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Gabriel Niebuhr
É difícil determinar uma data para o início da história regência, pois essa inicia logo
após a história da própria música, não possuindo registros históricos. Na antiguidade
haviam dois modos fundamentais de marcação e direção, primeiro a ruidosa, batida ou
cantada (presente até o século XVIII), em segundo a marcação quironômica, que
descrevia o ritmo e a melodia através de gestos da cabeça ou até do corpo todo, sendo
realizado principalmente pela mão. A Mão Védica, encontrada em documentos da
antiga Índia, mostra um desenho onde eram escritos os doze semitons cromáticos na
mão direita, na esquerda estavam indicadas as notas que seriam tocadas em seus
ritmos.
Durante a Idade Média a marcação por meio de golpes com a mão caiu em desuso,
dando espaço para o surgimento das curvas neumáticas, que eram representadas
graficamente sobre o texto. O neuma tem sua origem no oriente e representava
valores de notas curtas e longas, movimentos ascendentes, descendentes e
bordaduras. O regente podia utilizar apenas as mãos, pois sua tarefa mais importante
era a preparação e educação dos músicos, e não o gestual durante a performance.
No período renascentista e barroco, surgem dois polos distintos entre os músicos, o
solista e o tutti, isso originou uma ligação e dependência maior do regente. A
valorização rítmica e a prática de cantar em cânone fizeram surgir novos elementos
como: barra de compasso, precisão dos valores das notas e indicações de dinâmica.
Esses fatores induziram na marcação dos tempos fortes e fracos. Independente da
variedade de compassos existentes na época, a marcação era feita apenas com
movimentos ascendentes ou descendentes. Outro papel crucial era o do cravista e o
do spalla, que eram encarregados de marcar as entradas e dar os andamentos. Com o
desuso do baixo contínuo, o spalla assume essa função. Os movimentos partiam da
cabeça e estendiam-se por todo o corpo. Nesse período o gestual era originado com o
intuito de expressar os sentimentos do compositor. Na França, Jean-Baptiste Lully
utilizava um bastão do tamanho de uma pessoa como ferramenta. No período do
classicismo surgem as raízes do que seriam os gestos expressivos do regente atual.
Neste período é adotada a batuta e o segundo tempo do compasso começa a ser
marcado lateralmente. O primeiro violino era responsável pela condução melódica. Na
França o terceiro tempo era marcado lateralmente para fora (em relação ao corpo). Os
italianos e alemães faziam a regência ainda com gestos descendentes e ascendentes, o
compasso quaternário era marcado com dois movimentos descendentes e dois
ascendentes. O compasso ternário alternava conforme a acentuação, podendo ser
marcado duas vezes para baixo e uma para cima ou uma para cima e duas para baixo.