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CAPÍTULO 5

ADMISSÃO, TRANSFERÊNCIA
E ALTA DO CLIENTE
Cláudia Cristiane Filgueira Martins Rodrigues
Cleide Oliveira Gomes
Sheyla Gomes Pereira de Almeida
Rita de Cássia Girão de Alencar¹

O processo de hospitalização, via de regra, é permeado por


sentimentos desagradáveis tais como receio, angústia, an-
siedade, medo, entre outros em virtude das incertezas relativas
aos motivos geradores da internação. Assim, a equipe de Enfer-
magem deve permanecer atenta no decorrer de toda a estadia do
cliente na Instituição de Saúde.
Normalmente, as rotinas e procedimentos administrativos
referem-se à: admissão, transferência e alta do paciente, que
seguem uma sequência preestabelecida no prontuário.

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1 ADMISSÃO

A admissão é o momento de entrada do paciente no serviço


de saúde, para ocupação de um leito, com a finalidade de subme-
ter-se a um tratamento clínico, cirúrgico e/ou realização de pro-
cedimentos específicos (VOLPATO; PASSOS, 2014). Assim, neste
momento de recepção da pessoa que irá se internar, a equipe de
Enfermagem deverá incluir cuidados relacionados aos fatores bio-
físicos, psicossociais, ambientais, de autocuidado, educacionais e
também de planejamento da alta, os quais precisam, então, ser
supervisionados ou investigados pelo enfermeiro.
A acolhida neste momento é de extrema importância, desde
o setor de recepção à equipe multiprofissional envolvida, princi-
palmente por parte da equipe de Enfermagem que cuida do enfer-
mo durante as 24 horas do dia; um bom acolhimento do paciente
influirá na relação com os familiares ou pessoas que o acompa-
nham também.
Nos hospitais existe o setor de recepção e, geralmente, é nes-
te local que ocorrem os procedimentos burocráticos relativos à
internação. Nesta ocasião, são coletados dados padronizados de
identificação pessoal do internado e do responsável.
A admissão ocorre, prioritariamente, por indicação médica,
podendo ocorrer, também compulsoriamente, por meio de um
processo legal, em casos de doença mental ou infectocontagiosa.
Caso exista vontade própria ou familiar, ainda assim, existe a ne-
cessidade de uma avaliação e posterior indicação médica.

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PROCEDIMENTO: Admissão

 Apresentar-se e receber o paciente, chamando-o pelo nome e


tratá-lo com atenção, cortesia e respeito;
 Mostrar as dependências físicas da unidade, como banheiro
e local para guardar os seus objetos pessoais, e objetos que
facilitem a sua comunicação com a equipe que o atenderá como
a campainha;
 Apresentá-lo aos seus companheiros da enfermaria;
 Providenciar roupa e banho conforme rotina do hospital;
 Acomodá-lo confortavelmente no leito ou poltrona, respeitando
a sua vontade, integrando-o ao novo ambiente;
 Verificar seus sinais vitais;
 Realizar a entrevista conforme roteiro de admissão;
 Explicar as rotinas do hospital (horário das refeições, visita
médica e de familiares, local de recreação e apoio religioso, caso
a instituição disponha);
 Atender as rotinas administrativas, como preenchimento de
impressos;
 Registrar a admissão no Relatório de Enfermagem e guardar
possíveis exames que o cliente tenha trazido.

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ROTEIRO PARA ADMISSÃO

NOME:________________________________ REGISTRO: ____________

(DATA/HORA) Admitido nesta Unidade, procedente de _____________


_______________________ (ambulatório, hospital, residência); chegou
________________________ (deambulando, de maca, cadeira de rodas),
acompanhado ____________________ (maqueiro, c/ familiares, outros).
Informa estar doente há _____ (tempo); refere ____________________
(sinais e sintomas). Referir nível de consciência/estado de humor (consciente,
inconsciente/depressivo, emotivo, tranquilo). Padrão respiratório (eupneico,
taquipneico, bradpneico e dispneico). Referir aceitação alimentar (apetite,
restrições). Informa que suas funções fisiológicas: __________________
______________________ (eliminação urinária e intestinal: presente ou
ausente). Antecedentes Pessoais e familiares: _______________________
______________ (doenças da família – avós, pais: Diabetes, Hipertensão,
Cardiopatias, Alergias, e outros. Ocorrência de mortes súbitas). Hábitos
de Vida: Tabagismo ( ) Há quanto tempo faz uso ?_______________;
Etilismo ( ) Há quanto tempo ? _______; Outros (especificar) ______.
Faz uso de medicações _____________; Exames ____________ (trazidos
ou solicitados). Recebeu orientações quanto à: ________________ (rotinas
hospitalares, cuidados). Sinais vitais: T _________ P __________ R
___________ PA __________.

Assinatura: Aluno Técnico em Enfermagem

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É importante referir o que foi observado pelo profissional que


conduziu o processo da admissão, e não foi referido pelo enfermo,
como, por exemplo, alterações de pele, estado de higiene, expres-
sões faciais que remetam a estados dolorosos, entre outros.

2 TRANSFERÊNCIA

É um procedimento de deslocamento do enfermo dentro


do mesmo setor, entre setores do mesmo hospital, e também
de uma instituição para outra, de acordo com a necessidade do
próprio serviço, bem como as condições impostas pelo trata-
mento instituído.
Desta forma, destacamos alguns tipos de transferência:
deslocamento dentro do hospital: da enfermaria/apartamento
para centro cirúrgico, para outros setores – quando da realização
de exames ou outros procedimentos –, da unidade de tratamento
intensivo (UTI) para enfermarias/apartamentos são exemplos
de deslocamentos, entre outros; deslocamento para fora
do hospital: usual quando o enfermo vai realizar exames ou
tratamentos, retornando em seguida à unidade hospitalar de
origem; deslocamento definitivo para outra instituição de
saúde: ocorre alta do paciente da instituição de saúde de origem
e admissão em outro serviço, como, por exemplo, transferência
para um serviço especializado em determinada área.

