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DIREITO CONSTITUCIONAL

Administração Pública II
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA II

Investidura em cargo ou emprego público depende de prévia aprovação em con-


curso público

Art. 37, II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em con-
curso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do
cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comis-
são declarado em lei de livre nomeação e exoneração.

No Brasil, a regra é que para ocupar cargo ou emprego público deve-se ser aprovado em
um concurso público de provas ou provas e títulos. A exceção está na investidura de cargos
em comissão, que são de livre nomeação e exoneração.
Porém, deve-se lembrar da Súmula Vinculante n. 13, que estabelece que a autoridade
nomeante não pode nomear cônjuge, companheiro e parentes até o terceiro grau, proibindo,
inclusive, designações recíprocas.
A Constituição manda reservar um percentual desses cargos para servidores efetivos.
Essa é outra exigência para se investir alguém em um cargo em comissão.
A seguir, verifica-se algumas súmulas que se enquadram na ótica de que, para ocupar
cargos públicos no Brasil, deve-se observar os requisitos estabelecidos em lei:

Súmula n. 683 do STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em
face do art. 7º, XXX, da constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições
do cargo a ser preenchido.

De acordo com o Art. 37, I, a lei regulamentadora do cargo deve apresentar os requisitos
para ocupar o cargo, a função e o emprego público. A lei pode estabelecer idade mínima e
máxima, mas deve apresentar um critério de razoabilidade. Para o cargo em que a idade é
irrelevante, a lei não pode prever limites etários. Deve se justificar pelas atribuições do cargo.
Por exemplo, para policial militar ou civil se legitima o limite máximo de idade. Porém, para
um cargo burocrático não é legítimo. Se a lei prevê, é inconstitucional, porque não tem razoa-
bilidade para essa previsão. É o que a Súmula n. 683 estabelece. Pode haver limite de idade
estabelecido na lei regulamentadora do cargo, mas esse limite deve ser justificado pela natu-
reza das atribuições do cargo a ser preenchido.
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Súmula n. 14 do STF: Não é admissível, por ato administrativo, restringir, em razão da idade,
inscrição em concurso para cargo público.
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Isso porque os requisitos para se ocupar cargo, emprego ou função pública no Brasil
devem estar na lei regulamentadora do cargo. O ato administrativo e o edital não podem
apresentar requisitos não previstos em lei, inclusive, idade. O edital não pode exigir especifi-
cação de idade se a lei não o fizer e a lei só pode exigir se houver justificativa plausível para
tanto. É necessário que haja critério de razoabilidade.

Súmula n. 684 do STF: É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a


concurso público.

Um candidato não pode ser eliminado em qualquer das fases do concurso público se
não for por ato motivado. Por exemplo, o exame psicotécnico tem um grau de subjetividade
muito grande. Um concurso para policial geralmente tem essa etapa e o candidato se sub-
mete ao exame. A banca não pode apenas definir se o candidato foi aprovado ou reprovado.
É necessário ter uma motivação. Trata-se de um ato administrativo, portanto, ele tem que ser
motivado. Deve ser apresentada a fundamentação da eliminação do candidato em qualquer
uma das etapas do concurso.

Súmula Vinculante n. 43: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao


servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimen-
to, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.

Por exemplo, qualquer carreira que tem dois níveis: analista no nível superior e técnico
no nível médio. Uma pessoa faz concurso para técnico, de nível médio, depois, surge uma
lei que termina com o cargo de técnico, do nível médio e passa todo mundo para analista, do
nível superior. Isso não é permitido, pois fere a máxima do concurso público, que é a prévia
aprovação (Art. 37, II).
Essa mudança de faixa dentro das carreiras sem concurso público ofende a Constituição
sob a perspectiva da necessidade de prévia aprovação em concurso público para investidura
em cargo público ou emprego público no Brasil.
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Tese de repercussão geral (RE 1058333): É constitucional a remarcação do teste de aptidão fí-
sica de candidata que esteja grávida à época de sua realização, independentemente da previsão
expressa em edital do concurso público.
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Essa orientação deve ser seguida. Se a Administração Pública não quiser segui-la, deve-
-se entrar com uma ação judicial para que a Justiça ordene a remarcação do teste de aptidão
física para a mulher que esteja grávida durante a realização do certame. Isso não precisa
constar no edital.

Prazo de validade de concurso público

Art. 37, III – o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma
vez, por igual período.

Quem fixa o prazo inicial do concurso público é a própria Administração Pública que rea-
liza o edital. Ela tem discricionariedade para isso desde que coloque um prazo máximo inicial
de até 2 anos. Pode prever seis meses, um ano, um ano e meio, até 2 anos.
Quem prevê o prazo inicial é a Administração Pública, segundo seu critério de conveni-
ência e oportunidade. É uma previsão discricionária.
O prazo inicial pode ser prorrogado uma única vez por igual período. Se o prazo inicial
previsto foi de seis meses, pode-se prorrogar uma única vez por mais seis meses. A prorro-
gação não é obrigatória. Cabe à Administração Pública decidir se prorroga ou não.

Art. 37, § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a
punição da autoridade responsável, nos termos da lei.

