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Nº3 | 12ºG
Orientada pelo
ÍNDICE DE FIGURAS 7
AGRADECIMENTOS 9
INTRODUÇÃO 11
3. UM RECITAL EM PERSPETIVA 29
CONCLUSÃO 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45
3
4
Índice de Exemplos
5
6
Índice de Figuras
7
8
Agradecimentos
Por fim, agradecer aos meus familiares e amigos por todo o apoio e compreensão.
9
10
Introdução
1
Sendo apresentada neste trabalho pela sua tradução portuguesa, a nomenclatura original desta
instituição é: Conservatoire Nationale Supérieur de Musique et Dance de Paris.
2
Devido à especificidade da terminologia do termo, será usado, neste trabalho, na sua língua materna.
11
12
1. Evolução Organológica do Clarinete
13
frente, referente à nota Lá3, e outra atrás, denominada de chave de registo, que
permitiu a obtenção do registo mais agudo; foi adicionado um orifício para o dedo
mindinho da mão direita; e, foi adicionada, também, uma boquilha na qual era atada
uma palheta de cana.
De acordo com Pinto (2006), o facto do Chalumeau ser um instrumento que só
possuía duas chaves, era praticamente impossível que os músicos conseguissem
tocar alguma tonalidade que não fosse a do instrumento. Esta questão, levou a que
vários construtores, em meados do século XVIII, começassem a construir clarinetes
em quase todas as tonalidades.
Figura 2 – Clarinete em Ré de Johann Christoph Denner.
14
ainda hoje, pois os dois clarinetes mais usados, francês e alemão, são resultado do
seu esforço no desenvolvimento do instrumento” (pp. 13 – 14).
15
De acordo com Brymer (1990), em 1812, este instrumento seria apresentado a
uma Comissão Examinadora do Conservatório Nacional Superior de Música e Dança
de Paris. Porém, devido ao facto de se acreditar que cada instrumento tinha a sua
própria sonoridade e caráter, este clarinete acabaria por não ser aceite. Neste
contexto, Hoeprich (2008) refere que: “Os nossos clarinetes de diferentes tamanhos
produzem sons diferentes; desta forma o clarinete em Dó tem um som brilhante e vivo;
o clarinete em Si bemol soa triste e majestoso; o clarinete em Lá soa “pastoral”3 (p.
136). Por sua vez, Pinto (2006) defende que este pensamento era, também, partilhado
por vários compositores que, continuavam a escrever, da forma tradicional, para os
clarinetes de tonalidades diferentes.
Neste contexto, apesar do clarinete Omnitonique de Ivan Müller (1786 – 1858)
ter sido rejeitado pela comissão examinadora do Conservatório, vários foram os
construtores que se interessaram em tentar desenvolver este instrumento,
nomeadamente Hyacinthe Klosé (1808 – 1880).
3
Texto original: Our clarinets of different sizes produce different sounds; in this way the C clarinet has
a brilliant and lively sound; the B flat clarinet sounds sad and majestic; the A clarinet sounds “pastoral”
(Hoeprich, 2008, p. 136).
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dezassete chaves e seis anilhas que controlam 24 orifícios, como se pode verificar na
figura 4.
Com efeito, não restam dúvidas de que as vantagens da adaptação deste novo
sistema são imensas, tanto do ponto de vista técnico, como sonoro. Neste contexto,
Pinto (2006) refere que:
(…) agora há posições que permitem obter essas mesmas notas de uma forma
mais fácil. As notas si3, dó4 e dó#4 passaram a poder ser tocadas com os 5ºs
dedos, tanto da mão esquerda com da direita, duplicando assim as
possibilidades de dedilhações. Desta maneira pôde-se evitar o deslizar dos
dedos em muitas passagens (como ainda acontece no saxofone, por exemplo)
e sobre essas notas passaram a ser possíveis os trilos (Pinto, 2006, p. 18).
