no terceiro trimestre de gestação, interfere no diagnóstico sorológico da infecção
vertical.
Os anticorpos maternos podem persistir até os 18 meses de idade.
1) Realização da Carga Viral.
2) Quatro semanas de vida.
3) Seis semanas, se a criança tiver recebido profilaxia antirretroviral.
4) A qualquer momento em recém-nascidos sintomáticos.
5) Imediatamente em crianças em amamentação.
Caso a Carga Viral tenha um resultado detectável, esta deve ser repetida com nova
amostra assim que possível.
Se a segunda Carga Viral também for detectável, considera-se a criança como infec-
tada pelo HIV.
Em raras situações, crianças não infectadas pelo HIV podem apresentar anticorpos
maternos residuais até 24 meses de vida (sororevertores tardios).
Nessas situações, deve-se repetir a sorologia até a obtenção de resultado não rea-
gente.
Deve-se ter cuidado ao resultado falso-positivo!
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 94

DIAGNOSTICO DE ARBOVIROSES
O QUE SÃO ARBOVIROSES?
Arbovírus (Arthropod-borne vírus = transmitidos por artrópodes) são assim designa-
dos pelo fato de parte de seu ciclo de replicação ocorrer nos insetos, podendo ser transmi-
tidos aos seres humanos e outros animais pela picada de artrópodes hematófagos.
Estes vírus tendem a ter uma distribuição geográfica e climática restrita, como par-
te de um subsistema ecológico especial representado pelos vírus, vetores, hospedeiros
amplificadores e reservatórios, sendo que o único continente onde estes vírus não são
endêmicos, é a Antártica.
Os arbovírus que causam doenças em humanos e outros animais de sangue quente
são membros de cinco famílias virais:
d Bunyaviridae
d Togaviridae
d Flaviviridae
d Reoviridae
d Rhabdoviridae
No contexto epidemiológico brasileiro, os arbovírus de maior circulação são DENV,
CHIKV e ZIKV, embora existam outros com potencial de disseminação no País, sendo que
no mundo existem mais de 545 espécies, onde em torno de 150 destas, causam doenças
em seres humanos.
As arboviroses têm se tornado importantes e constantes ameaças em regiões tro-
picais devido às rápidas mudanças climáticas, desmatamentos, migração populacional,
ocupação desordenada de áreas urbanas, precariedade das condições sanitárias que fa-
vorecem a amplificação e transmissão viral.
As MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS de infecção por arbovírus podem variar desde a do-
ença febril leve e indiferenciada, a síndromes febris moderadas e graves, além de mani-
festações neurológicas, articulares, dermatológicas (erupções cutâneas) e hemorrágicas.

1. DENGUE
A dengue é uma das doenças infecciosas mais frequentes no Brasil e um dos prin-
cipais problemas de saúde pública no mundo, principalmente em regiões tropicais e sub-
tropicais. Apresenta quadro clínico de início repentino e amplo, variando desde formas
oligossintomáticas (infecção inaparente) e sintomáticas (dengue clássica) até quadros
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 95

graves com hemorragias (febre hemorrágica da dengue - FHD) e choque (síndrome do


choque da dengue - SCD).

1.1. MODO DE TRANSMISSÃO

Faz-se pela picada do Aedes aegypti, no ciclo homem - Aedes aegypti - homem.
Após um repasto de sangue infectado, o mosquito fica apto a transmitir o vírus, depois de
8 a 12 dias de incubação.
Vírus pertencente da Família Flaviviridae, com genoma RNA. O vírus Dengue (DENV)
é representado por quatro sorotipos, a saber, DENV-1 a DENV-4 sendo que no Brasil, os
sorotipos mais prevalentes são o DEN-1 e DEN-2. Já a sua transmissão é feita pelo mos-
quito Aedes aegypti.
A TRANSMISSÃO MECÂNICA também é possível, quando o repasto é interrompido e
o mosquito, imediatamente, se alimenta num hospedeiro suscetível próximo.
Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções com uma
pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento. Como em geral, o Aedes aegypti utiliza
recipientes artificiais para proliferação vetorial, acaba tornando essa espécie predominan-
temente urbana.
Os SINAIS E SINTOMAS incluem febre, dor retro-orbital, dor de cabeça intensa, mial-
gia, artralgia e manifestações hemorrágicas menores, como petéquias, epistaxe e sangra-
mento gengival.

1.2. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

1.2.1. EXAMES ESPECÍFICOS

d Isolamento do vírus: (NS1=antígeno não-estrutural 1, por ELISA) ou detecção do


RNA por biologia molecular ou imuno-histoquímica (soro/tecido). Viremia de 6 dias.
ATENÇÃO! Deve ser realizada de preferência no terceiro ou quarto dia do ínicio dos
sintomas. Após o término dos sintomas não se deve coletar sangue para isolamento viral;
assim, a amostra deve ser coletada até o 5° dia após o início dos sintomas.
d Sorologia: emprego de métodos sorológicos - demonstração da presença de
anticorpos da classe IgM em única amostra de soro (por ELISA de Captura de IgM)
ou aumento do título de anticorpos IgG (por ELISA indireto), em amostras pareadas
(conversão sorológica). Não diferencia, no entanto, os sorotipos. Há também os
testes rápidos (por imunocromatografia).
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 96

1.2.2. EXAMES INESPECÍFICOS

1.2.2.1. Dengue clássica

d Hemograma: a leucopenia é um achado usual e pode estar presente linfocitose


com linfócitos reativos.
d Febre Hemorrágica da Dengue - FHD:
y Hemograma: a contagem de leucócitos é variável, podendo ocorrer desde
leucopenia até leucocitose leve. Destacam-se a concentração de hematócrito e a
trombocitopenia.
y Coagulograma: aumento nos tempos de protrombina, tromboplastina parcial
e trombina.
y Bioquímica: diminuição da albumina no sangue, albuminúria e discreto
aumento dos testes de função hepática.

