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Download-370294-Curso de Capacitação e Aperfeiçoamento em Reabilitação Neuropsicológica - Site-15144692
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em Reabilitação Neuropsicológica
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Sumário
1.0 NEUROPSICOLOGIA – DEFINIÇÕES E OBJETIVOS DE ESTUDO ................... 4
1.1 Histórico da Neuropsicologia ................................................................................. 8
1.2 Pressupostos teóricos e método(s) de estudo da Neuropsicologia ................. 16
2.0 AS FUNÇÕES COGNITIVAS .................................................................................. 18
2.1 Atenção ....................................................................................................................... 18
2.2 A linguagem................................................................................................................ 20
2.3 Percepção................................................................................................................... 21
2.4 Praxias ........................................................................................................................ 23
2.5 Memória ...................................................................................................................... 26
2.5.1 Classificação das Memórias .............................................................................. 34
2.5.2 Memória Sensorial .............................................................................................. 37
2.5.3 Memória de Trabalho.......................................................................................... 39
2.5.4 Memória de Longa Duração .............................................................................. 44
5.4 Funções executivas ....................................................................................................... 56
5.5 Funções executivas da aprendizagem..................................................................... 60
5.5.1 Funções conativas da aprendizagem ............................................................... 65
5.5.2 Funções executivas da aprendizagem ............................................................. 72
6.0 O QUE UM NEUROPSICOLOGO FAZ? ..................................................................... 91
6.1 Quais as habilidades necessárias que um Neuropsicólogo precisa ter? ............. 94
6.2 Mercado de trabalho da Neuropsicologia ................................................................ 96
7.0 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLOGICA .......................................................................... 97
7.1 Avaliação neuropsicológica da criança - indicações e contribuições .................. 104
8.0 REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA .................................................................. 116
8.1 A reabilitação neuropsicológica sob a ótica da psicologia comportamental ....... 124
8.1.1 Behaviorismo e cognição ................................................................................. 128
8.1.2 Interface entre reabilitação neuropsicológica e análise do comportamento 129
8.1.3 Avaliação comportamental ............................................................................... 133
8.1.4 Planejamento da reabilitação norteado pela teoria comportamental ........... 136
8.2 Reabilitação neuropsicológica pediátrica .............................................................. 139
8.3 Reabilitação neuropsicológica de déficits de memória em pacientes com
demência de Alzheimer ................................................................................................. 152
8.3.1 Reabilitação da memória.................................................................................. 157
8.3.2 Técnicas de reabilitação de memória na DA .................................................. 161
8.4 Uma proposta de reabilitação neuropsicológica através do programa de
enriquecimento instrumental (PEI) ............................................................................... 167
2
8.5 Reabilitação Neuropsicológica e TDAH ................................................................. 181
8.5.1 Conhecendo o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH)...... 184
8.5.2 Áreas e funções do cortex cerebral afetadas pelo TDAH ............................. 193
8.5.3 Avaliação Neuropsicológica e Instrumentos ................................................... 196
8.5.4 Planejamento da reabilitação neuropsicológica ............................................. 201
REFERÊNCIAS: ................................................................................................................. 205
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1.0 NEUROPSICOLOGIA – DEFINIÇÕES E OBJETIVOS DE ESTUDO
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Como parte de um corpo maior de conhecimento, as Neurociências, a
Neuropsicologia é uma área interdisciplinar de conhecimento e atuação, que
integra conhecimentos, instrumentos, métodos e modelos teóricos de várias
áreas, como a Psicologia, a Neurologia, a Psiquiatria (e outras áreas da
Medicina), a Linguística, a Psicolinguística, a Neurolinguística, a Inteligência
Artificial, a Fonoaudiologia, a Farmacologia, a Fisioterapia, a Terapia
Ocupacional, a Educação, a Biologia, entre outras. Interdisciplinaridade pode ser
definida como um ponto de cruzamento entre atividades (disciplinares e
interdisciplinares) com lógicas diferentes (Leis, 2005). O profissional em
neuropsicologia, portanto, realiza uma revisão dos conhecimentos, seleciona-os
e utiliza-os em função de seu objetivo: compreender a relação entre cérebro e
funções mentais/cognitivas. Um corpo de conhecimentos interdisciplinares
caracteriza a Neuropsicologia e pode ser acessado e utilizado por profissionais
formados nas áreas que compõem esse corpo de conhecimentos. Conforme
Lezak et al. (2004), os profissionais nesse campo têm formações em Psiquiatria,
Neurologia, Neurocirurgia, Psicologia, Fonoaudiologia, entre outras. As
sociedades de classe em Neuropsicologia no Brasil (Ex: Sociedade Brasileira de
Neuropsicologia, SBNp) e no mundo (Ex: Sociedade Latinoamericana de
Neuropsicologia, SLAN, e Sociedade Internacional de Neuropsicologia, INS) são
formadas por profissionais de várias áreas e congregam conhecimentos
advindos de pesquisa básica e aplicada de contribuições interdisciplinares
relevantes.
