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RESUMO. Considerando-se a importância da criatividade na sociedade contemporânea, realizou-se esta pesquisa com o
objetivo de investigar o que foi produzido sobre a temática entre 1994 e 2001 nos programas de pós-graduação em Psicologia
no Brasil. Foram analisados 68 resumos de teses/dissertações, disponíveis na base de dados da Capes. Os resumos foram
analisados conforme as categorias identificação, tipo de estudo, temática principal, linguagem artística e referencial teórico.
Contatou-se que há uma concentração de trabalhos realizados nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Observou-se uma
predominância de estudos experimentais (39%), levantamentos (27,1%) e estudos de caso (18,6%). Quanto à temática
enfocada houve certa variação, com trabalhos em diferentes áreas, destacando-se os referentes à prática pedagógica (39,7%).
Com relação às abordagens teóricas, as mais utilizadas foram a psicométrica (33,8%) e a psicanalítica (19,1%). Constatou-se,
por fim, o crescimento do número de teses/dissertações defendidas nesses últimos anos sobre criatividade, o que pode indicar
um maior interesse pela temática.
Palavras-chave: criatividade, pesquisa “estado da arte”, psicologia.
ABSTRACT. Considering the importance of the creativity in the contemporary society, the purpose of this research was to
investigate abstracts of dissertations and theses on creativity produced in the Graduate Study Programs of Psychology in
Brazil from 1994 through 2001. Sixty-eight summaries of dissertations and theses, available in CAPES database, were
analyzed. The summaries were analyzed according to categories: Identification, Type of Study, Theme, Language and
Theoretical Approach. It was noted that there is a concentration of studies carried out in the Southeastern region of Brazil. It
was observed a predominance of Experimental Studies (39%), Surveys (27,1%) and Case Studies (18,6%). Regarding the
theme, there was diversity, including papers in different areas, with emphasis on Pedagogical Practices (39,7%). Regarding
theoretical approaches, the Psychometric (33,8%) and Psychoanalytic (19,1%) were the most applied. It was observed an
increase in the number of theses and dissertations on creativity, defended in the previous years, which indicates an increasing
interest in the area.
Key words: creativity, "state of the art" research, psychology.
Criatividade é um tema que vem suscitando o últimos 20 anos, surgiram novas contribuições
interesse de pesquisadores de diferentes campos de teóricas, com ênfase na influência de fatores
saber, entre eles a Psicologia. Alencar e Fleith sociais, culturais e históricos no desenvolvimento
(2003) afirmam que as contribuições teóricas mais da criatividade, sendo que até os anos 1970 a
divulgadas e discutidas em relação à literatura ênfase era no perfil do indivíduo criativo e no
sobre Psicologia da Criatividade no Brasil são as da desenvolvimento de programas e técnicas que
teoria psicanalítica, da Gestalt, dos representantes favorecessem a expressão criativa.
da Psicologia Humanista, bem como estudos que Afirmam ainda as autoras terem sido
investigam o papel dos hemisférios cerebrais na desenvolvidas nestes últimos anos teorias que
produção criativa. Destacam as autoras que, nos apresentam uma visão mais sistêmica do fenômeno
criatividade, com destaque para três modelos de últimos anos no âmbito dos programas de pós-
criatividade: a teoria de investimento em criatividade graduação em Psicologia1 sobre a temática.
de Sternberg, o modelo componencial de criatividade Delimitamos esta investigação ao período de 1994
de Amabile e a perspectiva de sistemas de a 2001, pois identificamos em consulta a bases de dados
Csikszentmihalyi. Resguardadas as devidas diferenças, uma dissertação de mestrado (Santos, 1995) que
estas teorias ressaltam o papel ativo do sujeito no investiga parte da produção científica da criatividade
processo criativo e enfatizam os fatores sociais, em programas de pós-graduação de Psicologia e
culturais e históricos no processo de criação e na Educação entre 1970 e 1993. Neste estudo a autora
avaliação do produto criativo. analisou 59 resumos de teses e dissertações sobre
Para a teoria de investimento em criatividade, criatividade, em programas de pós-graduação em
proposta por Sternberg e por Lubart na década de Psicologia e Educação de todas as instituições de pós-
1990, considera-se o comportamento criativo como graduação no Brasil, nos anos de 1970 a 1993. Entre os
resultado da inter-relação de seis fatores: da resultados a autora constatou que a maior parte dos
inteligência, dos estilos intelectuais, do conhecimento, trabalhos tratam de estudos empíricos. Além disso, as
da personalidade, da motivação e do contexto abordagens mais utilizadas são a comportamental e a
ambiental. (Alencar & Fleith, 2003). psicométrica, sendo que, dos estudos empíricos, a
O modelo componencial de criatividade, proposto maioria são pesquisas experimentais realizadas com
por Amabile nas décadas de 1980 e 1990, define a maior freqüência em escolas, com alunos de 5ª a 8ª
criatividade a partir de aspectos como originalidade e séries do Ensino Fundamental. Propomos neste estudo
adequação da resposta, além da possibilidade de continuar a investigação sobre a produção científica
vários caminhos para a solução da resposta. Discute a entre 1994 e 2001, procurando evidenciar continuidades
influência no processo criativo dos fatores cognitivos, e rupturas em relação às tendências evidenciadas por
de personalidade e, principalmente, dos fatores sociais Santos (1995).