2. CHIKUNGUNYA
A Chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV).
A viremia persiste por até dez dias após o surgimento das manifestações clínicas,
mas o quadro agudo em si, dura 15 dias e cura espontaneamente.
d Família Togaviridae
d Gênero Alphavirus
A TRANSMISSÃO se dá através da picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e
Aedes albopictus infectadas pelo CHIKV.
Transmissão vertical: A transmissão da mulher grávida para o feto só acontece
quando a mãe fica doente nos últimos 7 dias (última semana) de gravidez. Neste caso,
a criança mesmo que nasça saudável, deve permanecer internada por uma semana para
observação e tratamento imediato se desenvolver a doença que, nestes casos, apresenta
quadros graves com manifestações neurológicas e na pele. Também existe transmissão
por transfusão sanguínea.
Os SINAIS E SINTOMAS são clinicamente parecidos aos da dengue – febre de início
agudo, dores articulares e musculares, cefaleia, náusea, fadiga e exantema.
A maioria dos indivíduos infectados pelo CHIKV desenvolve sintomas, alguns estu-
dos mostram que até 70% apresentam infecção sintomática. Normalmente, os sintomas
aparecem de dois a 12 dias da picada do mosquito. Crianças, idosos e portadores de do-
enças crônicas têm sintomas mais proeminentes.
A principal manifestação clínica que a difere são as fortes dores nas articulações
(artralgia e mialgia), que muitas vezes podem estar acompanhadas de edema.
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O acometimento neurológico (encefalite, mielite, Guillain-Barré, etc) e oftalmológico


são mais raros.
O PERÍODO DE INCUBAÇÃO intrínseco, que ocorre no ser humano, é em média de 3 a
7 dias (podendo variar de 1 a 12 dias).
1) A fase aguda ou febril da doença é caracterizada principalmente por febre de
início súbito e surgimento de intensa poliartralgia.
2) Durante a fase subaguda a febre normalmente desaparece, podendo haver
persistência ou agravamento da artralgia, incluindo poliartrite distal. O
comprometimento articular costuma ser acompanhado por edema de
intensidade variável.
3) Fase crônica: após a fase subaguda, alguns pacientes poderão ter persistência
dos sintomas, principalmente dor articular e musculoesquelética. As
manifestações têm comportamento flutuante. No entanto, depois de infectada,
a pessoa desenvolve imunidade duradoura e protetora contra novas infecções.
Figura 39 - Espectro clínico Chikungunya.

Casos
Assintomáticos
Formas
Infecção Típicas

Casos
Sintomáticos
Fase Fase Fase
Aguda Subaguda Crônica

Formas Casos
Atípicas Graves

2.1. ALTERAÇÕES LABORATORIAIS

Durante a fase aguda, são inespecíficas.


d Leucopenia com linfopenia menor que 1.000 cels/mm3 é a observação mais
frequente.
d A trombocitopenia inferior a 100.000 cels/mm3 é rara.
d A velocidade de hemossedimentação e a Proteína C-Reativa encontram-se
geralmente elevadas.
d Elevação discreta das enzimas hepáticas, da creatinina e da creatinofosfoquinase
(CPK).
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 98

O HEMOGRAMA deve ser solicitado obrigatoriamente para os pacientes do grupo de


risco, E COM BIOQUÍMICA como transaminases, creatinina e eletrólitos. NA AUSÊNCIA
dessas condições, a solicitação fica a critério médico.

Figura 40 - Exames para pacientes com suspeita de chikungunya77.

Exames: Exames:

1- Específicos: Conforme a orienta- 1- Específicos: Conforme a orienta-


ção da Vigilância Epidemiológica ção da Vigilância Epidemiológica

(Isolamento viral, PCR ou sorologia) (Isolamento viral, PCR ou sorologia)

2- Inespecífico: Hemograma com conta- 2- Inespecífico: Hemograma com contagem de


gem de plaquetas a critério médico. plaquetas (auxiliar diagnóstico diferencial).

1. Específicos: Conforme a orientação da Vigilância Epi-


demiológica (Isolamento viral, PCR ou sorologia).

2. Inespecífico: Hemograma com contagem de plaquetas


(auxiliar diagnóstico diferencial).

3. Bioquímica: função hepática, transaminases, função


renal e eletrólitos.

3. ZIKA
O PRIMEIRO ISOLAMENTO do vírus Zika ocorreu em 1947. O vírus Zika (ZIKV) é um
arbovírus pertencente ao sorocomplexo Spondweni.
O GENOMA do vírus é RNA, de fita simples, polaridade positiva. Tem TRÊS COMPO-
NENTES ESTRUTURAIS (capsídeo [C], premembrana [prM] ou membrana [M] e envoltura
[E]).
d Gênero Flavivirus
d Família Flaviviridae
Estudos mostram que o PERÍODO DE INCUBAÇÃO em mosquitos é cerca de 10 dias e
no homem de 3 a 6 dias. Sintomas duram entre 2-7 dias, sendo que a doença geralmente
é benigna. Artralgia, no entanto, pode durar 1 mês.

3.1. MODO DE TRANSMISSÃO

3.1.1. Vetorial

O vírus Zika é usualmente transmitido ao homem pela picada de mosquitos do gê-


nero Aedes.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 99

3.1.2. Transmissão perinatal

Há evidências de que a mãe infectada com o vírus Zika nos últimos dias de gravi-
dez pode transmitir o vírus ao recém-nascido durante o parto. É possível detectar o vírus
no soro de recém-nascidos utilizando a técnica de reação EM CADEIA da polimerase via
transcriptase reversa (RT-PCR).
No caso do feto ser infectado durante a gestação, este pode desenvolver lesões cere-
brais irreversíveis e ter comprometida, definitivamente, toda a sua estrutura em formação.
As doenças neurológicas, especialmente nas crianças com a doença congênita (infecta-
dos no útero materno), têm sequelas de intensidade variável, conforme cada caso.
O comprometimento nesses casos é tão importante que ALGUMAS crianças, ao nas-
cerem, têm microcefalia, uma deformação dos ossos da cabeça, sinal do não crescimento
adequado do encéfalo (cérebro).
Não há evidências de transmissão do vírus Zika por meio do leite MATERNO, assim
como por urina e saliva.

3.1.3. Transmissão sexual

Foy et al. (2011) mencionaram evidências clínicas e sorológicas de TRANSMISSÃO


do vírus Zika por contato direto pessoa-pessoa. O resultado sugere replicação viral no
trato genital e a possibilidade de transmissão pela via sexual.
Acerca do TROPISMO, os flavivírus replicam-se inicialmente nas células dendríticas
e citoplasma dos fibroblastos e queratinócitos da epiderme e derme, dispersando-se pos-
teriormente para os nodos linfáticos e a corrente sanguínea.

