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HISTÓRIA DA MÚSICA I

GRÉCIA ANTIGA
Inicialmente, a música servia para agradecer ou fazer pedidos aos Deuses. É o tempo dos deuses e dos
mitos. A essência da música grega reflete-se melhor neles do que nos testemunhos instrumentais ou
nos dados histórico-musicais. Entre as figuras mais importantes destacam-se:

● Apolo: Filho de Zeus, deus da luz, da verdade, da interpretação dos sonhos, da música e da
poesia. Toca Lira e dirige o coro das musas.
● Dionísio: Filho de Zeus, deus das forças elementares da natureza, deus do vinho, da dança e
do teatro.

*Existem dois princípios da música grega: o apolíneo (claro e luminoso, ordenado e belo) e o dionisíaco
(sensual, extático e inebriantemente mítico).

● 9 musas: Deusas do ritmo e do canto. Representam os diferentes aspetos da música, da


linguagem e da ciência: Calíope (poesia, canção narrativa), Clio (história, epopeia), Melpómene
(tragédia), Tália (comédia), Urânia (poesia didática, astronomia), Terpsicore (poesia coral,
dança), Erato (canção de amor), Euterpe (música, flauta) e Polímnia (canto, hinos).

Instrumentos musicais gregos

Instrumentos de corda
Eram todos dedicados ao Deus Apolo, com exceção do Barbiton, que é dedicado ao Deus Dionísio.

● Phorminx: Instrumento feito com madeira e cordas. inicialmente só dispunha de 4 cordas e é o


instrumento mais antigo conhecido na Grécia, dando origem à Cítara e à Lira.

● Cítara: Desenvolveu-se a partir do Phorminx. Instrumento feito com caixa de madeira.


Geralmente tinha dois olhos desenhados para representar um deus, neste caso Apolo, pois o
instrumento é-lhe dedicado. Tinha uma fita para pendurar ao pescoço e uma pena para servir de
palheta (como na guitarra). Normalmente tinha 7 cordas. A mão direita tocava e a esquerda
ficava por trás das cordas para abafar.

● Lira: É constituída por uma carapaça de tartaruga, com chifres de cabara a fazer de braços,
barra transversal e 7 cordas. A sua invenção é atribuída a Hermes.

● Barbiton: É o único instrumento de corda dedicado a Dionísio. Tem braços mais longos que a
Lira e é mais estreito. Era usado para acompanhar o canto nas bacanais.

● Harpa: Era sobretudo um instrumento feminino. Podia ter a forma de harpa angular ou com
coluna de apoio, como trigonon.
Instrumentos de sopro
Eram todos dedicados a Dionísio.

● Aulos: Instrumento de madeira, marfim ou metal, possuía uma palheta dupla. Normalmente
tocava-se simultaneamente em 2, como aulos duplo, seguros apenas por fitas designadas por
phorbeia. Tinha uma sonoridade doce e apaixonada.

● Syrinx: Também denominada flauta de Pã, é feita de 5 ou 7 tubos de comprimento e altura de


sons diferentes atados uns aos outros.

● Salpinx: trombeta em metal com uma embocadura de chifre. Era um instrumento de sinais,
utilizado por militares.

Syrinx

Instrumentos de percussão
Geralmente dedicados a Dionísio.

● Crótalos: espécie de castanholas.

● Címbalos: par de pratos.

● Tympanon: tambor com caixilho.

● Xylophon: reco-reco.

Teoria musical, monumentos musicais


Já no século VI, Pitágoras tinha demonstrado o fundamento numérico da música. Tratava-se de
proporções de intervalos, mas subjacente a isso estava a crença segundo a qual o movimento do
cosmos e o da alma humana se baseiam nas mesmas proporções numéricas harmónicas. Segundo ele,
“Mousiké” é a ligação entre música, movimento e palavra. Ou seja, sempre que houvesse música, teria
de haver algum tipo de movimento e palavra.

Aristóteles apresenta a doutrina do ethos. O Ethos é um conceito filosófico que atribui à música não só
a possibilidade de mudar o estado de espírito da pessoa, bem como a capacidade de moldar a maneira
de ser e estar, e o que seria o futuro das pessoas que ouviam determinada música. Ou seja, moldava a
personalidade da pessoa. (ex: alguém que nascesse destinado a ser guerreiro, só ouvia determinada
música numa determinada escala).

Platão, Aristóteles e Sócrates foram grandes filósofos na música.

Epitáfio de Seikilos: É o mais antigo exemplo preservado de uma composição musical completa,
incluindo notação musical.
Sistema tonal

A nota central da Grécia Antiga é o Lá.

Tetracorde: Os tetracordes surgiram no período da Grécia Antiga e eram usados para construir e
elaborar melodias. O primeiro a aparecer foi o diatónico, este corresponde a quatro notas com espaço
de: Um tom, um tom e meio tom.

