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ESTRATÉGIA OAB

Reta Final

Sumário

1. Considerações Iniciais .................................................................................................................................... 3

2.Direito Penal ................................................................................................................................................... 5

2.1 Pílulas Estratégicas de Doutrina............................................................................................................... 5

2 - TEORIA DO CRIME – Conceito Analítico de Crime e Tipo Penal Doloso ............................................... 5

3 - TEORIA DO CRIME – Tipo Penal Culposo e Tipo Pretedoloso ............................................................. 12

3. Direito Processual Penal .............................................................................................................................. 18

3.1 Pílulas Estratégicas de Doutrina............................................................................................................. 19

Jurisdição e Competência ........................................................................................................................ 19

1 - Conceito de Jurisdição ............................................................................................................................ 19

2 - Conceito de Competência ....................................................................................................................... 20

3 - Relação entre a Jurisdição e a Competência .......................................................................................... 21

Jurisdição.................................................................................................................................................. 21

1 - Finalidades da Jurisdição ........................................................................................................................ 22

2 - Características ......................................................................................................................................... 22

3 - Princípios ................................................................................................................................................. 23

4 - Espécies ................................................................................................................................................... 25

Competência ............................................................................................................................................ 25

1 - Competência em razão da matéria......................................................................................................... 26

2 - Competência criminal da Justiça Federal ............................................................................................... 27

3 - Crimes eleitorais e a cisão da Operação Lava Jato ................................................................................. 30

4 - Competência em razão da pessoa .......................................................................................................... 30

5 - Conflito entre competência de foro por prerrogativa de função e competência do tribunal do júri.... 32

6 - Competência criminal do STF ................................................................................................................. 32

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7 - Competência do júri................................................................................................................................ 33

8 - Competência do JECRIM ......................................................................................................................... 36

9 - Prorrogação de competência.................................................................................................................. 37

9.1 - Conexão ........................................................................................................................................... 37

9.2 - Continência ...................................................................................................................................... 38

10 - Competência territorial ........................................................................................................................ 39

Súmulas dos Tribunais Superiores sobre Competência ........................................................................... 41

1 - Supremo Tribunal Federal ...................................................................................................................... 41

2 - Superior Tribunal De Justiça ................................................................................................................... 41

4. Considerações Finais .................................................................................................................................... 43

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Reta Final

RETA FINAL EM PDF PARA O XXXV EXAME DE


ORDEM
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Sejam muito bem-vindas e bem-vindos, futuras advogadas e futuros advogados!!

Eu sou a Professora Isabella Pires, aprovada no concurso da Magistratura Estadual (TJBA),


na Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (ALESE) e em outras fases de concursos de
Juiz Federal e Defensor Público. Sou graduada em Direito pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte – UFRN, especialista em Direitos Humanos e em Direito Penal e Processo
Penal.

Aqui no Estratégia OAB, bem como no Estratégia Carreiras Jurídicas, sou idealizadora e
coordenadora dos nossos cursos Reta Final em PDF. Assim, desde já, coloco-me à
disposição para sanar eventuais dúvidas quanto ao curso, bem como para receber
sugestões de vocês, nossas alunas e nossos alunos!

Vocês podem entrar em contato pelo fórum do curso ou ainda:

E-mail: isabella.almeida@estrategiaconcursos.com.br

Instagram: @profaisabellapires

Com o nosso primeiro PDF de apresentação vocês puderam conhecer a estrutura do nosso curso, as
estratégias das quais lançaremos mão para tornar sua preparação mais completa e direcionada à tão
almejada aprovação! Hoje, daremos início ao estudo efetivo das matérias constantes do nosso cronograma!

No PDF de hoje veremos os seguintes temas:

MATÉRIA ASSUNTO MOTIVAÇÃO ESTUDADO OBSERVAÇÕES

Direito Penal - Teoria do Crime - Tipo


Penal Doloso;

-Incidência altíssima.
-Tipo Penal Culposo;

-Tipo Penal Preterdoloso;

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Competência -Incidência altíssima.



Direito -Custo-Benefício
Processual alto.
Penal

Profa. Isabella Pires:

Como vocês já sabem, nosso projeto conjuga os nossos PDF’s com a revisão dos temas em
videoaulas!

Assim, em semanas alternadas, teremos PDF (2 temas) + Aula em Vídeo e, no período


seguinte, apenas PDF (com três temas cada!).

Para facilitar o acesso às aulas e a organização do estudo de vocês, seguem os links das
aulas em vídeo, correspondentes aos temas aqui estudados!!

DIREITO PENAL:

https://www.youtube.com/watch?v=b1SJ2bk4lWs&list=PL_R-
F0SJS638WmqeKcwCGS0UTb2s0NnyP

DIREITO PROCESSO PENAL:

https://www.youtube.com/watch?v=4IZYRLtCMwU&list=PL_R-
F0SJS639jbE5DJQgfLnxYR_PMRY87

Mãos à obra, minhas queridas e meus queridos!!

Continuem firmes e bons estudos!

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2.DIREITO PENAL
Nosso estudo se concentrará nos seguintes temas:

-Teoria do Crime - Tipo Penal Doloso;

-Tipo Penal Culposo;

-Tipo Penal Preterdoloso;

Profa. Isabella: Os temas escolhidos para dar início ao nosso estudo em Direito Penal
levaram em conta a alta incidência dos temas nas últimas provas, estando entre os pontos
mais cobrados na matéria!
Assim, mãos à obra e vamos avançar rumo à aprovação!

Por dizer respeito a tema predominantemente doutrinário, nosso ponto abrangerá:

>Pílulas Estratégicas de Doutrina;

>Questões Comentadas.

Vamos dar início?

2.1 Pílulas Estratégicas de Doutrina

Profa. Isabella Pires: As explanações a seguir tomam por base a aula 02 do Curso Regular
de Direito Penal ministrada pelo Professor Cristiano Rodrigues para a qual vocês deverão
se encaminhar, caso sintam a necessidade de complementação do estudo com os demais
temas relacionados.

2 - TEORIA DO CRIME – Conceito Analítico de Crime e Tipo Penal Doloso

Como sabemos, nosso ordenamento, através da teoria finalista da ação, adotou a concepção tripartida de
delito, através da qual o conceito analítico de crime é formado por três elementos, cumulativos e necessários
para que, portanto, se possa falar em crime (estrito senso), são eles:

- Fato típico

- Ilicitude ou antijuridicidade

- Culpabilidade (reprovabilidade)

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Cada um desses elementos possuirá desdobramentos e características que são frequentemente objeto de
questões na nossa prova, e podemos resumir a estrutura do crime, adotada pelo nosso Código Penal da
seguinte forma:

Conduta

Resultado
FATO TÍPICO
Nexo causal

Tipicidade

Excludentes

Estado de necessidade (art. 24)

Legítima defesa (art. 25)


ILICITUDE
Estrito cumprimento do dever legal

Exercício regular do direito

**Consentimento do ofendido (causa supralegal)

Imputabilidade
CULPABILIDADE
Potencial conhecimento da ilicitude
(REPROVABILIDADE)
Exigibilidade de conduta diversa

Vamos passar então ao estudo desses elementos separadamente, começando, nesta aula, com o estudo do
Fato Típico, suas características e aspectos, para que posteriormente possamos analisar a ilicitude e depois
a culpabilidade, com suas respectivas características, e assim completar o estudo do crime e de seus
elementos integrantes.

Vocês vão perceber que nosso estudo do Fato Típico tira se dividir em duas partes para facilitar nosso
aprendizado, primeiro vamos estudar o tipo penal doloso, que é a regra geral para incriminação de condutas,
e depois iremos passar para o estudo do tipo penal culposo, que é exceção e incrimina as condutas
descuidadas que geram certos resultados típicos previstos em Lei.

2.1 - Fato Típico ou tipicidade

Muito bem, de forma bem simples podemos definir o Fato típico, em seu aspecto formal, como sendo a
descrição na lei da conduta humana proibida para qual se estabelece uma sanção.

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Nosso Código Penal, nas bases do finalismo, adotou a teoria indiciária da ilicitude (ratio cognoscendi), pela
qual todo fato típico, a princípio, será também ilícito, salvo se estiver presente uma causa de justificação, ou
seja, uma excludente de ilicitude, que afastará a ilicitude e o próprio crime, sem afetar, no entanto, a
tipicidade do fato.

Como já estudamos, na nossa aula de princípios, vocês devem lembrar que, em seu aspecto material, a
tipicidade se traduz na lesão do bem jurídico tutelado (Princípio de lesividade), e também de acordo com a
sua relevância, significância ou não (Princípio da insignificância).

2.1.1 - Elementos integrantes do fato típico doloso

No finalismo, o tipo penal se divide em dois grandes grupos de elementos, quais sejam, os objetivos
(relacionados aos fatos) e os subjetivos (relacionados à vontade do sujeito).