4. QUADRO CLÍNICO
A zika é uma doença febril autolimitada. Os sintomas comuns da infecção pelo vírus
incluem:
d febre baixa (entre 37,8ºC e 38,5ºC);
d conjuntivite não purulenta;
d dor de cabeça;
d artralgia normalmente em mãos e pés;
d fatiga ou mialgia;
d rash MACULOPAPULAR.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 100

5. EXAMES LABORATORIAIS
Alterações INESPECÍFICAS:
d Leucopenia.
d Trombocitopenia.
d Ligeira elevação da desidrogenase láctica sérica.
d Elevação de marcadores de atividade inflamatória (proteína C reativa, fibrinogênio
e ferritina).
O período virêmico não foi estabelecido, mas se acredita que a detecção direta do
vírus é até 4-7 dias após o início dos sintomas.
Diagnóstico laboratorial ESPECÍFICO:
d Detecção de RNA viral.
d Sorologia para detecção de anticorpos IgM contra o vírus Zika, usando os testes
de ELISA e de Imunofluorescência (a partir do 5º dia após o início dos sintomas).
d Teste de Redução por Neutralização de Placas (PRNT) – oferece maior
especificidade para detecção de anticorpos neutralizantes IgG.
d Detecção do ácido nucleico viral – através da técnica da reação em cadeia da
polimerase (RT-PCR), em amostras de sangue, soro, plasma ou tecidos fixados em
formalina-parafina, colhidas nos primeiros cinco dias de início dos sintomas.

6. FEBRE AMARELA
A febre amarela é uma doença infecciosa não contagiosa, sendo endêmica nas áreas
de florestas tropicais da América do Sul e África, podendo ocorrer sob a forma de surtos e
epidemias.
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda transmitida por vetores artró-
podes.
d Gênero Flavivírus
d Família Flaviviridae
O PERÍODO DE INCUBAÇÃO (tempo entre a infecção pela picada do mosquito e o
aparecimento de quadro clínico) médio varia entre 3 e 6 dias, podendo ser de até 10 a 15
dias.
O ESPECTRO CLÍNICO pode variar de uma doença infecciosa viral aguda de curta
duração cuja gravidade varia, podendo ocorrer sob formas oligossintomáticas, até formas
fulminantes, em que os sintomas clássicos de icterícia, albuminúria e hemorragias estão
presentes. Mas também apresenta infecções assintomáticas ou subclínicas que, junto
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 101

com as formas leves da doença, somente são surpreendidas pelos exames laboratoriais
específicos.
d O sinal de Faget (bradicardia acompanhando febre alta) pode ou não estar presente.

Náuseas
Mialgia
QUADRO
Cefaleia intensa e duradoura
CLÍNICO
Inapetência
Surgimento súbito de febre alta, geralmente contínua

6.1. EXAMES LABORATORIAIS INESPECÍFICOS

Podem apresentar alterações e auxiliam na identificação de formas mais graves e no


manejo clínico.
As FORMAS LEVES E MODERADAS apresentam quadro clínico autolimitado, não há
alterações laboratoriais importantes, salvo por:
d Leucopenia;
d Discreta elevação das transaminases (nunca superior a duas vezes os valores
normais encontrados);
d Discreta albuminúria;
Nas FORMAS GRAVES CLÁSSICAS OU FULMINANTES podem ser encontradas:
d Leucopenia com neutrofilia e intenso desvio à esquerda.
d Trombocitopenia.
d Aumento dos tempos de protrombina, tromboplastina parcial e coagulação.
d Diminuição dos fatores de coagulação sintetizados pelo fígado (II, V, VII, IX E X).
d Aumento de transaminases (em geral acima de 1.000 UI), bilirrubinas, ureia e
creatinina.
d Na ANÁLISE URINÁRIA observa-se bilirrubinúria, hematúria, proteinúria acentuada,
com valores acima de 500 mg/100 mL de urina.

6.2. DIAGNÓSTICO ESPECÍFICO

d Forma direta: detecção do vírus em amostras clínicas (sangue e/ou tecidos).


d Forma indireta: detecção de anticorpos.
d Para isolamento do vírus: reação em cadeia de polimerase (PCR),
imunofluorescência e imunohistoquímica.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 102

d Sorologia: ensaio imunoenzimático para captura de anticorpos IgM (Mac-Elisa);

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
As formas leves e moderadas se confundem com outras viroses, por isso
são de difícil diagnóstico, necessitando-se da história epidemiológica.
As formas graves clássicas ou fulminantes devem ser diferenciadas das
hepatites graves fulminantes, leptospirose, malária por Plasmodium
falciparum, febre hemorrágica da dengue e septicemias.

PAINEL TORCHS -
TOXOPLASMOSE E HERPES
1. INFECÇÕES CONGÊNITAS ADQUIRIDAS PELO FETO
Entende-se por infecção congênita aquela adquirida pelo feto, no período intraútero.
A transmissão se dá mais comumente por via hematogênica transplacentária, após a mãe
ser infectada, ou, mais raramente, por via ascendente, diretamente através do colo do úte-
ro, durante a gestação.
Incluem as doenças causadas por vírus (Citomegalovírus, rubéola, herpes simplex,
hepatite B, HIV, varicela-zoster, enterovírus, vírus Epsten-barr), protozoários (Toxoplasma
gondii, Plasmodium sp, Tripanosoma cruzzi) e espiroquetas (Treponema pallidum). Po-
rém, as principais investigadas na rotina constituem o que se chama de PAINEL TORCHS.

A maioria das infecções é congênitas assintomática

Tanto para a mãe quanto para o feto

Quando a transmissão vertical resulta em doença, pode gerar consequências


devastadoras para a saúde e o desenvolvimento da criança
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 103

2. O QUE É ESTE PAINEL TORCHS?


Trata-se de um “TORCHS”, acrônimo referente ao grupo de infecções congênitas si-
milares clinicamente, causadas por:
d Toxoplasma gondii.
d Outras doenças (estreptococos, gonorreia,etc).
d Rubeolla vírus.
d Citomegalorivus.
d Herpes simplex vírus.
d Sífilis.
As evidências a favor e contra o rastreamento das TORCHS variam muito quando são
consideradas as condições de saúde pública e os dados epidemiológicos da população.

