Você está na página 1de 4

EMENTA:

DISPÕE SOBRE POLÍTICA ESTADUAL DE PREVENÇÃO


E TRATAMENTO DA LEISHMANIOSE VISCERAL (LV)
EM CÃES, GATOS E OUTROS ANIMAIS DOMÉSTICOS,
NO ÂMBITO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO E DÁ
OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
Autor(es): Deputado MÁRCIO CANELLA

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


RESOLVE:

Art. 1º - Fica instituído o Programa Estadual de Prevenção contra a


Leishmaniose Visceral (LV) em cães, gatos e outros animais domésticos, com
a finalidade de prevenir e controlar a transmissão da doença, a ser
desenvolvida de forma integrada e conjunta entre os órgãos competentes do
Estado e dos Municípios.

Art. 2º - A Programa instituído por esta Lei compreende as seguintes ações,
entre outras:

I – Campanhas de divulgação e esclarecimento à população, tendo como


principais metas:

a) Elucidar as características da doença, seus sintomas e forma de


transmissão;
b) Orientar os tutores dos animais as ações preventivas e formas de
tratamento;
c) Reforçar a necessidade da vacinação, encoleiramento e uso de repelentes;

II – Campanhas gratuitas de diagnóstico, através de exames Enzyme-Linked


Immunosorbent Assay - ELISA e Imunofluorescência - RIFI com diluição total;

III – Campanhas de vacinação gratuita aos animais;

IV – Campanhas de encoleiramento gratuito e/ou aplicação de repelentes em


animais vulneráveis.

Art. 3º - A vacinação, encoleiramento ou aplicação de repelentes contra a


leishmaniose será obrigatória e gratuita em todo o território Estadual, devendo
ser feita anualmente pelos órgãos responsáveis pela prevenção e controle de
zoonoses, com prioridade para os cães e, em um segundo momento, para os
demais animais domésticos.

§ 1ª O encoleiramento em cães e outros animais com princípio ativo


Deltametrina, deverá ser realizado a cada 04 (quatro) meses;

§ 2º - O poder público, optando pela aplicação de repelente líquido nos cães,
deverá ser realizado a cada vinte e um dias.
Art. 4º - Todos os animais vertebrados infectados pela leishmaniose deverão
receber tratamento, conforme preconiza o Código de Ética da classe Médico
veterinário, devendo o Poder Público Estadual e Municipal providenciarem em
conjunto os meios e recursos necessários para este tratamento.

Art. 5º - Caberá aos órgãos competentes do Estado e Municípios:

I – Fiscalizar as condições de conservação e distribuição das vacinas, coleiras


e repelentes oferecidas no comércio, aprovados pelos órgãos competentes.

II – Suspender temporariamente ou cessar outorga dos revendedores de


vacinas, coleiras e repelentes contra a leishmaniose, que não cumprirem a
Legislação.

Art. 6º - Sendo o resultado positivo, comprovado por teste Enzyme-Linked


Immunosorbent Assay - ELISA ou Imunofluorescência - RIFI com diluição total,
para LVC, o tutor do animal deverá providenciar o tratamento, arcando com os
custos deste, salvo se comprovadamente hipossuficiente, quando deverá
entregar o animal à tutela do Estado, o qual será revestido de plenos poderes
para determinar o destino do animal em conformidade com a presente Lei.

§1º - O animal em tratamento deverá ser avaliado clinicamente e através de


exames laboratoriais por Médico Veterinário a cada 4 (quatro) meses, enviando
o resultado do laudo e exames aos órgãos municipais de vigilância em saúde.

§ 2º - Os órgãos de vigilância em saúde poderão solicitar, a qualquer momento,


a realização de coleta de material para novo exame, enviando-o ao laboratório
de referência do Estado, o qual realizará os exames ELISA ou RIFI com
diluição total.

§ 3º - Nos casos de resultado dos testes ELISA ou RIFI serem positivos, o


proprietário fica obrigado a efetivar um novo ciclo de tratamento, reutilizando
produtos de repelência ao flebotomíneo, o inseto transmissor do agente causal
da LVC.

§ 4º - O proprietário do animal em tratamento deverá estar ciente de que o


mesmo será acompanhado clinicamente e através de exames laboratoriais, por
toda sua vida.