A tonalidade grega clássica era a brilhante dórica: o seu caráter corresponde ao atual modo maior o
qual, enquanto escala, tem a mesma estrutura de graus sensíveis entre a penúltima e a última nota de
cada tetracorde coincidindo a nota final do 2º tetracorde (mi ou dó) com a nota inicial do 1º tetracorde e,
portanto, com a nota principal que atualmente é a tónica (a nota inicial do 2º tetracorde, a mese, é a
atual dominante). dado que sentiam movimentos melódicos em sentido descendente, os gregos
realizavam a escala dórica como escala de mi descendente, enquanto a mesma estrutura de sentido
ascendente tem como resultado uma escala de dó. Para nós a escala de mi tem uma afinidade menor,
enquanto a de dó nos soa como nitidamente maior.

Modos Gregos
Os géneros de oitavas ou tonalidades são segmentos do sistema geral. São formados por 2 tetracordes
de estrutura igual. Os gregos conheciam 7 diferentes gêneros de oitavas. A partir dos seus tetracordes,
o dórico, o frígio, o lídio e o mixolídio dão origem a tonalidades hipo (sub) e hiper (super) nas quais a
nota final se encontra sempre situada uma quinta abaixo ou acima. Neste processo apenas o
hipodórico, o hipofrígio e o hipolídio aparecem como géneros de oitava. Os nomes dos modos provém
de antigas tribos gregas.

● lá-lá: hipodórico, também hiperfrígio (também denominado Eólio);


● sol-sol: hipofrígio, também hiperlídio (também denominado Jónico);
● fá-fá: hipolídio, também hipermixolídio;
● ré-ré: frígio;
● dó-dó: lídio;
● si-si: mixolídio (mas também hiperdórico)
● mi-mi: dórico

*A mese (Lá) ocupa em cada tonalidade um lugar diferente. Exerce uma espécie de função de
dominante enquanto tom melódico central

Escalas de transposição
A extensão sonora prática dos gregos abarcava mais ou menos 3 oitavas, sendo a oitava mais aguda
denominada oitava inferior e a oitava mais grave superior. A oitava central mi-mi, constituía o âmbito do
que se costumava chamar harmonia, no qual se podiam concretizar todas as tonalidades. O dórico não
implicava um sinal de transposição pois coincidia com a oitava de mi. Todas as outras tonalidades eram
transpostas para esta oitava de mi, o que dava origem às escalas de transposição, que podiam ter até 5
elevações cromáticas.

Os três géneros tonais


O sistema grego era definido pelo pensamento melódico horizontal. Por trás dos 3 géneros tonais que
os teóricos gregos procuravam descrever com indíces de proporções bastante diferentes, ocilta-se algo
melodicamente variariável que, presumivelmente, era concretizado de forma diferente segundo o tempo,
lugar e indivíduo. Na quarta diatónica dórica, as notas extremas lá e mi consideram-se fixas, o que não
acontece com as duas notas centrais sol e fá que podem deslocar-se em direção à nota de destino mi.

Assim, cada modo tinha três géneros tonais:

● Diatónico: não sofre qualquer alteração, continuando a ser tom, tom e semitom

● Cromático: o sol passa a fá#, passando a ser tom e meio, semitom, semitom

● Enarmónico: o sol passa a fá, o que faz com que entre as duas primeiras notas da quarta fiquem
dois tons inteiros e que para os dois passos seguintes só fique disponível um meio tom. Como
consequência, entre o fá e o mi interpola-se ainda um quarto de tom, escrito como fab. Em
suma, eram 2 tons, quarto de tom, quarto de tom.

Escrita Musical
Como já vimos, foi através do registo que ficou conhecido como epitáfio de Seikilos que se iniciou o
processo da escrita musical que temos hoje. O epitáfio de Seikilos é famoso por ser o mais antigo
exemplo encontrado de uma composição musical completa, incluindo notação musical e letra no mundo
ocidental. Era o registo de uma melodia de uma música grega e foi encontrada gravada numa lápide na
Turquia, tratando-se de uma homenagem à esposa de um certo Seikilos enterrada no local. Segue
abaixo a imagem encontrada na lápide.

Música traduzida

A escrita de notas musicais na Grécia baseava-se em letras. Para cada nota, existia uma letra e a
mesma coisa acontecia para as figuras rítmicas.
ROMA

A música dos Romanos não apresenta a autonomia da música grega. No entanto, a iconografia e as
fontes literárias comprovam a sua importância no culto, na vida social, nos banquetes, na dança, no
trabalho, no exército, etc, tal como o facto de terem assumido e modificado altamente a elaborada
música grega na sua última fase, pressupõe um sentido de qualidade e uma elevada musicalidade. No
entanto, os escravos musicais estrangeiros, vindos principalmente do mundo helénico, assumiram um
lugar-chave na vida musical romana. Existia o canto para o cerimonial religioso mas também uma
poderosa música instrumental. A sua especialidade era a flauta vertical e a flauta transversal (subulo).

Na república romana, a influência etrusca foi muito forte. Foi adotado um grande número de
instrumentos, sobretudo de sopro:
● tuba;
● lituus;
● cornu;
● buzina;
● syrinx;
● tíbia.
Além destes, existiam instrumentos de cordas como lira e de percussão.

