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Dilber Cezar Alonso da Silva

A REGÊNCIA ORQUESTRAL, UM OLHAR SOBRE OS


GESTOS POR ESTRUTURAS

Artigo apresentado ao curso de


especialização em Regência da Faculdade
de Ciências e Educação do Caparaó
(FACEC, ES), como requisito parcial para
a obtenção do título de Especialista em
Regência.

Vitória, ES
2022
Sumário

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3

2. A EVOLUÇÃO E O SURGIMENTO DO REGENTE ............................................... 3

3. ALGUNS CONCEITOS RELACIONADOS AO GESTUAL DE REGÊNCIA ........... 6

4. ANÁLISE DO EXCERTO DO PRIMEIRO MOVIMENTO DA QUINTA SINFONIA


OPUS 67 DE LUDWIG VAN BEETHOVEN ................................................................ 9

5. A REGÊNCIA POR ESTRUTURA ........................................................................ 12

6. CONCLUSÕES FINAIS ........................................................................................ 15

7. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 16
3

A Regência Orquestral, um olhar sobre os gestos por


estruturas

Resumo: O presente artigo discute o conceito de gesto da regência musical por


estruturas da fraseologia. Incialmente são apresentados a evolução e o surgimento
da condução orquestral e de coros, os conceitos relacionados ao gestual de regência
musical, e discutido as relações técnicas básicas ensinadas ao longo da formação do
regente. Na segunda parte do texto, faço uma breve analise de um excerto do primeiro
movimento da 5ª Sinfonia de Beethoven. Por fim, proponho a regência dessa peça
com a técnica gestual a que conceituo de regência por estruturas.

Palavras-chave: Regência musical. Estrutura musical. Regência Orquestral.

1. INTRODUÇÃO

Neste artigo primeiramente vamos definir o conceito de regência orquestral e coral, os


desde o surgimento desta função nos grupos musicais, a partir desse princípio, faço
uma breve explanação sobre o conceito e o ensino dos gestos na condução de uma
obra musical.

Em seguida faremos uma breve analise de um excerto do primeiro movimento da


quinta sinfonia de Beethoven opus 67 suas frases, motivos principais, os principais
aspectos a serem considerados na condução da obra. Eis que explico o que sugere o
tema do artigo as estruturas fraseológicas e como fazer a condução ou regência do
grupo orquestral com essa técnica.

2. A EVOLUÇÃO E O SURGIMENTO DO REGENTE

A regência ou condução musical de um grupo é o ato de dirigir a execução de uma


obra musical executada por um grupo. Tal atividade artística esteve sempre presente
ao longo da história da música, desde a Suméria1 e o Egito, até aos nossos dias.

1É a mais antiga civilização conhecida, localizada na região do sul da Mesopotâmia (atual sul do Iraque),
na região dos rios Tigre e Eufrates, durante as idades do calcolítico e do Idade do Bronze (ca. de 3 300
a 1 200 a.C.), e uma das primeiras civilizações do mundo, junto com o Egito Antigo e o Vale do Indo.
4

Segundo Vantoura (1991), uma das formas mais antigas de condução de grupos
musicais de que se tem notícia, consistia no método de dirigir os coros das tragédias
gregas, através de batimentos de mãos, de golpes de sapatos de madeira ou de paus.
Esta função era desempenhada pela figura interveniente nestas representações
teatrais, chamada Corifeu que, colocado no meio dos atores, assim velava pela
correção rítmica das execuções.

Ainda segundo Vantoura (1991), os cânticos eclesiásticos, inclusive o canto


Gregoriano, eram dirigidos através de um sistema de sinais de mãos, chamado
Quironomia.

Este modo de regência, que se manteve durante a Idade Média, era exercido por um
músico líder chamado Praeceptor ou Chironomica que supervisionava e auxiliava a
performance dos cantores através do uso deste código gestual.

O desenvolvimento das capelas musicais no séc. XV e o aparecimento de obras


escritas para grupos corais e instrumentais, numericamente maiores, continuou a
impor a presença de um referencial rítmico durante o ato performativo. A expressão
técnica, para tal, consistia no movimento regular e ininterrupto, para cima e para baixo,
da mão de um dos músicos presentes, o que indicava aos seus pares o tactus ou o
pulso básico em que deveria ser executada a peça.

Segundo Honegger (1996) este músico utilizava, por vezes, um rolo de papel de
música chamado “sol-fa”, provavelmente para aumentar a visibilidade de seus gestos.

Este método de regência “tactus” manteve-se durante todo o Renascimento. A


influência dos padrões rítmicos de dança na composição musical do século XVII
conduziu ao aparecimento dos compassos modernos, com seus tempos
alternadamente fortes e fracos.