3. TOXOPLASMOSE
A toxoplasmose, transmitida pelo protozoário Toxoplasma gondii, é uma das infec-
ções parasitárias mais comuns em humanos, sendo amplamente distribuída em todo o
mundo.
A transmissão pode ocorrer, muito mais raramente e principalmente em mulheres
portadoras de deficiência imunológica, após reativação da toxoplasmose latente durante
a gestação ou reinfecção.
ATENÇÃO! O risco de ocorrência de infecção congênita aumenta significativamente
conforme a idade gestacional em que a mulher é infectada, sendo estimado em:

Primeiro Trimeste Segundo Trimestre Terceiro Trimestre


17% 25% 65%
Porém, mais grave! Grau leve Assintomática

TRÍADE
Modificação do volume craniano,
calcificações intracerebrais e/
ou convulsões podem ocorrer.

Porém, quando a mãe é tratada, o risco é de 8%, 19% e 44% (1º, 2º e 3º trimestre,
respectivamente). Quando a infecção ocorre no 1º trimestre, resulta em grave lesão fetal
(aborto, natimorto, doença severa com teratogênese) e no final da gestação resulta em
infecção fetal subclínica. A transmissão raramente ocorre durante o parto. Assim, a deter-
minação da idade gestacional em que a gestante foi infectada pode ajudar a estimar tanto
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 104

o risco de infecção fetal quanto o de doença clinicamente aparente na criança. Sendo que,
a manifestação da toxoplasmose na criança, após o nascimento, pode ser percebido me-
ses ou até anos depois.
Nesses casos, as manifestações mais frequentes são coriorretinite (inflamação na
retina) e alterações neurológicas. SEQUELAS tardias são muito frequentes na toxoplas-
mose congênita não tratada. As mais frequentes e mais graves são nos RN que já apre-
sentam sinais ao nascer, com acometimento visual em graus variados, retardo mental,
crises convulsivas, anormalidades motoras e surdez.

3.1. DIAGNÓSTICO

Considerando-se que tanto as gestantes quanto os recém-nascidos infectados são


usualmente assintomáticos, a realização de exames laboratoriais torna-se imprescindível
para investigação e definição diagnóstica.
Quando esses níveis decrescem e tendem a se tornar negativos, representam os an-
ticorpos maternos de transferência passiva.

No soro do recém-nascido, a presença de títulos elevados de


anticorpos IgG, que aumentam ou permanecem positivos em período
de até 18 meses, é indicativo de toxoplasmose congênita.

3.2. DIAGNÓSTICO NA GESTANTE

A investigação de toxoplasmose congênita deve sempre partir da investigação do est


ado sorológico materno.
Deve-se verificar se a gestante já foi infectada e, nesse caso, determinar se a infec-
ção foi adquirida recentemente ou no passado.

3.2.1. DETECÇÃO DE IGG E IGM ANTITOXOPLASMA

Para a detecção e quantificação de anticorpos IgG e IgM Antitoxoplasma no soro os


testes são:
d Imunofluorescência indireta.
d ELISA.
d Teste imunoenzimático de micropartículas (MEIA).
d Quimioluminescência.
y Soro-conversão (exame previamente negativo torna-se positivo)
y Aumento em pelo menos quatro vezes do título
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 105

A comparação dos títulos de IgG obtidos por meio de um mesmo teste laboratorial
em duas amostras consecutivas de sangue, colhidas com pelo menos três semanas de
intervalo, permite o diagnóstico de infecção aguda materna se forem detectados:
Um teste sorológico positivo para IgM durante a gestação não significa necessaria-
mente infecção recente uma vez que resultados de IgM falso-positivos são frequentes.

3.2.2. ÍNDICE DE AVIDEZ DE IGG

Estima o momento em que ocorreu a infecção aguda!


Resultados elevados no índice de avidez (em geral superiores a 60%) indicam que a
infecção aguda ocorreu há mais de três a quatro meses. Indicados quando IgG e IgM são
positivos. E avidez diminuída (≤ 30%) aponta infecção recente (nos últimos 4 meses).
Os anticorpos de classe IgM surgem mais precocemente que a IgG e, em geral, têm
diminuição mais rápida, tornando-se negativos em alguns meses. No entanto, em algu-
mas pessoas, a IgM pode permanecer detectável por anos após a infecção aguda, sendo
considerada como uma IgM residual.
Reação em cadeia da polimerase (PCR) em líquido amniótico (Parasitemia). A am-
plificação do DNA do Toxoplasma gondii no líquido amniótico por meio da PCR tem sido
utilizada para diagnóstico pré-natal de toxoplasmose congênita, com sensibilidade de até
70%, especificidade e valor preditivo positivo de 100%.
Uma outra forma de diagnóstico direto, que evidencie a parasitemia, é o isolamento
do toxoplasma por cultivo em células ou inoculação em cobaias.
Esses valores, no entanto, variam conforme a idade gestacional da coleta, havendo
relatos de maior sensibilidade entre 17 e 21 semanas.

3.2.3. ULTRASSONOGRAFIA OBSTÉTRICA

Este exame é normal na maioria dos casos, mas pode revelar anormalidades fetais ines-
pecíficas que sugiram toxoplasmose congênita, como hidrocefalia, calcificações cerebrais e
hepáticas, hepatoesplenomegalia, ascite, cardiomegalia e anormalidades placentárias.

3.2.4. DIAGNÓSTICO NO RN

É dificultado pela presença de anticorpos de classe IgG maternos transferidos por via
transplacentária durante a gestação.
Em geral, os títulos de testes sorológicos para detecção de IgG no RN são bastante
semelhantes aos títulos maternos no momento do parto. Mas, ocorre uma quadruplica-
ção dos títulos de IgG em 2 amostras com intervalo de 3 semanas, quando há a infecção
congênita.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 106

d IgM positiva em 2 amostras (persiste semanas ou meses) sendo que estes


anticorpos de classe IgM não atravessam a barreira placentária e, portanto, são
indicativos de toxoplasmose congênita quando encontrados no RN, o que significa
que são produzidos pelo próprio RN.
d IgA e IgE positivas (persistem em média por 6 meses).
Ainda assim, os t estes sorológicos para detecção de IgM Antitoxoplasma, que ideal-
mente devem ser confirmados em sangue periférico em torno de dois a cinco dias de vida,
podem detectar no máximo 75% dos RN infectados.
Recomendações para avaliação clínica e laboratorial inicial de RN e lactentes com
suspeita de toxoplasmose congênita:
d Avaliação auditiva
d Avaliação neurológica
d Avaliação oftalmológica (fundoscopia ocular)
d Ultrassonografia transfontanelar ou tomografia computadorizada de crânio (sem
contraste)
d Hemograma completo
d Análise de líquido cefalorraquidiano (bioquímica e celularidade)
d Sorologia para toxoplasmose (IgG e IgM*) da mãe e da criança
d Em crianças sintomáticas: avaliar função hepática e descartar outras infecções
congênitas (sífilis, citomegalovirose, rubéola)

Figura 41 - Medicamentos utilizados para tratamento da toxoplasmose congênita durante o primeiro ano de vida5.