17
18
2. O Conservatório Nacional Superior de Música e de
Dança de Paris
4
Texto original: The Paris Conservatory of Music was formed through the belief that music could
facilitate the uplift of morale in society (Lattimore, 1987, p. xi).
19
Por sua vez, Lattimore (1987) defende que o Conservatório Nacional Superior
de Música e Dança de Paris, para além de ser considerado uma das instituições mais
antigas, no que ao ensino da música diz respeito, foi uma referência para a maioria
dos Conservatórios que surgiram posteriormente. Neste contexto, na sua fundação,
contava com um quadro efetivo de cento e quinze professores, que na sua maioria
faziam parte da Banda de Música da Guarda Nacional5, e seiscentos alunos.
Assim sendo, segundo Viana (2017), era realizado o Concours de Prix, a seguir
apresentado, concurso onde os estudantes competiam entre si pelo direito de se
formarem no Conservatório.
(...) não é conhecido ao certo a data da mudança desta prática, pois relaciona-
se com a implementação da Declaração de Bolonha, tratando-se de um
processo de reforma intergovernamental a nível europeu e que visa a
uniformização do Espaço Europeu de Ensino Superior (p. 6).
5
Texto original: La Musique de la Garde Nationale.
20
De acordo com Fletcher (1988), apesar dos vencedores do Premier Prix no
Concours de Prix se formarem, estes eram também agraciados com certos bens
materiais. Neste contexto, Viana (2017) refere que:
Por ser uma peça de competição, a peça é tecnicamente exigente e requer uma
base técnica sólida. A aprendizagem tradicional em França, com escalas e
estudos, prepara bem tecnicamente os estudantes”7 (Entrevista de Florent
Héau para a tese de mestrado de José Viana Escola Francesa de Clarinete,
2017, p. 43).
6
Obra imposta do Concours de Prix.
7
Texto original : Puisqu’il s’agit d’un morceau de concours, la pièce est techniquement exigeante et
requiert des bases techniques solides. L’apprentissage traditionnel en France, avec gammes et études,
prépare bien les élèves sur le plan technique (Entrevista de Florent Héau para a tese de mestrado de
José Viana Escola Francesa de Clarinete, 2017, p. 43).
21
2.3. PRINCIPAIS PROFESSORES E CLARINETISTAS FRANCESES
De acordo com Viana (2017), uma das mais prestigiadas classes de clarinete
surgiu com a fundação do Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de
Paris. Neste, lecionaram muitos dos grandes pedagogos e clarinetistas dos séculos
XVIII, XIX, XX e XXI, como se pode verificar na tabela a seguir apresentada:
Jean Xavier Lefèvre (1763 – 1829), para além de ter sido o primeiro pedagogo
no Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris, foi ainda clarinetista
na Banda de Música da Guarda Nacional e na Orquestra Nacional da Ópera de Paris8.
8
Texto original: Orchestre de l'Opéra National de Paris.
22
Figura 5 – Jean Xavier-Lefèvre.
23
O clarinetista brasileiro Eduardo Filippe de Lima (s/d), na sua Tese de Mestrado
intitulada O Ensino da Clarineta em Nível Superior: materiais didáticos e o
desenvolvimento técnico-interpretativo do clarinetista (2019), considera o Méthode
Complète (1843) como o mais famoso de Hyancinthe Klosé (1808 – 1880) e, também,
um dos mais usados, como base, na aprendizagem do clarinete (Lima, 2019). Defende
ainda que, os 20 Characteristic Studies for Clarinet (1971), é um método direcionado
para alunos do Ensino Superior, devido ao facto de serem mais desenvolvidos
tecnicamente e com uma duração mais longa, o que exige uma estabilidade e
resistência da embocadura.
Para além dos métodos, referidos anteriormente, Hyancinthe Klosé (1808 –
1880) compôs inúmeras obras para clarinete. Muitas delas, foram obras impostas no
Concours do Conservatório, estando apresentadas na tabela 3.
