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Resumo
O presente artigo apresenta o uso da emba- boratoriais piloto comprovando sua eficácia.
lagem industrial de polipropileno, de grama- Diante do seu baixo custo e ótima apresen-
tura 80g/m2, para esterilização de materiais tação, recomendamos o seu uso como alter-
em autoclave. São apresentados os testes la- nativa ao grau cirúrgico e ao papel kraft.
Introdução mas que possui como uma das desvantagens ser opaco.
É notória a grande preocupação com o risco de transmissão de Foram introduzidos materiais mais estéticos, como por exemplo
HBV e HIV entre pacientes e profissionais da área da saúde1-6,8,10. o Grau Cirúrgico, que é um invólucro que possui uma face trans-
Os processos de esterilização dos materiais tem abrangido o parente de polipropileno e poliéster, e outra face de papel opaco,
uso de estufas, autoclaves, pastilhas de formol, glutaraldeído e até porém é comercializado com um custo bem elevado.
mesmo raios Gama. Dentre estes, tornou-se mais utilizada a técni- Como um material alternativo iniciamos o uso do polipropi-
ca de esterilização por saturação de vapor d´água, sob pressão, por leno para confecção de invólucros para a esterilização de ma-
meio das autoclaves7,8,9. teriais, em virtude de sua boa apresentação e preço acessível,
A utilização da autoclave como instrumento de esterilização de quando comparado com outros materiais. Entretanto, havia
materiais requer o uso de invólucros ao redor dos materiais a serem poucos estudos mencionando esta embalagem para este pro-
esterilizados, para que se faça a manutenção do estado estéril, após pósito7,9. Diante disto, testamos a viabilidade do polipropileno
a retirada do material da câmara da autoclave8. Para esta finalidade como material para invólucros na esterilização de materiais,
consagrou-se como mais barato e utilizado o material papel kraft, para o uso em autoclave.
A c
FIGURA 1 - A) Selamento térmico do invólucro de polipropileno; B, C) Embalagens individualizadas para o conjunto clínico e alicates ortodônticos.
FIGURA 3 - Seladora utilizada para o experimento. FIGURA 4 - Fita adesiva para autoclave.
figura 5 - Invólucro de polipropileno selado termicamente, selado com fita e figura 6 - Autoclave utilizada no experimento.
invólucro de papel Kraft.
figura 7 - Invólucros, tubos de ensaio e becker dispostos dentro da autoclave figura 8 - Display da autoclave no momento em que o ciclo foi interrompido.
para esterilização.
Já secos, os três invólucros foram armazenados expostos ao tabela 1 - Análises do crescimento microbiano.
ambiente por um período de 7 dias e, em seguida, incubados em Invólucros/Controles n Crescimento Microbiano
meio de cultura. Papel Kraft Fita 2 Negativo
Procedeu-se as identificações para a incubação como: papel Polipropileno Selado 5 Negativo
kraft; polipropileno selado; polipropileno com fita; controle do Polipropileno Fita 1 Negativo
indicador e controle do caldo. Em seguida, tendo a manipulação
Controle Indicador 2 Positivo
sido feita de maneira asséptica, foi distribuído 5ml de meio de
Controle Caldo 2 Negativo
cultura entre os tubos. Nessa fase foi tomado o cuidado de deixar
o tubo identificado por “controle do caldo” como sendo o último
tubo a receber meio de cultura, sendo assim, se durante o proces-
so de distribuição do caldo entre os tubos houvesse alguma falha
na cadeia asséptica, esse tubo acusaria essa falha.
Procedeu-se a incubação dos indicadores biológicos que esta- Gerard Ozanne et al.9 utilizaram o polipropileno como mate-
vam dentro dos invólucros dentro dos seus respectivos tubos, iden- rial para o invólucro em testes para a descontaminação de lixo
tificado também o “controle do indicador”, que não foi submetido à laboratorial, porém não houve nenhuma citação com relação à
esterilização (validação do indicador). maneira que foi utilizado o polipropileno ou como essa emba-
O conjunto com os cinco tubos de ensaios foi levado à estufa lagem foi fechada. Apenas demonstrou-se que, após o ciclo da
para espera dos resultados. Seguiu-se o protocolo de tempo de es- autoclave, o conteúdo da embalagem foi adequadamente esteri-
pera determinado pelo fabricante dos indicadores biológicos, que era lizado. Da mesma forma, James L. Lauer et al.7, preocupados em
de 7 dias em estufa em uma temperatura entre 55 e 600C. estabelecer um protocolo para o uso das autoclaves com câmaras
Após o período de incubação, o conjunto de tubos de ensaio foi de aço ou de polipropileno na descontaminação de descartes la-
retirado da estufa para as leituras. boratoriais contaminados, utilizaram também sacos de polipro-
Numa segunda bateria de testes, repetiu-se os testes por 4 ve- pileno para acondicionar o material para a esterilização, porém
zes para o invólucro de polipropileno selado termicamente, para também não fizeram a descrição da maneira como foi feita a ma-
confirmação dos resultados, porém dessa vez optou-se em não nipulação desse invólucro.
fazer o teste com a embalagem selada de polipropileno com fita O presente experimento envolveu a utilização de uma autocla-
adesiva, por se tratar de uma fita produzida com papel crepado, ve de pequeno porte, que é mais susceptível a variações de tempe-
que possui poros que permitem a passagem do vapor d’água. ratura e pressão, aproximando-se da realidade cotidiana de um or-
Sendo assim, os testes foram repetidos seguindo todos os pro- todontista. Outro aspecto também a ser pontuado foi com relação
cedimentos anteriormente descritos, incluindo portanto mais 4 à maneira de se fazer o fechamento desse invólucro. O fechamento
invólucros de polipropileno selados termicamente, 1 invólucro de desse invólucro pode ser feito empregando-se a fita adesiva tipo
papel kraft, 1 controle do indicador e 1 controle do caldo. fita de autoclave ou por selamento térmico, também reproduzindo
duas realidades clínicas.
Resultados O indicador biológico utilizado neste estudo é facilmente en-
A tabela 1 apresenta as leituras obtidas para todos os invólu- contrado e acessível com relação ao seu custo. E compreende um
cros, bem como controles, da primeira e segunda bateria de testes. teste padrão utilizado em vários ambientes, a exemplo de prefeitu-
ras e também da UEM.
Discussão Diante do exposto, recomendamos o uso desta embalagem
O invólucro de polipropileno apresenta um preço acessível, para o uso na clínica odontológica.
fácil manuseio e boa apresentação. Este material também é uti-
lizado como embalagem comercial de alguns alimentos indus- Conclusão
trializados. Pode-se afirmar que, para um tempo de conservação de 7
Poucos estudos forneçem informações sobre a utilização desse dias, o uso do polipropileno como invólucro para embalagem
material como invólucro para utilização em autoclave7,9. No presen- de materiais para esterilização em autoclave é eficaz; e pode ser
te estudo, testamos um período de 7 dias em exposição ambiental fechado tanto com fita adesiva para autoclave como por sela-
do invólucro, já que um ortodontista dificilmente ficará mais que mento térmico.
uma semana sem utilizar determinado material (é mais provável
que seja feito mais de um ciclo diário).
This study presents the use of polypropylen packages (80g/ well as its optimal appearance, we recomend the use
m2) for steam sterilization purpose. Laboratory preliminar of polypropylen for steam sterilization purpose as an
tests are shown to prove its efficacy. Do to its low cost as alternative to surgical and kraft papers.
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