Medicamento* Posologia
Sulfadiazina (comprimi-
100mg/kg/dia divididos em 2 doses diárias durante 1 ano
dos de 500mg)
1mg/Kg/dia em dose diária, durante dois a seis meses, de-
Pirimetamina (comprimi- pendendo da intensidade do acometimento
dos de 25mg) A seguir, 1 mg/Kg três vezes por semana, até completar 1
ano de utilização do medicamento
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 107

Medicamento* Posologia
10mg administrados três vezes por semana
Na ocorrência de neutropenia:
Se < 1000 neutrófilos/mm³, aumentar a dose para 20mg di-
ários;
Ácido folínico (comprimi- Se < 500 neutrófilos/mm³, suspender a pirimetamina até que
dos de 15mg) ocorra recuperação
Manter por mais uma semana após interrupção do uso da
pirimetamina
Atenção: o ácido fólico não deve ser utilizado em substitui-
ção ao ácido folínico
1mg/Kg/dia em duas doses diárias se houver retinocoroidite
em atividade e/ou se proteinorraquia ≥ 100mg/dL
Prednisona ou predniso- Utilizar sempre em associação com sulfadiazina e pirimeta-
lona mina.
Realizar retirada gradual após estabilização do processo in-
flamatório
Neutropenia, anemia (frequentes), trombocitoponia, hiper-
Efeitos adversos bilirrubinemia, reações de hipersensibilidade, intolerância
gastrointestinal, cristalúria, erupção cutânea.

4. HERPES SIMPLES
É uma infecção causada pelo vírus Herpes Simples (HSV). Existem 2 tipos: HSV 1 e
HSV 2, geralmente responsáveis por infecção labial e genital, respectivamente. Em cerca
de 80% dos casos, a infecção neonatal é causada pelo HSV 2 e 15 a 20% pelo HSV 1. A
transmissão congênita pode ocorrer de infecção materna primária (33-50%) e infecção re-
corrente (0-5%). Ocorre transmissão intrauterina, intraparto (mais frequente) e pós-natal.
Classicamente, a transmissão do vírus Herpes simplex (VHS) ocorre da seguinte maneira:
d Herpes oral é atribuído ao vírus Herpes simplex tipo 1, resultando a infecção do
contato com lesões orais ou secreções infectadas
d Herpes genital é atribuído ao vírus Herpes simplex tipo 2, resultando a infecção do
contacto com lesões genitais ou secreções vaginais infectadas.
d Via de parto O parto cesáreo é indicado para pacientes com manifestações clínicas
e ativas no momento do parto.
Autores recomendam a realização da cesárea se a infecção primária ocorreu nas
últimas quatro a seis semanas de gestação, devido à replicação viral e produção de anti-
corpos insuficiente para proteção do recém-nascido.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 108

Para o recém-nascido a situação mais GRAVE ocorre quando a mãe adquire a primei-
ra infecção genital pouco tempo antes do parto.
As MANIFESTAÇÕES podem ser mucocutâneas, neurológicas ou disseminadas.
Quanto ao quadro clínico, pode ser (Ocorre no nascimento ou após 2 a 6 semanas):
d Infecção localizada (40%) - (pele, olhos e boca): as lesões de pele variam de
vesículas até grandes bolhas nos locais de pequenos traumas, mucosa oral e oculares.
d Infecção localizada no Sistema Nervoso Central (35%): com manifestações de
encefalite (convulsão, letargia, irritabilidade, tremores, abaulamento da fontanela e
instabilidade térmica) com ou sem lesão de pele, mucosa oral e olhos.
d Infecção disseminada (25%): infecção envolvendo vários órgãos (fígado, pulmão,
Sistema Nervoso Central, coração, Trato Gastro Intestinal e rins), febre, icterícia
colestática, hepatite, rash ou púrpura, sangramento, colapso cardiovascular, apnéia,
taquidispnéia e comprometimento do Sistema Nervoso Central.
d Infecção intrauterina: rara e os casos mostram microcefalia, lesões de pele com
vesículas e cicatrizes, coriorretinite, microftalmia, hidroanencefalia e muitas resultam
em aborto ou natimorto.

4.1. TRATAMENTO

• Toda gestante ou parturiente deve ser investigada


Doença prévia
• Deve-se verificar lesões ativas
• Culturas;
Gestantes com
• Testes moleculares ou pesquisa de antígeno;
diagnóstico do pri-
• Objetivo: identificar replicação viral para contribuir na decisão
meiro episódio no
sobre a via de parto;
primeiro trimestre
• Sorologia para HSV 1 e 2.
• Reação em cadeia polimerase (PCR);
Recém-nascido • Cultura viral;
• Observação por sete a 14 dias.

A escolha do tratamento do recém-nascido pós-exposição vai depender da via de


parto e quadro clínico materno. No caso do recém-nascido ser portador de lesões de pele
ou com a forma disseminada ou ter sido exposto a lesões durante o parto incluindo ce-
sareana (independente do tempo de ruptura de membranas), é indicado o isolamento de
contato.

4.1.1. ACICLOVIR PARENTERAL TERAPIA DE SUPORTE

Hidratação adequada, alimentação, suporte respiratório, correção das anormalida-


des de coagulação e controle das convulsões.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 109