A música na Roma Antiga desempenhou um papel essencial em várias facetas da vida romana, desde
eventos públicos até rituais religiosos e celebrações privadas. Ao longo de mais de mil anos de história,
a música romana evoluiu e absorveu influências de diversas fontes, deixando um legado cultural
significativo.

Antes do auge de Roma como potência, os etruscos, civilização precursora, influenciaram a região
central da Itália com a sua tradição musical rica, marcada pelo uso de instrumentos como a lira e a
flauta. Com a ascensão da República Romana, a música tornou-se integrante das atividades sociais e
religiosas. Instrumentos como a lira, a cítara e a tuba eram comuns, e a música acompanhava eventos
públicos, como desfiles triunfais e jogos gladiatórios.

A influência grega também desempenhou um papel significativo na música romana, com muitos estilos
e instrumentos adotados. O teatro musical era uma forma popular de entretenimento, combinando
música, dança e diálogo. A música estava intrinsecamente ligada aos rituais religiosos, com hinos e
cânticos sendo parte integrante do culto aos deuses.

Durante o período do Império Romano, a música continuou a prosperar, com imperadores que
patrocinavam grandes espetáculos musicais e competições. Começaram sentir-se influências orientais
na música romana. Contudo, com o declínio do império, a música passou por transformações. O
Cristianismo emergente trouxe novas formas de música litúrgica e coral, marcando uma transição na
tradição musical romana.

Embora poucos registos musicais tenham sobrevivido, os textos antigos, representações em arte e
alguns instrumentos preservados permitem entender a diversidade e a importância cultural da música
na Roma Antiga. Esta rica tradição musical, influenciada por diversas culturas e povos, contribuiu para a
identidade única da civilização romana

Patrono: Pessoas de grande capacidade financeira que contratam músicos/compositores para


tocar/compor em vários sítios. Estes começaram a existir a partir do Império Romano.
A partir da idade média, o principal patrono dos músicos passou a ser a igreja. Também surgem os
nobres como patronos.

No séc. XVI, começa a existir a burguesia. As pessoas pertencentes a esta classe, como eram ricas,
tentavam imitar os nobres (no entanto não eram da realeza pois estes eram “comerciantes”). Assim,
estes também começaram a ser patronos para os músicos da época.

O primeiro compositor a deixar de se “sustentar” por patronos é Beethoven.

A pomba branca representa o espírito santo.

IDADE MÉDIA

Canto gregoriano: é o canto litúrgico próprio da Igreja Católica. É um género musical da música sacra
cristã que tem as suas raízes em tradições judaicas de recitação salmodia. Surgiu na Idade Média.

O Imperador Constantino foi o primeiro imperador romano a converter-se ao cristianismo. Sem ele, o
cristianismo não estaria tão expandido como está atualmente.

● 500-1000: considera-se a idade das trevas. Idade da evolução da composição e escrita musical.

Lenda do Canto Gregoriano

Boécio estudou o sistema musical grego. Escreveu um livro no qual descreveu a teoria musical. O seu
livro deu suporte à teoria musical da Idade Média. O seu livro chama-se institutione musica.
Aqui estavam expostos três tipos de música: música mundana (relação numérica fixada pelos planetas),
música humana (união corpo/alma) e música instrumental

A partir do século IV, com o fortalecimento e rápida expansão do cristianismo, desenvolveram-se


arcebispados relativamente independentes de Roma. Coexistem na época de Gregório I, diferentes
liturgias e maneiras de cantar, como a romana, a milanesa, a espanhola, a galicana, a irlando-britânica,
no Oriente a bizantina, a síria oriental, a síria ocidental, a copta, etc. No Ocidente, o bispo de Roma
enquanto pontifex maximus, reclamava a liderança assumindo de certo modo a sucessão do imperador
romano. No entanto, o Oriente tornou-se independente do Ocidente. Em finais do século VI, o papa
Gregório I levou a cabo uma reforma da liturgia romana. Vários papas se empenharam em ordenar e
compilar as melodias romanas, e entre eles também Gregório I. No século VII, simplificou-se e
clarificou-se tanto quanto possível as melodias (canto romano antigo e novo), talvez em vista da
unificação litúrgica do Ocidente sob a condução de Roma. O papado alcançou este objetivo com a
monarquia carolíngia. A Gália, sob Pepino O Breve, e depois todo o reino dos francos sob Carlos
Magno, foram submetidos à influência romana. A centralização afetou a liturgia e o canto, que se
vinculou à autoridade de Gregório I, ao receber a denominação de “gregoriano”.

Carlos Magno: Queria que todo o seu reino falasse a mesma língua. O seu método para fazer isto era
colocar o seu povo inteiro a aprender canto gregoriano, fazendo com que as missas fossem iguais em
todo o império.

