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Do que o corpo dá a ver...

para ser escutado

Alcione da Penha Vargiu Vasconcellos


Psicanalista; Mestre em psicanálise - UERJ
alcionevasconcellos67@gmail.com
Do que o corpo dá a ver...para ser escutado

Este trabalho fala do percurso de três anos de experiência no atendimento aos pacientes
do Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário ligado à UFES – Universidade
Federal do Espírito Santo, numa tentativa de teorização desta clínica, visando ampliar a
compreensão dos mecanismos de adoecimento no sujeito.
Freud inventa a psicanálise a partir atendimento das histéricas, que apresentavam
afasias, paralisias e parestesias, sem causas orgânicas evidentes; ou seja, Freud percebe que
o orgânico está submetido a uma marcação simbólica.
Nesse sentido, uma patologia em um sujeito terá um significado e uma determinação
radicalmente diferente, que a mesma patologia em outro sujeito. O vitiligo que acomete um
sujeito, não é da mesma ordem, não tem o mesmo significado, que o vitiligo que acomete
um outro. Portanto a abordagem psicanalítica se difere da medicina psicossomática na
medida em que é impossível tentar construir estatísticas a partir da escuta analítica. A
medicina psicossomática até reconhece a ligação entre o psíquico e o orgânico, mas ao
tentar construir estatísticas e classificações padronizadas se afasta do inconsciente, campo
de trabalho da psicanálise, uma vez que esta toma cada caso como primeiro e único, não
havendo possibilidade de se aprender com um caso, algo que sirva para se lidar com outro,
a não ser o próprio exercício da escuta.
É no exercício da escuta que percebemos que a patologia que afeta o sujeito não é
qualquer, ela foi “escolhida” , determinada por uma historicidade do sujeito. Por que essa
doença e não outra ? O que essa doença diz desse sujeito ?
Trago dois casos clínicos para desenvolver o tema.

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