PAINEL TORCHS – CITOMEGALOVÍRUS


1. CITOMEGALOVÍRUS (CMV)
Pertencente à família Herpesviridae.
A infecção e doença pelo CMV são mais comuns em pacientes sem exposição prévia
ao vírus que receberam órgãos de doadores com infecção latente.
Ocorre também em receptores com exposição prévia que tenham recebido intensa
terapia imunossupressora, especialmente as que empregam anticorpos depletores de lin-
fócitos T, como a imunoglobulina ant it imócito.
Quanto às características principais, tem-se que:
1) Causa uma infecção crônica ou latente por toda a vida do hospedeiro.
2) É a mais frequente das infecções congênitas e também em transplantes.
3) Em indivíduos imunocompetentes: é assintomática em sua maioria.
4) Em imunocomprometidos: o CMV assume alta virulência, resultando em
doenças graves, como: Pneumonite, retinite, hepatite, meningoencefalite e
doença gastrointestinal.
A infecção pelo citomegalovírus (CMV) pode ocorrer antes, durante ou após o nasci-
mento.
De acordo com o momento da ocorrência:
Congênita ou intrauterina
Perinatal
d A infecção intraparto a que ocorre pela exposição à secreção cervical no canal de
parto;
d A pós-natal precoce a que se dá por meio do leite materno ou transfusão de sangue
de doadores soropositivos para o CMV.
A diferenciação entre infecção congênita e perinatal tem importância do ponto de
vista de prognóstico e de seguimento das crianças em longo prazo, pois quando se dá
na vida intrauterina, a patogenicidade do CMV pode causar grandes danos, sendo causa
importante de surdez e déficit neurológico na infância. Já quando a transmissão se dá por
via perinatal, a infecção é, em geral, subclínica, de expressão benigna.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 110

1.1. DIAGNÓSTICO
Técnicas laboratoriais utilizadas para pesquisa de infecção pelo CMV

Detecção do DNA vi- Testes sorológicos.


Isolamento viral em cultu-
ral pela reação em ca- - IgM anti-CMV.
ra de fibroblastos humanos
deia da polimerase (PCR) - IgG anti-CMV

Método padrão ouro

Permite visualização do
efeito citopático viral

As elevadas concentrações virais na urina e saliva de RN com infecção congênita por


CMV possibilitam que os resultados do isolamento viral sejam positivos em cinco a sete
dias à sensibilidade e especificidade semelhantes às do isolamento viral.
d Como o CMV é um vírus de replicação lenta, um resultado negativo somente pode
ser confirmado, após observação das culturas celulares, após período de um mês.
d O emprego dos anticorpos monoclonais contra antígenos precoces do CMV
permite a confirmação da detecção do vírus em culturas celulares em até 48 a 72
horas.
d A PCR apresenta algumas vantagens sobre o isolamento viral, como a rapidez da
obtenção do resultado (em menos de 24 horas) e a possibilidade de congelamento e
armazenamento das amostras a serem testadas.
ATENÇÃO! Embora os testes sorológicos disponíveis comercialmente sejam os exa-
mes mais comumente solicitados, eles têm papel limitado no diagnóstico da infecção
congênita por CMV, pela baixa sensibilidade e especificidade quando comparados ao iso-
lamento viral.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 111

2. INFECÇÃO CONGÊNITA
Petéquias
Restrição do crescimento
Microcefalia
Sinais Clínicos Icterícia associada à colestase
Hepatoesplenomegalia
Trombocitopenia
Perda auditiva neurossensorial

RN sintomáticos ao nascer usualmente apresentam mau prognóstico. Cerca de 90%


podem evoluir com sequelas neurológicas e 50 a 70% com surdez neurossensorial bilate-
ral e profunda.

3. INFECÇÃO PERINATAL
Após o estabelecimento de medidas de inativação do CMV com relação à transfusão
de hemoderivados, o aleitamento materno vem sendo apontado como a via mais impor-
tante de infecção por esse vírus.
A infecção perinatal é assintomática na grande maioria dos RN a termo.
Avaliação clínica e com exames complementares para determinar o grau do compro-
metimento do recém-nascido:
No entanto, o vírus pode ser inativado pela pasteurização do leite humano, e a carga
viral, reduzida pelo congelamento a -20 ºC.

Figura 42 - Avaliação clínica e exames complementares para crianças com infecção congênita pelo CMV5.

Critérios de inclusão para tratamento:


• RN sintomáticos com evidências de envolvimento do SNC incluindo calcificações in-
tracranianas, microcefalia, atrofia cortical, surdez neurossensorial, líquor anormal e
coriorretinite;
• RN com quadro de síndrome sepsis-like-viral, pneumonite intersticial por CMV, exclu-
ídas outras etiologias;
• Idade inferior a 1 mês na ocasião do diagnóstico.
Administração da droga:
• Ganciclovir, na dose de 8 a 12mg/Kg/dia, de 12/12 horas, rediluído em soro fisiológico
0,9% ou soro glicosado a 5%, não ultrapassado 10mg/mL, em infusão endovenosa len-
ta por 1 hora, durantes seis semanas
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 112

Contraindicações do uso da droga ou modificações da dose quando já estiver em uso:


• Neutropenia (<500 células/mm³) e plaquetopenia (<50.000/mm³): redução da dose
para 4 a 6 mg/Kg/dia;
• Creatinina sérica >2,0mg/dL;
• Se essas alterações persistirem por mais de uma semana ou piorarem, a droga deverá
ser suspensa até a normalização dos parâmetros laboratorias.
Controle laboratorial durante o tratamento:
• Hemograma completo com plaquetas, ureia e creatinina, TGO (AST), bilirrubina total e
frações, nos dias 3, 5, 7, 10, 14, 17, 21, 28, 35, 42 e 49 de tratamento;
• Monitorização da virúria: coleta de urina para isolamento viral e PCR nas semanas 1,
2, 4, 6, 8, 10 e 12;
• Líquor antes do início do tratamento e, se alterado, repetir no dia 42.

4. TRATAMENTO
Figura 43 - Esquema de tratamento para citomegalovirose congênita5.

Avaliação clínica
• Peso, comprimento e perímetro cefálico;
• Hepatimetria e tamanho do baço;
• Fundoscopia ocular ao nascimento e com 12 e 60 meses
Avaliação auditiva
• Otoemissões acústicas
• Potencial evocado da audição (BERA) ao nascimento, com 3, 6, 12, 18, 24, 30 e 36 me-
ses. A partir dessa idade, audiometria infantil condicionada a cada 6 meses até 6 anos
de idade.
Exames de imagem do SNC
• Tomografia computadorizada de crânio ao nascimento e, se alterada, repetir de acordo
com a necessidade clínica.
Exames complementares
• Hemograma completo com contagem de plaquetas;
• Bilirrubina total e frações;
• Transaminases séricas;
• Exame liquórico: celularidade, proteinorraquia, glicorraquia e pesquisa do DNA do CMV.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 113

FARMÁCIA – PAINEL TORCHS - RUBÉOLA


1. RUBÉOLA
A rubéola é uma doença exantemática aguda, de etiologia viral, que apresenta alta
contagiosidade. A rubéola pós-natal geralmente tem apresentação benigna, muitas vezes
é subclínica e tem baixa letalidade.
A importância epidemiológica está representada pela possibilidade de ocorrência da
síndrome da rubéola congênita (SRC) que atinge o feto ou o recém-nascido cujas mães se
infectaram durante a gestação. A infecção na gravidez acarreta inúmeras complicações
para a mãe (aborto, natimorto) e malformações congênitas na criança (surdez, problemas
cardíacos, lesões oculares e outras).