e do papel da motivação. Neste modelo teórico,
enfatiza-se a interação de três componentes no
processo criativo: as habilidades de domínio, os MÉTODO
processos criativos relevantes e a motivação intrínseca
Esta pesquisa caracteriza-se como “estado da
(Alencar & Fleith, 2003).
arte” ou “estado do conhecimento”. De caráter
A perspectiva de sistemas, proposta por
bibliográfico, este tipo de pesquisa se propõe
Csikszentmihalyi, defende o estudo da criatividade com
mapear e discutir certa produção acadêmica em
foco nos sistemas sociais, e não nos indivíduos. O
determinado campo do conhecimento, na tentativa
fundamental nesta proposta é investigar onde a criatividade
de responder quais aspectos e dimensões vêm
se encontra e de que forma o ambiente social, cultural e
sendo destacados e privilegiados em determinada
histórico reconhece ou não uma produção criativa. Nesta
época e lugar. Tais pesquisas são também
perspectiva, a criatividade é entendida como um ato, idéia
reconhecidas por utilizarem procedimentos de
ou produto que transforma ou modifica um domínio
caráter inventariante e descritivo sobre o tema
existente. Para que isso aconteça é fundamental os sujeitos
investigado, incidindo as análises sobre
terem acesso aos sistemas simbólicos e o contexto social
dissertações/teses, publicações em periódicos e
ser receptivo a novas idéias (Alencar & Fleith, 2003).
comunicações em anais de congressos e de
De acordo com Santeiro, Santeiro e Andrade seminários (Ferreira, 2002).
(2004), os estudos sobre a temática criatividade já Optou-se pela análise de resumos de teses e
foram caracterizados por enfoque unidimensional e por dissertações dos programas de pós-graduação em
uma diversidade de definições, mas têm caminhado Psicologia no Brasil reconhecidos pela Coordenação
para uma visão mais ampla, voltada para seus diversos de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -
aspectos e com enfoque multidimensional. Para Capes (2004), no período entre 1994 e 2001. A
compreender a criatividade, destacam os autores, é delimitação do ano de 2001 como período final se
fundamental visualizar a interação dinâmica entre as deve ao fato de que a base de dados da Capes (2004)
características das pessoas (personalidade, habilidades não disponibilizou, até outubro de 2004, resumos de
cognitivas) e o contexto onde estão inseridas (família, trabalhos realizados após esse ano.
escola, trabalho).
Considerando a importância de se evidenciarem 1
A área da Educação está sendo investigada em outro
as tendências das pesquisas sobre criatividade no projeto de Iniciação Científica (PIBIC/UFSC) por uma
Brasil, investigamos o que vem sendo produzido nos acadêmica do curso de Pedagogia, orientada pela prof. Dra.
Sílvia Zanatta Da Ros.
sendo privilegiado nas pesquisas de São Paulo (PUC-SP), com 20,6% dos trabalhos; a
mestrado/doutorado. Universidade de São Paulo (USP), com 19,1%; a
Para classificar os estudos em relação ao Universidade de Brasília (UnB), com 8,8%; a
referencial teórico, foram utilizadas as categorias Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
propostas por Santos e criadas outras a partir do Sul (PUC-RS), a Pontifícia Universidade Católica do
levantamento do referencial teórico citado em cada Rio de Janeiro (PUC-Rio) e a Universidade Federal
resumo. Foram usadas as seguintes categorias: do Rio de Janeiro (UFRJ), com 5,9% dos trabalhos
abordagem psicométrica, que inclui “estudos sobre cada. As demais, Universidade Federal do Rio
variáveis psicológicas a partir da aplicação de testes Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de
ou escalas padronizadas.” (Santos, 1995, p. 26); Minas Gerais (UFMG), Universidade Católica de
abordagem fenomenológica: “caracteriza-se por ter Brasília (UCB) e a Universidade Metodista de São
como tema o fenômeno entendido como único objeto Paulo (UMESP), juntas, concentram 7,4% da
experiencial possível, cujo sentido e essência deverão produção acadêmica analisada.
