Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 1/85
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Estado do Acre
Governador
Jorge Viana
Vice-Governador
Arnóbio Marques
Secretaria de Estado de Educação do Acre
Maria Corrêa da Silva
Coordenadora de Ensino Superior da SEEA
Maria José Francisco Parreira
Reitor
Timothy Martin Mulholland
Vice-Reitor
Edgar Nobuo Mamiya
Decano de Ensino e Graduação
Murilo Silva de Camargo
Decano de Pesquisa e Pós-graduação
Márcio Martins Pimentel
Diretora
Inês Maria M. Zanorlin Pires de Almeida
Vice-Diretora
Laura Maria Coutinho
Coordenadora Pedágogica
Diretor
Proessor PhD. Bernardo Kipnis
Coordenadora Executiva
Jandira Wagner Costa
Coordenadora Pedagógica
Maria de Fatima Guerra de Sousa
Gestão Pedagógica
Maria Célia Cardoso Lima
Gestão de Produção
Bruno Silveira Duarte
Design Gráfco
João Baptista de Miranda
Equipe de Revisão
Bruno Rocha
Daniele Santos
Fabiano Vale
Leonardo Menezes
Roberta Gomes
Apoio Logístico
Fernanda Freire Pinheiro
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 2/85
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Sumário
Conhecendo a autora_______________4
Seção 1
A sociedade brasileira: características sociológicas _________7
Introdução____________________________________________8
Diversidade lingüística e pluralidade cultural no Brasil ____ 1
A comunidade de ala brasileira_________________________
Analisando o Português do Brasil_______________________ 6
Seção 2
A variação lingüística em sala de aula____________________4
Competência comunicativa____________________________ 50
Seção 3
Revendo a variação lingüística no Português do Brasil____ 59
Referências_______________________ 82
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 3/85
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Conhecendo a autora
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 4/85
4
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 5/85
5
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 6/85
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
1
A sociedade
brasileira:
características
sociolingüísticas
Objetivos: identicar as principais características sociolingüísticas da
sociedade brasileira e suas implicações para a educação.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 7/85
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Introdução
Caro(a) cursista,
terna e as tareas
dar nossos alunosque temos de realizar
a desenvolverem suaem sala de aula acomunicati-
competência m de aju-
va, escolhemos para você este pequeno trecho do livro Rememórias
Dois, de Carmo Bernardes, no qual o autor narra uma experiência
interessante dos seus primeiros dias na escola:
Já sabia ajuntar as sílabas e ler por cima toda coisa, mas descrencei e
perdi a infuência de ir à escola, porque diante dos escritos que o mes-
tre me passava e das lições marcadas nos livros, quei sendo um quar-
ta-eira de marca maior. Alívio bom era quando chegava em casa.
Ah, meu Deus... Tampei a cara com o livro, e uma coceira descomedida
nas popasbicho.
panhado me pôsUmamenino
retocar que
e a esregar no banco,
gostava muito como
de mim oi quem tinha
me salvar e
embaraçou-se todo também:
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 8/85
8
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
estralar:
-O quê!!!
-Silên...cio!...
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 9/85
9
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Frederico
coisa não me ensinou nunca
se expressa, pude
ca tudo armar
pálido, uma estória
enxabido que
16, um prestasse.
negócio mani-A
17
nho que não há que traga.
Só desaçaimado18 de tudo quanto é scalização de regras e ormas,
sou capaz de ajeitar uma prosa sorível. Aí vou desalojando de dentro
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 10/85
10
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
tuguesa
dierençasnoentre
Brasil,o suas
Brasilcaracterísticas e variação,
urbano e o Brasil especialmente
rural. Vimos as
que o episó- acabamos
posta com de ver. É uma
o prexo palavra
a-, que com-
herdamos
dio que o autor nos narrou transcorreu na década de 20. Como era do grego antigo e que tem o sentido de
negação. Arásico signica que é mudo,
o Brasil naquele tempo? No ano de 2000, o IBGE iniciou um censo sem linguagem. É claro que o autor usou
que nos vai mostrar quantos somos e como a sociedade brasileira a palavra como um exagero, para enati-
se constitui e se organiza. Vamos saber, então, quantos brasileiros zar a sua diculdade de se expressar no
vivem no campo e quantos já estão radicados nas áreas urbanas. No ambiente da escola. O uso de exageros
para dar ênase a um conceito é conhe-
censo de 1996, a população brasileira era de aproximadamente 157 cido como hipérbole.
milhões de habitantes, dos quais 78,35% viviam em área urbana e
21,6% em área rural. Ao longo dos dois últimos séculos, a população 5 ”Descrencei” – o verbo ‘descrençar’ é
do Brasil cresceu muito e houve uma intensa migração do campo ormado pelo prexo des-, de origem
para as cidades. Observe na tabela seguinte esse processo. Em se- latina, que contém a idéia de negação.
‘Descrençar’, então, é perder a crença,
guida, complete a tabela com os dados reerentes ao censo de 2000. mas na cultura rural em que Carmo Ber-
Esses dados você pode obter no IBGE. nardes oi criado, ‘descrençar’ signica
perder o entusiasmo, a motivação. Você
Tabela 1: Crescimento da população rural e urbana no certamente já ouviu pessoas usando
Brasil. esse verbo nessa acepção. E você? Tam-
bém tem o costume de usar o verbo
‘descrençar’ para signicar a perda de
estímulo e motivação?
