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000131.

000005/2021-80

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Casa Civil
Secretaria-Executiva da Comissão Mista de Reavaliação de Informações

Decisão nº 74/2021/CMRI

Brasília, 06 de Maio de 2021.

RECURSO NUP: 08198.033447/2020-69


RECORRENTE: 023877
ÓRGÃO/ENTIDADE REQUERIDA: DPF – Departamento de Polícia Federal

1.RELATÓRIO

1.1.RESUMO DO PEDIDO ORIGINAL


O Requerente solicitou a lista e descrição de todos os atos administrativos derivados
da manifestação de ouvidoria (denúncia) de NUP 08198.025862/2020-49.

1.2.RAZÕES DO ÓRGÃO/ENTIDADE REQUERIDA

Resposta inicial: O DPF negou o pedido alegando que seu objeto constitui
documento preparatório, com fundamento no art. 7º, § 3º, da Lei nº 12.527,
de 2011, na Portaria nº 8714/2018-DG/PF e no art. 6º, inciso I, do Decreto nº 7.724,
de 2012.
1ª Instância: O Requerente solicitou a revisão da decisão. Alegou que não solicitou
a íntegra dos documentos, mas apenas os rótulos e suas descrições, e que a
resposta fornecida é confusa. O DPF manteve a negativa, reafirmando que o objeto
do pedido refere-se a documento preparatório.
2ª Instância: O Requerente reitera o pedido de revisão da decisão. O MJSP negou
provimento ao recurso por se tratar de solicitação de documento preparatório, com
fundamento no art. 20 do Decreto nº 7.724, de 2012.

1.3.DECISÃO DA CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO (CGU)


INDEFERIDO. O Recorrente solicitou a reversão da decisão. A CGU pontuou que o
Requerido, inicialmente, negou o pedido de acesso por se tratar de documento

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preparatório, mantendo este posicionamento na 1ª e 2ª instâncias. Em resposta
ao pedido de esclarecimentos adicionais durante a instrução recursal na 3ª instância,
o DPF informou que “a disponibilização de informação relacionada à denúncia
compromete a restrição do processo e pode ocasionar riscos à decisão final, vez que
o sigilo se faz necessário em todas investigações, sendo que a atividade instrutória e a
formalização documental devem estar sempre reservadas para o bom andamento
do apuratório”. A CGU destacou que a restrição de acesso a documento preparatório
visa a proteção de eventuais informações relativas a atos inconclusos, cuja
divulgação possa prejudicar sua regular conclusão. Assim, considerou que o
posicionamento do Órgão recorrido está em consonância com o disposto no § 3º do
art. 7º da Lei nº 12.527, de 2011, e nos art. 3º, XII, e art. 20 do Decreto nº 7.724, de
2012. Ante o exposto, a CGU decidiu pelo conhecimento e, no mérito, pelo
desprovimento do recurso, tendo em vista aplicar-se ao objeto do pedido o disposto
na Lei nº 12.527, de 2011, art. 7º, § 3º, combinado com o art. 20 do Decreto nº
7.724, de 2012, que trata da restrição de acesso a documento preparatório
à tomada de decisão futura, cujo acesso será assegurado a partir da edição do ato
ou decisão correspondente.

1.4.RAZÕES DO (A) RECORRENTE NO RECURSO À COMISSÃO MISTA DE


REAVALIAÇÃO DE INFORMAÇÕES
O Recorrente registrou recurso à CMRI nos seguintes termos: “Revise-se”.

2.ANÁLISE DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO


O recurso foi interposto dentro do prazo legal de 10 dias da ciência da decisão,
sendo, dessa forma, tempestivo. ORecorrente utilizou-se do recurso conferido pelo
artigo 24 do Decretonº 7.724, de2012. OInteressado é olegitimado para recorrer
nos termos da Lei nº 9.784, de 1999. Pelo conhecimento do recurso.