2.1.1.1 - Elementos objetivos

São aqueles concretamente previstos na norma, expressamente descritos no próprio tipo, você vai perceber
os elementos objetivos no próprio texto do artigo da lei.

São eles:

a) Verbo, que traduz a conduta (ação ou omissão);

b) Elementos descritivos: são aqueles que descrevem algo de forma direta e imediata (ex.: alguém, coisa
etc.);

c) Elementos normativos (jurídicos e extrajurídicos): são aqueles que necessitam de conceitos, valorações
para serem compreendidos, e assim classificados de acordo com a origem dos conceitos necessários para
sua interpretação (ex.: funcionário público, cheque, moléstia venérea etc.).

Assim...

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ELEMENTOS OBJETIVOS

Elementos Elementos
Verbo
descritivos normativos

necessitam de
descrevem algo de
conceito para serem
traduz a conduta forma direta e
compreendidos e
imediata
classificados

2.1.1.2 - Elementos subjetivos (dolo e especial fim de agir)

São aqueles que traduzem o que está na cabeça do sujeito ao agir, sua intenção, sua finalidade, e seu fim
específico para atuar, fiquem atentos à palavra, subjetivo significa ligado ao sujeito, por isso se referem a
intenção do sujeito ao atuar.

Dessa forma, o elemento subjetivo divide-se em:

- Geral, ou seja, o dolo do agente ao atuar;

- Especial, o especial fim de agir, elemento subjetivo específico, que em alguns crimes (delitos de intenção)
traduz uma finalidade específica do agente ao atuar, que além do dolo será necessária para caracterizar
esses crimes.

Ex: “para si ou para outrem” no furto – art. 155 do CP; “fim de obter vantagem” na extorsão mediante
sequestro – art. 159 do CP.

- Elemento subjetivo geral: Trata-se do dolo, que caracteriza a conduta típica praticada; é a intenção, a
finalidade do agente ao atuar.

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No finalismo esse dolo, elemento do tipo, é chamado de dolo natural, valorativamente neutro, já que traduz
a simples intenção do agente ao atuar, sem se questionar o “porquê ou para quê” de sua ação,
diferentemente do antigo dolo causalista, que era chamado de dolo normativo, valorativo, e integrava o
juízo de reprovação como elemento da culpabilidade.

Nosso ordenamento trabalha com algumas espécies de dolo, e fiquem atentos a essa separação, pois ela é
muito cobrada em nossas provas, são elas:

a) Dolo direto de 1º grau: é o conceito puro de dolo; sendo a intenção, finalidade e a vontade do agente ao
atuar, direcionada para a produção de resultado (Teoria da vontade).

b) Dolo direto de 2º grau: é aquele em que o agente possui a intenção, a finalidade de gerar determinado
resultado, porém reconhece que outros resultados paralelos com certeza se produzirão como produto da
sua conduta.

No dolo direto de 2º grau o agente não quer o resultado, mas sabe que ele ocorrera e mesmo assim
atua, sendo que, quanto a esses resultados paralelos produzidos responderá a título de dolo direto de
2º grau.

Neste caso, as penas dos crimes serão somadas através do concurso formal imperfeito (art. 70, 2ª parte).
Ex.: querendo matar um desafeto (dolo direito de 1º grau), explode uma bomba no avião, possuindo,
quanto aos demais passageiros, dolo direto de 2º grau.

Atenção que neste exemplo, o agente não é um terrorista, não quer matar todo mundo, caso queira,
não haverá dolo de 2º grau, mas sim dolo direto de 1º grau quanto a todos os passageiros.

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c) Dolo geral: ocorre quando o agente pratica determinada conduta dolosa e, acreditando ter alcançado o
resultado pretendido, realiza um segundo ato, porém, o resultado na verdade só ocorre em decorrência
desse segundo ato.

Sendo assim, o dolo da primeira ação será geral e abrangente para alcançar o segundo ato (que não é
doloso), e o agente responderá por um único crime doloso consumado (ex.: dispara para matar, acha que a
vítima está morta e joga o corpo no rio, vindo esta a morrer afogada).

O dolo geral ocorreu também no “Caso Nardoni” em que o pai acreditando que a filha estava morta após
estrangulá-la, jogou o “corpo” pela janela, mas ela estava viva e morreu da queda.

Atenção:

Alguns autores tratam o dolo geral como sinônimo da chamada aberratio causae, porém, tecnicamente são
institutos diferentes, já que a segunda ocorre quando, por meio de uma única conduta o agente gera o
resultado pretendido, porém, este resultado ocorre em razão de uma causa diferente da imaginada e
desejada inicialmente pelo autor

Ex.: jogar vítima de uma ponte para que esta morra afogada, porém, esta morre de traumatismo craniano
ao bater a cabeça em uma pedra.

Já no dolo geral há duas condutas praticadas pelo mesmo agente e o resultado decorre da segunda conduta
realizada.

d) Dolo eventual: Vamos agora tratar da mais conhecida e badalada espécie de dolo, o famoso dolo
eventual!!!

Podemos afirmar que o dolo eventual se trata de modalidade suis generis de dolo, pois nele o agente ao
atuar não possui a intenção de gerar o resultado, e age de acordo com os seguintes elementos:

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I. Previsão concreta do resultado: o resultado deve ter passado previamente e concretamente na cabeça do
autor, sendo diferente do conceito de previsibilidade, que é apenas a possibilidade de prever um resultado
ao agir, e que caracteriza os crimes culposos;

II. Consentimento, indiferença quanto à eventual produção do resultado previsto (Teoria do consentimento
ou assentimento);

III. Agir aceitando, assumindo os riscos de ocorrência dos resultados.

No dolo eventual, o agente responde pelo crime doloso normalmente; porém, como não há vontade de gerar
resultado, só será imputado por aquilo que efetivamente causar, entendendo-se majoritariamente que não
há como falar em tentativa, caso o resultado previsto não ocorra.

A ausência de tentativa no dolo eventual se explica pelo fato de não haver vontade de gerar qualquer
resultado, e a tentativa pressupõe que o resultado não ocorra por motivos alheios a vontade do agente.

IMPORTANTE

Os Crimes de trânsito, em sua maioria, serão culposos (arts. 302 e 303 do CTB), salvo em
algumas hipóteses de “pega ou racha” e alguns raríssimos casos de embriaguez em que,
de acordo com o STF, pode-se falar em dolo eventual, embora com as recentes mudanças
do código de transito brasileiro, mesmo nestes casos, a configuração do dolo eventual
tenha se tornado bastante difícil.

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Dolo direto de 1º intenção, finalidade e vontade do


grau agente ao atuar

o agente não quer o resultado, mas


Dolo direto de 2º
sabe que ele ocorrerá e mesmo assim
grau
atua
ESPÉCIES DE DOLO
há duas condutas praticadas pelo
Dolo geral mesmo agente e o resultado decorre
da segunda conduta realizada.

o agente ao atuar não possui a


Dolo eventual
intenção de gerar o resultado

3 - TEORIA DO CRIME – Tipo Penal Culposo e Tipo Pretedoloso

3.1 - Tipo Culposo

Amigos, vamos agora mudar completamente o enfoque no tipo penal e tratar dos crimes culposos, aqueles
em que o agente não possui intenção, vontade de gerar qualquer resultado típico, porém, devido à sua
conduta descuidada acaba gerando uma lesão a determinado bem jurídico tutelado.

O tipo culposo é aquele que decorre da falta de cuidado do agente ao atuar, ou seja, da sua negligência,
imprudência ou imperícia, gerando assim um resultado que lhe era previsível, punido como crime, desde que
haja a forma culposa expressamente prevista em lei (regra da excepcionalidade do crime culposo – Ex.: o
crime de dano do art. 163 do CP não possui forma culposa).

3.1.1 - Elementos integrantes do Tipo Culposo

Galera, assim como vimos que o crime doloso é composto por diversos elementos, os crimes culposos
também são formados por certos elementos, sendo que, fiquem atentos, pois isso já foi objeto de questão
na nossa prova.

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São eles:

b) Resultado típico c) Nexo causal (vínculo


a) Conduta
(previsto na forma entre a conduta e o
(ação/omissão);
culposa); resultado);

d) Falta de cuidado e) Previsibilidade do


devido (imprudência, resultado (possibilidade
negligência e imperícia); de prever).

Fiquem ligados, esses elementos, são cumulativos e necessários para que se caracterize o crime culposo!!!

Embora não seja comum de se perguntar na nossa prova, precisamos lembrar que de acordo com a
controvertida teoria da imputação objetiva do resultado, oriunda do direito penal alemão (vide nosso livro:
Temas controvertidos de Direito Penal – ED. GEN), e com base no chamado princípio da confiança, aquele
que cumpre as regras impostas pela sociedade e pelo Estado para determinada atividade pode confiar que
os outros também o farão e, ao atuar, independentemente da análise da situação específica, não age com
falta de cuidado e não poderá responder pelo crime culposo.