Cantochão: Forma de música sacra vocal que se desenvolveu na tradição cristã ocidental,
especialmente durante os primeiros séculos da Idade Média. É caracterizado por um estilo monofónico,
o que significa que envolve uma única linha melódica sem acompanhamento harmónico. Tipo de música
cantada a uma voz masculina simples que nunca passava por mais de uma oitava. Um dos tipos de
cantochão é o canto gregoriano.

Tipos de cantochão:

● Canto bizantino: Zona da Síria. Dá-nos os Salmos e Hinos;


● Canto Ambrosiano: Zona Milã. Rito Milanês;
● Canto Galicano: Zona Centro de França;
● Canto Mozzarabe: Rito hispânico. Praticava-se na Península Ibérica;
● Canto Romano Antigo: Zona de Roma. Chama-se antigo por ter sido substituído pelo canto
gregoriano;
● Canto gregoriano: Tipo de cantochão mais importante

A Ordem de Cluny foi uma reforma monástica iniciada em 910 no Mosteiro de Cluny, França. O seu
objetivo era revitalizar a vida monástica, enfatizando uma observância mais estrita da Regra de São
Bento. Os monges cluniacenses buscavam a liberdade monástica, eram diretamente subordinados ao
papa e destacavam-se por elaboradas cerimónias litúrgicas. Foi escolhida no século X para
implementar o canto gregoriano em toda a região.

No séc. XVI, a Igreja começa a entrar em decadência.

A música está muito associada à Arquitetura. Quando ocorreu a mudança de arquitetura, também
houve mudanças no estilo de música. Na mudança da Igreja Românica para Igreja Gótica, o canto
gregoriano passou a possuir polifonia.

A inevitabilidade da Liturgia
O Concílio de Trento definiu as regras da liturgia até ao Vaticano II (1969). Achavam que a música devia
estar ao serviço do texto. Assim, queriam acabar com a polifonia e voltar ao canto gregoriano. No
entanto, Palestrina convidou as pessoas do Concílio a ouvir uma música a 5 vozes e, graças a isso, tal
não aconteceu.

A missa está dividida em quatro partes: Intróito, Liturgia da Palavra, Liturgia do Sacrifício e Ritos de
despedida.
O próprio significa que os textos
estão de acordo com a liturgia do
dia.
O ordinário é a “parte obrigatória”,
que que é sempre igual em todas as
miss missas, seja qual for a altura do
ano ano.
Ofício divino:

➔ Sols oriens (nascer do sol):


Hora Prima (6h-7h);
Hora Tertia (8h-9h);
Hora Sexta (11h-12h);
Hora Nona (14h-15h);
Hora Duodécima (17h-18h).

➔ Sols Occidens (pôr do sol):


Prima Vigília (18h-21h);
Secunda Vigília (21h-24h);
Tertia Vigília (0h-3h);
Quarta Vigília (3h-6h).

Oração da manhã: laudes


Horas menores: prima, tércia, sexta e noa
Oração da tarde (vespertina): vésperas
Oração da noite: completas
Oração das vigílias: matinas

*O livro Liber Usualis contém o essencial da música utilizada na missa e no ofício.

O Canto Gregoriano
O canto gregoriano era, na Idade Média, notado em neumas (em grego sinal, gesto com a mão ao dirigir
um coro).
Uma partitura de canto gregoriano apenas dispõe de quatro linhas. Utilizavam a clave de dó e fá, sendo
que estas poderiam ser colocadas em qualquer linhas. Ou seja, conforme a música era mais aguda ou
mais grave, eles colocavam a clave ou mais para cima ou mais para baixo. A primeira letra designa-se
por capitular, sendo maior e mais trabalhada (como é possível verificar na figura abaixo). O número
escrito em cima da capitular, indica o modo no qual está a música.

No que diz respeito ao ritmo, no gregoriano não encontramos notação, ou seja, dependiam do texto.
Assim a notação neumática pressupunha que os cantores aprendessem e conhecessem as melodias,
com os seus intervalos exatos, a partir da tradição oral.

As melodias gregorianas movem-se dentro do quadro do diatonismo, numa escala referencial


comparável com as teclas brancas de um piano. O si bemol é a única alteração utilizada no canto
gregoriano. Quando na partitura surgiam duas notas: uma em cima da outra, cantavam primeira a de
baixo e depois a de cima

Dentro do canto gregoriano, existem três géneros: estrófico, salmódico e monológico.


● Estrófico: Base estrófica. Dispunha de melodias iguais para diversas estrofes, ou seja, apenas
mudava o texto. Assim surgem duas formas:
➔ Hino: Género estrófico, mas monoestrófico. Não fazia parte da missa, mas sim de um
ofício divino. A mesma música era igual para todas as estrofes. Quando surgiam duas
notas uma em cima da outra, cantavam primeiro a de baixo e depois a de cima, como,
por exemplo, em “veni creator spiritus”.
➔ Sequência: Era poliestrófica, ou seja, de duas em duas estrofes, a melodia mudava.