Em conformidade com os avanços na escrita, a regência passou a exprimir


visualmente os tempos fortes com movimento para baixo e os tempos fracos com
movimentos para os lados e para cima, e a função continuou a ser desempenhada
5

por um músico integrante do grupo, geralmente, aquele que tinha a responsabilidade


de realizar o baixo cifrado, ao cravo, eis o termo Maestro al Cembalo2 , ou ao órgão.

Em grupos que haviam apenas instrumentos de cordas, esta atividade era, por vezes,
executada pelo primeiro violino da orquestra, o chamado Konzertmeister ou spalla.

Segundo Mahling (1996), a prática da regência se diferencia em termos e funções


nessa mesma época, cabia ao Konzertmeister dar sinais de entrada e de interrupção
aos executantes, enquanto que ao Maestro al Cembalo, competia zelar pelo
desempenho dos cantores e pela concepção da performance como um todo.

Segundo Honegger (1996), nesse mesmo período as obras, para grandes grupos tais
como os oratórios, motetos e as tragédias líricas eram predominantemente dirigidas,
por um membro destacado do grupo que marcava o ritmo, batendo no chão, com um
grande bastão conhecido como barrete, como acontecia na ópera de Paris, ou
fazendo-o com um rolo de papel agarrado pelo meio que era mais usual na Alemanha.

Neste contexto, o perfil do Konzertmeister, entrou em declínio em favor de uma nova


figura, o chefe de orquestra, o Kapelmeister, que, colocado à frente dos músicos,
dirigia o conjunto, batendo o compasso com um arco ou com uma batuta, de acordo
com a sua estilização.

Segundo Farberman (1999), com o desenvolvimento gradual da estética romântica, já


partir do início do séc. XIX, surge algumas expressivas mudanças no conceito de
regência, bem mais significativas e profundas. Tudo isso devido a crescente
complexidade da escrita musical, a exploração das assimetrias rítmicas e melódicas,
o uso sistemático do rubato, uma música com uma busca pela representação
simbólica dos sentimentos humanos e ainda o grande número de músicos envolvidos
em muitas das execuções impuseram, definitivamente, a figura do regente. Esse já
não como mero coordenador ou “batedor do tempo”, mas como o responsável técnico
e artístico da execução musical.

Farberman (1999) ainda descreve que esta nova função passou a ser confiada a um
músico especialista, com competências técnico-musicais, cognitivas e gestuais
colocadas ao serviço da criação de um conceito interpretativo da obra musical e da

2 No século XVII e XVII o maestro tocava ao cravo as partes do continuo e coordenava a execução
das obras, dando as entradas e os cortes de vozes aos cantores e cantoras. Já cembalo é o nome do
cravo em alemão, já em italiano é clavicembalo.
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respectiva transmissão ao conjunto sob sua regência, através de uma gestualidade


especificamente apropriada para cada obra.

A evolução profunda da regência deveu-se, assim, tanto à necessidade de


comunicação gestual para transmitir informações específicas aos executantes,
silenciosamente, sem interromper a execução, como ao reconhecimento da
importância da relação entre a gestualidade do regente e as qualidades musicais da
performance.

Segundo Galkin (1988) A partir de 1900 a regência não mais é descrita como um
procedimento meramente métrico. A gestualidade era agora entendida como uma
representação do ritmo, acento e expressão e um reflexo do perfil melódico da frase
e da arquitetura de toda a composição.

3. ALGUNS CONCEITOS RELACIONADOS AO GESTUAL DE


REGÊNCIA

Rudolf (1950), em seu livro propõem o ensino de seis padrões gestuais de cada um
dos ritmos básicos não-espressivo, leve-staccato, full-staccato, espressivo legato,
marcato e tenuto. Esses padrões são baseados não apenas na própria experiência do
escritor, mas também sobre a prática comum dos mais importantes regentes de
nossos dias.

Em regra, e ainda hoje o ensino de regência ou a condução de grupos musicais como


bandas, orquestras e coros são feitos da seguinte maneira:

O braço direito descreve certos padrões que representam o ritmo, com um padrão
diferente para cada um deles, ou seja, binário, ternário, quaternário, quinário e etc.

Eis que os padrões sofrem pequenas modificações de acordo com a expressão


musical.

Os movimentos da batuta ou do braço direito são assim organizados para cima, para
baixo, para a esquerda, para a direita e suas várias combinações.