11 “olhar de esguelha” quer dizer ‘olhar totais da população não-alabetizada não têm um movimento des-
enviesado, ‘olhar de lado’. cendente e, sim, ascendente. Em segundo lugar porque, se exami-
narmos os dados com mais detalhamento, vericamos que o anal-
12 Em ‘panhado’ vemos a perda do pre-
xo a-. Na história da Língua Portugue-
abetismo não atinge igualmente toda a população: concentra-se
sa, temos muitas palavras que se preser- na população rural, que é, secularmente, a menos beneciada no
varam com duas ormas: com o prexo processo de desenvolvimento do país. A tabela 3 mostra essa distri-
a- e sem esse prexo. Exemplos desse buição. Os dados se reerem aos censos de 1970 e 1980.
enômeno são juntar/ajuntar; sentar/as-
sentar; soprar/assoprar; mostrar/amos- Tabela 3: Taxas de alabetização na população brasileira
trar; voar/avoar. Observe que, nesses
pares de palavras, uma delas passou de 15 anos ou mais.
a ser a orma de prestígio, enquanto a
outra cou restrita aos alares rurais. No
par ‘arreparar’/’reparar’, a primeira orma
hoje em dia só é encontrada no repertó-
rio de alantes de origem rural enquan-
to a segunda, é encontrada nos alantes
urbanos. Isso não signica que uma seja
errada e outra certa, como você já sabe.
Trata-se de duas variantes da mesma
palavra
lares daque caracterizam
nossa língua. Aodierentes a-
longo desta
unidade, vamos alar muito sobre essa
questão de variação, prestígio e precon-
ceito.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 12/85
1
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Atividade
Refita
Discuta
Este é um bom tema para você discutir com colegas,
amigos, com seus amiliares e até com seus alunos: no ambiente
amiliar, como os papéis que as pessoas exercem são determinan-
tes da linguagem que elas usam? Em outras palavras, quais as die-
renças entre a linguagem do marido e da mulher, ou da mãe e dos
lhos?
Atividade
Com base na sua refexão e discussão, monte com seus
alunos uma pequena peça de teatro em que quem bem claras as
dierenças lingüísticas observadas no interior da amília e relaciona-
das aos papéis sociais.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 14/85
14
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Refita
manter a disciplina
dependência ou passar
contextual, inormações
do tipo: “Abram oque têm
livro naum alto grau
página de
tal”. São
também eventos de oralidade brincadeiras que o proessor az com
o objetivo de criar uma atmosera de maior envolvimento e aetivi-
dade. Estudando rigorosamente essas interações em sala de aula,
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 15/85
15
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Refita
Atividade
Convide um (a) colega para assistir à sua aula. Peça a
ele/ela para observar e anotar os momentos em que você varia seu
grau de monitoração estilística. Veja um exemplo recolhido em uma
4ª série do Ensino Fundamental em uma escola no DF, pela pesqui-
sadora Vera Aparecida de Lucas Freitas: (P – indica proessora ; A
– indica aluno; + – indica pausa; xxx – indica trecho incompreensível
na gravação).
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 16/85
16
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
(P. vai
alunos copiam emaosilêncio;
quadro retoma
e começa a escrever
a palavra o exercício.
quando concluiOsa
escrita.)
A. O palhacinho.
20 Chamamos hipercorreção ou ultra-
P. O palhacinho, né? Vamu trabalhá exatamente. O tra- correção o enômeno que decorre de
balho é a leitura lá. Nós vamu vê se nóis entendemos o não o que tá uma hipótese errada que o alante reali-
escrito lá. Então vamu, tá? Tá escrito aqui, ó. (Lendo) Com que se pa- za num esorço para ajustar-se à norma
culta. Ao tentar ajustar-se à norma, aca-
recia o palhacinho? (Pára de ler.) Cê vai voltá lá naquela leitura lá. Vai ba por cometer um erro. Por exemplo:
olhá. O palhacinho se parecia com um negócio lá. Com quê? Com pronunciar ‘previlégio’, imaginando que
um boneco. Então cê vai dizê. Parecia com um boneco, né? (Lendo) ‘privilégio’ é errado; pronunciar ‘bandei-
Por que todos gostavam dele? (pára de ler) tá? Por que todos gos- ja’ achando que ‘bandeja’ é errado. Pro-
tavam dele? Depois (lendo) Qual era a maior elicidade do palha- nunciar ‘telha de aranha’ achando que
‘teia de aranha’ é errado. No exemplo
cinho? Como costumavam chamá-lo ? (Pára de ler) Tá? As crianças de sala de aula, o proessor fexionou o
chamavam ele é (...) de um nome, sei lá. Um apelido lá, né? Qual era verbo ‘haver’ que, no sentido de ‘existir’.
esse apelido dele, tá? (lendo) Um dia o palhacinho chorou. Por que é impessoal. Ao escrever ‘haviam’ em vez
ele chorou? (pára de ler) Tá? Aí cê vai dizê qu’ele chorou por isso, por de ‘havia’, ele estava se ultramonitoran-
do e o resultado oi uma hipercorreção
isso, isso, isso, isso, assim, assim, tá? Isto tá escrito lá no livro. (lendo) decorrente de uma hipótese malsucedi-
Quantas crianças haviam mais o menos no palco? (pára de ler). Ele da.
entrô lá pra azê a brincadeira com as crianças. Quantas crianças ti-
nha mais o menos lá, tá bom? Então cê vai respondê lá, olhanu no
livro e responde, tá?
Atividade
Percebemos variação em sala de aula não só na lingua-
gem do proessor mas também na linguagem dos alunos, à medida
que eles vão aprendendo a alternar estilo monitorado com estilo
não-monitorado. Veja o exemplo seguinte de variação estilística no
repertório de alunos de 5ª série do Ensino Fundamental. O episódio
oi gravado pela pesquisadora Ilse de Oliveira em uma escola de
Goiânia.