● Salmódico: Era utilizado sobretudo nos salmos. O termo é a tradução grega do étimo hebraico
“mizmor” e significa canto acompanhado por instrumento de cordas- saltério. A forma salmodia
corresponde ao suporte melódico de cada salmo:
➔ Entoação (intoniatio, initium): constando de 1,2 ou 3 sílabas, liga o tenor do salmo com o
final da respetiva antífona;
➔ Tenor (repercussio, dominante): é a nota pedal, repercutida, sobre a qual se entoa a
maior parte das palavras de cada versículo;
➔ Cadência mediante (mediatio): como a palavras denota, é uma cadência intermédia que
marca o final do 1º hemistíquio;
➔ Cadência final (terminatio): é a conclusão melódica da forma.

*Um "hemistíquio" refere-se à metade de um verso poético, especialmente usado em estruturas como o
dístico elegíaco, onde cada linha é dividida em duas partes.

Dispõe de 3 sistemas de execução:


➔ Sistema direto: sem refrão
Solista ou coro V1 V2 V3 V4 V5 V6

➔ Sistema responsorial: com refrão


solista ou praecetor: V1 V2 V3 V4 V5
coro ou subcentor: R R R R

➔ Sistema antifónico: com refrão ou antífona


coro 1: A V1 V3 V5 V7
coro 2: A V3 V4 V6

● Monológico: Monólogos ou diálogos da celebração em estilo silábico e em forma de recitativo -


cantilação dependente dos sinais de pontuação.

Estilos de composição:

● Silábico: é a composição em que a cada sílaba corresponde normalmente uma só nota musical,
embora por vezes alternadas por neumas de duas notas. É utilizado em muitos hinos e em
quase todas as antífonas do ofício.
● Neumático (ornamentado): na composição prevalecem neumas de duas, três e mais notas
sobre cada sílaba do texto. É o estilo normal das antífonas da Missa de alguns hinos mais
solenes e de algumas missas do Kyriale.

● Melismático (florido): é o estilo utilizado em composições em que a uma sílaba corresponde um


neuma longo composto de muitos elementos neumáticos. Utiliza-se sobretudo no Trato, Gradual
e Aleluia da Missa e ainda em alguns Responsórios de Matinas. Pelo seu caráter especial, os
melismas do Aleluia da Missa são chamados Jubilus, que corresponde certamente ao próprio
sentido da palavra.

Sistema Teórico
As melodias homofóbicas possuem certas características que levam à sistematização em oito modos.
Estas características dizem respeito a:

● Finalis: Corresponde à nota final. É o ponto de destino de repouso, como sendo uma espécie de
tónica. É a nota na qual a melodia acaba;

● Tenor: nota melódica principal, uma espécie de dominante. Vem do verbo tenere que quer dizer
sustentar. Assim, é a nota que sustenta a modalidade;

● Ambitus: Normalmente de uma oitava, mas muitas vezes ampliado num tom para baixo e dois
tons para cima. Ou seja, ajuda a definir em que modo estamos.

Modos Gregorianos ou Oktoechos

Os modos são divididos em duas categorias: os modos autênticos e os modos plagais. Cada modo
plagal está associado a um modo autêntico. Ambos têm as mesmas notas e partilham a mesma final. A
diferença entre o modo autêntico e seu relativo plagal está na nota dominante e na extensão.

Os modos plagais estão sempre uma 4ª. abaixo do modo autêntico correspondente. Nos modos
autênticos, a dominante está sempre uma 5ª acima da final, exceto se for Si, sendo então substituída por
Dó. Nos modos plagais a dominante está uma 3a. abaixo da dominante do modo autêntico
correspondente, aqui também se for Si, será substituída por Dó.

A música termina sempre na finalis.

MODOS AUTÊNTICOS

➔ 1 ou Protus (Dórico)

➔ 3 ou Deuterus (Frígio)
➔ 5 ou Tritus (Lídio)

➔ 7 ou Tetrardus

MODOS PLAGAIS
Nestes modos, a melodia começa sempre uma quarta abaixo por causa do Ambitus.

➔ 2 ou Protus

➔ 4 ou Deuterus

➔ 6 ou Tritus

➔ 8 ou Tetrardus

Os oito neumas fundamentais em diferentes notações:


● Punctum: indica movimentos descendentes, ou seja, uma nota mais grave ou permanência no
grave;
● Virga: movimento ascendente, ou seja, uma nota mais aguda ou permanência no agudo;
● Podatus: movimento grave-agudo, combinação de puntcum e virga, pelo que por vezes se
empregam dois sinais;
● Civis: movimento agudo-grave, vem do antigo acento circunflexus;
● Scandicus: comporta 3 notas ascendentes ou descendentes;
● Climacus: comporta 3 notas ascendentes ou descendentes;
● Torculus: compreendem 3 notas: agudo-grave-agudo e vice-versa;
● Porrectus: compreendem 3 notas: agudo-grave-agudo e vice-versa.

Música Profana

Movimento trovadoresco: trovadores e troveiros


É na França que este movimento literário-musical surge +/- no séc. XI, especialmente na Provença.