ser desvelados para se chegar à ‘coisa mesma’, através Conforme a Figura 1, verifica-se que a produção
do hermenêutico, rigososo” (Santos, 1995, p. 27); no mestrado teve uma pequena variação durante os
abordagem histórico-cultural: ênfase nos processos anos de 1994 a 1999, a qual oscilou entre cinco e sete
históricos culturais e no método dialético; abordagem dissertações defendidas por ano. Essa produção teve
psicanalítica, categoria esta que inclui representantes um aumento significativo no ano 2000, passando para
de diferentes escolas da psicanálise, como Winnicott, dez dissertações defendidas nesse ano. Em relação às
Lacan, Klein e Freud; não passível de classificação teses de doutorado, durante os anos de 1994 a 1998 e
inclui os resumos que não especificaram o referencial em 2001, encontrou-se no máximo uma produção por
teórico utilizado no trabalho; e outras. ano; destacam-se o ano de 1999, com três teses, e o
ano de 2001, com 8 teses.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
16
A apresentação dos dados diz respeito ao total dos 14
15
constatou-se que há uma concentração da produção 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
aqueles que orientaram dois ou mais trabalhos. disso, 7 (11,9%) dos estudos que não se caracterizavam
Destaca-se nessa relação (Ver Tabelas 1 e 2) a como teóricos não foram passíveis de classificação, pois
professora Solange Muglia Wechsler, da PUCCAMP, nos resumos não constavam os locais de investigação.
com 22% do total das produções analisadas; Gilberto Santos (1995), ao realizar a categorização dos
Safra, da PUC-SP, com 7,5%; Eunice M. L. S. de trabalhos produzidos de 1970 a 1993, encontrou 48
Alencar, com 5,9% (UCB e UnB); Edda Bomtempo trabalhos empíricos, dos quais 19 não foram passíveis de
(USP), João Augusto Frayze-Pereira (USP) e Suely classificação quanto ao lócus de investigação. Entre os
Belinha Rolnik (PUC-SP) com 4,5% cada; Albertina que ela classificou, 96,5% foram realizados em escolas.
Mitjáns Martinez (UNB), Juracy Cunegatto Marques Disso se constata que houve, na última década, uma
(PUC-RS), Lúcia Rabelo de Castro (UFRJ), Luis diversificação quanto aos locais em que foram realizadas
Cláudio Mendonça Figueiredo (PUC-SP) e Maria as pesquisas sobre criatividade. Esses dados podem estar
Helena Mira Novaes (PUC-Rio) com 2,9% cada. A relacionados com a ampliação dos campos de atuação da
distribuição dos demais 36,7% das pesquisas psicologia enquanto profissão e com o reconhecimento de
analisadas se deu entre professores que orientaram se trabalhar com essa temática em locais diversos e com
apenas uma dissertação ou tese. públicos variados.
Quanto à categoria tipo de estudo, contatou-se que Em relação aos sujeitos das investigações, verificou-se
39% das pesquisas analisadas são representados por: que: 26,6 % são alunos, sejam do ensino regular, médio,
pesquisa experimental; 27,1%, levantamentos; 18,6%, superior ou de contextos não formais, como aulas de dança;
estudos de caso; 13,2%, estudos teóricos; 8,5%, pesquisa 11,8% são professores, sejam do ensino regular, médio,
documental; e 1,7 %, pesquisa “ex-post-facto”. Entre as superior ou de outros contextos, como em um estudo que se
pesquisas classificadas como outras (5,1%) foram citadas refere a educadores afro-descendentes; 11,8% são
a "pesquisa-ação" e a "pesquisa de campo". Esses índices empregados em empresas/organizações; 11,8% são
aproximam-se dos resultados encontrados por Santos artistas; 10,2% dos estudos investigaram ao mesmo tempo
(1995), no período de 1970 a 1993, quando constatou que alunos e professores; 10,2 %, usuários de instituições; e
somente 18,64% dos estudos eram teóricos. Contribuíram 8,5%, grupos. Por fim, dos 59 estudos subcategorizados
para a manutenção dessa tendência as características dos quanto aos sujeitos, 5 (8,5%) foram classificados como
programas de pós-graduação no Brasil, que vêm outros, categoria que inclui sujeitos referidos como idosos,
reduzindo significativamente, nas últimas décadas, o mulheres, casais, homens e mulheres.