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PROCEDIMENTO: Transferência

 Comunicar e preparar o enfermo, bem como informar aos


familiares sobre o procedimento, realizando as devidas
orientações e esclarecimentos;
 Certificar-se de que a unidade que receberá o enfermo está
pronta e toda equipe avisada;
 Providenciar para que os pertences sejam protocolados e
encaminhados à nova unidade;
 Comunicar ao serviço de nutrição e dietética (SND) a
transferência;
 Providenciar o meio adequado para o deslocamento do enfermo
(maca, cadeira de rodas ou outros de acordo com a necessidade)
do local em que se encontra, até o meio de transporte que o
conduzirá ao novo local de internação, de forma adequada;
 Encaminhar relatório sumário com informações relevantes a
respeito do enfermo para a nova equipe de Enfermagem (dieta,
medicamentos e outros);
 Registrar hora, condições de saída do enfermo, motivo
da transferência, nome ou número do setor para onde foi
transferido;
 Encaminhar prontuário, caso a transferência seja dentro do
mesmo hospital; ou encaminhar a documentação destinada à
outra instituição: resumo de internação, exames e outros;
 Comunicar a equipe de higienização acerca da desocupação
do leito, para a realização de limpeza terminal e preparo da
unidade para uma nova internação.

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ROTEIRO PARA TRANSFERÊNCIA

NOME:________________________________ REGISTRO: ____________

(DATA/HORA) Transferido para a/o_____________(setor ao qual foi


transferido, UTI, setor de exames, outra enfermaria), em ____________
(transporte – cadeira de rodas, maca), acompanhada do Técnico em
Enfermagem e maqueiro. No momento, ____________(nível de consciência
do cliente), apresentando _________(padrão respiratório), ______________
(sinais e sintomas – anormais). Encaminhados: medicação, exames,
prontuário completo e pertences do paciente. Sinais vitais: T _________ P
__________ R ___________ PA __________.

Assinatura: Aluno Técnico em Enfermagem

3 ALTA HOSPITALAR

Trata-se da saída da pessoa da instituição de saúde. A alta


é definida em consenso pela equipe multiprofissional ou, indivi-
dualmente, pelo profissional médico, e assinada somente por este.
Acontece mediante a cura, melhora ou inalteração do quadro que
originou a internação; por solicitação do enfermo ou responsável
para transferi-lo a outro hospital (neste caso, deve ser assinado o
termo de responsabilidade, embora não exista respaldo jurídico);
por indisciplina, por evasão (KAWAMOTO; FORTES, 2011).

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Taylor, Lillis, e Lemone (2007, p. 206) relatam que

o planejamento da alta deve ter início no momento da


admissão, quando são colhidos e documentadas infor-
mações, e afirmam que o elemento essencial para um
planejamento bem-sucedido é uma troca de informações
entre pacientes, cuidadores e pessoas responsáveis pelo
atendimento. Esta coordenação de cuidados deve ser res-
ponsabilidade do enfermeiro.

A equipe de Enfermagem deve fazer da alta um momento


agradável e dar apoio durante a saída da pessoa. As necessidades
físicas e psicológicas da pessoa podem ser superadas com o apoio
da família e da equipe de saúde.

PROCEDIMENTO: Alta

 Verificar se a alta esta assinada pelo médico e comunicar à


enfermeira;
 Informar ao cliente, à sua família ou responsável;
 Executar as rotinas e protocolos administrativos relacionados
ao encaminhamento da alta;
 Ajudar o cliente, quando necessário, na troca de roupa e
cuidados pessoais;
 Devolver seus pertences;
 Orientar e esclarecer dúvidas acerca da continuidade do
tratamento, retorno ao médico, uso de medicamentos e
cuidados necessários, como realização de curativos, cuidados
com drenos e sondas (quando existirem) em domicílio;

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 Acompanhá-lo até a saída, auxiliando-o na deambulação ou


providenciando a cadeira de rodas ou maca; deverá estar
acompanhado de familiares/responsável ou um colaborador;
 Anotar no Relatório de Enfermagem hora, condições gerais,
orientações prestadas, como e com quem saiu;
 Providenciar a limpeza terminal e organizar a unidade.

ROTEIRO PARA ALTA

NOME:________________________________ REGISTRO: ____________

(DATA/HORA) Saiu de alta da unidade hospitalar, ______________


(nível de consciência, estado físico, deambulando, cadeira de rodas...),
acompanhado por ______________ (familiar, funcionário), verificação e
anotação de sinais vitais, orientações a serem seguidas no domicílio relativas
à: presença de extensões como drenos, sondas, renovação de curativos (tipo
e local), controle de medicamentos; dieta; higiene; atividades físicas; retorno
médico; curativo; sono e repouso.

Assinatura: Aluno Técnico em Enfermagem

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REFERÊNCIAS

KAWAMOTO, E. E.; FORTES, J. I. Fundamentos da Enfermagem.


3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

TAYLOR, C.; LILLIS, C.; LEMONE, P. Fundamentos de


Enfermagem: a arte e a ciência do cuidado de Enfermagem. 5. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2007.

VOLPATO, A. C. B.; PASSOS, V. C. S. Técnicas básicas em


Enfermagem. 4. ed. São Paulo: Martinari, 2014.

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