Os alunos estão planejando oralmente o que vão es-
crever em um texto coletivo e os enunciados escritos/lidos se in-
tercalam com os enunciados alados. (Os enunciados lidos estão
assinalados)
Atividade
Queremos propor a você que observe seus alunos em
uma atividade como essa e verique se eles já são capazes de al-
ternar entre um estilo monitorado e um estilo mais espontâneo. Se
você conseguir gravar um episódio como o que a Ilse de Oliveira
registrou, transcreva-o e apresente aos seus alunos. Eles vão achar
muito interessante a orma como usam a língua com competência.
Deixe claro para eles que não existe orma certa ou errada de a-
lar, mas sim ormas adequadas às diversas situações. Esta questão é
muito importante e vai ser mais trabalhada ao longo dos ascículos
de Educação e Língua Materna.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 18/85
18
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
nos livrossão
crianças e mais dierente
sensíveis aindadierenças
a certas da gente de sua parentalha”
regionais, . Até as
que podemos
chamar também de dierenças dialetais. No Brasil, a variação regio-
nal se maniesta mais na pronúncia de alguns sons, no ritmo, na me-
lodia e em algumas palavras. O lingüísta Antenor Nascentes, depois
de viajar muito pelo Brasil, propôs uma divisão dialetológica em
duas grandes áreas dialetais: a Norte e a Sul, cada uma delas subdi-
vidida em subáreas. Veja o mapa proposto por Antenor Nascentes:
ção. Você
dialetal nocertamente
léxico. conhece muitos outros exemplos de variação
Pesquise
Procure inormar-se sobre qual o percentual de residen-
tes no AC que nasceram aqui e qual o percentual proveniente de
cada estado brasileiro.
Atividade
1. Com os dados obtidos construa uma tabela para mos-
trar aos seus alunos. Eles também poderão azer um pequeno censo
na escola indicando a origem geográca de todos os alunos, pro-
essores e técnicos administrativos. Se os seus alunos já estudaram
números percentuais, esta é uma boa oportunidade de praticar esta
competência matemática, pois eles deverão apresentar os resulta-
dos do censo em totais e em números percentuais.
Refita
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 20/85
0
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 21/85
1
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
eaos
combatê-lo. Lembre-se
preconceitos de que
lingüísticos são avalores
pluralidade cultural eser
que precisam a rejeição
cultiva-
dos a partir da educação inantil e do ensino undamental.
Leia
Para entender melhor essa relação entre o prestígio dos
alantes e a construção de preconceito lingüístico, leia Preconceito
Lingüístico, de Marcos Bagno. (São Paulo: Edições Loyola, 1999).
Legendas:
L: Limoeiro
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 22/85
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Isso
Claro! é...Cum
Quando eu cátão
uns limão mais
bãoveio!
qui ocê tem...
...i a sombra qui ocê dá, pode mi protegê inté dos pingo
di chuva!
Ocê vai azê isso, limoeiro?
Cuidá de mim tamém?
Num importa!
O importante é qui eu prantei ocê!
I é ansim qui eu gosto! Do jeito qui ocê é.
P> M: Muié...tem reparado como nosso o cresceu?
Refita
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 23/85
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Atividade
Escreva um ‘editorial’ para o jornal (ou jornal mural) de
sua escola com o seguinte título: “Por que o personagem21 Chico
Bento é bem-vindo em nossa escola?” Peça aos seus alunos que
também escrevam ao Chico Bento para dizer a ele por que gostam
(ou não gostam) dele. As cartas poderão ser enviadas para a Editora
Maurício deou
de Janeiro, Sousa/Editora
pela internetGlobo,
para aRua Teodoro
página da Silva nº 907 – Rio
http://editoraglobo.com.
br
Atividade
Nos balões da historinha do Chico Bento, você encontra
palavras e expressões que são características dos alares rurais. Faça,
junto com seus alunos, uma lista dessas palavras, colocando ao lado
a variante que você usa para escrever ou para compor seus estilos
monitorados na língua oral. Faça assim:
Grupos etários
Gênero
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 24/85
4
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Status socioeconômico
Grau de escolarização
Mercado de trabalho
Rede social
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 25/85
5
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
• Contínuo de urbanização
• Contínuo de oralidade-letramento
• Contínuo de monitoração estilística
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 26/85
6
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Atividade
Desenhe para seus alunos o contínuo de urbanização.
Peça que eles se situem no contínuo e situem também seus pais.
Discuta com eles o enômeno da migração rural-urbana do século
XX no Brasil. Em seguida, peça a eles que escrevam sua autobio-
graa ocalizando a transição rural-urbana em sua própria amília.
Para isso, será preciso que açam pesquisa junto aos parentes mais
velhos. Ao azer a pesquisa, incentive-os a gravar histórias contadas
por seus pais, tios e avós. Os trabalhos que os alunos mais aprecia-
rem deverão ser divulgados na escola.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 27/85
7
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
usos
rativalingüísticos que são dierentes
de Carmo Bernardes e tambémdos nossos. Vimos
na historinha isso na
do Chico nar-
Bento.
Você mesmo já ez uma lista de palavras e expressões usadas pelo
Chico Bento e que não aparecem com reqüência na sua linguagem.