Utilizando o exemplo de ensino de Rudolf (1950) somente em compasso quaternário


temos as seguintes variações gestuais:
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1) Gestual quaternário não expressivo, o gesto em certa forma é como uma cruz
ou mesmo um T, porém com um caráter neutro e com linhas mais retas.

Imagem 1: Gestual não expressivo em compasso quaternário

Fonte: Rudolf, Max, the Grammar of condoctor, G. Schirmer (1950) página 8

2) O ritmo quaternário em staccato leve, é um movimento rápido e direto com uma


parada em cada ponto ou tempo do compasso e os gestos são menores em
tamanhos ao longo do espaço.

Imagem 2: Staccato leve em compasso quaternário

Fonte: Rudolf, Max, the Grammar of condoctor, G. Schirmer (1950) página 16

3) O ritmo quaternário legato expressivo é feito com um gestual mais curvo e


contínuo, com uma certa tensão e a intensidade e o grau da curva variam de
acordo com a qualidade emocional da obra. O tamanho pode variar de pequeno
a muito grande.
8

Imagem 3: Legato expressivo em compasso quaternário

Fonte: Rudolf, Max, the Grammar of condoctor, G. Schirmer (1950) página 26

Refletimos então que a máxima do ensino de regência ao longo da história, tem foco
na clareza de gestos, e de acordo com a expressividade mudamos ou variamos os
gestuais, porém sempre conduzindo os ritmos da obra em relação aos compassos,
nos exemplos acima utilizamos o compasso quartenário, porem o mesmo ocorre nos
demais compassos.

Ainda cabe aqui destacarmos que as obras em andamentos rápidos, desenvolvemos


o gestual reduzindo os compassos a 1 tempo em relação ao gestual representando
um compasso a cada tempo, ou em compassos quaternários rápidos dirigimos a dois
tempos, ou seja, subdividindo ao meio o gestual básico.

Uma outra variação em termos de gestos são as escolas italiana3 e alemã4, onde
temos diferentes abordagens de como conduzir cada compasso com gestuais
diferentes em si, porem com os mesmos princípios.

Cabe ainda descrevermos brevemente a técnica gestual desenvolvida em compassos


compostos ou mistos onde as subdivisões dos tempos são compostas ou as subpartes

3O termo escola se refere a alguns padrões exclusivos desenvolvidos na Itália ao longo dos séculos de
música italiana, principalmente na música vocal com os coros e na Opera Italiana.
4 O mesmo termo na Alemanha, principalmente com o desenvolvimento da música no período clássico,

onde muitos compositores desenvolveram suas estéticas e estilísticas com uma certa diferença de
outros lugares. Isso refletiu e muito no gestual dos regentes.
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de tempos nos compassos mistos são marcados como compassos simples ou tempo
a tempo subdividindo o gestual.

Rudolf (1950) também trata de assuntos técnicos-interpretativos dos regentes em


obras específicas, dando exemplos de como conduzir fermatas, ritardandos e
accelerandos, pausas, entre outros. Bem como dedica um capítulo inteiro para tratar
do autocontrole que o regente deve ter não só dos seus movimentos, mas da atividade
da regência como um todo.

4. ANÁLISE DO EXCERTO DO PRIMEIRO MOVIMENTO DA QUINTA


SINFONIA OPUS 67 DE LUDWIG VAN BEETHOVEN

A 5º sinfonia de Beethoven, 1º movimento está em forma sonata contendo Seção A/


Seção B/ Seção A' e Coda, escrita na tonalidade de dó menor em andamento Alegro
con brio, com mínima A.C.= 108 ou seja 108 batidas por compasso, pois a métrica do
compasso é 2/4.

A Seção A está dividida em duas partes:

1ª parte) do compasso 01 ao 57, sendo dividida em “a e b”, sendo a letra ”a” do


compasso 01 ao 24, onde temos a exposição do tema, e o seu desenvolvimento na
tonalidade principal de Do menor, até chegarmos ao compasso 21 e termos uma meia
candência, uma pausa e o motivo principal uma segunda acima e mais dramático, em
fortíssimo como no início da obra.
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Imagem 4: Motivo principal na exposição do tema do compasso 01 ao 24

Fonte: Bethoven, Van Ludwig, 5ª Sinfonia de Beethoven Opus 67, redução para piano por Franz Listz,
Leipzig, editora Breitkopf und Härtel, 1865

Já a letra “b” do compasso 25 ao 58, finalizando em meia candência com uma ponte
com modulação para Mi bemol, onde temos o destaque para o solo de trompa do
compasso 59 ao 62, anunciando a segunda parte, o tema B.
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Imagem 5: letra b, ainda na exposição do tema a partir do compasso 25

Fonte: Bethoven, Van Ludwig, 5ª Sinfonia de Beethoven Opus 67, redução para piano por Franz Listz,
Leipzig, editora Breitkopf und Härtel, 1865

2ª parte) do compasso 63 a 124, sendo dividida em c e d, sendo a letra “c” do


compasso 63 ao 93 e a letra “d” do compasso 94 ao 124.