Ex: quem passa direto por sinal verde na madrugada e bate em outro carro que avançava o sinal vermelho
não responde pelo resultado, por mais que fosse previsível que alguém avançaria o sinal nesse horário).

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3.1.2 - Espécies de culpa

Amigos, assim como vimos que o dolo possui diversas espécies, a culpa também se divide em duas
categorias, sendo que, em ambas as hipóteses o agente responde igualmente pelo crime culposo praticado.

Sendo assim, há duas espécies de culpa, admitidas em nosso ordenamento:

a) Culpa inconsciente ou culpa comum: é a regra geral para os crimes culposos, e nela o agente não tem
consciência, não tem previsão do resultado, atuando com falta de cuidado devido (imprudência/negligência/
imperícia), já que o resultado era apenas previsível (previsibilidade) para o agente, que ao agir não previu
concretamente o resultado causado.

b) Culpa consciente: é aquela em que o agente tem previsão concreta do resultado, porém repudia a
ocorrência desse resultado e só atua quando crê, sinceramente, em suas habilidades para agir sem que o
resultado se produza.

regra geral
ESPÉCIES DE CULPA

Culpa inconsciente ou culpa


comum
o agente não tem consciência nem previsão do
resultado

Culpa consciente o agente tem previsão concreta do resultado

Entretanto, na culpa consciente o agente ao atuar, acaba causando o resultado típico não desejado,
respondendo assim por ele a título de culpa (ex.: atirador de elite que atinge a vítima de sequestro, ou o
caso do Ônibus 174 no Rio de Janeiro).

3.2 - Crimes Pretedolosos ou Preterintencionais

Galera, pra concluirmos o estudo do tipo penal, primeiro elemento integrante do conceito de crime, vamos
falar dos conhecidos crimes preterdolodos que, na verdade, acabam sendo um somatório de dolo e culpa
num mesmo tipo penal.

Os chamados crimes preterdolosos são modalidade específica de tipo penal em que o agente tem dolo na
sua conduta, mas acaba gerando um resultado que vai além desse dolo, causado por culpa (falta de cuidado),
logo, trata-se de um crime doloso qualificado por um resultado culposo mais grave do que o originariamente
desejado pelo sujeito.

Para que possamos falar em crime preterdoloso esta modalidade deve estar expressamente prevista na lei
como forma qualificada de certos crimes, possuem penas maiores em razão do resultado gerado (ex.: lesão

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corporal seguida de morte – art. 129, § 3º, do CP), e devido à sua natureza (resultado gerado a título de
culpa), são em regra, incompatíveis com a forma tentada.

(FGV/IV Exame de Ordem Unificado) Osíris, jovem universitária de Medicina, soube estar gestante. Todavia,
tratava-se de gravidez indesejada, e Osíris queria saber qual substância deveria ingerir para interromper a
gestação. Objetivando tal informação, Osíris estimulou uma discussão em sala de aula sobre o aborto. O
professor de Osíris, então, bastante animado com o interesse dos alunos sobre o assunto, passou também
a emitir sua opinião, a qual era claramente favorável ao aborto. Referido professor mencionou, naquele
momento, diversas substâncias capazes de provocar a interrupção prematura da gravidez, inclusive
fornecendo os nomes de inúmeros remédios abortivos e indicando os que achava mais eficazes. Além disso,
também afirmou que as mulheres deveriam ter o direito de praticar aborto sempre que achassem
indesejável uma gestação.
Nesse sentido, considerando-se apenas os dados mencionados, é correto afirmar que o professor de Osíris
praticou
a) o crime previsto no art. 286 do Código Penal, que dispõe: “incitar, publicamente, a prática de crime”.
b) a contravenção penal prevista no art. 20 do Decreto-Lei 3.688/1941, que dispõe: “anunciar processo,
substância ou objeto destinado a provocar aborto”.
c) fato atípico.
d) o crime previsto no art. 68 da Lei 8.078/1990, que dispõe: “fazer ou promover publicidade que sabe ou
deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde
ou segurança”.
Comentários
Resposta: C
A conduta narrada no enunciado descreve um professor que, durante explicação de um tema, expõe sua
posição a respeito do assunto (aborto) e se coloca favorável a essa prática. Porém, em momento algum o
professor estimulou seus alunos a realizar a conduta de aborto, ou promoveu a realização desse fato como
algo positivo ou que deveria vir a ser realizado por terceiros, afastando-se, assim, a incidência do crime de
incitação ao crime (art. 286 do CP). Também não houve, de acordo com o enunciado, qualquer anúncio,
propaganda ou promoção de fatos, meios ou objetos destinados a realizar aborto, mas somente menção de
quais as formas mais eficazes para realizar esse tipo de procedimento. Dessa forma, percebe-se que a
conduta realizada pelo professor, narrada no enunciado, é absolutamente atípica.

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(FGV/X Exame de Ordem Unificado) Jane, dirigindo seu veículo dentro do limite de velocidade para a via,
ao efetuar manobra em uma rotatória, acaba abalroando o carro de Lorena, que, desrespeitando as regras
de trânsito, ingressou na rotatória enquanto Jane fazia a manobra. Em virtude do abalroamento, Lorena
sofreu lesões corporais. Nesse sentido, com base na teoria da imputação objetiva, assinale a afirmativa
correta.
a) Jane não praticou crime, pois agiu no exercício regular de direito.
b) Jane não responderá pelas lesões corporais sofridas por Lorena com base no princípio da intervenção
mínima.
c) Jane não pode ser responsabilizada pelo resultado com base no princípio da confiança.
d) Jane praticou delito previsto no Código de Trânsito Brasileiro, mas poderá fazer jus a benefícios penais.
Comentários
Resposta: C
Esta questão avalia a possibilidade de se imputar a título de culpa as lesões corporais causadas em Lorena a
Jane. Embora aborde no enunciado a famosa e controvertida Teoria da Imputação Objetiva, desenvolvida
no Direito Penal alemão, e de aplicação restrita no Brasil (de acordo com o STF), mas que poderia ser
resolvida com base na análise dos requisitos do Tipo Culposo. Na conduta narrada, Jane conduz seu veículo
dentro da velocidade permitida e de acordo com as regras de trânsito, sendo que é a própria vítima Lorena
que realiza manobra arriscada e desrespeita as regras de trânsito, faltando com o cuidado devido. Sendo
assim, Jane não faltou com o cuidado devido e, mesmo tendo dado causa objetivamente ao resultado lesão
corporal em Lorena, não poderá responder culposamente por esse resultado, já que não agiu com “culpa”
(imprudência, negligência ou imperícia). O referido princípio da confiança, para a Teoria da Imputação
Objetiva, é o que impede a imputação do resultado a título de culpa em uma situação como essa, já que
Jane, ao cumprir as regras de trânsito, teria o direito de confiar que Lorena também o faria, e por isso, ao
dirigir pela rotatória dentro da velocidade permitida, não pratica ato culposo, e não pode responder pelo
crime.

(FGV/XII Exame de Ordem Unificado) Wilson, competente professor de uma autoescola, guia seu carro por
uma avenida à beira-mar. No banco do carona está sua noiva, Ivana. No meio do percurso, Wilson e Ivana
começam a discutir: a moça reclama da alta velocidade empreendida. Assustada, Ivana grita com Wilson,
dizendo que, se ele continuasse naquela velocidade, poderia facilmente perder o controle do carro e
atropelar alguém. Wilson, por sua vez, responde que Ivana deveria deixar de ser medrosa e que nada
aconteceria, pois se sua profissão era ensinar os outros a dirigir, ninguém poderia ser mais competente do
que ele na condução de um veículo. Todavia, ao fazer uma curva, o automóvel derrapa na areia trazida para
o asfalto por conta dos ventos do litoral, o carro fica desgovernado e acaba ocorrendo o atropelamento de
uma pessoa que passava pelo local. A vítima do atropelamento falece instantaneamente. Wilson e Ivana
sofrem pequenas escoriações. Cumpre destacar que a perícia feita no local constatou excesso de velocidade.
Nesse sentido, com base no caso narrado, é correto afirmar que, em relação à vítima do atropelamento,
Wilson agiu com
a) dolo direto.
b) dolo eventual.
c) culpa consciente.

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d) culpa inconsciente.
Comentários
Resposta: C
O enunciado narra uma situação em que determinado agente (Wilson) conduz seu veículo em alta
velocidade, causando, assim, um acidente e a morte de uma pessoa. Porém, fica claro, no caso narrado, que
Wilson estava ciente do risco, e que possuía previsão concreta a respeito da possibilidade de causar esse
tipo de resultado. Além disso, de acordo com o narrado, percebe-se que, por possuir habilidades específicas
no que tange à condução de veículos automotores (“sua profissão era ensinar os outros a dirigir, ninguém
poderia ser mais competente do que ele na condução de um veículo”), agiu confiando nessas habilidades,
certo de que nada de errado ocorreria. Sendo assim, como estão presentes os requisitos técnicos de
“previsão concreta do resultado”, “não aceitação de risco e repúdio pela produção do resultado”, além de
“confiar em suas habilidades ao atuar”, conclui-se que o agente atuou em situação de Culpa Consciente,
devendo responder pelo crime de homicídio culposo no trânsito (art. 302 da Lei 9.503/1997).

