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“Marcos Oliveira, ou Marcão como é conhecido, responsável pela maioria dos treinamentos ministrados no País sobre
segurança na elevação e amarração de cargas com o uso de cintas sintéticas”
A primeira dúvida, bem recorrente, é sobre o valor do Fator de Segurança. Por que
existem tantos FS diferentes?
Isso se deve às propriedades de cada material. É por isso que temos no mercado, por
exemplo, manilhas que oferecem um FS de 6:1, outras 4:1 e assim por diante. Cada
tipo de manilha é produzida com uma composição diferente, que oferece um FS
próprio e proporcional às suas propriedades.
Nos primórdios das primeiras normas europeias criadas sobre cintas sintéticas para
movimentação, há muito tempo antes de termos as normas brasileiras, o fator de
segurança estabelecido na época já chegou a ser superior a 10:1.
Isso porque, na época, as fibras sintéticas de poliéster não eram tão desenvolvidas
tecnologicamente quanto as de hoje, que podem ofertar com segurança um FS menor
(de 7:1).
Podemos dizer que o FS da cinta é a sua capacidade de suportar uma CMT superior ao
seu limite?
O fator de segurança existe para garantir que a cinta irá suportar os esforços
dinâmicos que ocorrem durante a movimentação de carga; estes sim, serão sempre
maiores do que a carga nominal, caso contrário não haveria sequer a movimentação:
o material ficaria estático!
Por exemplo: vamos imaginar uma carga de 1.000 kg estática, parada no solo. Se
aplicarmos uma força de exatamente 1.000 kg puxando-a para cima, este esforço não
será suficiente para colocá-la em movimento.
A partir daí você já pode notar que a cinta precisa ser capaz de suportar esforços
superiores ao peso da carga, apenas para conseguir tirá-la do solo. Mas o usuário não
precisa se preocupar: é para isso que o fator de segurança existe. Basta respeitar os
limites das cargas efetivas, que a operação de movimentação ocorrerá de forma
segura.
Cargas efetivas? Qual a diferença da carga efetiva para a carga nominal da cinta?
Já neste mesmo exemplo, se não tivermos este ângulo, a CMTE seria de 2.000 kg. É
o que chamamos de Cesto Paralelo, onde a CMTE tem o dobro da CMT, ou seja,
o Fator de Uso é de 2 vezes.
Agora, se esta mesma cinta for utilizada na forma Enforcada, teria CMTE de 800 kg,
pois o Fator de Uso cai para 0,8.
Então, o Fator de Segurança não tem nada a ver com as cargas efetivas (CMTE)?
Sim, é exatamente isso que precisa ficar claro. A capacidade da cinta deve ser
sempre respeitada e deve ser levada em consideração ao se projetar uma
movimentação. É uma decisão que precisa ser tomada: como será utilizada a cinta e
qual será a CMTE resultante desta forma de uso.
Já o Fator de Segurança deve ser ignorado e jamais fazer parte de qualquer tipo de
cálculo ou projeção em uma movimentação de cargas. Ele serve para que a cinta seja
utilizada com segurança, para suportar os esforços dinâmicos na movimentação.
São esforços como o vento, possíveis esbarrões que a carga sofra no caminho, e
principalmente o esforço contra a gravidade.
No içamento, por mais que uma carga tenha um peso de 1.000kg, ela precisará de um
esforço de 1.520kg para poder ser elevada, isto supondo uma movimentação
ocorrendo a uma velocidade de 3 m/min.
Quanto maior a velocidade do içamento, maior será o esforço necessário. É por isso
que a capacidade efetiva da cinta (CMTE) precisa ser sempre respeitada: se não for,
os esforços que ocorrerão serão superiores ao limite coberto pelo Fator de Segurança
e o rompimento da cinta poderá ocorrer.
Agora, quando a carga já foi erguida a certa altura e ali é mantida suspensa, o esforço
aplicado cai novamente para os 1.000 kg, porque para manter a carga estática
(parada) basta empregar uma força idêntica ao peso dela. “Os vetores se anulam”,
como dizem os professores de Física. Mas antes desse momento, o Fator de
Segurança entrou em atuação, para garantir que a cinta absorva o impacto da freada.
Caso o operador do guindaste não tenha muita experiência e habilidade, conduzirá a
movimentação levantando e parando a carga várias vezes. Toda vez que ele faz isso,
o FS segura o tranco, impedindo que a cinta se rompa.
Até agora falamos de subir e parar. O esforço é igual na descida, ou de fato é menor?
Muitos supõem que o FS não atua na descida da carga, já que a gravidade estaria
trabalhando a favor. Porém, na descida o esforço da cinta é ainda mais necessário do
que na subida.
Neste caso temos duas forças tracionando a cinta na mesma direção: o peso da carga
e a força da gravidade; são dois vetores que se somam.
Fonte: http://www.tecnotextil.com.br/fator-de-seguranca-e-para-serve/