Art. 7º - O Médico Veterinário ou Clínica Veterinária que se comprometer a


realizar o tratamento de um animal com resultado positivo para LVC, deverá
encaminhar aos órgãos municipais de vigilância em saúde o Termo de
Responsabilidade, que seguirá o protocolo de acordo com as regras ao efetivo
tratamento.
Parágrafo único - A realização do tratamento sem o envio dos referidos
termos aos órgãos municipais de vigilância em saúde, ou a sua suspensão,
sem a sua devida comunicação em até 24 (vinte e quatro) horas, sujeitará o
infrator às sanções previstas nesta Lei.

Art. 8º - Os animais em vias e logradouros públicos ou em locais de livre


acesso ao público, bem como os que pertençam a pessoas hipossuficientes,
serão avaliados e, se necessário, receberão atendimento para o pleno
restabelecimento de suas saúdes pelo Poder Público.

Parágrafo único - Os animais com diagnóstico em avançado quadro de LVC


somente serão eutanasiados se o diagnóstico realizado por médico veterinário
identificar irreversibilidade da patologia e/ou que estejam submetidos a
sofrimentos contínuos.

Art. 9º - O Poder Executivo poderá firmar convênios com instituições públicas e
privadas, associações sem fins lucrativos e outros órgãos ou entes públicos
para a implementação das medidas previstas nesta Lei.

Art. 10 - As despesas decorrentes da execução desta Lei correrão à conta de


dotações orçamentárias próprias consignadas no orçamento vigente,
suplementadas, se necessário, inclusive nos orçamentos futuros.

Parágrafo único - A implementação das medidas previstas nesta Lei deverá
ser precedida da análise de estimativa do impacto orçamentário financeiro no
exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, devendo as
despesas decorrentes de sua aplicação estarem previamente previstas na lei
orçamentária do ano em que forem implementadas as medidas pelo Poder
Público.

Art. 11 - O Poder Executivo baixará os Atos que se fizerem necessários à


regulamentação da presente Lei, determinando as formas de fiscalização do
seu cumprimento e o prazo exato para implementação das medidas ora
instituídas.

Art. 12 - O descumprimento ao que dispõe a presente lei acarretará ao


estabelecimento infrator e aos tutores dos animais a aplicação de multa no
valor de 3.000 (três mil) UFIR-RJ a ser revertida para o Fundo Estadual de
Saúde - FES ou outro Fundo específico para a defesa e proteção dos animais,
indicado pelo Poder Executivo Estadual, bem como em responsabilização
administrativa do gestor da unidade de saúde, em caso de estabelecimento
público.
Art. 13 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Plenário Barbosa Lima Sobrinho, 24 de abril de 2019.

MÁRCIO CANELLA
Deputado Estadual

JUSTIFICATIVA

O presente Projeto de Lei tem como objetivo dispor sobre o Programa Estadual
de Prevenção e Tratamento da Leishmaniose Visceral (LV) em cães, gatos e
outros animais domésticos, de forma a encarar de frente um problema que tem
sido negligenciado pelo Poder Público e que culmina, na maioria dos casos,
com a solução mais rápida e barata: A morte do animal. O Programa pretende
chamar a atenção para este tema e, com isto, garantir tratamento adequado
aos animais infectados ao invés de simplesmente sacrificá-los. O principal
modo de transmissão do parasito para o ser humano e outros hospedeiros
mamíferos é por picada de fêmeas de artrópodes infectados, o “mosquito
palha” (Phlebotomus), deixando claro que a informação acerca da prevenção é
o melhor caminho para combater essa patologia, que atinge em maior número
os cães, mas também é encontrada em alguns gatos e roedores.

Estudos recentes têm provado que a eutanásia dos caninos infectados não
provocou redução ou mesmo controle na incidência da leishmaniose visceral
humana e, apesar de a eliminação de cães ser medida de controle
recomendada pela OMS e pela organização Pan-Americana de Saúde (OAS),
essas entidades também reconhecem o baixo impacto ambiental que tal
medida tem alcançado. A patologia não é uniformemente fatal e comprova-se
que os animais podem apresentar a cura permanente, pelo que a eutanásia
deve ser a última opção, aplicada somente por recomendação do médico-
veterinário.

Como não há controle vacinal para a espécie felina, é de vital importância o


uso das coleiras com inseticida para estes animais, fazendo-se de suam
importância o devido esclarecimento dos tutores ou responsáveis por estes
animais.. Medidas simples que podem evitar um dano maior e até mesmo a
morte do animal e que não terão maior impacto no orçamento do Poder Público
para sua implementação. Assim, em defesa destes animais que na maioria das
vezes são até abandonados por seus tutores, proponho a presente proposição
e conto com o apoio dos meus nobres pares para a sua devida aprovação.

Você também pode gostar