(FGV/XIII Exame de Ordem Unificado) Jaime, objetivando proteger sua residência, instala uma cerca elétrica
no muro. Certo dia, Cláudio, com o intuito de furtar a casa de Jaime, resolve pular o referido muro,
acreditando que conseguiria escapar da cerca elétrica ali instalada e bem visível para qualquer pessoa.
Cláudio, entretanto, não obtém sucesso e acaba levando um choque, inerente à atuação do mecanismo de
proteção. Ocorre que, por sofrer de doença cardiovascular, o referido ladrão falece quase
instantaneamente. Após a análise pericial, ficou constatado que a descarga elétrica não era sufi ciente para
matar uma pessoa em condições normais de saúde, mas sufi ciente para provocar o óbito de Cláudio, em
virtude de sua cardiopatia. Nessa hipótese é correto afirmar que:
A) Jaime deve responder por homicídio culposo, na modalidade culpa consciente.
B) Jaime deve responder por homicídio doloso, na modalidade dolo eventual.
C) Pode ser aplicado à hipótese o instituto do resultado diverso do pretendido.
D) Pode ser aplicado à hipótese o instituto da legítima defesa preordenada.
Comentários
Resposta: D
A questão se refere à análise das excludentes de ilicitudes, mais especificamente à legitima defesa
preordenada, através instalação de uma cerca elétrica para Protecao da propriedade. As chamadas
ofendículas são consideradas como excludentes de ilicitude, e do crime, através do exercício regular de
direito, ou mesmo da legitima defesa preordenada. Esta última, apenas considerada na hipótese da cerca
elétrica, por ser mecanismo ativo capaz de repelir uma agressão atual (invasão), porém, previamente
instalado. As demais alternativas encontram-se incorretas, de acordo com as normas previstas no Código
Penal e da doutrina, pois se referem a possibilidade de imputação de crime neste caso.
(FGV-OAB XXX Exame Unificado) Zélia, professora de determinada escola particular, no dia 12 de setembro
de 2019, presencia, em via pública, o momento em que Luiz, nascido em 20 de dezembro de 2012, adota
comportamento extremamente mal-educado e pega brinquedos de outras crianças que estavam no local.
Insatisfeita com a omissão da mãe da criança, sentindo-se na obrigação de intervir por ser professora,
mesmo sem conhecer Luiz anteriormente, Zélia passa a, mediante grave ameaça, desferir golpes com um
pedaço de madeira na mão de Luiz, como forma de lhe aplicar castigo pessoal, causando-lhe intenso

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Reta Final

sofrimento físico e mental. Descobertos os fatos, foi instaurado inquérito policial. Nele, Zélia foi indiciada
pelo crime de tortura com a causa de aumento em razão da idade da vítima. Após a instrução, confirmada a
integralidade dos fatos, a ré foi condenada nos termos da denúncia, reconhecendo o magistrado, ainda, a
presença da agravante em razão da idade de Luiz.
Considerando apenas as informações expostas, a defesa técnica de Zélia, no momento da apresentação da
apelação, poderá, sob o ponto de vista técnico, requerer:
A) a absolvição de Zélia do crime imputado, pelo fato de sua conduta não se adequar à figura típica do crime
de tortura.
B) a absolvição de Zélia do delito de tortura, com fundamento na causa de exclusão da ilicitude do exercício
regular do direito, em que pese a conduta seja formalmente típica em relação ao crime imputado.
C) o afastamento da causa de aumento de pena em razão da idade da vítima, restando apenas a agravante
com o mesmo fundamento, apesar de não ser possível pugnar pela absolvição em relação ao crime de
tortura.
D) o afastamento da agravante em razão da idade da vítima, sob pena de configurar bis in idem, já que não
é possível requerer a absolvição do crime de tortura majorada.
Comentários
Resposta: A
Trata-se de questão relacionada à tipificação da conduta narrada no enunciado, mais especificamente ao
não preenchimento dos elementos objetivos típicos presentes no crime de tortura. Para que se caracterize
o crime de tortura deve-se preencher os elementos dos tipos penais previstos na Lei 9.555/97, o que não
ocorreu na situação fática apresentada, faltando assim adequação típica entre a conduta narrada e os tipos
penais previstos na referida lei de tortura. No caso concreto ocorreu apenas o crime de lesão corporal dolosa
(Art. 129 CP).
Desta forma, a alternativa correta é a letra A.

3. DIREITO PROCESSUAL PENAL


Nosso estudo se concentrará nos seguintes temas:

- Competência;

Os referidos temas são de incidência altíssima no Exame de Ordem, ocupando o ranking de temas mais
cobrados na matéria, razão pela qual trouxe para compor nosso estudo na aula de hoje!

Outro ponto importante a se destacar, é que das últimas vezes em que cobrado, a banca utilizou abordagem
legalista, explorando os dispositivos legais pertinentes, razão pela qual no nosso estudo contaremos com:

>Pílulas Estratégicas de Doutrina;

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Reta Final

>Questões comentadas ao longo do PDF;

Vamos começar?

3.1 Pílulas Estratégicas de Doutrina

Profa. Isabella Pires: ressalto para vocês que as considerações a seguir foram extraídas da
Aula 04 do Curso Regular de Direito Processual Penal ministrado pelo Professor Ivan
Marques.

Jurisdição e Competência

Muito bem, futuros colegas da advocacia, chegou o momento de estudarmos o tema que tem mais
incidência no Exame da OAB – Competência.

O tema de competência tem sido muito cobrado nos exames da OAB, portanto vamos desvendar esse tema.

Para estudarmos esse tema tão importante, precisamos entender a diferença entre a Jurisdição e a
Competência, com as suas regras e classificações específicas, ok?

Vamos começar a aula pelos conceitos!

Mas professor, a parte conceitual é muito chata. E os exercícios da OAB são problemas práticos. Por que
precisamos estudar a parte conceitual?

É MUITO importante entender os conceitos dessa aula para que possam acertar os testes que serão
apresentados para você. Sem os conceitos, não faz sentido estudar as classificações e regras de aplicação.
Vamos na sequência e depois vocês irão entender.

1 - Conceito de Jurisdição
A atuação do Estado consistente na aplicação do Direito vigente a um caso concreto, resolvendo-o de
maneira definitiva, cujo objetivo é sanar uma crise jurídica e trazer a paz social.

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Reta Final

Em outras palavras, cabe ao Estado-juiz pacificar os conflitos que lhe são apresentados pelo titular da ação
penal (Ministério Público ou ofendido – querelante) aplicando no processo o Direito, condenando ou
absolvendo o réu.

Essa foi fácil. E a competência?

2 - Conceito de Competência
A competência é o conjunto de regras que estabelecem, previamente, os limites em que cada Juiz pode
exercer, de maneira válida, o seu Poder Jurisdicional.

Por isso a doutrina afirma que a competência é a medida da jurisdição.

Isso mesmo, cada magistrado brasileiro tem um limite jurisdicional de atuação.

Exemplo: o juiz que trabalha na 1.ª Vara do Júri do foro central da capital de São Paulo, só possui
competência para processar e julgar os crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados e os crimes
que lhe são conexos.

Pode esse mesmo juiz receber a denúncia por um crime de competência da Justiça Militar? Claro que não.
Ele não tem competência para fazê-lo.

Esse tema é muito relevante pois pode ser utilizado como tese de defesa processual penal – incompetência
do Juízo.

Veja como o Código de Processo Penal trata do tema:

LIVRO III
DAS NULIDADES E DOS RECURSOS EM GERAL
TÍTULO I
DAS NULIDADES
(…)
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;

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Reta Final

3 - Relação entre a Jurisdição e a Competência

Na sequência a jurisdição é limitada


Primeiro o juiz é investido
pelas regras de fixação de
na Jurisdição
Competência

Após investigo no cargo, o magistrado receberá de forma automática o poder-dever de aplicar o Direito
vigente nos casos concretos que lhe são submetidos.

Dotado do poder jurisdicional, surgem a regras de fixação de competência, limitando a jurisdição entre
justiça especial e comum, dentre a justiça comum a subdivisão fica entre justiça estadual e federal.

Portanto, há uma relação umbilical entre os temas de nossa aula, por essa razão são sempre estudadas em
conjunto.

Prontos para os detalhes e regras de cada um dos temas?

Bora, galera!

Jurisdição

É o poder de julgar um caso concreto, de acordo com o ordenamento jurídico vigente, por meio do devido
processo legal.

Quando alguém pratica um crime, nasce o direito de investigar, processar e punir o infrator. E quem possui
poderes para o processo e execução é o órgão jurisdicional.