tempo para titulação. Estudos teóricos requerem Santos (1995), ao categorizar os trabalhos empíricos
experiência e fundamentação teórica consistente dos quanto aos sujeitos, não conseguiu subcategorizar 7 dos
pesquisadores, o que nem sempre é possível consolidar 48 trabalhos que analisou. Dos 41 categorizados, 83%
no espaço de tempo de um mestrado ou mesmo de um foram trabalhos com alunos; 14,6% com professores; e
doutorado. 2,4% com outros sujeitos. Neste aspecto também se
Na investigação de Santos (1995) também a pesquisa constatam diferenças significativas nos dois períodos
experimental e os levantamentos apareceram com maior analisados, sendo a produção científica da última década
freqüência que os demais tipos de estudo. A diferença de caracterizada pela diversidade de sujeitos investigados,
percentuais, no entanto, é significativa: enquanto de 1970 ainda que aproximadamente 50% deles tenham sido
a 1993 constatou-se que 62,5% das pesquisas sobre alunos e/ou professores.
criatividade eram experimentais, na última década estas Em relação ao tema principal em foco nos trabalhos
ficaram em 39%. Os levantamentos, por sua vez, tiveram analisados nesta investigação, destaca-se que: 39,7% dos
discreto crescimento, passando de 25% para 27,1%, trabalhos trataram de alguma questão relacionada com a
assim como as pesquisas documentais, que passaram de prática pedagógica, incluindo aqueles com ênfase no aluno
5% para 8,5%. Os estudos de caso é que tiveram um ou no professor; 22,1% enfatizaram questões relacionadas a
aumento considerável: enquanto nas décadas de 70, 80 e vivências estéticas/criativas, principalmente com ênfase em
90 restringiram-se a 5% das pesquisas investigadas, na artistas; 10,3% trataram de questões relacionadas com a
última década (94 a 2001) corresponderam a 18,6% das prática do psicólogo nas empresas/organizações; 8,8%
teses e dissertações analisadas. temas referentes à prática psicológica na Saúde; 8,8% de
Com relação ao lócus de investigação, obtiveram-se avaliação/caracterização do sujeito criativo; 7,4% de
os seguintes resultados: 25 % foram realizados em concepções de criatividade/criação; e 2,9% de outros
instituições de ensino regular; 23,7% em contextos temas.
artísticos específicos; 18,6% em instituições de ensino Dos 68 trabalhos analisados nesta pesquisa, 22
superior; 10,2% em instituições; 8,5% em foram caracterizados quanto ao uso de alguma
organizações/empresas; 1,7% em projetos sociais. Além linguagem artística. Destaca-se que 40,9% desses 22
no que se refere às indicações metodológicas dos no entanto, continua sendo relevante na medida em
programas de pós-graduação, que podem estar mais que possibilita certo rastreamento do já construído,
suscetíveis ao acolhimento de trabalhos que buscam orientando o leitor na pesquisa bibliográfica de um
aprofundar análises qualitativas a partir de situações determinada área.
específicas. Por sua vez, se até 1993 predominavam
investigações realizadas em contextos escolares, na
última década constata-se uma diversificação REFERÊNCIAS
considerável quanto ao lócus da pesquisa, o que de certa
forma expressa o interesse e inserção de psicólogos em Alencar, E. M. L. S. & Fleith, D. S. (2003). Contribuições teóricas
recentes ao estudo da criatividade. Psicologia: Teoria e Pesquisa,
contextos sociais variados. A diversidade de sujeitos 19(1), 1-8.
também foi constatada, bem como alguns estudos que
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
trabalham não somente com um segmento mas com foco Superior/CAPES. (2004). Banco de Teses. Disponível em
em relações, caso das pesquisas que trabalharam com <http://www.capes.gov.br/capes/portal/conteudo/10/Teses_Disserta
professores e alunos. coes.htm>. (Acessado em 01/10/2004).
Também se pode observar, pela variedade dos Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
grupos e dos temas encontrados, que a criatividade, além Tecnológico/CNPq (2005). Diretório dos Grupos de Pesquisa no
de aparecer como foco de algumas investigações, também Brasil. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/buscaoperacional>.
(Acessado em 14/03/2005).
é relacionada com uma diversidade de temáticas.
