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Vitória, ES
2022
Sumário
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
7. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 16
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1. INTRODUÇÃO
1É a mais antiga civilização conhecida, localizada na região do sul da Mesopotâmia (atual sul do Iraque),
na região dos rios Tigre e Eufrates, durante as idades do calcolítico e do Idade do Bronze (ca. de 3 300
a 1 200 a.C.), e uma das primeiras civilizações do mundo, junto com o Egito Antigo e o Vale do Indo.
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Segundo Vantoura (1991), uma das formas mais antigas de condução de grupos
musicais de que se tem notícia, consistia no método de dirigir os coros das tragédias
gregas, através de batimentos de mãos, de golpes de sapatos de madeira ou de paus.
Esta função era desempenhada pela figura interveniente nestas representações
teatrais, chamada Corifeu que, colocado no meio dos atores, assim velava pela
correção rítmica das execuções.
Este modo de regência, que se manteve durante a Idade Média, era exercido por um
músico líder chamado Praeceptor ou Chironomica que supervisionava e auxiliava a
performance dos cantores através do uso deste código gestual.
Segundo Honegger (1996) este músico utilizava, por vezes, um rolo de papel de
música chamado “sol-fa”, provavelmente para aumentar a visibilidade de seus gestos.
Em grupos que haviam apenas instrumentos de cordas, esta atividade era, por vezes,
executada pelo primeiro violino da orquestra, o chamado Konzertmeister ou spalla.
Segundo Honegger (1996), nesse mesmo período as obras, para grandes grupos tais
como os oratórios, motetos e as tragédias líricas eram predominantemente dirigidas,
por um membro destacado do grupo que marcava o ritmo, batendo no chão, com um
grande bastão conhecido como barrete, como acontecia na ópera de Paris, ou
fazendo-o com um rolo de papel agarrado pelo meio que era mais usual na Alemanha.
Farberman (1999) ainda descreve que esta nova função passou a ser confiada a um
músico especialista, com competências técnico-musicais, cognitivas e gestuais
colocadas ao serviço da criação de um conceito interpretativo da obra musical e da
2 No século XVII e XVII o maestro tocava ao cravo as partes do continuo e coordenava a execução
das obras, dando as entradas e os cortes de vozes aos cantores e cantoras. Já cembalo é o nome do
cravo em alemão, já em italiano é clavicembalo.
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Segundo Galkin (1988) A partir de 1900 a regência não mais é descrita como um
procedimento meramente métrico. A gestualidade era agora entendida como uma
representação do ritmo, acento e expressão e um reflexo do perfil melódico da frase
e da arquitetura de toda a composição.
Rudolf (1950), em seu livro propõem o ensino de seis padrões gestuais de cada um
dos ritmos básicos não-espressivo, leve-staccato, full-staccato, espressivo legato,
marcato e tenuto. Esses padrões são baseados não apenas na própria experiência do
escritor, mas também sobre a prática comum dos mais importantes regentes de
nossos dias.
O braço direito descreve certos padrões que representam o ritmo, com um padrão
diferente para cada um deles, ou seja, binário, ternário, quaternário, quinário e etc.
Os movimentos da batuta ou do braço direito são assim organizados para cima, para
baixo, para a esquerda, para a direita e suas várias combinações.
1) Gestual quaternário não expressivo, o gesto em certa forma é como uma cruz
ou mesmo um T, porém com um caráter neutro e com linhas mais retas.
Refletimos então que a máxima do ensino de regência ao longo da história, tem foco
na clareza de gestos, e de acordo com a expressividade mudamos ou variamos os
gestuais, porém sempre conduzindo os ritmos da obra em relação aos compassos,
nos exemplos acima utilizamos o compasso quartenário, porem o mesmo ocorre nos
demais compassos.
Uma outra variação em termos de gestos são as escolas italiana3 e alemã4, onde
temos diferentes abordagens de como conduzir cada compasso com gestuais
diferentes em si, porem com os mesmos princípios.
3O termo escola se refere a alguns padrões exclusivos desenvolvidos na Itália ao longo dos séculos de
música italiana, principalmente na música vocal com os coros e na Opera Italiana.
4 O mesmo termo na Alemanha, principalmente com o desenvolvimento da música no período clássico,
onde muitos compositores desenvolveram suas estéticas e estilísticas com uma certa diferença de
outros lugares. Isso refletiu e muito no gestual dos regentes.
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de tempos nos compassos mistos são marcados como compassos simples ou tempo
a tempo subdividindo o gestual.
Fonte: Bethoven, Van Ludwig, 5ª Sinfonia de Beethoven Opus 67, redução para piano por Franz Listz,
Leipzig, editora Breitkopf und Härtel, 1865
Já a letra “b” do compasso 25 ao 58, finalizando em meia candência com uma ponte
com modulação para Mi bemol, onde temos o destaque para o solo de trompa do
compasso 59 ao 62, anunciando a segunda parte, o tema B.