3.ANÁLISE DO MÉRITO
Inicialmente, cumpre esclarecer que esta Comissão identificou que o parecer que
embasou a decisão da CGU em 3ª instância não consta anexado ao FalaBR. Desse
modo, informa-se que a CGU foi notificada sobre tal incidente para que possa tomar
as providências pertinentes. Prosseguindo, em análise dos autos, identifica-se que o
Requerente solicitou acesso à lista e descrição de todos os atos administrativos
decorrentes da denúncia de NUP 08198.025862/2020-49. Verifica-se que desde a
resposta inicial o Requerido negou atendimento ao pedido e informou que seu objeto
constitui documento preparatório sobre o qual incide restrição de acesso. Em
resposta à interlocução da CGU durante a instrução recursal de 3ª instância, o DPF
informou que a apuração da denúncia está em curso e que “caso haja a divulgação
da ‘lista e descrição dos atos administrativos’ da denúncia, certamente haverá a
quebra do sigilo previsto pela legislação supracitada, vez que a simples informação do
conteúdo dos documentos, por si só, fere a restrição de acesso que deve perdurar
até a tomada de decisão ou edição do ato. Conclui-se que, no presente caso, a
descrição do conteúdo do ato administrativo não se diferencia da apresentação do
respectivo documento. A disponibilização de informação relacionada à denúncia
compromete a restrição do processo e pode ocasionar riscos à decisão final, vez que
o sigilo se faz necessário em todas investigações, sendo que a atividade instrutória e
a formalização documental devem estar sempre reservadas para o bom andamento
do apuratório". Sobre este tema, cabe esclarecer que, nos termos doartigo
3º,incisoXII, do Decreto nº 7.724, de2012,considera-se como preparatório o
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documento formal utilizado como fundamento da tomada de decisão ou de ato
administrativo, tratando-se, portanto, de documento que servirá como embasamento
ou subsídio a decisão futura, ainda em sede de discussão.Cumpre registrar que a
proteção conferida aos documentos preparatórios configura restrição temporária de
acesso e que o art. 7, § 3º, da Lei de Acesso à Informação e o art. 20 do Decreto nº
7.724, de 2012, garantem o acesso a tais documentos a partir da edição do
ato. Nesse sentido, esta Comissão acolhe o posicionamento do Órgão e decide pelo
indeferimento do recurso, considerando que os procedimentos de apuração
referentes à denúncia estão em curso e que as informações requeridas possuem
caráter preparatório,pois servirão como embasamento para decisão futura e
terão seu acesso garantido a partir da edição dorespectivo ato
decisório,comfundamentono art. 7º, § 3º, da Lei nº 12.527, de 2011,e noart. 20 do
Decreto nº 7.724, de 2012.    

4.DECISÃO
A Comissão Mista de Reavaliação de informações, por unanimidade, decide pelo
conhecimento do recurso e, no mérito, pelo indeferimento, com fundamento no art.
7º, § 3º, da Lei nº 12.527, de 2011, e no art. 20 do Decreto nº 7.724, de 2012, visto
que as informações requeridas têm natureza preparatória e subsidiarão a tomada de
decisão futura.  

5.PROVIDÊNCIAS
A Secretaria-Executiva da CMRI cientificará da presente decisão o Recorrente,
o Departamento de Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União.

Documento assinado eletronicamente por João Paulo Machado Gonçalves,


Presidente Suplente da CMRI, em 11/05/2021, às 12:07, conforme horário
oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8
de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Carlos Augusto Moreira Araujo,


Membro Suplente da CMRI, em 11/05/2021, às 13:42, conforme horário
oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8
de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Osmar Lootens Machado,


Membro Suplente da CMRI, em 11/05/2021, às 14:01, conforme horário
oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8
de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Fernando César Pereira Ferreira,


Membro Suplente da CMRI, em 11/05/2021, às 18:18, conforme horário
oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8
de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Fábio do Valle Valgas da Silva,


Membro Suplente da CMRI, em 14/05/2021, às 10:57, conforme horário
oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8

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de outubro de 2015.

Documento assinado eletronicamente por Rosimar da Silva Suzano,


Membro Suplente da CMRI, em 19/05/2021, às 11:48, conforme horário
oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, § 1º, do Decreto nº 8.539, de 8
de outubro de 2015.

A autenticidade do documento pode ser conferida informando o código


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https://sei-pr.presidencia.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0

Referência: Processo nº 000131.000005/2021-80 SEI nº 2553059

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