Trovadores vem da palavra “tropare” que vem de inventar ou criar. Contudo, não falavam o francês
atual na altura, era francês arcaico. Assim, havia dois dialetos:

● Língua de OC (sul), isto é, trovadores. Estes cantavam sobre o amor platónico


● Língua de OL (norte), ou seja, os troveiros. Estes cantavam e viam a guerra como um elemento
quase purificador.

Elementos nos quais se apoiou o Movimento Trovadoresco:


● Litúrgico
● Popular
● Poesia profana latina
● Cultura Árabe

Litúrgico: o movimento trovadoresco vai-se apoiar na teoria musical desenvolvida pela Igreja (modos,
escalas, etc). Faziam contrafação, ou seja, agarravam em música da Igreja e colocavam textos
profanos. O culto a Maria está presente no movimento trovadoresco, pois foi a partir dela que a Mulher
ganhou importância aos olhos da Igreja.

Popular: Vai buscar muitas vezes a dança ou bailado e o ritmo

Poesia profana latina: ia buscar o amor cortês, natureza, experiências quotidianas entre outros

Cultura Árabe: vai buscar a esta cultura a poesia erótica e instrumentos.

Trovadores: Amor cortês, amor platónico.


Troveiros: Mais realistas; Canção de Gesta (guerra, feitos militares).

● Trovadores e Troveiros: compunham a música

● Menestréis: músicos profissionais que viviam numa corte, castelo ou palácio. Ou seja, eram
contratados pelos nobres para tocar.

● Jograis: músicos saltimbancos. Analfabetos com uma grande memória (os menestréis
ensinavam-nos e com a sua boa capacidade de decorar tinham sempre músicas novas para
tocar) e lata. Andavam de feira em feira, ou festa em festa a cantar músicas.

● Goliardos: monges, padres ou estudantes para padres, fartos da vida dos mosteiros e
conventos. Cantavam músicas a gozar com a igreja, sobre mulheres ou sobre vinho.

Temáticas das cantigas:

● Amor: Amor cortês, amor platónico. Podia ser o amor de um homem por uma mulher casada ou
um amor impossível.
● Alba: Amantes. Pessoas que se amavam, se encontravam e ao nascer do sol ia cada um para o
seu lado. Ou seja, a alvorada separa os amantes.
● Pastorela: Amor de um cavaleiro por uma pastora, não se podia realizar. Ou seja, canta o amor
baixo.
● Cruzada: Sobre cavaleiros que iam para Jerusalém. Exortação às Cruzadas ou relatos das
mesmas.
● Gesta: Sobre feitos épicos.
● Romance: História quase falada. Contava uma história do início ao fim.
● Estampida: Só instrumental. Usada para danças
● Jeu: Cantar ao desafio (diálogos e disputas).
● Planch: Lamentação à morte do amo, etc.
● Sirventes: Canções políticas, morais, sociais e outras.

Instrumentos utilizados:
● Alaúde
● Viela
● Cístola ou Cistre
● Viela de roda ou sanfona
● Rebec
● Saltério
● Flauta tamborileira (uma mão na flauta e outra no tambor)
● Corneto
● Charamela
As músicas chegaram até nós através de cancioneiros.

Formas tardias do canto gregoriano

● Tropos: Significa inventar. Acrescentos textuais ao canto gregoriano e compõe música só para a
parte que acrescentaram, inspirado no canto gregoriano. Apenas acrescentaram texto e música,
não alterando o que já estava feito.

● Sequências: Sequência é um Tropo específico. É a aplicação de um texto ao prologado melisma


sobre a última sílaba do Alleluia (tropo feito sob o Aleluia). Ou seja, acrescentavam texto ao
Aleluia. Na história da sequência, distinguem-se três períodos: a sequência clássica ( ca 850-
1050), a sequência rimada (desde o séc. XII) e a sequência estrófica (desde o séc. XIII). As
sequências, em especial o estilo mais recente, gozaram de tal predileção na Idade Média que
ocuparam grande âmbito na Liturgia. O seu número ascendeu a aproximadamente 5000 e, por
isso, o Concílio de Trento, limitou o seu número na liturgia oficial da romana da Missa a 4:
Victimae Paschali Laudes, Veni Sancte Spiritus, Lauda Sion e Dies Irae. Contudo, em 1517,
acrescentaram o Stabat Mater.

● Dramas Litúrgicos: Tropos sobre o introito, ou seja, introdução da missa. Quem escrevia os
textos escrevia como se fossem vários personagens a dialogar. Então, à medida que o tempo foi
passando, continuaram a acrescentar cada vez mais personagens, tornando-se quase uma peça
de teatro. Assim, os dramas litúrgicos separaram-se do introito e passaram a ser apresentados
no adro da Igreja. Na sua essência eram quase óperas. Um dos introitos mais conhecidos era o
“Puer Natus Est”.