Dê uma olhada em sua lista. Alguns itens ali são típicos dos alares
situados no pólo rural do contínuo e que vão desaparecendo à me-
dida que nos aproximamos do pólo urbano do contínuo. Dizemos,
então, que esses traços têm uma distribuição descontínua porque
seu uso é “descontinuado” nas áreas urbanas. Há outros traços na
nossa listinha do Chico Bento que estão presentes na ala de todos
os brasileiros e, portanto, se distribuem ao longo de todo o con-
tínuo. Esses traços, ao contrário dos outros, têm uma distribuição
gradual. Vamos chamar os primeiros de traços descontínuos e os
últimos de traços graduais. Observe que os traços descontínuos são
os que recebem a maior carga de preconceito nas comunidades ur-
banas. Para que essas idéias quem mais claras, vamos classicar os
traços que identicamos na historinha do Chico Bento entre traços
descontínuos e traços graduais. Pode ser que você não concorde
totalmente com essa classicação. Não se preocupe com isso. Essa
classicação tem ainda um caráter muito preliminar. Para uma clas-
sicação mais denitiva entre traços descontínuos e graduais no
português alado no Brasil, precisamos conhecer mais as caracte-
rísticas do português que alamos em todo o Brasil. Vamos, então,
passar ao nosso exercício.
um dos itensComentemos,
de nossa lista.agora, a classicação que demos a cada
Pesquise
Pesquise, com seus alunos, outras músicas em que apa-
recem as variantes ‘ocê’ ‘cê’ do pronome de tratamento ‘você’. O em-
prego de ‘cê’ e ‘ocê’ é um bom indicador de estilos não-monitorados
e seus alunos poderão usá-lo para identicar o grau de ormalidade
de estilos, tanto nas interações ace a ace quanto na televisão e no
rádio. Bom trabalho!
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 29/85
9
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
te, restrita
traço ao pólo rural do contínuo. Por isso, a catalogamos como
descontínuo.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 30/85
0
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
rurais. Na evolução
no, ocorreram docasos
muitos português arcaico Exemplos:
de metátese. para o português moder-
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 31/85
1
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Atividade
Faça uma gravação de sua interação em sala de aula.
Peça, também, autorização para gravar um de seus colegas dando
aula. Depois grave uma interação sua em casa, com seus amiliares.
Ouça com atenção as gravações e aça uma lista dos sintagmas no-
minais cujo núcleo é (semanticamente) plural. Verique em quantos
deles houvede
tos a marca fexão
pluraldeoi
todos osapenas
usada elementos fexionáveis
no primeiro e em quan-
elemento.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 32/85
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Atividade
Peça a seus alunos que tragam letras de músicas, grava-
ções espontâneas e outros materiais e açam juntos uma pesquisa
dos sintagmas nominais.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 33/85
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
da
sãomesma orma oátonos
monossílabos pronome relativo
e, nesse ‘que’ oi realizado
ambiente, ‘qui’
a vogal /e/ Ambos
é pronun-
ciada /i/ e a vogal /o/ é pronunciada /u/. Veja alguns exemplos:
25 ‘Horas de véspera’ era uma das sete Este mesmo enômeno de redução das vogais /e/ e /o/
partes em que se dividiam as horas ca- em monossílabos átonos é observado em sílabas pretônicas e em
nônicas. Equivaliam ao período entre sílabas átonas nais. Vamos voltar brevemente a esse assunto. Por
15 horas e o pôr-do-sol. enquanto, basta observarmos que a redução27 das vogais médias
26 Observe que o verbo ‘deparar’ não /e/ e /o/ em sílabas átonas é um traço característico da pronúncia
oi usado como pronominal. De ato, a do português do Brasil presente no repertório da qualquer comuni-
regência mais recomendada desse ver- dade de ala, sejam rurais, rurbanas ou urbanas.
bo é sem pronome.. Exemplo: ‘Eu depa-
rei com um vulto na esquina’. Ou então: Ainda em relação à ala do Chico Bento que estamos co-
‘Um vulto se me deparou na esquina’.
A construção ‘Eu me deparei com um mentando, você certamente observou que ele usou ‘mais grande’
vulto na esquina’ é uma hipercorreção, em vez de ‘maior’. A orma comparativa ‘mais grande’ é mais empre-
que está se generalizando no Portu- gada nas comunidades situadas no pólo rural do contínuo. No pólo
guês contemporâneo. Conra isso em urbano, em estilos monitorados usa-se mais a variante ‘maior’.
um dicionário de Verbos e Regimes..
27 Dizemos que a mudança do /e/ em Até agora discutimos o contínuo de urbanização, e vi-
/i/ e do /o/ em /u/ é uma redução por- mos como podemos situar qualquer alante do português do Brasil
que, como você já viu, as vogais /e/ e nesse contínuo. Aprendemos também que as regras onológicas
/o/ são médias e as vogais /i/ e /u/ são que marcam o português no Brasil podem ser classicadas como
altas. As vogais altas são pronunciadas descontínuas ou graduais. Vamos passar agora para os dois outros
com a boca mais echada, o que resulta
em menor energia acústica. Por isso, a contínuos: o de oralidade – letramento e o de monitoração estilística
passagem de /i/ para /e/ e de /o/ para para, depois, usarmos todos os três em nossa análise e discussão.