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Fonte: Bethoven, Van Ludwig, 5ª Sinfonia de Beethoven Opus 67, redução para piano por Franz Listz,
Leipzig, editora Breitkopf und Härtel, 1865
Beethoven ao escrever a sugere 108 batidas por minuto por unidade de compasso o
que se torna muito rápido para qualquer maestro marcar dois tempos por compasso.
Nesses casos a maioria dos regentes preferem marcar apenas o compasso, um pulso
por compasso.
A letra “a” começa com uma pequena “introdução” de 5 compassos binários iniciais,
observamos o andamento e a primeira estrutura a ser regida tem exatamente uma
quadratura.
O trecho começa em ritmo anacrústico5 para o segundo compasso onde temos uma
fermata em cima de uma mínima, no terceiro compasso o mesmo grupo de colcheias
anacrústico idêntico ao primeiro compasso, porem finalizamos o quarto compasso
5Um trecho anacrústico aquele em que a primeira nota não começa no primeiro tempo do compasso,
em algumas circunstâncias também chamado de ritmo acéfalo, por não iniciar na cabeça do tempo.
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ligado ao quinto com uma fermata no quinto compasso, igual ao segundo conforme a
imagem abaixo.
Fonte: Bethoven, Van Ludwig, 5ª Sinfonia de Beethoven Opus 67, editora Werke Breitkopf,1958
Essa fermata também conhecida como fermata ao topo, onde o maestro segura a
duração da nota até o tempo que ele queira, porém em termos históricos a fermata
dura aproximadamente a metade da nota, eis a primeira decisão interpretativa do
maestro quanto deve durar cada fermata.
Pois bem certas obras essa mesma cognição faz escutarmos uma obra com frases e
estruturas diferentes daquilo que o compositor escreveu, sugerindo ao regente
conduzir o grupo com gestos de acordo com a cognição e não com aquilo que está
escrito.
Essa decisão facilita a compreensão dos músicos que estão sendo conduzidos pelos
gestos do regente, bem como facilita a fluidez na interpretação da obra.
Algo que contribui para os gestos do regente ser por estrutura e não por compasso
são as características de ambiguidade cognitivas em música, essas características
torna a obra musical mais interessante e menos previsível.
Em termos técnico de regência por estrutura, essa peça em especial fica mais fluída,
se o gesto do regente ser em 4 (quaternário) por causa dessa quadratura que se for
pensado conforme o andamento rápido, temos exatamente uma estrutura de quadro
compassos por frases ou membro de frases. Observe a imagem abaixo onde
indicamos os tempos da regência em quaternário nos primeiros compassos.
Fonte: Bethoven, Van Ludwig, 5ª Sinfonia de Beethoven Opus 67, redução para piano por Franz Listz,
Leipzig, editora Breitkopf und Härtel, 1865
Com a redução temos uma ideia de gestos, porém com a massa orquestral
precisamos entender o que estamos regendo.
A entrada inicial é de clarinetas e cordas, feito com um levare6 para o quarto tempo
do compasso quaternário, e logo temos uma fermata que nesse caso valerá 3 tempos
e está bem no segundo compasso e completa no 4º tempo em direção ao 5º
compasso. Os números em cima da redução se faz entender os tempos do compasso
quaternário do gestual do regente.
6Expressão de gesto preparatório ao ponto inicial de um ataque sonoro, ou uma performace, também
conhecido como gesto inicial e preparatório.
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Fonte: Bethoven, Van Ludwig, 5ª Sinfonia de Beethoven Opus 67, redução para piano por Franz Listz,
Leipzig, editora Breitkopf und Härtel, 1865
No quarto compasso a regência será um quase rubato, sem prejuízo para o ritmo pois
temos uma única nota soando, é comum não regermos esses três tempos, ou quando
marcamos esses tempos são silenciosos sem expressão, um termo para essa
marcação é neutra7, completando o compasso quaternário. Temos o levare no
compasso 6, que é anacrústico no violino 2 para o 7 compasso que será todos regidos
em quatro, com resposta de viola e violinos 1.
6. CONCLUSÕES FINAIS
7Marcação neutra é um termo usado na regência para os tempos ou compassos que marcamos sem
exigir do grupo alguma expressão sonora, é o mesmo que gestos preparatórios, apenas para
prepararmos uma entrada em algum trecho performático.
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capacidade de reflexão, cada vez mais profunda em torno de tudo que estudei nos
últimos anos.
O resultado deste trabalho está ligado também na observância e na
importância da preparação do regente para futuros trabalhos, sendo um importante
objeto de estudo para complementar a preparação de concertos e estudos de obras
no que diz respeito a reflexão sobre as estruturas das obras a serem executadas, os
aspectos estruturais e o uso do gestual em diferentes repertórios.
7. REFERÊNCIAS
VANTOURA, Suzanne Haïk - Music of the Bible Revealed, BIBAL Press, 1991
BETHOVEN, Van Ludwig, 5ª Sinfonia de Beethoven Opus 67, redução para piano
por Franz Listz, Leipzig, editora Breitkopf und Härtel,1865