ARS ANTIQUA
A Ars Antiqua ou arte antiga foi assim denominada entre os séculos X ao XIII, neste contexto começa
com o surgimento da Polifonia nos Reinos da Suíça, França e Itália. No primeiro estágio ela é nota
contra nota, não tem ritmo, é uma polifonia simples sempre em paralelismos. Num segundo estágio os
músicos já utilizam regra de movimentação séculos X ao XI para se vencer os paralelismos.No terceiro
estágio os músicos no convento de Saint Martinal de Limoges, na França, estudam como vencer o
problema ritmo, ou seja como dar movimento rítmico às vozes. E já no século XIII começaram a aplicar
a literatura na música.

Musica Enchiriadis: Primeiro livro de música. Continha marchas paralelas à oitava, quinta e quarta, que
começavam e acabavam em uníssono.

Organum paralelo: primeiro movimento de música em que temos duas vozes de uma forma pensada.
Oitavas, quintas e quartas, que começavam e acabavam em uníssono. Voz de cima chamava-se vox
principalis e era canto gregoriano puro. A voz de baixo era conhecida como a voz que fazia o organum,
vox organalis, era composição original.

Escola de Notre Dame de Paris

Ao redor do Século XII surge um gênero na catedral de Notre Dame denominado Organum Duplo, que
consiste na inserção de uma seção polifônica dentro de um cantochão, onde se prolongava uma nota
de modo que permitia que a voz mais aguda (o solo), cante contra ela, frases de comprimento variável.
O termo organum no sentido próprio, refere-se apenas ao estilo em que a voz mais grave mantém
longas notas,quando ambas as vozes passaram a mover-se a um ritmo semelhante, assim tendo o
organum melismático com duas notas, ele é chamado de organum duplum, e ele então é formado por
secções chamadas de cláusulas, entre essas há cláusulas de Discantus. Esta é a cláusula de
encerramento que recebe o nome da já antiga técnica de contraponto e movimento contrário.

Até o século XIII, discantus poderia significar o movimento contrário das vozes, e passou a designar um
tenor ritmicamente organizado, diferente do organum.

O problema dos ritmos que foram estudados na catedral de Notre Dame, teve os seus padrões
codificados como uma série de seis modos rítmicos, regra geral, por um simples número.

Modos Rítmicos:
● 1º modo: Troqueu
● 2º modo: Iambo
● 3º modo: Dáctilo
● 4º modo: Anapesto
● 5º modo: Espondeu
● 6º modo: Tribráquio

Compositores:
Leonin: O compositor Leonin tem três estilos ou tipos de composições representados na música da
Escola de Notre Dame, Graduais, aleluias e responsórios. Foi o primeiro grande compositor conhecido.
Explorou o órgão melismático e a cláusula (colocar ritmo quer na voz de cima, quer na voz do canto
gregoriano).

Perotin: tem sua obra podendo ser considerada como continuação da de Leonin, começou a usar as
cláusulas com evolução e as chamou de cláusula de substituição. Perotin e seus contemporâneos
expandem de duas para três até quatro vozes, designadas por nome, organum triplum e quadruplum.

Conductus: desenvolveu-se de fontes semi-litúrgicas como o hino e a sequência, mas acolheu mais
tarde letras seculares, ele era escrito para duas, três e quatro vozes. É um canto processional e
inteiramente original

Motete: veio da cláusula por adição de palavras aos melismas da segunda voz superior a qual passou a
ser chamada Motetus e eventualmente a terceira denominada triplum, sendo, portanto, a distribuição de
texto para todas as vozes que faziam parte no conjunto daquela música, como exemplo antes as
pessoas cantavam o mesmo texto em uníssono ou várias vozes. Em suma, normalmente tinha 3 vozes
e texto para cada uma delas era diferente, sendo uma aplicação dos tropos.

O organum e o conductus caiu em desuso por volta de 1250, entrando no seu lugar o Motete.

ARS NOVA
Corresponde ao século XIV. Este século é de grande mudança e instabilidade. Surge a Peste Negra
que dizimou praticamente metade da população da Europa.
O grande cisma consiste numa luta interna dentro da Igreja devido a corrente muito ligada a S.
Francisco, que se opõe fortemente ao Papa pois achavam que este e as pessoas à sua volta só
queriam dinheiro e não queriam saber dos pobres. Assim o Papa foge de Roma e a corrente dos
Franciscanos elege outro Papa, havendo dois papas.

Surge a burguesia e as cidades, que eram relativamente pequenas, começam a desenvolver-se e a


tornar-se grandes metrópoles devido ao comércio. É nesta altura que surgem as primeiras
universidades. Ou seja, o saber não fica só na Igreja, mas estende-se a outras pessoas.
Dante e Petrarca: poetas que escrevem na língua vulgar e vão influenciar muito a forma de pensar e de
fazer música. Alicerces do Humanismo.

Giotto: Foi o primeiro a conseguir fazer uma pintura a quase duas dimensões, ou seja, a ter perspetiva.

Philippe de Vitry: Bispo e compositor. Estudava os fenómenos musicais e em 1322/23 criou um livro
onde tenta resumir todas as partes essenciais e importantes do que se estava a fazer na música. Este
livro designou-se por Ars Nova Musicae. Neste livro resume as inovações na música.