/u/ representa uma redução. Volta-
remos a alar sobre isso porque essa Você já percebeu que, em nossa linha imaginária que
regra tem muitas conseqüências na
alabetização e na escrita dos alunos chamamos de de
contínuo de urbanização, os domínios
em geral e é muito produtiva em nos- mina a cultura letramento estão situados na ponta onde predo-
da urbaniza-
so Português. ção enquanto na outra ponta só vamos encontrar domínios onde
predomina a cultura de oralidade. Usamos o contínuo de urbaniza-
ção para situar os alantes de acordo com seus antecedentes e seus
atributos. Vamos agora usar outra linha imaginária, outro contínuo,
ao longo do qual vamos dispor os eventos de comunicação, conor-
me sejam eles eventos mediados pela língua escrita, que chama-
remos de eventos de letramento, ou eventos de oralidade, em que
não há infuência direta da língua escrita. O nosso contínuo pode
ser imaginado assim:
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 34/85
4
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
uma partituraou
da interação musical. Esse
pode ter texto
sido pode estar
estudado presente
ou lido no ambiente
previamente. Num
oício religioso, por exemplo, o padre, rabino ou pastor, ao proerir
seu sermão, está realizando um evento de letramento, seja porque
ele tem diante de si o roteiro escrito de sua ala, seja porque ele
preparou previamente esse roteiro escrito, no qual introduziu pas-
sagens bíblicas. Uma conversa à mesa de bar é um evento de orali-
dade, mas, se um dos participantes começa a declamar um poema
que ele recolheu em suas leituras, o evento passa a ter infuências
de letramento.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 35/85
5
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
ser situadorurais,
cedentes na região
mas rurbana do em
radicou-se contínuo, uma vez
área urbana que tem
a partir dosante-
trin-
ta anos. Observe na ala dele os traços descontínuos e os traços
graduais.
Quanto ao contínuo de oralidade/letramento, situamos
o evento no pólo da oralidade, porque a interação não oi mediada
pela língua escrita. Quanto ao contínuo de monitoração estilística,
observamos que o alante estava se monitorando porque alava
com uma pessoa estranha e sua ala estava sendo gravada.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 36/85
6
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
dois
te, osexemplos que oque
papéis sociais gênero (sexo do
os alantes alante)em
assumem e, conseqüentemen-
unção do gênero
e de suas redes sociais têm infuência em seus hábitos lingüísticos.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 37/85
7
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 38/85
8
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
6. Proessor: /.../ o risco muito grave é de se erir rontal- 30 Os dados oram coletados pela
mente o princípio de Arquimedes (+++) dois corpos (=) ou dois titu- Proessora Cibele Brandão de Oliveira,
lares ou duas pessoas não podem ocupar ah:: (+) ao mesmo tempo da Universidade de Brasília, para sua
(=) o mesmo lugar no espaço (+) ou o mesmo cargo na administra- dissertação de Mestrado Do discurso
ormal para o inormal : um estudo da
ção pública (=) ENTÃO (=) na verdade (+) lógico (+) ninguém tem o variação estilística no meio acadêmi-
dom da da da ubiqüidade (+) não é? e conseqüentemente (+) em co, Universidade de Brasílial, 1997. Os
termos de aposentados isto não se aplica de FORMA NENHUMA (+) símbolos usados nesta transcrição e
mas é como a história do macaco/ (+) até (+) o macaco tava corren- nas
ginais seguintes
e têm asoram copiados
seguintes dos ori-
signicações
do porque até provar-se que ele não era eleante (+) ele tava liqui-
: /../ = trecho não transcrito; (+) = pausa;
dado (+) tavam degolando tudo quanto era eleante na selva (+++) :: = alongamento do som; maiúsculas =
ele começou a correr (+) então agarraram o macaco (+) Macaco (+) ênase (pronúncia mais alta e mais or-
por que que cê tá correnu? (+) rapaz (+) é que tão degolando tudo te).
quanto é eleante (+) (narrativa enunciada em ritmo acelerado) (
risos sobrepostos à ala) não (+) é verdade (+) mas (+) mas (+) (+)
você não é eleante! Você é macaco (+) ah:: (+) então prove isso (+)
(risos) cê tá louco! /.../ “
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 39/85
9
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
da viatura
parano déze madele,
o coração numzconsegui,
massagevoltei
nele, lá o Adauto
consegui já tava
dexá quaise
ele viveno
mais um poco, oi eu... oi eu e o XX buscá socorro pra ele.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 40/85
40
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 41/85
41
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 42/85
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
2
A variação lingüística
em sala de aula
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 43/85
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
tuguês entre
ceituosa. Errosaspas porque a são
de português consideramos inadequada
tão-somente dierençaseentre
precon-
va-
riedades da língua. Com reqüência essas dierenças se apresentam
entre a variedade usada no domínio do lar, onde predomina uma
cultura de oralidade, em relações permeadas pelo aeto e inorma-
lidade, como vimos, e a cultura de letramento, que é cultivada na
escola.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 44/85
44
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
osvimos,
já alunossão
durante a realização
realizados de eventos
sem exigência de oralidade,
de muita que, como
monitoração.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 45/85
45
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
A. querendo sabê.
Esse
ter percebido o éuso
umda
evento
regra de oralidade,usada
não-padrão e o proessor parece
pelo aluno (‘é não
pra
mim lê em casa tamém?’)
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 46/85
46
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
conteúdo e não
exemplo que intervém
temos na correção
a seguir. Observe da
queorma. O mesmo
o aluno realiza aocorre no
variante
padrão da lateral palatal /lh/ quando está lendo e as variantes pa-
drão e a não-padrão /lh/ e /y/ quando está comentando a leitura.
P. Isso, qual deles que tava co’a razão. Qual deles que
tava co’a razão?