Diante disso temos que entender que Jurisdição é a atuação do Estado consistente na aplicação do Direito
vigente a um caso concreto, resolvendo-o de maneira definitiva.

O estudo da jurisdição precisa enfrentar temas complexos para que seja corretamente compreendido. A
partir de agora iremos abordar os seguintes temas sobre Jurisdição:

• finalidades;
• características;
• princípios e;

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Reta Final

• espécies.

1 - Finalidades da Jurisdição
O exercício do poder jurisdicional faz sentido, em determinada coletividade, se buscar atingir algumas
finalidades, objetivos.

Não faria sentido as pessoas abrirem mão do direito de fazer justiça com as próprias mãos, cedendo ao
monopólio de resolução de conflitos do Estado, se não concordassem com as finalidades que o Estado busca
ao aplicar o Direito nos casos concretos que chegam até ele.

São finalidades do exercício da jurisdição:

Social: buscar a tranquilidade social aplicando o Direito para quem desrespeita as regras
da sociedade e tornando isso público.

Jurídica: dizer quem tem o direito no caso concreto, segundo o sistema jurídico vigente,
solucionando a controvérsia inicial entre as partes. Importante frisar que a solução do
conflito precisa ter natureza jurídica, pois estamos vivendo em um Estado de Direito.

Pedagógica: fazer com que a população se torne cada vez mais consciente das condutas
que não pode praticar. A ausência de impunidade reforça a vigência e a aplicação das
regras jurídicas doutrinando a população para evitar comportamentos dolosos e
criminosos sob pena da aplicação do Direito de maneira coercitiva.

Política: fortalecer o monopólio estatal de resolução dos conflitos, fazendo com que as
pessoas confiem na atuação estatal e procurem o Estado quando forem vítimas de crime,
evitando a vingança privada e as execuções sumárias.

2 - Características
Para que a jurisdição seja exercida corretamente, ou seja, sem a prática de atos inexistentes, nulos ou
anuláveis, deve ser exercida respeitando, de forma cumulativa, todas as características abaixo apresentadas:

✓ Inércia - o princípio da inércia da jurisdição significa que o Estado-Juiz só se movimenta, só


presta a tutela jurisdicional se for provocado, se a parte que alega ter o direito lesado ou
ameaçado acioná-lo, requerendo que exerça seu poder jurisdicional. Em outras palavras,

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Reta Final

nenhum magistrado, como regra geral, possui poder para utilizar a jurisdição sem ter sido
provocado por quem de direito. Essa regra serve para proteger a sociedade de abusos e
utilização indevida da jurisdição para atender aos interesses particulares ou ideológicos do
magistrado. Nenhum senso ou busca pela Justiça justifica a quebra a inércia jurisdicional.
Há uma exceção – a concessão de ordem de habeas corpus de ofício, para sanar ilegalidade
ou abuso de poder de prender.
✓ Substitutividade - a vontade do Estado-juiz (vontade da lei aplicada no caso concreto)
substitui a vontade das partes. E a sociedade aceita de forma tácita essa situação pelo simples
fato de integrar a coletividade. A ordem social estaria em risco de cada um decidisse como
resolver os seus problemas e executasse as suas conclusões, sem nenhum controle jurídico.
Por essa razão, a centralização da solução dos conflitos é peça fundamental para a ordem
social.
✓ Definitividade - Em um dado momento, a decisão prestada pelo Estado-Juiz será definitiva,
imodificável. Se cada decisão judicial comportasse uma gama infinita de recursos, os litígios
seriam perpétuos e de nada adiantaria levar ao Estado-juiz o caso concreto para ser
solucionado. Entretanto, a característica da definitividade possui uma exceção.
Exceção: a ação constitucional de revisão criminal. Para as hipóteses de erro judiciário, ao
condenar um inocente ou ultrapassar os limites legais da punição justa e proporcional, cabe
revisão criminal a qualquer tempo, de forma a alterar a sentença condenatória injusta ou
desproporcional.

3 - Princípios
Pessoal, questão interessante para a sua prova da OAB é perguntar sobre os princípios que regem a jurisdição
penal.

Quais seriam eles e qual o seu alcance.

Vamos estuda-los a partir de agora.

✓ Investidura

Para se exercer a jurisdição, deve-se estar investido do Poder jurisdicional. Como esse Poder pertence ao
Estado, ele é quem delega esse Poder aos seus agentes.

Só possui jurisdição e pode praticar atos jurisdicionais o magistrado que é investido no cargo.

As formas de investidura são três:

a) aprovação, nomeação e posse no concurso de ingresso na Magistratura estadual ou federal;

b) ingresso em segunda instância, no Tribunal de Justiça ou no Tribunal Regional Federal por meio do
chamado Quinto Constitucional, ou seja, 1/5 dos desembargadores são formados por membros da advocacia
e do Ministério Público e escolhidos em lista sêxtupla por seu órgão de classe - OAO ou MP -, em seguida o
Tribunal seleciona 3 nomes da lista e a escolha final fica a cargo do chefe do Poder Executivo;

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c) nomeação pelo Presidente da República e sabatina do Poder Legislativo para ingresso como Ministro do
Superior Tribunal de Justiça – STJ ou do Supremo Tribunal Federal – STF.

Após a investidura, o magistrado estará apto a aplicar o Direito ao caso concreto.

✓ Indelegabilidade

Aqueles que foram investidos do Poder jurisdicional não podem delegá-lo a terceiros. Algumas situação
jurídicas admitem a outorga de poderes especiais a terceiros para a prática de determinados atos, como por
exemplo a vítima outorgando para o advogado contratado por ela poderes especiais para oferecer queixa-
crime; ou o condenado definitivo outorgando para o seu advogado poderes especiais para interpor revisão
criminal.

Entretanto, o poder-jurisdicional nunca poderá ser delegado, nem mesmo se o magistrado ficar
impossibilitado de exercê-lo por determinado período. Nesse caso, caberá ao chefe da instituição selecionar
um magistrado substituto para a atuação jurisdicional.

A justificativa para essa vedação seria, por via indireta, a violação da garantia do juiz natural.

✓ Inevitabilidade

Sobre ser inevitável exercer a jurisdição, nenhum magistrado pode se abster de julgar, nem mesmo diante
de suas crenças ou consciência. Se lhe foi atribuído um processo, é seu dever proferir uma decisão
jurisdicional.

Em relação às partes, elas ficam vinculadas, obrigatoriamente, aos efeitos da jurisdição (ou estado de
sujeição).

Nem mesmo “a lei excluirá da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça a direito” (CF, art. 5º, XXXV).

Entretanto, as partes terão o direito de recusar o magistrado nos casos de suspeição, impedimento e
incompetência.

✓ Inafastabilidade

O processo deve garantir o acesso do cidadão à ordem jurídica justa. Não podem as pessoas serem afastadas
de seu direito de buscar uma solução judicial para o seu problema. A partir do momento que o Estado
chamou para si o monopólio de resolução de conflitos, não pode afastar o jurisdicionado de seu exercício.

✓ Juiz natural
Estabelecimento de regras prévias e abstratas de definição da competência, a fim de se evitar a “escolha”
do Juiz da causa. É uma garantia muito importante, pois minimiza o direcionamento de decisões escolhendo
diferentes juízes posteriormente aos casos praticados. Temos dois direitos constitucionais que assim nos
asseguram esse direito: ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente, que
é aquela cujo poder jurisdicional vem fixado em regras predeterminadas (CF, art. 5º, LIII); do mesmo modo,
não haverá juízo ou tribunal de exceção (CF, art. 5º, XXXVII).

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✓ Territorialidade

Toda jurisdição possui um limite territorial, no caso, o território brasileiro. Todo Juiz tem jurisdição no
território nacional. Entretanto, por questão de organização funcional, a competência de cada magistrado é
delimitada de várias formas que serão estudadas no item Competência, dessa aula.

4 - Espécies
Jurisdição superior e inferior – A inferior é exercida pelo órgão que atua no processo desde o início. Já a
superior é exercida em grau recursal.

EXERCIDA EM GRAU
SUPERIOR
RECURSAL
JURISDIÇÃO
ÓRGÃO QUE ATUA
INFERIOR
DESDE O INÍCIO

Jurisdição comum e especial – A jurisdição especial, no processo penal, é formada pelas 02 “Justiças
especiais”: Justiça Eleitoral (art. 118 a 121 da CF/88) e Militar (122 a 125). Já a jurisdição comum é exercida
residualmente. Tudo que não for jurisdição especial será jurisdição comum, que se divide em estadual e
federal.

Competência

Seria impossível para um único magistrado julgar todas as causas existentes. Para estabelecer regras que
tornem o exercício da jurisdição viável física e materialmente, a lei distribui a jurisdição por vários órgãos do
Poder Judiciário. Esses órgãos jurisdicionais somente poderão aplicar o Direito dentro dos limites que lhe
foram conferidos nessa distribuição. Esses limites são estabelecidos pelas regras de competência.