A época da Ars Nova compreende, aproximadamente, os anos entre 1320 e 1380. É especificamente
francessa, com centro em Paris. A denominação desta época remonta ao tratado de Philippe de Vitry de
1322 intitulado Ars Nova. As inovações da Ars Nova reportam-se essencialmente aos seguintes
domínios:
• Motete (isoperiodicidade e isoritmia);
• Canção Polifónica;
• Sistema mensural;
• Notação Mensural.

O organum e o conductus desaparecem. Predomina a música profana. Neste facto manifesta-se a


debilidade interna da Igreja no século XIV. De Avignon, o Papa João XXII condena mesmo a condena
mesmo a Ars Nova na sua bula Docta Sanctorum de 1324-25 (com ameaça de sanções, eclesiásticas
se a música nova for executada na Igreja).

O sistema e a notação mensurais


A unidade mais pequena é, oficialmente, a mínima, mas por volta de 1320 também esta já é divisível,
embora somente em duas semínimas, e não ainda em 3. A máxima, no entanto, pode ser tripartida. O
sistema mensural ternário compreende assim 4 níveis (gradus) completos:
• Maximodus: relação máxima-longa
• Modus: relação longa-breve
• Tempus: relação breve-semibreve
• Prolatio: relação semibreve-mínima

Além da divisão ternária, aparece a divisão binária. Esta tem um quinto gradus: mínima-semínima.
Como as notas em si não permitem descobrir se estão divididas em maneira binária ou ternária, o modo
de divisão indica-se amiúde por meio de notas vermelhas ou sinais mensurais especiais.

Notas vermelhas: Designam uma mudança transitória de mensura (mudança de compasso).

Sinais de mensuração: São usados para trechos mais prolongados, especialmente para as 4
combinações de tempus e prolatio.
Os sinais são um círculo para o tempus perfectum, um semicírculo para o tempus imperfectum, um
ponto para o cum prolatione maiori e sem ponto para o cum prolatione minori.
O círculo conservou-se durante muito tempo como sinal de compasso, enquanto o semicírculo continua
a significar o compasso 4/4 de hoje.
Motete
O motete é o género principal da Ars Nova, em especial o motete duplo francês. O seu conteúdo refere-
se ao amor, à política, a questões sociais, etc. Apesar de o motete continuar a ser uma peça para
entendidos, converteu-se ao mesmo tempo, numa forma artística pública. Sobretudo o motete
isorrítmico permanece, durante cerca de 150 anos, um género tradicional para as altas festividades:
• Triplum: converte-se no cantus na tessitura de soprano, vozes de crianças ou masculinas
agudas com ritmo rápido;
• Motetus: voz principal em tessitura de contralto, de movimento equilibrado;
• Tenor: voz de apoio instrumental em valores longos e compassos grandes

Talea e Color: O tenor continua a ser um melisma gregoriano elaborado segundo um modelo rítmico.
Este modelo é mais longo e chama-se talea (ostinato rítmico) Quando a repetição é melódica, dá-se o
nome de color (ostinato melódico).

Isoperiodicidade
Era utilizada sobretudo no moteto e na Missa. É um tema construído na base da repetição. Ou seja, a
divisão em períodos iguais, não tem em conta o material melódico e, por vezes, nem sequer o texto. É
um modelo de compor baseado exclusivamente sobre o material musical. A sua utilização é recorrente,
sobretudo no tenor, devido à necessidade de coerência quando as obras começam a ficar maiores e
mais completas. Como já foi referido, quando a repetição era rítmica dava-se o nome de Talea e,
quando era melódica, designava-se por Color.

Isorritmia
Vai além da Isoperiodicidade: a igualdade não se aplica apenas à estrutura dos períodos, mas também
aos valores das notas dos mesmos. A organização do tenor com subdivisão em color e talea também se
estendeu às vozes superiores. A isorritmia consegue um equilíbrio entre a melodia expressiva e o
incremento da coloração harmónica (cromatismo, terceiras). Também transitou do motete para as
partes da missa e para as canções (ex: Agnus Dei da Missa de Machaut).

Guillaume de Machaut
Foi o primeiro a fazer uma missa cíclica, ou seja, da primeira nota à última nota pensada como uma
obra num todo, com diferentes andamentos (kyrie, glória, etc..). Designa-se por cíclica pois, para além
da isoperiodicidade, utilizou a leitmotiv (melodia colada a uma personagem, estado de espírito ou parte
da história e sempre que a personagem aparece tocam essa música). Ou seja, ele agarra numa frase
musical e usa-a para criar momentos iguais ou com a mesma estrutura em todos os momentos da
missa para criar uma identificação da obra. Escreveu 23 motetes a 2 e 3 vozes, baladas e foi dos
primeiros a experimentar a isorritmia não só no tenor, mas também nas outras vozes.
Escreveu uma missa a 4 vozes: Kyrie, Sanctus, Agnus Dei e Ite missa est em estilo motete, Glória e
Credo em estilo cantilena (voz superior cantada e de 1 a 3 vozes instrumentais acompanhantes).

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