A Educação aparece como área privilegiada de Ferreira, N. S. A. (2002). As pesquisas denominadas "estado da
arte". Educação e Sociedade: Revista quadrimestral de Ciência da
estudos sobre esta temática, com foco na avaliação da Educação, 9(1), 257-272.
criatividade de professores/alunos e treinamento, entre
Francisco, P. R. (2002). Tendências nas dissertações e teses em
outros. Wechsler e Nakano (2003) também constataram Psicologia sobre as dificuldade de aprendizagem escolar na
que o enfoque predominante nas teses e dissertações tem segunda metade da década de 90. Dissertação de Mestrado, Não-
sido o educacional, identificando problemas e propondo Publicada. Programa de Pós-Graduação em Psicologia,
sugestões para a melhoria da educação brasileira por meio Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC.
da criatividade. Interessa saber com que objetivo e a partir Minayo, M. C. S. (1999, 6ª ed.). O desafio do conhecimento:
de que concepção de sujeito se deseja avaliar ou pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo/Rio de Janeiro:
desenvolver sujeitos criativos – se voltados para a Hucitec/Abrasco.
autonomia e emancipação dos sujeitos, mediados por Santeiro, T.V., Santeiro, F. R. M. & Andrade, I. R. (2004).
Professor facilitador e inibidor da criatividade segundo
atividades criativas que se produzem a partir de condições
universitários. Psicologia em Estudo, 9(1), 95-102.
sociais e históricas, ou em concepções meramente
Santos, A.T. (1995). Estudo da criatividade no Brasil: análise das
reprodutivistas, posto que a criatividade é concebida teses/dissertações em Psicologia e Educação (1970/1993).
como condição apriorística de sujeitos a-históricos. A Dissertação de Mestrado, Faculdade de Educação, Universidade
resposta a essa questão, no entanto, só é possível com a Estadual de Campinas.
investigação em profundidade desses trabalhos, o que Vasconcelos, M. S. (Org.) (2001). Criatividade, psicologia,
foge ao escopo desta pesquisa. educação e conhecimento do novo. São Paulo: Moderna.
Por fim, gostaríamos de destacar que a qualidade Vygotski, L.S. (1993). La imaginación y el arte en la infancia.
dos resumos analisados constitui uma limitação para Madrid: Akal.
as análises empreendidas. Diversos resumos não Wechsler, S. M. & Nakano T. C. (2003). Produção científica
deixavam claros aspectos importantes como brasileira em criatividade: o estado da arte. Escritos Educacionais,
referencial teórico utilizado, método de pesquisa, entre 2(2), 43-50.
outros. Esses problemas também foram relatados por
Ferreira (2002) e por Santos (1995), apontando a Recebido em 25/10/2005
necessidade de maior atenção por parte dos Aceito em 30/04/2005
pesquisadores na elaboração dos resumos e na
utilização das palavras-chave. A análise de resumos,
Endereço para correspondência: Andréa Vieira Zanella, Universidade Federal de Santa Catarina/ Pós-Graduação em Psicologia,
Campus Trindade, CEP 88010-970, Florianópolis-SC. E-mail: azanella@cfh.ufsc.br
ANEXOS
Tabela 1. Estudos em que consta a palavra criatividade nas palavras-chave do resumo (Continuação)
Autor (a) Instituição Título Nível Ano Orientador(a)
Maria de Fátima
Guerreiro Godoy PUCCAMP Criatividade e integração vital com idosos M 1996 Solange Muglia Wechsler
Criatividade e trabalho pedagógico: limites e
Maria de Fátima M. possibilidades na expressão da criatividade do professor Eunice Maria Lima Soriano de
Mariani UCB de história M 2001 Alencar
Maria Luisa Furlin Efeitos de um programa para o desenvolvimento da
Bampi PUCCAMP criatividade na escrita M 1995 Solange Muglia Wechsler