P. É todos.
P. Todos?
/.xxx../
P. O que é a chuva pra você?
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 47/85
47
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 48/85
48
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Atividade
Depois de ter lido todos esses exemplos em que se jus-
tapõem na interação de sala de aula regras onológicas e morossin-
táticas de variedades não-padrão da língua e da variedade padrão,
vericando a ação do (a) proessor (a) em cada episódio, convida-
mos você a dar outro desecho ao episódio do “relógio azangado”
do texto deque
proessora Carmo Bernardes.ao
vai perguntar Imagine queque
aluno por você
eleé chegou
o proessor ou
atrasa-
do. Ele lhe responderá que se atrasou porque o relógio de sua casa
está “azangado”. Crie, então, todo esse diálogo, nalizando-o com a
reação/explicação do proessor. Vai aqui uma dica para você. “Azan-
gado” é uma orma verbal (particípio passado) que tem a unção
de adjetivo e é própria dos alares rurais. Distingue-se da varian-
te usada no português urbano em duas dimensões: onológica e
semântica. Quanto ao aspecto onológico, temos a variante com
a prótese de um ‘a’ (azangado) versus a variante sem essa prótese
(zangado).Quanto à dimensão semântica, observe que nos alares
urbanos o verbo ‘zangar’ vem acompanhado de sujeito com o tra-
ço semântico [ + animado], por exemplo, ‘o cachorro está zangado’,
‘meu pai zangou-se comigo’, etc. Nos alares rurais o verbo pode vir
acompanhado de sujeito com o traço [ - animado], por exemplo,
‘o relógio zangou (azangou)’; ‘a erida na perna dele zangou (azan-
gou)’. No primeiro exemplo, o verbo equivale a ‘estragou’; no segun-
do, a ‘piorou’; ‘infamou’, etc. Lembre-se de que, diante de uma situ-
ação como essa, o (a) proessor (a) que é sensível aos antecedentes
sociolingüísticos e culturais dos alunos, empenha-se em duas tare-
as: explicar o enômeno que se apresenta em variação na língua e
demonstrar a situação adequada ao uso de cada uma das variantes
da regra. Agora você já está pronto (a) para compor o seu diálogo
com o nal eliz. Boa sorte!
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 49/85
49
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Competência comunicativa
Ao longo de nossas refexões sobre Educação e Língua
Materna, você encontrou muitas reerências ao conceito de com-
petência. Vamos nos deter um pouco nesse conceito. Primeiro, a-
remos a distinção entre competência lingüística e competência
comunicativa.
rente.
sua Todo no
posição alante nativode
contínuo deurbanização
português, independentemente
e independentementede
também do grau de monitoração estilística na produção de uma
tarea comunicativa, produz sentenças bem ormadas, que estão de
acordo com as regras do sistema da língua que esse alante inter-
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 50/85
50
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
são ‘erradas’.do
ral/rurbano Mas você já ésabe
contínuo que a da
dierente linguagem usada
linguagem no no
usada pólopólo
ru-
urbano em estilos monitorados. Contudo, tanto uma quanto outra
se constituem de sentenças bem ormadas. A ala de Chico Ben-
to, por exemplo, é tão bem ormada quanto um texto de Macha-
do de Assis, considerando-se que ambos os alantes – Chico Bento
ou Machado de Assis – internalizaram as regras constitutivas das
sentenças em português e ambos têm português como língua ma-
terna. As dierenças entre o texto de Chico Bento e o de Machado
de Assis decorrem, basicamente, de localizar-se o primeiro no pólo
rural e o segundo, no pólo urbano do contínuo. Além disso, a ala de
Chico Bento caracteriza em evento de oralidade não-monitorado,
enquanto o texto de Machado de Assis é um exemplar de even-
to de letramento que, por denição, requer muito planejamento e
monitoração. Nenhum alante usa mal a sua língua materna. Mas
a orma como a usa vai depender de todos os atores que você já
conhece, especialmente, a variação ao longo dos três contínuos: de
urbanização, de oralidade/letramento e de monitoração estilística.
Na próxima seção, vamos continuar essa refexão, para que não res-
tem dúvidas.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 51/85
51
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
sas normas que lhe dizem quando e como monitorar seu estilo. Em
situações que exijam mais ormalidade, seja porque está diante de
um interlocutor desconhecido ou que mereça grande consideração,
o alante vai selecionar um estilo mais monitorado; em situações de
descontração, em que seus interlocutores sejam pessoas que ama
e em que cona, o alante vai sentir-se desobrigado de proceder a
uma monitoração vigilante e pode usar estilos mais coloquiais. Em
comunicativos necessáriosnas
rança, suas competências para desempenharem
mais distintas tareasbem, e com segu-
lingüísticas. Eles
vão precisar especialmente de recursos comunicativos bem especí-
cos para azer uso da escrita, em gêneros textuais mais complexos
e para azer uso da língua oral em estilos monitorados.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 53/85
5
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 54/85
54
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Atividade
Refita
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 55/85
55
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
põem o seu5)repertório
Grande parte dos recursos
é adquirido comunicativos
espontaneamente noque com-
convívio
social; mas para o desempenho de certas tareas especializadas,
especialmente as relacionadas às práticas sociais de letramento, o
alante necessita desenvolver recursos comunicativos, de orma sis-
temática, por meio do aprendizagem escolar.
6) A tarea educativa da escola, em relação à língua
materna, é justamente a de criar condições para que o educando
desenvolva sua competência comunicativa e possa usar, com segu-
rança, os recursos comunicativos que orem necessários para de-
sempenhar-se bem nos contextos sociais em que interage.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 56/85
56
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 57/85
57
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 58/85
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
3 Revendo a variação
lingüística no
Português do Brasil
Objetivos: sistematizar as informações sobre variáveis no
Português Brasileiro e as principais regras de variação na
fonologia e morfossintaxe
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 59/85
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
• CV, exemplo: ma, lá, li, vê, na, de, vi, lu-xo, a-la, etc. A
sílaba CV é considerada canônica, porque se constitui de uma con-
soante e de uma vogal. Na articulação da consoante, a corrente de
ar tem de orçar sua passagem na boca, pois algum movimento ar-
ticulatório lhe criam embaraço em algum ponto da cavidade. Na ar-
ticulação da vogal, a corrente de ar passa livremente pela cavidade
bucal, variando apenas o grau de abertura da cavidade.