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Reta Final

1 - Competência em razão da matéria


Pessoal, esta espécie de regra de fixação de competência leva em consideração a natureza do fato
criminoso para definir qual a “Justiça” competente (Justiça Eleitoral, Comum, Militar, etc.).

COMO DESCOBRIR O JUIZ COMPETENTE

1.º Justiça militar ou eleitoral?

SIM - vai para o juiz competente.


NÃO - pergunta se é crime federal

SIM – Justiça Federal


NÃO – Justiça Estadual

A possibilidade de existência de foro por prerrogativa de função pode, a depender do caso, afastar estas
regras, como darei exemplos a seguir.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

1.º Exemplo: Se um Juiz Estadual comete crime federal este será julgado pela pelo Tribunal de Justiça
de seu Estado, e não pelo Tribunal Regional Federal.

2.º Exemplo: Se um Juiz Estadual matar sua esposa ele será julgado pelo Tribunal de Justiça de seu
Estado e não pelo Tribunal do Júri.

A Lei 13.491/2017 retirou da competência do Tribunal do Júri o julgamento dos crimes dolosos contra a vida
de civis praticados por militares das Forças Armadas em situações de verdadeiro “policiamento urbano” (§
2º, I, II e III do artigo 9º do CPM).

Ex. Forças armadas em policiamento no Rio de Janeiro matam alguns civis em confronto com traficantes. Os
militares envolvidos serão julgados pela Justiça Militar, e não pelo Tribunal do Júri.

2 - Competência criminal da Justiça Federal


Agora vamos falar sobre a competência criminal da Justiça Federal.

Preste muita atenção, pois esse tema cai muito nos exames e com muita pegadinha!

Segue a relação de competência, com as exceções! Anote tudo e decore.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

✓ Crimes que afetam bens, serviços ou interesses da União, suas autarquias e empresas
públicas. Ressalva-se a competência da justiça eleitoral e justiça militar.
Atenção: Não abrange as sociedades de economia mista.

✓ Crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no


País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

✓ Crimes em que haja grave violação de direitos humanos – mesmo se a competência for da
Justiça comum estadual, o Procurador-Geral da República pode suscitar ao Superior Tribunal
de Justiça o deslocamento de competência. Eis a legislação a respeito:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar,
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

✓ habeas corpus e mandado de segurança em matéria criminal de sua competência ou quando


o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra
jurisdição;

✓ Crimes políticos;

✓ Crimes relacionados à disputa sobre direitos indígenas.


Atenção: não abrange as hipótese em que os índios puderem ser individualmente
identificados como autor ou vítima de delitos comuns. Nesse caso, a competência será da
Justiça estadual. Exemplo: um índio estupra uma mulher na linha do trem, tarde da noite. A
competência será regida pelas normas regulares da Justiça estadual, mesmo tendo sido
praticado por um índio.

✓ Crimes ou contravenções cometidos a bordo de navios ou aeronaves – Ressalva-se, apenas,


a competência da Justiça Militar.
Atenção: trata-se de uma das duas exceções em que uma contravenção penal é julgada pela
Justiça Federal.

✓ Crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro;

✓ Execução de carta rogatória (após o exequatur (cumpra-se) pelo STJ);

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

✓ Execução de sentença estrangeira (após a homologação pelo STJ). O Superior Tribunal de


Justiça analisa, apenas, os aspectos formais dessa decisão estrangeira, sem ingressar no
mérito se a decisão foi justa ou não;

✓ Crimes contra o sistema financeiro – Lei 7.492 de 1986;

✓ Crimes contra a organização do trabalho (arts. 197 a 207 do CP);

✓ Crimes de contrabando e de descaminho (arts. 334-A e 334 do CP, respectivamente), ainda


que inexistentes indícios de transnacionalidade na conduta.

A regra geral da competência na Justiça Federal é:

Justiça Federal não tem competência para julgar contravenções penais!

Mas sempre existem duas exceções.

Para que possa dominar o tema e não errar uma questão que pode garantir sua classificação, memorize as
exceções abaixo:

As EXCEÇÕES são:

a) as contravenções praticadas pelos detentores de foro na Justiça Federal;

b) as contravenções praticadas com ofensa a direitos e interesses indígenas.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Há uma tema que estava abrangido pela competência da Justiça Federal, porém não mais lhe pertence. Hoje
esses crimes são julgados, como regra, pela Justiça Estadual. Estamos tratando dos crimes ambientais.

Cuidado para não estudar errado! A súmula que tratava do tema foi cancelada. Veja abaixo o seu conteúdo
e o seu cancelamento.

Súmula 91 - Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna. (Súmula 91,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 21/10/1993, DJ 26/10/1993, p. 22629)

Súmula cancelada:

A Terceira Seção, na sessão de 08/11/2000, determinou o CANCELAMENTO da Súmula 91 do STJ (DJ


23/11/2000, p. 101).

3 - Crimes eleitorais e a cisão da Operação Lava Jato


O artigo 109, inciso IV, da Constituição diz que a Justiça Federal julga causas de interesse da União,
"ressalvada a competência da Justiça Eleitoral e da Justiça Militar".

E o Código Eleitoral diz, no inciso II do artigo 35, que o juiz eleitoral deve julgar os crimes eleitorais e os
"comuns que lhe são conexos".

Com base nessas duas premissas legais, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela separação dos processos
que estavam sob a competência da Justiça Federal de Curitiba e do Rio de Janeiro e segmentou muitos casos
para a Justiça Eleitoral, por entender que havia a preponderância da competência especial em detrimento
da comum, o que nos parece correto diante das regras que estamos estudando.

Por seis votos a cinco, o Supremo Tribunal Federal decidiu que processos da Operação Lava Jato que
envolvem crimes eleitorais, como caixa dois, associados a crimes comuns, como corrupção, devem tramitar
na Justiça Eleitoral (Inq. n. 4435).

4 - Competência em razão da pessoa


Caros alunos, iremos tratar agora da competência por prerrogativa de função.

A prerrogativa de foro pertence ao cargo, e não à pessoa.

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

Pode ocorrer de, em determinados casos, considerando a presença de determinadas autoridades no polo
passivo (acusados), que essa competência pertença originariamente aos Tribunais. Essa é a chamada
prerrogativa de função (não utilize “foro privilegiado”).

Essa regra deixa bem claro que os crimes praticados antes do exercício do cargo ou mandato não garantem
aos eleitos ou nomeados a prerrogativa de foro pelo fatos delitivos praticados antes dessa data. Apenas para
os delitos praticados durante a função ou mandato.

✓ O foro por prerrogativa de função se aplica apenas aos crimes cometidos durante o exercício
do cargo e relacionados às funções desempenhadas.
✓ Após o término da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para
apresentação de alegações finais, a competência não mais se altera pelo fato de o agente
deixar de ocupar o cargo, seja qual for o motivo (renúncia ao cargo, posse em outro cargo
etc.).

a competência
REGRA
também se desloca
Perda do cargo
durante o processo
se já foi intimado para
EXCEÇÃO apresentar alegações
finais não desloca mais

PERDA DO CARGO DURANTE O PROCESSO

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ESTRATÉGIA OAB
Reta Final

✓ REGRA - A competência também se desloca, ou seja, o Tribunal deixa de ser competente e o


processo vai para a primeira instância.
✓ EXCEÇÃO – Se já terminou a instrução processual, tendo já havido intimação para a
apresentação de alegações finais (ou memoriais), a competência permanece no Tribunal, não
se deslocando.

5 - Conflito entre competência de foro por prerrogativa de função


e competência do tribunal do júri
Pessoal, o aprendizado aqui reside em aparente dúvida de competência entre dois órgãos jurisdicionais por
força da prerrogativa de foro ou do Tribunal do Júri. qual deles será o competente se uma autoridade que
possui prerrogativa de foro matar dolosamente alguém.

Existe uma regra muito importante que soluciona essa dúvida. Fique ligado nesse tema.

✓ Prerrogativa de função prevista na CRFB/88 x Competência do Júri – Prevalece a competência


de foro por prerrogativa de função, já que as duas regras estão previstas no texto
constitucional da Magna Carta.
✓ Prerrogativa de função não prevista na CF/88 x Competência do Júri – Prevalece a
competência do Tribunal do Júri, pois apenas essa, nesse caso, está expressa na Constituição
da República Federativa do Brasil.

Essa é justamente a regra sumulada pelo Supremo Tribunal Federal, em seu enunciado de número 721, in
verbis:

SÚMULA 721 do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa
de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual.

6 - Competência criminal do STF


Muito bem, meus amigos, chegou o momento de tratarmos da competência criminal do Supremo Tribunal
Federal – STF.

Essa competência por prerrogativa de foro está na Constituição da República Federativa do Brasil.

