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DONA MORTE:
Uma análise da representação personificada da morte na literatura infantil
CURITIBA
2023
1. RESUMO
2. INTRODUÇÃO
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de conflito. Todavia, estudos sobre a representação personificada da morte, uma
escolha muito presente não somente na literatura, como no cinema e na televisão
em geral, são escassos e de difícil referência, ocasionando um déficit de referências
ao analisar essa solução de representação da morte.
É com base nisso que o presente trabalho pretende analisar a forma como a
morte é representada e as possíveis explicações para essas escolhas autorais, do
ponto de vista psicológico e pedagógico, buscando trazer atenção para esse tema
que, apesar de pouco presente, é relevante e importante para o desenvolvimento
das crianças e para entendimento da literatura como uma ferramenta para explicar e
lidar com o luto.
3. OBJETIVO
4. METODOLOGIA
6. REPRESENTAÇÕES DA MORTE
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O primeiro livro analisado é Pode chorar, coração, mas fique inteiro (1),
escrito por Glenn Ringtved em 2010. A obra da autora dinamarquesa só foi traduzida
para o português brasileiro em 2020, pelo professor e tradutor Caetano W. Galindo.
A história contada pelo livro é a de três crianças que tentam fazer a morte, uma
personagem descrita e ilustrada com roupas pretas e uma foice, desistir de levar sua
avó, que descansa no quarto de cima.
Ao tentarem atrasar o falecimento da senhora, as crianças oferecem café e
tentam dialogar, até que a morte conta a eles o motivo de ter de buscar a avó, então
as crianças finalmente aceitam e deixam a Morte subir até o quarto onde a avó
descansa. A história contada pela morte é sobre dois irmãos (Sofrimento e
Desconsolo) que se apaixonam por duas irmãs (Alegria e Risada), explicando,
assim, os sentimentos de sofrimento, alegria, desconsolo e risada, ligando
inevitavelmente um ao outro.
O segundo livro, A Morte da Lagarta (2), escrito pelos autores André
Rodrigues, Larissa Ribeiro, Paula Desgualdo e Pedro Markun em 2020, conta a
história da morte de uma lagarta que vivia na floresta. Cada animal amigo dessa
lagarta passa por uma fase do luto, cada um lidando com a morte do seu jeito e
sendo acolhido como dá, até que, com o tempo, a dor vai diminuindo e se
ressignificando. No final, no túmulo da lagarta nasceu uma grande árvore,
explicando que o sofrimento se transformou em algo bonito.
O último livro Uma xícara de chá, um saquinho de ossos (3), da escritora
Nilma Lacerda, conta a história de Anitta, uma menina que sentia muito medo da
morte, até que é aconselhada a convidar a Morte para tomar um café e ser madrinha
de uma de suas bonecas. Anitta passa vários dias tomando café e conversando com
sua comadre Morte, assim como suas tias velhas faziam, e esses encontros fizeram
com que Anitta perdesse esse medo e ressignificasse a morte como algo bonito.
A Morte da Lagarta
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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questão é uma ferramenta com diversas utilidades, já que “[...] no campo emocional
as histórias podem ajudar as crianças a elaborar e vencer dificuldades psicológicas
bastante complexas, pois oferecem a possibilidade de se construir uma ponte entre
seu mundo e a fantasia [...]” (PAIVA, 2014, p. 79)
As duas representações analisadas são válidas e não deve-se colocar juízo
de valor sobre elas, visto que a conclusão que se tem é que cada uma delas possui
objetivos pedagógicos e psicológicos diferentes. Essa diferenciação é importante
para que existam possibilidades de falar sobre a temática da morte com crianças de
idades e com experiências diferentes, sem que seja necessário reduzir todas as
experiências a um único livro ou história.
Espera-se que no futuro mais criações sejam feitas com essa temática,
utilizando-se de outras abordagens e representações, para que mais estudos a
respeito dessas obras sejam realizados, aumentando a atenção que o luto infantil
recebe e permitindo que mais e mais crianças sejam acolhidas, entendidas e
respeitadas.
9. REFERÊNCIAS
MENDES, T. DE L. F.. A morte dos avós na literatura infantil: análise de três álbuns
ilustrados. Educação & Realidade, v. 38, n. Educ. Real., 2013 38(4), out. 2013.
PAIVA, Lucélia E. A arte de falar da morte para as crianças. 3. ed. São Paulo:
Ideias & Letras, 2014.
RINGTVED, Glenn; PARDI, Charlotte. Pode Chorar, coração, mas fique inteiro.
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2020. 32 p. Tradução de: Caetano W.
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Galindo.
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Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.
doi:10.11606/D.8.2016.tde-12012016-134603. Acesso em: 2023-02-01.
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