•V : a, é, a - vião, ô - nibus, ú - nico, etc.
•CVC: por, mar, ver, pos - te, cas - telo, ra - paz, á - cil, etc.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 60/85
60
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Atividade
Para xar bem essas restrições de ocorrência dos o-
nemas nas sílabas, aça uma relação de palavras que contenham
sílabas na conguração CCV, como nos exemplos que você já viu.
Antes de passarmos para outra conguração silábica, precisamos
observar que na conguração CCV, que acabamos de discutir, uma
regra variável muito produtiva nos alares rurais e rurbanos, mas
que também pode ocorrer nos estilos não-monitorados de alantes
de antecedentes urbanos é a troca do /l/ por /r/. Isso se explica por-
que esses dois onemas são do ponto de vista articulatório muito
semelhantes. Você, certamente, já ouviu palavras como bloco >’bro-
co’, problema> ‘pobrema’, claro> ‘craro’.
Na realização do /r/ e do /l/ como a segunda consoante
no padrão CCV pode ocorrer também outro enômeno, que é a tro-
ca do /r/ pelo /l/. É o que acontece na ala do Cebolinha, persona-
gem de Maurício de Sousa.
Atividade
Seus alunos vão gostar de pesquisar a realização das
consoantes liquidas /r/ e /l/ no padrão silábico CCV. Vocês vão des-
cobrir que alguns tipos de neutralização (troca) desses dois one-
mas conguram traços descontínuos, só encontrados no pólo rural
do nosso contínuo; verão também que, em certas regiões do Brasil,
como no sul de Minas e em certas áreas de Goiás, essa neutralização
é mais reqüente que em outras regiões. Finalmente, poderão cons-
tatar que a neutralização do /r/ e /l/ nessa posição pode caracterizar
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 61/85
61
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Atividade
Observe junto com seus alunos realizações dierentes
de /r/ pós-vocálico comparando-as na linguagem de mineiros, pau-
listas do interior, paulistanos, goianos, paranaenses e gaúchos. Vo-
cês vão encontrar uma interessante variação de natureza regional.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 62/85
6
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
suprimimos, alongamos
regra de supressão e damos
do /r/ mais intensidade
nos innitivos dá origemà avogal
umanal. A
hiper-
correção (enômeno que você já conhece) que resulta em constru-
ções assim: “João estar muito quieto hoje”. Esta, como qualquer ou-
tra hipercorreção, decorre de uma hipótese heurística malsucedida.
O usuário da língua, quando suprime um /r/ em innitivo verbal,
ao escrever, o az porque na língua oral ele já não usa mais esse
/r/. Então, ao produzir uma orma como “está”, da terceira pessoa do
singular do indicativo presente, imagina que nela também haveria
um /r/ que oi igualmente suprimido, e acrescenta esse suposto /r/,
incorrendo numa hipercorreção.
Atividade
Observe junto com seus alunos em uma gravação es-
pontânea, em músicas ou poemas gravados ou em outros textos, a
supressão do /r/ pós-vocálico em nal de palavra. Faça quatro listas
de palavras terminadas em /r/ colocando-as na coluna especíca,
observando se o /r/ oi ou não pronunciado. Ao nal, você terá um
quadro com este abaixo, com esses cabeçalhos.
los simples:
• some todas as ocorrências de innitivos verbais;
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 63/85
6
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 65/85
65
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Ao tratarmosque
entre o /s/ pós-vocálico desse assunto, de
é morema convém
plural azer a distinção
(ou seja, é o ele-
mento que contém a marca de plural) e o /s/ que não é morema de
plural. Vejamos exemplos do /s/ como marca de plural:
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 66/85
66
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 67/85
67
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Atividade
Você poderá aumentar a lista de exemplos em cada ca-
tegoria, sempre observando a dierença entre a orma de singular e
a de plural.
mendamos que
ele oi tirado. você váaz
A autora aoreerência
original e leia todo a capítulo
à concordância de onde
nominal eà
verbal. Você já sabe bastante sobre a regra variável de concordân-
cia nominal. Quanto à regra variável de concordância verbal, vamos
discuti-la nos próximos parágraos. Mas, antes, registre bem a ativi-
dade que estamos sugerindo que você aça:
Atividade
Reúna
nos. Identique um corpus
nesse conjunto de os
todos trabalhos escritos
sintagmas de seus
nominais que alu-
são
semanticamente plurais, mesmo que não apresentem todas as mar-
cas de plural. Verique se seus alunos tendem a fexionar com mais
reqüência os plurais irregulares do que os regulares. Faça um pe-
queno cálculo das reqüências, do seguinte modo:
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 69/85
69
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
enquanto os polissilábicos
nal. É preciso tendem
observar também que àem
supressão dessanais,
sílabas átonas consoante
como
em “revólver”, o /R/ tende mais a ser suprimido que em sílabas nais
tônicas, como em “malmequer”.