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Vejamos o conteúdo das disposições legais da competência criminal do STF:

Supremo Tribunal Federal tem competência para processar e julgar, originariamente, nas infrações penais
comuns:

1. o Presidente da República;
2. o Vice-Presidente da República;
3. os membros do Congresso Nacional (81 senadores e 513 deputados);
4. os Ministros do Supremo Tribunal Federal (11 Ministros);
5. o Procurador-Geral da República;
6. os Ministros de Estado (hoje, mais de 30 pessoas com status de Ministro);
7. os Comandantes das três Forças Armadas (3 Comandantes);
8. os membros dos Tribunais Superiores (33 do STJ, 27 do TST, 2 do TSE e 15 do STM;
9. os membros do Tribunal de Contas da União (9 Ministros);
10. os chefes de missão diplomática de caráter permanente
11. todos os que chefiam embaixadas ou consulados brasileiros no exterior, diplomatas de
carreira ou não, convindo lembrar que o Brasil tem Embaixadas em 138 países.

No caso dos Deputados Estaduais, pelo princípio da simetria, entende-se que a competência de foro destas
autoridades está prevista na CRFB/88.

7 - Competência do júri
Para quem adora a mística democrática do Tribunal do Júri, chegou o momento de estudarmos a
competência do Tribunal popular.

A competência do Tribunal do Júri refere-se aos crimes dolosos contra a vida previstos no Código Penal
(artigos 121 a 126), ou crimes comuns, desde que conexos com algum crime doloso contra a vida indicado.

São os crimes dolosos contra a vida de competência do Júri:

• Artigo 121 – homicídio (incluindo a qualificadora do feminicídio)


• Artigo 122 – participação em suicídio

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• Artigo 123 – infanticídio


• Artigo 124 a 126 – aborto

Além dos crimes praticados em conexão com eles.

Para ajudar você a compreender melhor essa ampliação da competência do Júri por força de crimes conexos,
iremos dar dois exemplos, ok?

Exemplo 1: no mesmo contexto fático, o agente mata dolosamente o amante de sua esposa por ciúmes e,
de forma proposital, espanca a mulher. Tanto o homicídio quanto a lesão dolosa serão julgados pelo júri, por
força da conexão entre os delitos.

Exemplo 2: Carlo estupra Jeffiner, uma desconhecida. Um mês depois, descobre que Ricardo presenciou o
ato e, portanto, poderia testemunhar contra ele. Assim, mata Ricardo, como “queima de arquivo”, ou seja,
para garantir a impunidade do crime anterior. Neste caso, temos dois crimes considerados conexos (o
estupro e o homicídio). Assim, ambos serão processados e julgados pelo Tribunal do Júri, pois devem ser
julgados conjuntamente.

Não são todos os crimes dolosos contra a vida do ordenamento jurídico que serão da competência do júri.
Cuidado.

Há alguns crimes em que, apesar de o agente dolosamente tirar a vida de seus semelhantes, não será julgado
pelo Tribunal popular.

Sério, professor? Que crimes são esses???

1. Latrocínio

O latrocínio, ou “roubo com resultado morte”, previsto no art. 157, §3º do CP, não é considerado um crime
doloso contra a vida, e sim um crime patrimonial (Súmula 603 do STF).

2. Atos de terrorismo - Lei n. 13.260/2016

O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de
xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade
de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a
incolumidade pública. Como a vida humana é um bem tutelado de forma secundária, a competência para
julgar atos terroristas não é do Júri.

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Reta Final

3. Genocídio – Lei n. 2889/56

Os atos genocidas consistem em ter a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico,
racial ou religioso. A morte é apenas uma das formas de atingir um objetivo maior – a supressão dos grupos
indicados. Como a intenção do genocida é coletiva e impessoal, não vai ao Júri.

4. Lesão corporal com resultado morte

A lesão corporal é provocada dolosamente, mas o resultado morte decorre de culpa do agente. Assim, tal
crime é considerado preterdoloso, motivo pelo qual também não é um crime doloso contra a vida, não sendo
da competência do Júri.

Preterdolo - todos os crimes com resultado morte culposo – delitos preterdolosos – não são originalmente
de competência do Tribunal do Júri. Quanto a morte é culposa, ou seja, não desejada pelo agente, não irá
para o Tribunal do Júri, salvo se conexo com outro crime doloso contra a vida.

Além dos crimes que não são de competência do Júri, outra regra muito importante precisa ser observada -
hipótese de infrator com foro de prerrogativa de função.

Se a pessoa que pratica o crime doloso contra a vida possui foro por prerrogativa de função, previsto na
Constituição da República Federativa do Brasil, ficará afastada a competência do Júri (súmula vinculante 45).

Exemplo: Marcelo, deputado federal, comete um crime de homicídio doloso. A competência, neste caso,
será do Supremo Tribunal Federal, e não do Tribunal do Júri, pois o foro por prerrogativa previsto na CF/88
afasta a competência do Júri na 1.ª instância.

Por fim, vale destacar que a competência do Júri vem prevista na Constituição da República, nos seguintes
termos:

O art. 5º, XXXVIII da CF/88: é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe
der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

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Reta Final

8 - Competência do JECRIM
Amigos, chegou a parte da aula em que dedicaremos nossa atenção ao procedimento comum sumaríssimo.
Isso mesmo, procedimento comum.

Mas professor, o JECRIM possui todas as regras procedimentais diferentes. Tem certeza que o rito é comum?
Sim! =)

Eis o artigo 394 do CPP que assim nos ensina:

“Art. 394. O procedimento será comum ou especial.


§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo.

Portanto, meus alunos, o rito sumaríssimo da Lei 9.099/95, criado para apurar infrações penais de menor
potencial ofensivo, é rito comum, não é rito especial.

O artigo 98, I, da Constituição Federal autorizou a criação dos Juizados especiais criminais, providos por juízes
togados e leigos, que serão competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de infrações penais
de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses
previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau.

As infrações de menor potencial ofensivo são todas as contravenções penais e os crimes a que a lei comine
pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa, previsto ou não em procedimento
especial.

Quanto ao lugar da infração, no caso das infrações penais de menor potencial ofensivo, sujeitos ao
procedimento da Lei n. 9.099/95, adotou-se a teoria da atividade. Esta é a redação do art. 63 da Lei: “A
competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal”.

Em relação aos crimes de violência doméstica, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça
entendem que é possível o julgamento pelo rito comum sumaríssimo, o que não é possível é a aplicação dos
institutos despenalizadores previstos na Lei n. 9.099, tais como a composição civil dos danos (art. 74),
transação penal (art. 76), a condição objetiva de procedibilidade para os crimes de lesão leve e culposa (art.
88) e a suspensão condicional do processo (art. 89).

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Súmula 536 do Superior Tribunal de Justiça:


A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de
delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.

9 - Prorrogação de competência
Prorrogação de competência necessária e voluntária

A necessária ocorre nas hipóteses de conexão e continência (arts. 76 e 77).

A voluntária ocorre nos casos de competência territorial, quando não alegada no momento processual
oportuno (art. 108), ou no caso de ação penal exclusivamente privada, onde o querelante pode optar pelo
foro do domicílio do réu, em vez do foro do local da infração (art. 73).

Vamos estudar, agora, as regras de conexão e, em seguida, de continência.

9.1 - Conexão

Conexão é o nexo que se estabelece entre dois ou mais fatos, que os torna entrelaçados, umbilicalmente
ligados por algum motivo, sugerindo a sua reunião no mesmo processo, a fim de que sejam julgados pelo
mesmo juiz, diante do mesmo compêndio probatório e com isso se evitem decisões conflitantes e diferentes.

Após esse conceito, podemos afirmar, sem dúvida nenhuma, que os efeitos da conexão são:

Reunião de ações penais em um mesmo Com isso, a competência


processo se prorroga pela conexão.

São espécies de conexão:

a) Intersubjetiva, que se subdivide em:

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• Intersubjetiva por simultaneidade ocasional – pessoas diversas cometem infrações diversas


no mesmo local, na mesma época, mas desde que não estejam ligadas por nenhum vínculo
subjetivo.
• Intersubjetiva por concurso – Na hipótese de concurso de pessoas.
• Intersubjetiva por reciprocidade – Infrações praticadas no mesmo tempo e no mesmo lugar,
mas os agentes praticaram as infrações uns contra os outros.

b) Conexão objetiva:

• Conexão objetiva lógica ou teleológica – Uma infração deve ter sido praticada para “facilitar”
a outra.
• Conexão objetiva consequencial – Nesta hipótese uma infração é cometida para ocultar a
outra, ou, ainda para garantir a impunidade do infrator ou garantir a vantagem da outra
infração.
• Conexão instrumental – A prova da ocorrência de uma infração e de sua autoria influencie na
caracterização da outra infração.

Com isso, terminamos o estudo da conexão e passamos a estudar, abaixo, a continência. Mantenha firme o
foco! Esses dois tópicos precisam ser estudados em conjunto.

9.2 - Continência

Na continência não é possível a cisão em processos diferentes, porque uma causa está contida na outra.