24
Clarinet (1913). De acordo com o clarinetista Mário Jorge Apolinário (n. 1990), na sua
Tese de Mestrado intitulada A Influência do Manual de Estudos na Aprendizagem do
Clarinete (2016), o método 32 Etudes for Clarinet (1913) trabalha essencialmente as
dinâmicas, através de estudos mais lentos, com alguma complexidade rítmica, e a
articulação, através estudos com um andamento mais rápidos. Por sua vez, o método
40 Etudes for Clarinet (1910) assemelha-se ao anterior, no sentido em que trabalha,
especialmente, as dinâmicas e a articulação, só que num grau mais avançado, não só
tecnicamente, como numa questão de leitura (Apolinário, 2002).
A si, foram-lhe dedicadas duas obras, a Première Fantaisie (1897), de Georges
Marty (1860 – 1908), e a Fantaisie de Augusta Mary Anne Holmès (1847 – 1903).
9
Significa, em Português, Ópera Cómica. Caracteriza-se como sendo cenas cantadas, intercaladas
com diálogos falados, onde se aborda, por exemplo, o quotidiano.
25
Paralelamente, enquanto compositor, compôs alguns métodos, como por
exemplo: 22 Études Modernes (1930), 20 Études de virtuosité (1932), 331 Exercices
Journaliers de Mécanisme (1932) e 20 Études Faciles et Progressives (1935).
10
Ciclo de Concertos dedicados à criação musical contemporânea, que esteve ativo entre 1954 e 1973.
Nestes, eram apresentadas obras de vários compositores, como: John Cage (1912 – 1992), Luciano
Berio (1925 – 2003), Olivier Messiaen (1908 – 1992), Pierre Boulez (1925 – 2016), entre outros.
11
A Buffet Crampon, é uma empresa francesa especializada na construção de instrumentos e, a mais
conceituada mundialmente no mercado da produção de clarinetes com o Sistema Boehm, fundada a
1825.
26
Michel Arrignon (n. 1948), enquanto pedagogo no Conservatório Nacional
Superior de Música e Dança de Paris, entre 1989 e 2009, formou alguns dos
clarinetistas mais importantes do século XXI, como Florent Héau (n. 1958), Nicolas
Baldeyrou (n. 1979) ou Olivier Patey (n. 1981).
12
Fundado em 1976, pelo compositor Pierre Boulez (1925 – 2016), o Ensemble Intercontemporain está
sedeado em Paris, sendo dedicado à música contemporânea.
27
Figura 10 – Philippe Berrod.
13
Texto original: Orchestre de Bretagne.
14
Texto original: Orchestre Philharmonique de Radio France.
15
Texto original: Orchestre de Paris.
16
Fundada em 1885, a Henri Selmer Paris é uma empresa francesa dedicada à produção de
instrumentos de musicais.
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3. Um Recital em perspetiva
André Messager
Nasceu a 30 de dezembro de 1853 e faleceu a 24 de fevereiro de 1929, em
Montluçon, França.
Maestro, organista, pianista e compositor.
Solo de Concours
Sem dedicatória.
Composto para o Concours de Prix do Conservatório Nacional Superior de
Música e Dança de Paris.
Estrutura da obra: Overture, Ballet, Cadenza, Transition, Finale.
29
Seguidamente, verifica-se a secção Ballet. O clarinete, apresenta uma melodia
simples enquanto é acompanhado por acordes do piano. Posteriormente, o piano
assume a melodia do clarinete com algumas variações e este acompanha-o com uma
sequência de sextinas, como se observa no exemplo 3.
Depois da Cadenza, existe uma secção onde se retoma alguns motivos rítmicos
da Overture, evidenciada no exemplo 5.
30
Exemplo 5 – Solo de Concours, de André Messager: motivos rítmicos da Overture.
Por fim, a obra termina com o Finale, uma secção bastante exigente e rápida
para o clarinete, acompanhada por simples acordes do piano, como é possível
observar no exemplo 6.
