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Curso Técnico em Química

Microbiologia II
Claudio Rafael Khun

AUTOCLAVE – UMA REVISÃO DE SEUS USOS E


TÉCNICAS AO LONGO DA HISTÓRIA
Michael Ana Quevedo Botelho

Pelotas, 15 de março de 2023


Introdução

A esterilização acompanha os seres humanos desde o começo das


civilizações, comprovado pelos métodos, ainda não assim chamados, de
esterilização pelo fogo, datados em meados de 1450 a.C.. A necessidade de
conservar os alimentos deu início aos esforços na busca por melhores
métodos, tanto que como base da ciência por trás da autoclave provém da
esterilização de alimentos enlatados.

A primeira autoclave desenvolvida foi criada por um químico francês, Charles


Chamberland (1851-1908), que trabalhou junto a Louis Pasteur, pai da
microbiologia. Sua criação fora feita visando o combate à contaminação dos
micro-organismos, como uma maneira de impedir sua perpetuação, o que mais
para frente fora visto como extremamente necessário para evitar a
contaminação cruzada, se tornando um dos equipamentos de esterilização
mais utilizados. Esse equipamento utiliza do calor úmido (água em formado de
vapor e submetida a pressão) para destruir as membranas e enzimas das
células microbianas, assim as induzindo a morte celular. Para isso, o material
contaminado deve ser embalado de forma a ainda permitir o contato deste com
o vapor. A esterilização deve durar no mínimo quinze minutos, à uma
temperatura de 121°C, e deve ser feita a vácuo, aumentando assim a
velocidade do aumento de temperatura, o contato do vapor com os poros do
material e impedindo a formação de bolsões de ar frio. (Couto, 2012)

O objetivo desse trabalho visa revisar os usos do equipamento de autoclave


ao longo dos anos, como também comparar a utilização desse em diferentes
áreas necessitadas de esterilização.

Desenvolvimento

Diversos estudos foram feitos para avaliar o uso de autoclave nos mais
variados setores em que esse equipamento se mostra necessário.
Procedimentos médicos, estéticos, odontológicos, podológicos, dentre outros
que compõe procedimentos invasivos necessitam do aparelho como uma forma
de evitar a contaminação-cruzada (passagem de um micro-organismo de um
local para outro de maneira não controlada). Além disso, a autoclave se mostra
ainda hoje o equipamento mais utilizado e eficiente na produção de compósito
pré-impregnado.

De acordo com Coulter, et al (2001):

Das pessoas no âmbito da saúde – procedimentos médicos –


estudadas, 82% utilizaram a autoclave em seus métodos de
esterilização. Desses, porém, 14% relatam não terem a usado em
cada instrumento após cada um dos pacientes, e a média de uso das
autoclaves foi de 2.8 ciclos/dia, apesar de 94% das respostas
relatarem mais de 6 ciclos/dia usado.

Isso nos leva ao entendimento que apesar do aumento de 33% do uso da


autoclave, algumas das pessoas ainda não realizam a esterilização da maneira
correta. Todavia, em comparação com os resultados anteriores e com mais
estudos da época, esse apresenta um resultado positivo em relação ao
aumento do uso da autoclave e conscientização sobre tal importância. Um
estudo similar feito na Irlanda nos permite comparar esses resultados com o
uso do equipamento em procedimentos odontológicos. Apesar de uma baixa
resposta (apenas 40% de todos convocados para a pesquisa) houve apenas
uma resposta de que não havia sido usado a autoclave, com 52,9% usando
após cada paciente (Healy, et al, 2004). Apesar do índice de resposta ter sido
desapontador, o número de conscientização sobre o perigo da contaminação
cruzada aparenta ter aumentado, e dos que responderam a maioria soube a
importância do uso da autoclave para impedir isso. Ainda assim, o uso do
equipamento em procedimentos médicos aparenta ser maior quando
comparamos esses dois estudos, valendo relatar que se tratam de dois países
diferentes, e que outro estudo na Irlanda sobre o uso da autoclave apresenta o
resultado de uso de assustadoramente 30%.

Além dos já conhecidos usos para esterilização, a autoclave é usada na


produção de compósito pré-impregnado (prepreg) de polímeros reforçados de
fibras de carbono, termoplástico e outros materiais, usados em indústrias
aeroespaciais e automotivas por ser um material forte e rígido, sendo a
autoclave um equipamento essencial para o processo de cura da matéria-prima
desse prepreg. Para sua produção, o material para prepreg deve atingir entre
180°C e 200°C, variando o tempo levado para isso, e após isso deve seguir
mais tempo na autoclave para realizar o processo de cura. Todavia, para evitar
grandes variações de temperatura (até 50°C) entre as partes do material que
levam mais tempo para aquecer que outras, é necessário um uso e cálculo
inteligente na programação do uso da autoclave (Kenny, 1992). Atualmente
porém, muitos estudos estão sendo realizados sobre produções de prepreg
sem a utilização de autoclave, por conta de seu alto custo e inflexibilidade de
uso, podendo ocorrer de ser necessário autoclaves grandes demais para
pequenas amostras. Ainda assim, a autoclave ainda é o equipamento mais
conhecido e utilizado no processo de cura dos prepregs.