Maria Luisa Furlin Programa para o desenvolvimento da leitura e escrita: faz-
Bampi USP de-conta D 2000 Edda Bomtempo
Clima criativo: um diagnóstico para inovação nas
Marilúcia F. Crespo PUCCAMP organizações educacionais e empresariais M 1997 Solange Muglia Wechsler
Marisa Cintrão
Forghieri USP Criatividade e Psicologia em oficina. M 1995 João Augusto Frayze-Pereira
Efeitos de um treinamento de criatividade no desempenho
Mônica Souza Neves escolar e nas habilidades criativas de crianças com Eunice Maria Lima Soriano de
Pereira UNB dificuldades de aprendizagem M 1996 Alencar
Montserrat Luis Cláudio Mendonça
Mantovani Vinas PUC-SP Religião: criatividade ou defesa da psique? M 1994 Figueiredo
A "doce medicina": trabalhando com a sabedoria da
Patrícia Pinna psique na criação de um conhecimento integrado ao auto- Maria Luisa Sandoval
Bernardo USP conhecimento. D 2001 Schmidt
Rosana Maria Programa de desenvolvimento da criatividade em crianças
Bertonha PUCCAMP pré-escolares. M 1995 Solange Muglia Wechsler
Pesquisador, questionar e criar: percepção de alunos do
Rute P. F.Pereira PUCCAMP curso de Pedagogia M 1998 Solange Muglia Wechsler
Sandra Augusta de
Melo PUCCAMP A transfiguração criativa da realidade D 1999 Maria Emília Lino da Silva
Sebastião R. Gois Epilepsia e criatividade: um estudo com crianças de
Moreira PUCCAMP escolas públicas M 1995 Solange Muglia Wechsler
Suselaine Serejo No ensino, quem dança? Uma análise crítica sobre a Albertina Mitjáns Martinez;
Martinelli UNB criatividade no ensino da dança no DF. Brasília M 2000 Silviane Bonaccorsi Barbato
Criatividade em psicanálise: produção científica (1990-
Tales Vilela Santeiro PUCCAMP 1999) M 2000 Elisa Medici Pizão Yoshida
Tania MªGuedes Características da liderança criativa em organizações
Henriques PUCCAMP públicas e privadas M 1999 Solange Muglia Wechsler
Vieira Fernanda
Alice Gomes UFRJ Alienação versus criatividade na sociedade tanática M 1994 Antonio Gomes Penna
Tabela 2. Estudos que apresentaram como tema, nos resumos, a questão da criatividade
Autor(a) Instituição Título Nível Ano Orientador(a)
Brincando de fazer arte - a música e outras
Ana Paula Melchiors manifestações artísticas: a inserção social da criança
Stahlschmidt PUC-RS com dificuldades de aprendizagem M 1998 Juracy C. Marques
Andrea Pacetta de Arruda No universo das histórias: oficinas de redação e
Botelho USP criatividade M 1998 Lino de Macedo
Cristiane Brandão Ribeiro Nos espelhos da arte – reflexões psicanalíticas sobre a
Mendes UNB apreciação estética. M 2000 Tania Cristina Rivera
Giuliana Gnatos João Lima
Bilbao PUCCAMP O artista e sua arte: um estudo fenomenológico M 2001 Vera Engler Cury
A música da psicanálise - um estudo da singularidade a
Jacila Maria da Silva UFRJ partir da criação artística M 2000 Joel Birman
Momentos críticos na vida adulta e suas possibilidades
Janice Inchauspe Pereira PUC-RS criativas D 2001 Juracy Cunegatto Marques
José Maurício Mangueira Microfísica das criações parciais - a partir de Nietzasche
Viana PUC-SP e Deleuza D 1997 Suely Belinha Rolnik
Lígia Hecker Ferreira PUC-SP O mal estar na escola: uma pragmática ético-estética M 1998 Suely Belinha Rolnik
Tabela 2. Estudos que apresentaram como tema, nos resumos, a questão da criatividade (Continuação)
Autor(a) Instituição Título Nível Ano Orientador(a)
Produção de subjetividade: por uma estética da
Luciana Lobo Miranda PUC-RIO existência M 1996 Maria Helena Novaes Mira
Oficinas com recursos expressivos: espaços de interação