Beethoven ao escrever a sugere 108 batidas por minuto por unidade de compasso o
que se torna muito rápido para qualquer maestro marcar dois tempos por compasso.
Nesses casos a maioria dos regentes preferem marcar apenas o compasso, um pulso
por compasso.

A letra “a” começa com uma pequena “introdução” de 5 compassos binários iniciais,
observamos o andamento e a primeira estrutura a ser regida tem exatamente uma
quadratura.

O trecho começa em ritmo anacrústico5 para o segundo compasso onde temos uma
fermata em cima de uma mínima, no terceiro compasso o mesmo grupo de colcheias
anacrústico idêntico ao primeiro compasso, porem finalizamos o quarto compasso

5Um trecho anacrústico aquele em que a primeira nota não começa no primeiro tempo do compasso,
em algumas circunstâncias também chamado de ritmo acéfalo, por não iniciar na cabeça do tempo.
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ligado ao quinto com uma fermata no quinto compasso, igual ao segundo conforme a
imagem abaixo.

Imagem 6: Motivo principal na exposição do tema trecho dos violinos

Fonte: Bethoven, Van Ludwig, 5ª Sinfonia de Beethoven Opus 67, editora Werke Breitkopf,1958

Essa fermata também conhecida como fermata ao topo, onde o maestro segura a
duração da nota até o tempo que ele queira, porém em termos históricos a fermata
dura aproximadamente a metade da nota, eis a primeira decisão interpretativa do
maestro quanto deve durar cada fermata.

5. A REGÊNCIA POR ESTRUTURA

A regência por estrutura é a concepção dos gestos do regente criados a partir da


estrutura fraseológica da obra. O tema fraseologia é muito citado com elemento de
estruturação ou composição musical, é ainda um elemento muito importante da
morfologia da música. Já morfologia pode ser considerada o estudo da forma ou
estrutura de obras musicais, constituída por motivos, membros de frases, frases,
seções, episódios e variações. Importante destacar que em contraste à morfologia,
que é linear, existe ainda pequenas estruturas que diz respeito a eventos e padrões
que, embora evidentemente inseridos ou "encaixados" na estrutura da música,
independem parcial ou quase totalmente de sua morfologia.

A esses elementos citados acima o professor Alexandre J. Eisenberg em seu ensaio


sobre análise musical cita como paramorfologia. Eisenberg (2021).

Para a melhor compreensão do tema vamos descrever a correlação dos acentos


métricos, movimentos harmônicos escritos numa estrutura, com o que ouvimos ou
seja nossa cognição. Se considerarmos a cognição musical em diversas obras, o
ouvido tende a identificar o fim de um motivo ou frase sobre um acento métrico, tempo
forte, geralmente aliado a um acento harmônico ou mesmo a resolução de um acorde.
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Pois bem certas obras essa mesma cognição faz escutarmos uma obra com frases e
estruturas diferentes daquilo que o compositor escreveu, sugerindo ao regente
conduzir o grupo com gestos de acordo com a cognição e não com aquilo que está
escrito.

Essa decisão facilita a compreensão dos músicos que estão sendo conduzidos pelos
gestos do regente, bem como facilita a fluidez na interpretação da obra.

Algo que contribui para os gestos do regente ser por estrutura e não por compasso
são as características de ambiguidade cognitivas em música, essas características
torna a obra musical mais interessante e menos previsível.

A ambiguidade pode criar ainda várias possibilidades de análise motívica,


principalmente quando o compositor fragmenta motivos e repete tanto os motivos
originais como seus fragmentos, além de citar frases recorrentes com deslocamentos
métricos dentro da estrutura.

Em termos técnico de regência por estrutura, essa peça em especial fica mais fluída,
se o gesto do regente ser em 4 (quaternário) por causa dessa quadratura que se for
pensado conforme o andamento rápido, temos exatamente uma estrutura de quadro
compassos por frases ou membro de frases. Observe a imagem abaixo onde
indicamos os tempos da regência em quaternário nos primeiros compassos.

