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Seul

Guerras
"A Guerra da Coreia foi resultado direto da divisão arbitrária
daquela península por EUA e URSS durante a Conferência de
Potsdam, em julho de 1945. No entanto, para entendermos
melhor o contexto da divisão da península em 1945, é preciso
recapitular alguns pontos da história coreana ao longo do século
XX.

A Península da Coreia sofria com interferências estrangeiras


desde o começo daquele século, pois, em 1910, a região foi
oficialmente anexada ao território japonês a partir de um acordo
que garantia a anexação daquele território ao Japão e permitia a
ocupação da região por cidadãos japoneses.

Com isso, deu-se início à formação de colônias de japoneses na


Coreia a partir da tomada das terras produtivas dos coreanos,
além da exploração do trabalho dos coreanos por parte dos
japoneses. A ocupação japonesa na Coreia tornou-se violenta,
principalmente a partir da década de 1930, e casos de violência
foram comuns, inclusive violência sexual contra coreanas.

Com a Segunda Guerra Mundial, os coreanos juntaram-se ao


esforço de guerra realizado pelos americanos e passaram a lutar
contra os invasores japoneses. Apesar disso, é importante
pontuar que naturalmente houve colaboracionismo de parte da
sociedade coreana com os japoneses, havendo até mesmo a
adesão de coreanos ao exército japonês.

Quando os japoneses foram derrotados em agosto de 1945, a


parte norte da Coreia encontrava-se ocupada pelas tropas
soviéticas que haviam iniciado a luta contra os japoneses na
Manchúria. Foi nesse contexto que americanos e soviéticos
realizaram a divisão da península entre si, cada qual ocupando-a
militarmente e desenvolvendo um regime alinhado aos seus
interesses.
Guerras e boom econômico

Muito da base que impulsionou o desenvolvimento tecnológico


coreano veio do vizinho Japão. Por outro lado, a proximidade com
essa potência asiática deixou marcas no passado coreano. Em
1941, os japoneses anexaram a península e mantiveram o
domínio até a Segunda Guerra. Só a rendição japonesa, em
1945, colocaria fim a esse episódio da História.
Uma outra fase traumática para a Coreia se iniciou na sequência:
a divisão entre Sul e Norte ao logo do paralelo 38. As regiões
foram administradas temporariamente por militares dos Estados
Unidos (sul) e União Soviética (norte). Foi só em 1948 que a
Coreia do Sul elegeu o seu primeiro presidente, Rhee Syngman.
A vizinha Coreia do Norte é, até hoje, dominada pelo segredo e
totalitarismo.
Quando a reconstrução começou, logo após a separação da
Coreia do Norte,  o país estava em ruínas. O governo iniciou
programas para incentivar as famílias mais ricas do país a investir
em conglomerados industriais. Essa forma de negócios é
chamada de “chaebol” que, em coreano, significa riqueza dos
clãs. Desde então, dois chaebols praticamente dominaram a
economia: LG e Samsung.

Produção de eletrônicos
A Samsung foi fundada em 1938 e tinha uma atividade bem
diferente da atual: era uma empresa que vendia peixe seco e
outros produtos alimentícios. Já a LG foi fundada em 1947 como
uma empresa de cosmético que oferecia principalmente creme
facial para mulheres. Posteriormente, outros produtos foram
incluídos, como plásticos e eletrônicos.
Depois da guerra, essas duas empresas mudaram um pouco a
área de atuação pra ajudar a economia do país a se reconstruir.
Foi só no fim da década de 1960 que a Samsung, por exemplo,
entrou no setor de eletroeletrônicos.
Nas décadas seguintes, a Coreia do Sul passou por fases
antagônicas, do crescimento meteórico nos anos de 1980 à crise
dos chamados “Tigres Asiáticos, em 1997. Desde então, a
economia se refez mais uma vez e manteve-se no topo.
“A economia da Coreia do Sul deve continuar crescendo porque é
pautada na evolução de patentes. A inovação ocorre dia após dia,
são cerca de 1300 por ano. Existe um estímulo governamental
para a pesquisa e desenvolvimento, então o país vai continuar
essa marcha de desenvolvimento”, analisa Marcela Barbosa,
professora da Universidade de Taubaté.
Revolução industrial

Na Coreia do Sul, a política industrial ativa foi peça-chave do


seu rápido e contínuo desenvolvimento econômico, que em
menos de cinquenta anos passou de uma economia rural em
dos polos industriais mais importantes do mundo, situando-se
entre as nações industrializadas avançadas. Deu origem a um
grupo de empresas privadas muito fortes, conhecidas
como chaebols, com apoio de empréstimos e subsídios
governamentais e acesso preferencial a capital e tecnologia. 

Desde a virada do século, a política industrial sul-coreana se


concentra em promover futuras indústrias baseadas em
tecnologias de ponta de última geração, estimulando
empreendedorismo e a aplicação inovadora de tecnologia. A
estratégia de apoiar o surgimento de uma Indústria 4.0 pode
ser vista, assim, como uma continuidade de sua política
industrial, fazendo do país um dos precursores desse
movimento.

Nesse sentido, vale mencionar que embora o foco das políticas


continue sendo a indústria de transformação, os serviços de
alto valor adicionado e as atividades da economia do
conhecimento ganharam crescente destaque e reforçaram,
gradualmente, sua posição na economia sul-coreana na
primeira década do século XXI. Medidas abrangentes foram
adotadas, com intuito de melhorar a competitividade do setor
de serviço e reduzir o diferencial de desenvolvimento em
relação à indústria de transformação.

Dentre as iniciativas mais recentes da política industrial na


Coreia do Sul, destaca-se a Iniciativa Movimento Inovação
Industrial 3.0 (IIM 3.0), lançada em 2014, no âmbito do Plano
Estratégico de Economia Criativa, com o propósito de
disseminar o uso de fábricas inteligentes e o desenvolvimento
de tecnologias básicas relacionadas a IoT, impressão 3-D e Big
Data (processamento de dados, coleta de dados e
compartilhamento de dados que podem ser usados para
análise e previsão). 
Os primeiros resultados da iniciativa IIM 3.0 foram bastante
positivos. As empresas que operam fábricas inteligentes depois
de receberem suporte financeiro, registraram ganho de
produtividade da ordem de 25%, enquanto a proporção de
deficiências diminuiu em 27%. De igual modo, refletindo os
impactos das políticas, a participação dos investimentos em
P&D para as pequenas e médias empresas aumentou de
12,4% em 2011 para 18,0% em 2015. 

Dado o sucesso inicial da iniciativa e a rápida evolução da


digitalização completa e automação na era da Quarta
Revolução Industrial, os setores privado e público da Coréia do
Sul concordaram, em ampliar o projeto de fábricas domésticas
inteligentes. O objetivo anterior de 10.000 fábricas inteligentes
até 2020 foi elevado recentemente a 30.000 de fábricas
inteligentes, operando com as mais modernas tecnologias
digitais e analíticas, até 2025.

Com intuito de preparar o país para a Indústria 4.0, o governo


sul coreano lançou, em dezembro de 2016, o Plano de Médio e
Longo Prazo para uma Sociedade de Informação Inteligente,
que prioriza setores e domínios relacionados com a Tecnologia
de Informação Inteligente (TI Inteligente). Com isso, estima-se
que, até 2030, a indústria de transformação obterá ganhos de
95 trilhões de wons (algo como US$ 88 bilhões), com novas
receitas e redução de custo associada à aplicação das TI
Inteligentes no processo de produção.

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