Atividade
Pegue as gravações que você já ez e peça aos seus alu-
nos que tragam outras: de novelas, programas de rádio, entrevis-
tas, etc, e observem a reqüência da regra de supressão do /s/ no
morema {-mos}. Para calcular a reqüência da regra no seu corpus
gravado, conte o número (T) de ocorrências do morema {-mos},
realizado como /-mus/ ou como /-mu/. Conte depois o número de
ocorrências da variante com supressão do /s/ (TU). Depois divida
TU por T (TU/T) e você encontrará a reqüência da supressão do /s/
nal no morema {-mos} em seus dados.
Vamos a uma simulação.
22/38 = 0.57
• N
Atividade
Observe a pronúncia de palavras como ‘Brasil’, ‘anel’, ‘ca-
nal’ e conra se o /l/ está sendo pronunciado como consoante late-
ral ou como vogal posterior.
juntos de palavras:
Atividade
Discuta essa questão com seus colegas de grupo. Veri-
que que estratégias são usadas por eles, em sala de aula, para lidar
com a neutralização entre o /l/ e o /u/ na consoante pós-vocálica,
nas sílabas nais CVC.
A semivogal
nas sílabas CVC, quetambém
travando-a, ocupa oestá
lugar da segunda
sujeita consoante
à supressão, como
as consoantes que já vimos. A perda da semivogal nos ditongos
resulta em um processo denominado monotongação. No ditongo
/ou/, a monotongação é um processo muito antigo na língua, desde
a evolução do latim para o português. Veja os exemplos:
alterum >outro > outro
aurum > ouro > oro
rouba
poupa>>roba
popa>>róba
pópa
Dado que a regra de monotongação do /ou/ está gene-
ralizada na língua oral, inclusive nos estilos monitorados, é preciso
dedicarmos muita atenção em sala de aula à produção escrita desse
ditongo, desde o início do processo de alabetização.
zindo o ditongo.
oclusiva
ção velar /g/
do ditongo e diante
/ei/ já se reduz. Observamos,
das oclusivas também,
/t/ e /d/ que a redu-
varia regionalmen-
te. No estado da Paraíba, por exemplo, ocorre a redução no nome
próprio “Almeida’. Está aí uma boa questão para você e seus alunos
pesquisarem juntos a pessoas provenientes de dierentes regiões e
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 73/85
7
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
estados brasileiros.
Veja:
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 74/85
74
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Assimverbal
de concordância como notemcaso
sidodamuito
concordância
estudadanominal, a regra
pelos pesquisa-
dores da área de Sociolingüística Variacionista.
6. alou/alaram/oi/oram:
verbal se altera de /o/ para /a/ e há no plural, a vogal
o acréscimo do tema
do morema
{ - ram}.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 75/85
75
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Atividade
Nos corpura de textos escritos de seus alunos (corpora
é o plural da palavra latina corpus) que você já reuniu, verique se
eles tendem a fexionar, com menos reqüência as ormas do tipo
‘come/comem’; ‘ala/alam’ e ‘az/azem’ do que as demais. Discuta
sua
dos constatação comconrmam
a que chegaram seus colegas
os de grupo para ver se os resulta-
seus.
da
de própria
que: deriva da língua para criarmos com rmeza a convicção
Veja os exemplos:
( i)
chácara > chacra
árvore > arvri ~ arvi
xícara > xicra
Neste conjunto, oi suprimida a vogal da primeira sílaba
pós-tônica.
( ii)
depósito > deposu
ósoro > osu
válvula > valva
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 77/85
77
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
(iii)
número > numru
bêbado
lâmpada>>bebdu
lãpda
(iv)
numeru > numuru > numru > nuru
bêbado > bebdu > bebo
lâmpada > lampda > lampa
Atividade
Verique como os seus alunos lidam com as palavras
proparoxítonas na ala e na escrita. Se você só tem alunos de ante-
cedentes urbanos, é provável que só encontre os casos do conjunto
(i); se seus alunos têm antecedentes rurbanos ou rurais, é provável
que encontre as demais ocorrências.
A seqüência
biais e ocorre em /mb/ é ormada por suas consoantes bila-
Atividade
Ambos os casos conguram regras graduais muito pro-
dutivas no PB. Por isso, nós, proessores de ensino undamental, nos
conrontamos
posição dessasmuito
regrasreqüentemente
onológicas paracom “erros”Você
a escrita. que certamente
são a trans-
terá muitos exemplos desses casos retirados do texto escrito de
seus alunos. Faça uma listinha deles para mostrar ao seu monitor.
Leia
Para que todas essas inormações quem bem assimi-
ladas, recomendamos a você que leia os seguintes livros (você po-
derá azer uma leitura de reconhecimento e selecionar os capítulos
que considerar mais úteis à sua ormação):
1 - BAGNO, Marcos. A língua de Eulália - novela sociolin-
güística. São Paulo: Contexto, 1997.
2 - MOLLICA, Maria Cecília. A infuência da ala na alabe-
tização. 2ª ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2000.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 79/85
79
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
1- Responda
– Água.
2 - Complete:
– Os mares?
– Gelatina.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 80/85
80
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
concordância
“utilizada” estácom “plantas
no grupo de marinhas” . Na escala
saliência mínima de saliência
e, ademais, não ônica,
ocorre
contígua ao sintagma a que se reere.
Até breve.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 81/85
81
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
Referências
CURTO, L. M.;Editora,
gre: Artmed MORILLO, M. M.;
2000. v. 1TEIXIDÓ,
e 2. M. M. Escrever e ler . Porto Ale-
zonte:
Autêntica, 2005.
LEMLE, M. Guia teórico do alabetizador . São Paulo: Ática, 2001.
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 83/85
8
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 84/85
84
5/10/2018 Educacao_e_Lingua_Materna[1]-slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/educacaoelinguamaterna1 85/85