Imagem 7: Marcações de regência de um excerto do primeiro movimento da 5ª sinfonia de Beethoven


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Fonte: Bethoven, Van Ludwig, 5ª Sinfonia de Beethoven Opus 67, redução para piano por Franz Listz,
Leipzig, editora Breitkopf und Härtel, 1865

Com a redução temos uma ideia de gestos, porém com a massa orquestral
precisamos entender o que estamos regendo.

A entrada inicial é de clarinetas e cordas, feito com um levare6 para o quarto tempo
do compasso quaternário, e logo temos uma fermata que nesse caso valerá 3 tempos
e está bem no segundo compasso e completa no 4º tempo em direção ao 5º
compasso. Os números em cima da redução se faz entender os tempos do compasso
quaternário do gestual do regente.

Imagem 8: Marcações de regência com os tempos do compasso quaternário, a entrada e os


primeiros 8 compassos

6Expressão de gesto preparatório ao ponto inicial de um ataque sonoro, ou uma performace, também
conhecido como gesto inicial e preparatório.
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Fonte: Bethoven, Van Ludwig, 5ª Sinfonia de Beethoven Opus 67, redução para piano por Franz Listz,
Leipzig, editora Breitkopf und Härtel, 1865

No quarto compasso a regência será um quase rubato, sem prejuízo para o ritmo pois
temos uma única nota soando, é comum não regermos esses três tempos, ou quando
marcamos esses tempos são silenciosos sem expressão, um termo para essa
marcação é neutra7, completando o compasso quaternário. Temos o levare no
compasso 6, que é anacrústico no violino 2 para o 7 compasso que será todos regidos
em quatro, com resposta de viola e violinos 1.

Depois acontece a mesma coisa na quadratura posterior, regência em 4, até chegar


no compasso 19 e 20 que será regido em 2, sendo o 21 volta a regência em 4, que
será o mesmo pensamento da introdução: no compasso 21 valerá 3 tempos e o 22, 1
tempos, completando a regência em 4, sendo que o compasso 22 será regido em 1
ligando para a fermata do próximo compasso que valerá 3 tempos mais 1 tempo do
compasso 25, fechando assim a letra a da 1ª parte.

6. CONCLUSÕES FINAIS

Ao longo desse trabalho, as conclusões da pesquisa resultando nos aspectos que


discorro sobre o a história e o ensino de regência, e ao mesmo passo que apresento
uma breve analise da estrutura da quinta sinfonia de Beethoven e ainda descrevo
sobre a utilização da regência por estrutura na obra, faz ser compreendido a
importância desses aspectos na preparação do regente, bem como colabora na
compreensão da performance do regente em diversas obras.
O artigo complementou minha preparação como regente, uma vez que
pesquiso, analiso e descrevo cada aspecto relevante e em diversas perspectivas da
obra analisada aqui, aumentando a minha compreensão sobre o todo.
O fazer artístico como um desafio, reside no trabalho de buscarmos referências
performáticas em nossas experiências pregressas. Com essa pesquisa ampliei minha

7Marcação neutra é um termo usado na regência para os tempos ou compassos que marcamos sem
exigir do grupo alguma expressão sonora, é o mesmo que gestos preparatórios, apenas para
prepararmos uma entrada em algum trecho performático.
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capacidade de reflexão, cada vez mais profunda em torno de tudo que estudei nos
últimos anos.
O resultado deste trabalho está ligado também na observância e na
importância da preparação do regente para futuros trabalhos, sendo um importante
objeto de estudo para complementar a preparação de concertos e estudos de obras
no que diz respeito a reflexão sobre as estruturas das obras a serem executadas, os
aspectos estruturais e o uso do gestual em diferentes repertórios.

7. REFERÊNCIAS

VANTOURA, Suzanne Haïk - Music of the Bible Revealed, BIBAL Press, 1991

HONEGGER, Marc - CONNAISSANCE DE LA MUSIQUE, Bordas, 1996

MAHLING, Christoph Hellmut - A música na história e no presente, Ludwig Finscher,


1996

FARBERMAN, Harold Farberman - The Art of Conducting Technique: A New


Perspective, Alfred Music, 1999

GALKIN, Elliott - A History of Orchestral Conducting in Theory and Practice,


Pendragon Press,1988

RUDOLF, Max - The Grammar of condoctor, G. Schirmer,1950

BETHOVEN, Van Ludwig, 5ª Sinfonia de Beethoven Opus 67, redução para piano
por Franz Listz, Leipzig, editora Breitkopf und Härtel,1865

BETHOVEN, Van Ludwig, 5ª Sinfonia de Beethoven Opus 67, editora Werke


Breitkopf,1958

EISENBERG, Alexandre J. Ensaio sobre análise musical, Universidade federal de


Santa Maria, 2021

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