2.SINTOMATOLOGIA
d Exantema maculopapular puntiforme difuso
d Febre baixa
d Linfoadenopatia retroauricular, cervical e occipital

Deficiência
auditiva

Cardiopatia
Cardiopatia
congênita

2.1. TRÍADE DE SEQUELAS

À medida que o contágio atinja fetos com idade gestacional mais avançada, o risco
de anomalias nestes, diminui consideravelmente. Entretanto, ainda podem existir lesões
inflamatórias e degenerativas no feto, especialmente no sistema nervoso central e vísce-
ras, como coração, fígado e pulmões. No entanto, as crianças infectadas geralmente são
assintomáticas ao nascimento mas irão manifestar comprometimento de um ou múltiplos
órgãos no decorrer da evolução.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 114

As manifestações clínicas podem ser:


d Transitórias: hepatoesplenomegalia, hepatite, icterícia, anemia hemolítica, púrpura
trombocitopênica, adenopatia, meningoencefalite, miocardite, meningoencefalite e
osteopatia de ossos longos.
d Permanentes: deficiência auditiva, cardiopatia congênita, catarata, glaucoma,
microftalmia, retinopatia pigmentar.
d Tardias: retardo mental, diabetes mellitus.

3. TRANSMISSÃO
A rubéola pós-natal é transmitida, principalmente, por contato direto com indivíduos
infectados pelas gotículas de secreções nasofaríngeas, sangue e urina.
A rubéola é transmitida, por via transplacentária, da mãe para o feto, durante os perí-
odos de viremia. Essa transmissão sofre a influência direta da idade gestacional na época
da infecção primaria materna. A taxa de transmissão materno-fetal é de 90% nas primei-
ras 12 semanas de gestação, havendo um declínio entre 12 a 28 semanas de idade gesta-
cional e aumentando novamente no final do 3° trimestre da gravidez, quando pode atingir
até 100% dos fetos.
No caso do recém-nascido ter sido infectado, esta criança com rubéola congênita
pode eliminar o vírus pela urina e secreções nasofaríngeas, funcionando como um reser-
vatório, sendo, portanto, potente fonte de transmissão.
d Período de incubação
y 12 a 23 dias, durando em média 17 dias.
d Período de Transmissão
y O indivíduo infectado pode transmitir a doença cerca de 5 dias antes até 5 a
7 dias após o aparecimento da exantema.
ATENÇÃO! NÃO OCORRE TRANSMISSÃO QUANDO A DOENÇA OCORREU ANTES DA
GRAVIDEZ. E, crianças com rubéola congênita podem eliminar o vírus por período superior
a 1 ano. A transmissão é maior nos primeiros meses de vida. Até os três meses de idade
todas devem ser consideradas contagiantes.

4. DIAGNÓSTICO
Além da suspeita clínica e epidemiológica, o diagnóstico da rubéola congênita é, so-
bretudo laboratorial. Como o diagnóstico diferencial com outras doenças exantemáticas
é difícil, os exames laboratoriais destacam-se pela importância para a confirmação diag-
nóstica, além de ser essencial, pois a maioria dos casos é totalmente assintomática.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 115

O DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL deve ser feito com outras doenças febris


exantemáticas como sarampo, escarlatina, dengue, exantema súbito (crianças
até 2 anos), eritema infeccioso, enteroviroses (coxsackie e echo) e, também,
com outras doenças que podem causar síndromes congênitas, como
mononucleose infecciosa, toxoplasmose e infecção por citomegalovírus.

4.1. Diagnóstico Intrauterino

d Coleta de vilosidade coriônica, amniocentese e cordocentese.


d Técnicas de detecção do vírus: cultura, imuno-histoquímica e biologia molecular
(RNA).
d Sorologia: a presença de IgM é quase sempre detectada somente após a 22ª-24ª
semanas. A IgG materna atravessa a placenta por volta da 17ª semana, atingindo
níveis maiores na 38ª.

4.2. Diagnóstico no recém-nascido

d Isolamento do vírus (cultura e RT-PCR), IgG persistente por mais de 6 meses a 1


ano confirma a rubéola congênita.
d IgM é detectada após 3 meses de vida, declinando após 12 meses, sendo raramente
detectados aos 18 meses.
Os exames laboratoriais - sorologia e/ou isolamento viral e Reação em Cadeia da
Polimerase (PCR) - são imprescindíveis para o estabelecimento do diagnóstico.
IgM
O diagnóstico dos casos de rubéola é realizado mediante o ISOLAMENTO VIRAL PO-
SITIVO, a detecção de anticorpos IgM no sangue, na fase aguda da doença, desde os pri-
meiros dias até 4 semanas após o aparecimento do exantema.
Da mesma maneira a confirmação laboratorial se faz pela observação de aumento
nos títulos de anticorpos específicos da classe IgG na fase de convalescência em relação
a fase aguda.
Para detecção de anticorpos podem ser utilizadas as seguintes técnicas:
d Ensaio imunoenzimático (EIE/ELISA) para dosagem de IgM e IgG
d Inibição de hemaglutinação (HI) para detecção de anticorpos totais
d Imunofluorescência para detecção de IgM e IgG
d Neutralização em placas
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 116

d Todos os testes têm sensibilidade e especificidade entre 85 a 98%.


d O teste de ELISA é considerado mais sensível e específico do que o teste de
imunofluorescência indireta.
d Para testes de anticorpos IgG, precisa-se de duas amostras de soro: a primeira na
fase aguda da doença e a segunda na fase convalescente.
A rubéola é uma doença viral que possui apenas tratamento paliativo. Assim sua pre-
venção e profilaxia são extremamente importantes. Atualmente todos os casos suspeitos
devem ser imediatamente notificados. Define-se por caso suspeito todo o indivíduo que
apresente febre e exantema maculopapular com linfoadenopatia retroauricular, occiptal e
cervical, independentemente da idade e situação vacinal.
Devido ao fato da vacina ser constituída por vírus vivos, existe a preocupação com a
possibilidade teórica de SRC após a administração inadvertida durante a gravidez. Desta
maneira, recomenda-se que mulheres que receberam a vacina evitem a concepção por
um período de até um mês após a dose vacinal. As mulheres que estiverem grávidas ou
engravidarem logo após (até 30 dias) tomarem a vacina inadvertidamente devem ser cri-
teriosamente acompanhadas por médico.

