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país.
Bolsonaro lidera a corrida presidencial. Créditos: André Coelho / Bloomberg / Getty Images.
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Tentado pela crise econômica e insatisfeito com os erros dos governos mais à esquerda
no poder por mais de 15 anos, o Brasil aparenta decidido a fazer uma guinada e eleger
um candidato da extrema direita, Jair Bolsonaro (PSL), como seu próximo presidente.
Sua rápida ascensão assustou pesquisadores locais, que agora se preocupam com o
futuro da ciência brasileira, a proteção da biodiversidade do país e seu papel na luta
global contra as mudanças climáticas.
“Acho que estamos rumando a um período muito sombrio da história do país”, diz Paulo
Artaxo, um pesquisador em mudanças climáticas da Universidade de São Paulo (USP).
“Não há nenhum alívio nisso. Bolsonaro é a pior coisa que poderia acontecer para o meio
ambiente”.
Bolsonaro declarou seu interesse em retirar o Brasil do Acordo de Paris de 2015, que
tem como objetivo reduzir a emissão do país de gases do efeito estufa visando o
combate às mudanças climáticas, e seu plano de governo planeja eliminar o Ministério
do Meio Ambiente e dirigir suas pautas ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Suprimentos. O “mito” – como seus apoiadores o chamam – também disse, durante
campanha na Amazônia, que o Brasil tem “muitas áreas protegidas” que “limitam o
desenvolvimento do país”.
b d h f d ê l d
Um esboço de uma campanha focada em ciência – primeiramente revelada na semana
passada pelo jornal O Estado
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likeSão Paulo
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traz mais algumas propostas em seus
for the latest
news
planos. Ele promete mais do queand updates.
dobrar o investimento em pesquisa e desenvolvimento
nos próximos 4 anos, mas focando grande parte do dinheiro e atenção em ciência
aplicada como a espacial e a robótica, frente à pesquisa básica nas universidades.
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Com o slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, a campanha de Bolsonaro
exalta o orgulho nacional, a disciplina militar, tolerância zero e um tratamento de ferro
ao crime. Famoso por discursos preconceituosos sobre mulheres e minorias, Bolsonaro
abertamente defende a ditadura militar vivida por 21 anos no país, começada por um
golpe em 1964.
Historicamente, Bolsonaro pouco fez pela ciência, e recentemente teve atritos com a
comunidade acadêmica do país, após redigir projeto de lei em favor de uma terapia
contra o câncer não testada. Um general escolhido por ele para construir os planos de
ciência e educação defendeu, em entrevista ao O Estado de S. Paulo, o ensino do
criacionismo nas escolas essa semana, dizendo que os estudantes precisam saber que
“Darwin existiu”, mas não necessariamente devem “concordar com ele”.
Muitos pesquisadores duvidam que algum dos candidatos possa cumprir essas
promessas. “Já ouvi essa promessa muitas vezes antes”, diz Fernando Peregrino,
especialista em ciência política e presidente da Confies, uma rede nacional de fundações
que defendem o suporte a pesquisa científica e a educação. Ele pontua ainda que o país
carece de políticas econômicas e estabilidade fiscal para promover maiores investimentos
em pesquisa.
Sobre o investimento público, o documento clama por “um melhor balanço” entre
“pesquisa por curiosidade e pesquisa direcionada a metas”. O Ministério da Educação
recebe hoje 60% da verba direcionada à CTI, enquanto a Defesa recebe por volta de
1.5%. Cintra defende que a defesa deveria receber mais dinheiro. “Uma das dificuldades
políticas é que a pesquisa pública no país ainda tem forte viés acadêmico, sem foco ou
prioridades”, completa o documento de Bolsonaro.
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