Marcia Murinelly Gomes USP para a expressão e a reflexão na formação de educadores M 2000 Edda Bomtempo
Maria G.C. Ferraz PUC-SP Religare, uma cartografia da fé. D 1994 Suely B. Rolnik
Sujeito e trabalho: impasses e possibilidades frente às
Maria de Lourdes Motta novas tecnologias de gestão no trabalho: o caso Gessy Ricardo Augusto Alves de
Machado UFMG Lever M 1999 Carvalho
Círculos de controle de qualidade-CCQ: apontamentos
para a compreensão dos aspectos subjetivos envolvidos
Marise Aparecida de Lima PUC-SP nesse processo M 1997 Odair Sass
Patrícia Aparecida Nunes e Avaliação do perfil da criatividade do professor no
Silva PUCCAMP Ensino Médio M 2000 Solange Muglia Wechsler
Teatro: Gesto e Atividade. Investigando processos
educativos através de técnicas dramáticas, com um
Robson Jesus Rusche USP grupo de presidiários. M 1997 Lígia Assumpção Amaral
Criatividade e relações objetais pelo Rorschach e
Rosana de Almeida UMESP Phillipson em dois pintores M 1994 José Tolentino Rosa
Capital, trabalho e subjetivação: a juventude nas malhas
Rosângela da Luz Mattos UFRGS do setor de serviços M 2001 Tania Mara Galli Fonseca
Selma S.Leite Flores PUC-SP Estética de uma existência M 2000 Luiz B.L.Orlandi
Transformatividade - Renina Katz, Carlos Fajardo,
Flávia Ribeiro... Aproximações entre artes plásticas e João Augusto Frayze-
Silvana Maria Rea USP psicanálise M 1998 Pereira
Silvana Mendes Lima PUC-RIO Subjetividade infantil e seus movimentos de autonomia M 1996 Lucia Rabello de Castro
A poética no olho crítico - a estética como formadora de
Simonetta Persichetti PUC-SP discurso na fotografia documental latino-americana. D 2001 Silvia Tatiana Maurer Lane
Inibição intelectual: o paradoxo no sintoma expressando
Sonia Maria B. paralisia e busca da criatividade: uma visão
Albuquerque Parente PUC-SP winnicottiana M 1996 Gilberto Safra
Tereza Maria Salles da Desenhando o Viver. Uma investigação sobre o viver
Costa Lima PUC-SP criativo a partir do pensamento de Marion Milner. M 2000 Gilberto Safra
A construção criativa na vida do casal: limites e
Terezinha Mello da Silveira PUC-RIO possibilidades do casamento contemporâneo M 1998 Terezinha Féres Carneiro
Encontros e desencontros: uma cartografia das máscaras Nara Maria Guazzelli
Vera Lucia Pasini PUC-RS do amor na contemporaneidade M 1997 Bernardes
Yara B. Caznok USP Música: entre o audível e o visível D 2001 João A.Frayze-Pereira
Yara M.C. Pinto PUC-RIO A relação entre narcisismo e genialidade M 1995 Maria Helena Mira Novaes
Tabela 3. Grupos de Pesquisa que investigam a temática criatividade, com seus respectivos pesquisadores e linhas de
pesquisa (CNPq, 2005)
Grupo de Pesquisa/ Instituição Linhas de Pesquisa2 Pesquisadores
1. Aprendizagem Significativa na - Contribuições da Supervisão de Apoio Ana Lúcia Francisco
Formação de Profissionais de Saúde e Psicológico na Promoção de Aprendizagem Angela Nobre de Andrade
Educação - USP Significativa Christina Menna Barreto Cupertino
- CONTRIBUIÇÕES DAS OFICINAS DE Dulce Mara Critelli
CRIATIVIDADE PARA FORMAÇÃO DE Elza Maria do Socorro Dutra
PROFISSIONAIS DE SAÚDE E EDUCAÇÃO Gohara Yvette Yehia
- FENÔMENOS DA EXPERIÊNCIA HUMANA Heloisa Szymanski
- Prática psicológica em instituições Henriette T. Penha Morato (Líder)
- PSICOLOGIA SOCIAL CLÍNICA NA Jesus Vazquez Torres
FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE Marcia Alves Tassinari
E EDUCAÇÃO Marcus Túlio Caldas
Maria L. Sandoval Schmidt (Líder)
Nilson Gomes Vieira Filho
Sheva Maia da Nóbrega
Silvia Ancona-Lopez
Vera Engler Cury
2
Linhas de pesquisa que explicitaram a temática criatividade estão em caixa alta.