Lembrando que o inciso II trata da necessidade da prévia aprovação em concurso público


para a investidura em cargo público e emprego público. Não está incluída a função pública.
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Por exemplo, o mesário que cumpre essa função pública no dia das eleições não precisa
estar previamente aprovado em concurso público. A necessidade de prévia aprovação em
concurso público é para cargo e emprego público, salvo cargo em comissão declarado em lei
de livre nomeação e exoneração.
Se o administrador público responsável não seguir essa exigência, o ato será nulo. A
investidura do servidor será nula e ele será punido na forma da lei.
O mesmo é válido caso os prazos não sejam respeitados, que é, inicialmente, de até 2
anos, podendo prorrogar uma única vez pelo mesmo período. Se o administrador não respei-
tar os prazos, o ato será nulo e ele será punido nos termos da lei.
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Possibilidade de novo concurso dentro da validade do anterior

Para haver um novo concurso público estando outro em aberto depende se o concurso
público anterior está no primeiro prazo ou no segundo.
Se estiver no primeiro prazo, que é prorrogável, não é permitido haver novo concurso
público. Porém, se o concurso anterior estiver no segundo prazo, que é o improrrogável, é
permitido realizar um novo certame.
Porém, a Constituição estabelece que os aprovados no concurso anterior terão priori-
dade na nomeação.

Art. 37, IV – durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em
concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos
concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira.

Suponha-se que a Administração Pública estabeleça um prazo inicial de 2 anos, que é o


prazo máximo. Ela pode prorrogar uma única vez por igual período. Nesse prazo inicial, que
é o prazo prorrogável, não é permitido haver um novo concurso. Porém, no prazo improrro-
gável, que é o segundo, é permitido.

Função de confiança e cargos em comissão

Art. 37, V – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de


cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos ca-
sos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de
direção, chefia e assessoramento.

A função de confiança, obrigatoriamente, deve ser entregue a um servidor efetivo, que foi
aprovado em um concurso público de provas ou de provas e títulos.
O cargo em comissão é declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Porém, no
inciso V, a Constituição exige que um percentual desses cargos em comissão seja entre-
gue para servidores de carreira. Respeitado esse percentual, pode-se nomear quem quiser,
sempre tendo como norte a Súmula Vinculante n. 13, que é a súmula do nepotismo.
20m
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Tanto a função de confiança como cargos em comissão devem ser somente para atribui-
ções de direção, chefia e assessoramento. Não podem exercer a função técnica, prevista no
quadro de pessoal da Administração Pública. A função técnica deve ser exercida pelo servi-
dor de carreira previamente aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos.

Direito à associação sindical

Art. 37, VI – é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.

O militar não pode se sindicalizar (Art. 142, § 3º, IV).

Direito de greve

Art. 37, VII – o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.

É um exemplo de norma constitucional de eficácia limitada que exige uma lei regulamen-
tadora para o cumprimento dos seus efeitos principais.
Está assegurado ao servidor público o direito de greve, mas a Constituição condiciona o
exercício do direito de greve a uma lei regulamentadora, que não existe. Porém, o Supremo
mandou aplicar a lei de greve da iniciativa privada ao serviço público enquanto o Congresso
Nacional não editar a lei de greve para os servidores públicos.
É necessário saber que a Constituição prevê o direito de greve ao servidor público, mas
condicionando o exercício desse direito a uma lei anterior.
25m
O Supremo Tribunal Federal, em uma decisão com repercussão geral reconhecida, vedou
o exercício do direito de greve para os que integram o gênero segurança pública.

STF – ARE com repercussão geral 654.432: O exercício do direito de greve, sob qualquer forma
ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem direta-
mente na área de segurança pública.

A partir de uma interpretação global do que estabelece a Constituição e a jurisdição do


Supremo, é possível entender que somente podem exercer o direito de greve servidores
civis que não integram o gênero segurança pública. Militar não pode fazer greve de maneira
nenhuma e os servidores públicos civis que integram o gênero segurança pública também
não podem. Esses servidores estão dispostos no Art. 144: Polícia Federal, Polícia Rodoviá-
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ria Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Penal, Corpo de
Bombeiros Militares e Guardas Municipais.

Vagas para pessoas portadoras de deficiência

Art. 37, VIII – a *lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas porta-
doras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão.

Esse comando é trazido para atender a igualdade material. As pessoas com deficiência
têm mais dificuldade de acesso à informação, portanto, devem ter uma lista separada para
investidura em cargos e empregos públicos.
A Constituição não define qual deve ser o percentual de cargos e empregos públicos a
serem entregues, especificamente, às pessoas com deficiência. A Constituição remete à lei.
No caso dos servidores públicos federais, a Lei é a 8.112/1990.

*Lei n. 8.112/1990

Art. 5º São requisitos básicos para investidura em cargo público: [...] § 2º Às pessoas portadoras
de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento de car-
go cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas
serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

A Constituição estabelece que a lei reservará percentual de cargos e empregos públicos


para as pessoas com deficiência. Essa lei definirá os critérios de admissão.
30m
Portanto, se a prova afirmar que a Constituição Federal determina que se preveja 20%
das vagas para pessoas com deficiência, está errado, pois a Constituição não define isso,
mas manda observar a lei.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Luciano Dutra.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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