Professor Ivan, quais são as hipóteses de continência? Vamos lá:

✓ Continência por cumulação subjetiva – É o caso no qual duas ou mais pessoas são acusadas
pela mesma infração (concurso de pessoas). nesse caso, existe um único crime (e não vários),
cometido por dois ou mais agentes em concurso, isto é, em coautoria ou em participação,
nos termos do art. 29, caput, do CP. Aqui o vínculo se estabelece entre os agentes e não entre
as infrações.
✓ Continência por concurso formal (CP, art. 70), aberratio ictus (CP, art. 73) e aberratio delicti
(CP, art. 74): mediante uma só conduta o agente pratica dois ou mais crimes. Aqui, existe
pluralidade de infrações, mas unidade de conduta. No concurso formal, o sujeito pratica uma
única conduta, dando causa a dois ou mais resultados. Por exemplo: motorista imprudente,
olhando no celular, sobe na calçada e mata 6 pessoas que estavam no ponto de ônibus (seis
homicídios culposos no trânsito – 302, do CTB). Na aberratio ictus, o sujeito erra na execução
e atinge pessoa diversa da pretendida ou, ainda, atinge quem pretendia e, além dele, terceiro
inocente. Na aberratio delicti, o sujeito quer praticar um crime, mas, por erro na execução,
realiza outro. Exemplo: irritado com o vizinho que não quer devolver a bola que caiu em seu
quintal, o agente, dolosamente, joga uma pedra na janela da casa, para produzir um dano,
porém, a pedra, além de quebrar o vidro, arrebenta cabeça do morador que estava na sala
vendo TV (dano e lesão corporal culposa). Em todos esses casos, as causas são continentes e
devem ser julgadas pelo mesmo juiz.

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“Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a
atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de
função de um dos denunciados.” – Súmula 704 do STF.

10 - Competência territorial
Muito bem, pessoal, chegou o momento de estudarmos o critério de competência que possui mais regrinhas:
a competência territorial.

Você precisa entender todas essas situações para acertar os exercícios da prova e, acredite, sempre
perguntam sobre esse tópico.

Começamos com as teorias existentes e em seguida as exceções.

Existem três teorias a respeito do lugar do crime:

a) teoria da atividade: lugar do crime é o da ação ou omissão, sendo irrelevante o lugar da produção
do resultado;

b) teoria do resultado: lugar do crime é o lugar em que foi produzido o resultado, sendo irrelevante
o local da conduta;

c) teoria da ubiquidade: lugar do crime é tanto o da conduta quanto o do resultado.

Teoria adotada:

No caso de um crime ser praticado em território nacional e o resultado ser produzido no estrangeiro (crimes
a distância ou de espaço máximo), aplica-se a teoria da ubiquidade, prevista no art. 6º do Código Penal; o
foro competente será tanto o do lugar da ação ou omissão quanto o do local em que se produziu ou deveria
se produzir o resultado. Assim, o foro competente será o do lugar em que foi praticado o último ato de
execução no Brasil (art. 70, § 1º), ou o local estrangeiro onde se produziu o resultado. Por exemplo: o agente
escreve uma carta injuriosa em São Paulo e a remete para a vítima, que lê a correspondência ofensiva à sua
honra em Buenos Aires. O foro competente será tanto São Paulo quanto Buenos Aires.

No caso da conduta e do resultado ocorrerem dentro do território nacio-nal, mas em locais diferentes (delito
plurilocal) aplica-se a teoria do resultado, prevista no art. 70 do Código de Processo Penal: a competência
será determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for

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praticado o último ato de execução. Por exemplo: o agente esfaqueia a vítima em Marília e esta vem a morrer
em São Paulo. O foro competente é São Paulo.

Obs. 1: Crimes praticados no exterior – no processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será
competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver
residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República.

Obs. 2: Crime praticado a bordo de aeronaves ou embarcações, mas, por determinação da Lei Penal, estejam
sujeitos à Lei Brasileira - No local em que primeiro aportar ou pousar a embarcação ou aeronave, ou, ainda,
no último local em que tenha aportado ou pousado.

Regras especiais:

a) Quando incerto o limite entre duas comarcas, se a infração for praticada na divisa, a competência será
firmada pela prevenção (art. 70, § 3º).

b) No caso de crime continuado ou permanente, praticado em território de duas ou mais jurisdições, a


competência será também firmada pela prevenção (art. 71).

c) No caso de alteração do território da comarca, por força de lei, após a instauração da ação penal, o
Superior Tribunal de Justiça tem aplicado a perpetuatio jurisdictionis, mantendo-se a competência original.
Exemplo: a criação ou subdivisão de um novo Estado membro da Federação, como aconteceu com Tocantins.

d) Súmula 521 do STF: “O foro competente para o processo e o julgamento dos crimes de estelionato, sob a
modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o local onde se deu a recusa do
pagamento pelo sacado”. O STJ editou súmula idêntica à do STF, que foi a de número 244: “Compete ao foro
do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos”.
Ambas as súmulas seguem a teoria do resultado, adotada pelo art. 70 do CPP. Assim, entregue o título em
um lugar e recusado o pagamento em outro, o juízo desse último é o competente para ação penal.
Lembrando: sacado é o banco que recursou o pagamento por falta de fundos na conta.

e) No homicídio, quando a morte é produzida em local diverso daquele em que foi realizada a conduta, a
jurisprudência entende que o foro competente é o da ação ou omissão, e não o do resultado (STJ, 5ª T., RHC
793, DJU, 5 nov. 1990, p. 12435). Esta posição é majoritária na jurisprudência, e tem por fundamento a maior
facilidade que as partes têm de produzir provas no local em que ocorreu a conduta. Contudo, ela é contrária
à letra expressa da lei, que dispõe ser competente o foro do local do resultado (cf. art. 70 do CPP – teoria do
resultado).

f) No crime de falso testemunho praticado por precatória, será competente o juízo deprecado, uma vez que
foi nele que ocorreu o depoimento fraudulento.

g) No uso de documento falso, a competência é do lugar em que se deu a falsificação.

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Juiz incompetente não produz decisões válidas. todas podem ser anuladas valendo-se o advogado do
seguinte dispositivo legal:

Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:


I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;

Súmulas dos Tribunais Superiores sobre Competência

1 - Supremo Tribunal Federal


Súmula 712 - É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência
do júri sem audiência da defesa.

2 - Superior Tribunal De Justiça


Súmula 6 - Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar delito decorrente de
acidente de trânsito envolvendo viatura de polícia militar, salvo se autor e vítima forem
policiais militares em situação de atividade.
Súmula 47 - Compete a Justiça Militar processar e julgar crime cometido por militar contra
civil, com emprego de arma pertencente a corporação, mesmo não estando em serviço.
Súmula 48 - Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar
crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.
Súmula 53 - Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar civil acusado de prática
de crime contra instituições militares estaduais.
Súmula 59 - Não há conflito de competência se já existe sentença com trânsito em julgado,
proferida por um dos juízos conflitantes.
Súmula 62 - Compete a Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na
carteira de trabalho e previdência social, atribuído a empresa privada.
Súmula 75 - Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por
crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal.
Súmula 78 - Compete a Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual,
ainda que o delito tenha sido praticado em outra unidade federativa.

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Súmula 90 - Compete a Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela
prática do crime militar, e a comum pela prática do crime comum simultâneo aquele.
Súmula 104 - Compete a Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação
e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.
Súmula 107 - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato
praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições
previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia federal.
Súmula 122 - Compete a justiça federal o processo e julgamento unificado dos crimes
conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, "a", do
Código de Processo Penal.
Súmula 140 - Compete a Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o
indígena figure como autor ou vítima.
Súmula 147 - Compete a Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra
funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.
Súmula 151 - A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou
descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.
Súmula 164 - O prefeito municipal, após a extinção do mandato, continua sujeito a
processo por crime previsto no art. 1. do Decreto-lei n. 201, de 27/02/67.
Súmula 165 - Compete à justiça federal processar e julgar crime de falso testemunho
cometido no processo trabalhista.
Súmula 172 - Compete a Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de
autoridade, ainda que praticado em serviço.
Súmula 200 - O juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso
de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou.
Súmula 208 - Compete a Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de
verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.
Súmula 209 - Compete a Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba
transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
Súmula 244 - Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato
mediante cheque sem provisão de fundos.
Súmula 528 - Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior
pela via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional.
Súmula 546 - A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é
firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não
importando a qualificação do órgão expedidor.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Profa. Isabella Pires:
Com isso, me despeço de vocês por hoje! Voltaremos amanhã para dar continuidade ao
nosso projeto rumo à aprovação!
Aproveito para, mais uma vez, deixar meus contatos caso tenham dúvidas, críticas,
sugestões!
Vocês podem entrar em contato pelo fórum do curso ou ainda:
E-mail: isabella.almeida@estrategiaconcursos.com.br

Instagram: @profaisabellapires

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