Tabela 3. Grupos de Pesquisa que investigam a temática criatividade, com seus respectivos pesquisadores e linhas de
pesquisa (CNPq, 2005)
Grupo de Pesquisa/ Instituição Linhas de Pesquisa Pesquisadores
2. As mediações: as emoções, a - ANÁLISE CRÍTICA DAS CATEGORIAS Maria da G. Marchina Gonçalves
linguagem e os grupos sociais - PRESENTES NA PSICOLOGIA SOCIAL Maria H. de Mendonça Coelho
PUC/SP - Emoções em Culturas Indígenas Silvia Tatiana Maurer Lane (Líder)
3. Constituição do Sujeito e Atividade - CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E ATIVIDADE Andrea Vieira Zanella (Líder)
Criadora em Contextos de Ensinar e CRIADORA Angel Pino (Líder)
Aprender - UFSC - CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E Cassia Ferri
FORMAÇÃO DE PROFESSORES Kátia Maheirie
- PRODUÇÃO IMAGINÁRIA NA ESCOLA Luciane Maria Schlindwein
Silvia Zanatta Da Ros
Susana Inês Molon
4. Criatividade - UFAM - CRIATIVIDADE Maria Alice d'Avila Becker (Líder)
5. Desenvolvimento Humano e Educação - CRIATIVIDADE E EDUCAÇÃO Alexandra Ayach Anache (Líder)
Especial - UFMS - Educação, Indivíduo e Sociedade Aracy Mendes de Souza
- Educação, Saúde e Deficiência Dulce R. dos Santos Pedrossian
- Indivíduo, Cultura e Ideologia da Racionalidade Maria de L. Jeffery Contini (Líder)
Tecnológica
- Psicologia, Educação e Saúde
6. LAPES - LABORATÓRIO DE - DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES Ana Cristina Brito Arcoverde
PSICOLOGIA ESCOLAR – UNB CRIATIVAS NO CONTEXTO Ana Lúcia Galinkin
EDUCACIONAL Angela M. O. Almeida (Líder)
- Gênero e violência Denise de Souza Fleith (Líder)
- Identidade e Gênero: a educação do masculino e Glaucia Ribeiro Starling Diniz
do feminino
Helerina Aparecida Novo
- Psicologia das marginalidades
Maria de Fatima de Souza Santos
- Psicologia do Gênero
Pedro Humberto Faria Campos
- Psicologia e educação do superdotado
Zeidi Araujo Trindade
- Representações sociais e práticas sociais
- Resolução de problemas
- Violência e desenvolvimento humano
- Violência sexual
7. Laboratório de Avaliação e Medidas - AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA: DIMENSÃO Patrícia Waltz Schelini
em Psicologia - LAMP - PUC- COGNITIVA E CRIATIVA Solange Wechsler (Líder)
CAMPINAS - Prevenção, comunidade e libertação Raquel Souza Lobo Guzzo (Líder)
8. Processos Criativos e Superdotação - - FATORES QUE SE ASSOCIAM À Afonso Celso Tanus Galvao
UCB-DF SUPERDOTAÇÃO, EXPERTISE E Albertina Mitjáns Martínez
PRODUÇÃO CRIATIVA SUPERIOR Angela Mágda Rodrigues Virgolim
- PROCESSOS CRIATIVOS NOS CONTEXTOS Denise de Souza Fleith
EDUCACIONAL E DAS ORGANIZAÇÕES
Eunice M. L. S. de Alencar (Líder)
Maria de Fátima Bruno de Faria
Maria Helena Novaes Mira
Mônica Souza Neves Pereira
Solange Wechsler
9. Psicologia Construtivista e Educação - - BRINCAR E CRIATIVIDADE Clary Milnitsky-Sapiro
CONE - UNESP - Cognição, Afeto e Moralidade Leonardo Lemos de Souza
- Moralidade e Espaços Educativos Maria Elvira B. Martins dos Santos
- Processos Psicológicos, Disciplina e Indisciplina Mário Sérgio Vasconcelos (Líder)
Escolar Nelson Pedro da Silva (Líder)
- Psicogênese da Segunda Língua Rita Melissa Lepre
Tabela 3. Grupos de Pesquisa que investigam a temática criatividade, com seus respectivos pesquisadores e linhas de
pesquisa (CNPq, 2005) (Continuação)
Grupo de Pesquisa/ Instituição Linhas de Pesquisa Pesquisadores
10. Psicologia: Educação e Saúde - - Aspectos biopsicossociais da aprendizagem e do Aurino Ramos Filho
UNIVALI desenvolvimento humano Carlos Eduardo Maximo
- Avaliação Psicológica Eduardo Jose Legal
- ESPIRITUALIDADE E QUALIDADE DE Elizabeth Navas Sanches
VIDA Jamir João Sardá Júnior
- Organização e gestão do trabalho Josiane da Silva Delvan (Líder)
- Promoção em Educação e Saúde Katia Simone Ploner
Léia Viviane Fontoura
Lísia Regina Ferreira Michels
Maria Isabel do Nascimento André
Marina Menezes Giovana Delvan Stuhler Avi
Pedro Antônio Geraldi
Rosana Marques da Silva
Sergio Jacques Jablonski Junior
11. Saúde Integral de Grupos em Situação - Clínica, saúde e comunidade Claudéte Inês Kronbauer Pohlit
de Risco - ULBRA - PROCESSOS DO DESENVOLVIMENTO E Denise Machado Duran Gutierrez
DA APRENDIZAGEM Júlio Cesar Schweickardt (Líder)
Jussara Goncalves Lummertz
Maria Inês Gasparetto Higuchi
Sônia Maria Lemos (Líder)