FARMÁCIA – EPSTEIN BARR (EBV)


1. EPSTEIN BARR
O vírus Epstein-Barr (EBV) – designado, formalmente, como herpes vírus 4 (HHV-4) −
é membro da família Herpesviridae. O EBV não é eliminado do organismo – mantendo-se
latente, com incubação de 30-45 dias. Existem dois sorotipos de vírus – o EBV-1 e o EBV-
26 –, os quais se diferenciam apenas em alguns alelos (< 1%), sendo que o EBV-1 é o mais
comum e de distribuição mundial, sendo o homem o único reservatório do EBV.

Figura 44 - Estrutura do EBV. A partícula viral infecciosa do EBV tem três com-
ponentes: (i) nucleoide, (ii) capsídeo e (iii) envelope78.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 117

A incidência da infecção sintomática é maior em adolescentes e jovens adultos. Em


crianças, costuma ser subclínica. Já em adultos mais velhos, a incidência é rara, devido a
exposição prévia.

2. LINFOMA DE BURKITT
Diversos estudos sugerem fortemente a participação do vírus Epstein-Barr (EBV) na
patogênese do linfoma de Burkitt. Sequências do DNA deste vírus podem ser evidenciadas
nas células-B e elevados títulos de anticorpos contra o EBV são encontrados nos pacien-
tes portadores desta patologia.
O EBV inibe a morte celular programada e contribui para o desenvolvimento e manu-
tenção do linfoma de Burkitt. O linfoma de Burkitt é um raro linfoma linfocítico pobremente
diferenciado, caracterizado pela proliferação monoclonal de linfócitos-B5.

3. MONONUCLEOSE INFECCIOSA
A mononucleose infecciosa (MI) é uma doença febril aguda, transmissível, causada
pelo Epstein-Barr vírus, a qual acomete, principalmente, indivíduos entre 15 e 25 anos de
idade, com baixa letalidade e manifestações geralmente benignas.

A MI é uma das causas da síndrome de mononucleose, a qual também


pode ter uma série de agentes etiológicos, tais como o citomegalovírus
(5% a 7%), o Toxoplasma gondii, o vírus da imunodeficiência
humana (HIV) (primo-infeção) e o herpes vírus humano.

3.1. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS (MI)

A infecção primária em infantes – com idade inferior a cinco anos – não se apresenta
usualmente com as alterações clínico-laboratoriais.
Essas características típicas são:
d Febre
d Faringite
d Linfadenomegalia
d Linfocitose atípica
d Mal estar
A TRANSMISSÃO ocorre por via oral-oral, através do contato íntimo com a saliva de
um hospedeiro infectado, sendo a porta de entrada do HBV a nasofaringe. Assim, a MI fi-
cou conhecida como a doença do beijo. Além disso, estudos mostram que também pode
ocorrer transmissão sexual.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 118

A idade influi diretamente nas manifestações clínicas da doença. De fato, até 75%
dos adolescentes infectados apresentam MI típica.
E como esse vírus infecta o homem e causa doença?
1) EBV liga-se às proteínas de superfície das células epiteliais e dos linfócitos B,
onde se multiplicam.
2) Além disso, as proteínas do HBV levam à ativação e proliferação de linfócitos B.
3) A infecção leva à lise com liberação de novos vírions, que infectam o epitélio da
orofaringe e são excretados pela saliva.
4) Em seguida, o EBV associa-se ao genoma da célula do hospedeiro, resultando
numa infecção latente.

4. DIAGNÓSTICO
Hemograma à leucometria normal ou presença de leucocitose, com predomínio linfocí-
tico e ocorrência de atipia, atingindo um nível de 10.000 a 20.000 células/mm³ e neutro-
penia leve.
Trombocitopenia, com menos de 140.000 plaquetas/mm³, é comum.
Lâmina hematológica os linfócitos são maiores – com núcleos lobulados e excêntricos,
possuindo citoplasma vacuolado basofílico abundante e identações da membrana ce-
lular.
Detecção de anticorpo IgM dirigido ao VCA
Os títulos de anticorpos IgM e IgG – dirigidos ao antígeno do capsídeo viral (VCA) –
mostram-se elevados no soro de mais de 90% dos pacientes no início da doença.
É mais útil para o diagnóstico de MI aguda, visto que só está presente em títulos eleva-
dos nos primeiros dois a três meses de evolução da entidade nosológica.
Pesquisa de anticorpos heterófilos (teste de Paul-Bunnell-Davidson) à
Deve ser realizada na suspeita de primoinfecção pelo EBV, por conta da elevação em até
50% de anticorpos da classe IgG, e em 100% relacionados com a classe IgM.
Os anticorpos detectáveis desenvolvem-se, habitualmente, dentro dos primeiros sete
dias após o início dos sintomas, descrevendo-se um pico entre duas e cinco semanas
de doença, com posterior queda.
Aminotransferases – ALT e AST: Elevação de transaminases pode ser vista na maioria
dos pacientes e é fortemente sugestiva do diagnóstico de MI.
Concentração sérica de bilirrubina.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 119

O uso de técnicas de biologia molecular – como a reação em cadeia da polimerase (PCR)


ou a PCR quantitativa (qPCR) – tem sido avaliada para o diagnóstico e o prognóstico das
condições mórbidas relacionadas com a EBV.
Os anticorpos específicos induzidos pelo EBV podem ser demonstrados por imunofluo-
rescência ou ensaios imunoenzimáticos (ELISA).

Pode-se inferir que os testes de anticorpos heterófilos (Monoteste, Paul-Bunnell)


possuem baixa sensibilidade (85%) e alta especificidade (100%) e, por conta disso, têm
sido gradualmente substituídos pela pesquisa de anticorpos específicos para EBV, sendo
os principais o EBV anti-VCA IgG e IgM. No entanto, vale ressaltar que, nesta infecção, os
anticorpos não são essenciais para o diagnóstico, podendo ser pesquisados em situações
em que a clínica e o hemograma não são suficientes.
PRODUTO ÚNICO - IMUNOLOGIA CLÍNICA 120

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