31
3.2. Sonata Op. 167 (1921), de Camille Saint-Saëns (1835 – 1921)
Camille Saint-Saëns
Nasceu 9 de outubro de 1885, em Paris, e faleceu a 16 de dezembro de
1921, em Argel.
Maestro, organista, pianista e compositor.
32
Exemplo 9 – Sonata Op. 167, de Camille Saint-Saëns: desenvolvimento do Tema 1.
Esta linha melódica repete-se com alguma frequência, sendo alvo de ligeiras
variações, como, por exemplo, o uso de ornamentos, como se pode observar no
exemplo 11. Na mudança de compasso para 9/8, estabelece-se uma quebra para uma
secção diferente, onde se verifica a presença de pequenas partes das melodias
anteriores, juntamente com outros motivos.
Em seguida, existe uma leve retoma ao tema inicial, onde se repete fragmentos
do mesmo, que de forma suave precede o fim deste andamento, como se pode
observar no exemplo 12.
33
Exemplo 12 – Sonata Op. 167, de Camille Saint-Saëns: Final do 1º andamento.
34
Exemplo 15 – Sonata Op. 167, de Camille Saint-Saëns: 2º andamento – Tema 2.
35
Exemplo 18 – Sonata Op. 167, de Camille Saint-Saëns: 3º andamento – Segunda secção.
36
Exemplo 20 – Sonata Op. 167, de Camille Saint-Saëns: 4º andamento.
37
3.3. Andante et Allegro (1881), Ernest Chausson (1855 – 1899)
Ernest Chausson
Nasceu a 20 de janeiro de 1855, em Paris, e faleceu a 10 de junho de
1899, em Limay.
Compositor.
Andante et Allegro
Dedicatória: Sem dedicatória.
Estrutura da obra: Primeiro andamento, Lent; e segundo andamento,
Allegro assai.
Esta obra começa com uma introdução, onde o piano e o clarinete dialogam
entre si, tal como é possível observar no exemplo 23.
38
Exemplo 24 – Andante et Allegro, de Ernest Chausson: 1º andamento – Tema 1.
Depois desta secção, é realizada uma ponte transitória por parte do piano
(exemplo 25), que marca a transição para o Tema 2. Este novo tema, representado
no exemplo 26, com a indicação de tempo Plus Vite, estabelece um ambiente
contrastante face ao primeiro tema apresentado.
39
Exemplo 27 – Andante et Allegro, de Ernest Chausson: 1º andamento – Ponte transitória 2.
Este andamento, com a indicação de tempo Allegro assai, deve ser executado
com um caráter enérgico. Inicia-se com um grande tema, que se encontra dividido em
duas frases, representadas nos exemplos 29 e 30.
40
Exemplo 30 – Andante et Allegro, de Ernest Chausson: 2º andamento –
Segunda frase do Tema 1.
41
Por fim, verifica-se uma grande Coda Final. Esta, contém uma secção bastante
contrastante e virtuosa (exemplo 33), bem como alude, mais uma vez, a motivos dos
temas anteriormente apresentados.
42
Conclusão
43
44
Referências Bibliográficas
Britton, E. (2014). Jean Devémy and the Paris Conservatory Morceaux de Concours
for Horn, 1938-1969 (Tese de Doutoramento). Florida: Florida State University
Libraries.
Cohler, J. (2008) The French School of Clarinet Music. (Artigo escrito no âmbito do
seu CD Rhapsodie Française). Disponível em:
https://www.facebook.com/notes/10158808185954116/
Fletcher, K. K. (1988) The Paris Conservatoire and the contest solos for bassoon.
Indiana: Indiana University Press.
Hoeprich, E. (2008). The Clarinet. New Haven and London: Yale University Press.
45
Walker, P. (2015). Oboe Music Written for the Paris Conservatoire Concours. (Tese
de Doutoramento). Kansas: University of Kansas.
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