Por fim, um modelo realizado por Bagnato, et al (2016),

Levando em consideração os materiais termosensíveis, que não


podem ser expostos ao calor úmido, e que sua alternativa demora
muito tempo e forma resíduos preocupantes para o meio-ambiente
(esterilização por agentes químicos), seu modelo nos apresenta uma
autoclave que possa disponibilizar nela mesma diferentes tipos de
agentes esterilizantes, sendo esses termocoagulação, ozônio e luz
ultravioleta, sendo os dois últimos agentes podendo ser utilizados em
conjunto ou separados.

Essa inovação nos apresenta uma nova perspectiva e funcionamento para


uma autoclave no ramo da esterilização.

Figura 1: autoclave hospitalar horizontal. Disponível em:


https://www.esterilav.com.br/autoclave-hospitalar-horizontal
Figura 2: autoclave laboratório vertical. Disponível em:
https://www.esterilav.com.br/autoclave-laboratorio

Figura 3: autoclave de cura de prepregs de fibra de carbono. Disponível em:


https://xirtue.net/autoclave-curing-prepregs/#site-content

Considerações Finais

Com isso vimos a importância do uso da autoclave em aspectos diários de


nossa vida, tanto em relação com nossa saúde e todo o sistema de saúde que
temos no mundo como em nossos meios de transporte, que utilizam de
materiais feitos em autoclaves. A necessidade da boa compreensão de seu uso
e do aumento de conscientização sobre sua importância também se mostra
evidente com a pesquisa realizada, mostrando a necessidade de mais
trabalhos feitos a respeito deste equipamento.

Referências

[1] Centea, T.; Grunenfelder, L.K.; Nutt, S.R. A review of out-of-autoclave


prepregs – Material properties, process phenomena, and manufacturing
considerations. 2014. 23 f. Mork Family Department of Chemical Engineering
and Materials Science, Viterbi School of Engineering, Los Angeles, 2010.
Disponível em:
https://reader.elsevier.com/reader/sd/pii/S1359835X14003108?token=E7CCEC
CDADAA62A45AA63FBE48AFD42AE7AD324C4CE00ADCF4994CA0D886D5
6FD30B38A0EF662B4F3C60B18444837D89&originRegion=us-east-
1&originCreation=20230313222638

[2] Coulter, W.A. et al. Autoclave performance and operator knowledge of


autoclave use in primary care: a survey of UK practices. 2001. 6 f. Journal of
Hospital Infection, 2001. Disponível em:
https://reader.elsevier.com/reader/sd/pii/S0195670101909594?token=62974969
4AAD7DCC03DFC25D8EDC233525743AB141859DA58D86A71446F35ED2BF
F850941160EF3241AB63CB2B6F0F19&originRegion=us-east-
1&originCreation=20230313225551

[3] Healy, C.M. et al. Autoclave use in dental practice in the Republic of Ireland.
2004. 5 f. International Dental Journal, 2004. Disponível em:
https://reader.elsevier.com/reader/sd/pii/S0020653920351170?token=9411E4F1
A9C99C733FB3A5EF0E9DC3442685746F523E40414BF9812D5C4D2A800B6
95D6EE5FA50DD1C7D5249497240FB&originRegion=us-east-
1&originCreation=20230313225631

[4] Bagnato, Vanderlei et al. AUTOCLAVE MULTIFUNCIONAL. Newton Silveira.


2016. 30 f. Universidade de São Paulo, 2016. Disponível em:
http://repositorio.ifsc.usp.br/bitstream/handle/RIIFSC/8977/Autoclave%20multifu
ncional.pdf?sequence=1
[5] Couto, Marcelo. Diversidade nas técnicas de esterilização. 2014. 8 f.
Disponível em: http://nascecme.com.br/2014/wp-content/uploads/2014/07/10-
17-esterizacao.pdf

[6] Stark, W.; Jaunish, M.; McHugh, J. Dynamic Mechanical Analysis (DMA) of
epoxy carbon-fibre prepregs partially cured in a discontinued autoclave
analogue process. 2014. 9 f. Federal Institute for Materials Research and
Testing, Berlim, 2014. Disponível em:
https://reader.elsevier.com/reader/sd/pii/S0142941814002530?token=8971B94
BD6D28F68B35309DB50E2FAD87F429757541332FA9801EEF76DAAFD2E45
818CB1634E156854BB2267FE46F393&originRegion=us-east-
1&originCreation=20230314020315

[7] Kenny, J.M. Integration of Processing Models with Control and Optimization
of Polymer Composites Fabrication. 1992. 517-532 f. Department of Materials
and Production Engineering, University of Naples, Italy, 1992. Disponível em:
https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-94-011-2874-2_36

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