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A Neuropsicologia Cognitiva busca compreender o funcionamento do
cérebro normal e de suas disfunções por meio de modelos ou arquiteturas
funcionais de tratamento da informação. Procura extrair conclusões sobre os
processos cognitivos normais a partir dos padrões de processos alterados ou
intactos e das estratégias utilizadas, observados em pacientes com
lesões/disfunções cerebrais. A Neuropsicologia Cognitiva tem papel importante
também na validação de conclusões obtidas com os estudos de neuroimagem e
outros dados neuropsicológicos (Caramazza & Coltheart, 2006), tendo uma forte
contribuição da Psicologia Experimental (Temple, 1997). Ela está mais
interessada no estudo de sintomas e manifestações (ex. anomia) e não
síndromes (grupos de sintomas), como afasia de Broca (Caramazza & Coltheart,
2006), tendo sido útil no diagnóstico do locus funcional dos déficits cognitivos do
paciente, considerando que um mesmo nível de desempenho em um teste pode
ser decorrente de diferentes razões relacionadas ao funcionamento cerebral.
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A intervenção em Neuropsicologia contempla o processo de avaliação e
reabilitação neuropsicológicas. A avaliação neuropsicológica geralmente
abrange grandes classes de funções, como as funções receptivas (habilidades
de selecionar, adquirir, armazenar e integrar informações através da visão,
audição e somestesia); memória e aprendizagem; organização mental e
reorganização da informação; funções expressivas (meios nos quais a
informação é comunicada ou colocada em ação), entre outras. A avaliação
envolve os processos/funções deficitários e os preservados, na tentativa de
traçar um perfil neuropsicológico do caso em questão. Os transtornos
neuropsicológicos normalmente incluem diferentes níveis de comprometimento
de funções como memória, atenção, linguagem, funções executivas, habilidades
perceptivo-motoras, entre outras, presentes em quadros de distúrbios
neurológicos e/ou neuropsiquiátricos, do desenvolvimento ou adquiridos.
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os déficits cognitivos. O conhecimento de modelos cognitivos e uma avaliação
neuropsicológica completa são essenciais para o processo de reabilitação.
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É importante salientar que a história da Neuropsicologia se mescla com a
história da Neuropsicologia da Linguagem (ou Neuropsicolinguística), desde o
início da década de 1860, com as ideias de Dax (1836) e de Broca (1861) sobre
o papel especial do hemisfério cerebral esquerdo (HE) para a fala/linguagem.
Conhecida inicialmente como "afasiologia", apenas a partir de 1932 ela se torna
realmente uma área interdisciplinar, congregando as áreas de Neurologia,
Linguística e Psicologia.
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processos cognitivos, levando à criação de uma teoria da base cerebral da
atividade mental humana. Luria propõe uma localização dinâmica das funções
cognitivas, afirmando que os processos mentais humanos são sistemas
funcionais complexos e integrados. Além disso, Luria revoluciona o campo
através de ideias baseadas nas mudanças cognitivas a partir de alterações
sociais ou comunitárias, o que abriu portas para a compreensão do dinamismo
envolvendo as atividades mentais e o desenvolvimento do cérebro.
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Dentre os eventos marcantes na história da área, ocorridos principalmente
na segunda metade do século passado, estão a criação da Sociedade
Internacional de Neuropsicologia, que desde 1951 organiza anualmente um
simpósio de natureza interdisciplinar - International Neuropsychological
Symposium - e também uma série de eventos que aconteceram entre as
décadas de 1960 e 1980, sob a liderança de Henri Hecaen, Ennio de Renzi,
Klaus Poeck, Norman Geschwind, Elizabeth Warrington e outros profissionais de
diversas áreas para fomentar o desenvolvimento da Neuropsicologia (Boller,
1999, Zangwill. 1984). Além disso, a criação dos periódicos Neuropsychologia,
por Henry Hecaen (Hecaen & Albert, 1978), e do periódico Córtex, por De Renzi,
contribuíram para a divulgação da produção científica crescente oriunda de
diferentes centros de pesquisa em Neuropsicologia. Também marcantes são as
publicações dos livros "Higher Cortical Functions in Man" (Luria, 1966),
"Cognitive Neuropsychology of Reading" (Marshall & Newcombe, 1973) e
"Cognitive Neuropsychology of Memory" (Warrington & Shallice, 1969).
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Brenda Milner
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Neuropsicologia tem (ou deveriam ter) critérios linguísticos, cuja interpretação
requer muitos conhecimentos de processamento de linguagem (sem falar das
tarefas específicas de avaliação da linguagem, que fazem parte do processo de
avaliação neuropsicológica). Portanto, a interpretação da avaliação de outras
funções cognitivas também depende de parâmetros linguísticos.
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estendeu as fronteiras da Neuropsicologia brasileira. Sua tese foi reconhecida
internacionalmente. Lefèvre foi reconhecido como o pai da Neurologia Infantil no
Brasil (Reimão et al., 2008), tendo sido organizador do exame neurológico
evolutivo (ENE) (Lefèvre, 1972). Nos anos 80, a psicóloga Beatriz Lefèvre
publicou o livro Neuropsicologia Infantil (Lefèvre, 1989). Na Divisão de Clínica
Neurológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
(FMUSP), Beatriz e Antonio Lefèvre criaram setor destinado à avaliação de
pacientes em enfermarias e ambulatórios de Neurologia. Os casos eram
amplamente discutidos em reuniões gerais da clínica neurológica, com a
participação de residentes, graduandos e pós-graduandos. Dessas reuniões
participaram alunos do Professor Lefèvre, como a neurologista Irene
Abramovich, que escreveu o primeiro trabalho sobre aquisição de apraxias buco-
faciais, e o futuro Dr. Norberto Rodrigues, que veio a ser um dos fundadores da
Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp).
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Lecours, Mehler & Parente, 1985, a, b, c, 1988; Parente & Lecours, 1998, 1988
a, b,). Além de importantes publicações em nível nacional e internacional, a
professora Maria Alice Parente constituiu um grupo de pesquisa em Porto Alegre,
na UFRGS, em Neuropsicologia, tendo sido responsável pela formação de vários
profissionais que hoje atuam na área. A partir de 1984, Maria Alice Pimenta
Parente ministrava cursos de afasia na PUC/SP. Em 1987, Maria Alice Parente
e Letícia Lessa Mansur (USP), também fonoaudióloga, criaram em cooperação
com a Divisão de Clínica Neurológica e Clínica Médica, o campo de estágio em
Neurolinguística do Curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo. Contaram para isso com a parceria de Lúcia Iracema
Zanotto de Mendonça (neurologista) e Wilson Jacob Filho (geriatra). Em 1990,
Letícia Lessa Mansur criou um Programa de Aprimoramento em Neurolinguística
no curso de Fonoaudiologia da USP, com o objetivo de capacitar fonoaudiólogos
à assistência e pesquisa na área de adultos e idosos portadores de distúrbios
linguístico-cognitivos decorrentes do envelhecimento e de doenças
neurológicas. O curso foi aprovado a partir do reconhecimento da atuação de
profissionais de saúde, entre eles os fonoaudiólogos na área de Neuropsicologia.
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em Neuropsicologia. A formação, portanto, ocorre em nível de Pós-Graduação
(ou prática supervisionada).
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com baixo desempenho de memória visual. Dissociações de desempenhos
dividem-se em simples e duplas. As dissociações duplas ocorrem quando um
caso "A" apresenta um desempenho satisfatório na tarefa 1 e um desempenho
insatisfatório na tarefa 2, mas um caso "B" apresenta um desempenho
insatisfatório na tarefa 1 e satisfatório na tarefa 2 (Kristensen et al., 2001). Os
estudos de casos múltiplos são úteis para mostrar dissociações duplas entre
funções neuropsicológicas, que, por sua vez, são indicativas de processamentos
funcionais distintos.
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2.0 AS FUNÇÕES COGNITIVAS
• Atenção;
• Linguagem;
• Percepção;
• Praxias;
• Memória;
• Raciocínio;
• Comportamento;
• Funções;
• Aprendizagem;
• Emoções.
2.1 Atenção
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A atenção é o processo pelo qual podemos direcionar nossos recursos
mentais sobre os aspectos mais relevantes do meio em que vivemos e sobre a
execução de determinadas ações, as quais consideramos mais adequadas. A
atenção nos mantém em estado de observação e de alerta, o que nos permite
ter consciência do que ocorre no nosso entorno (Ballesteros, 2000). Dito de outro
modo, a atenção é a capacidade de gerar, direcionar e manter um estado de
ativação adequado para o processamento correto da informação. Dentro dessa
função devemos falar sobre cinco processos diferentes:
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• Heminegligência: grande dificuldade ou incapacidade para direcionar a
atenção para um dos lados (normalmente para o lado esquerdo), tanto em
relação ao próprio corpo como ao espaço.
2.2 A linguagem
É uma função que usamos todos os dias, durante a maior parte do tempo,
seja através da linguagem oral (numa conversa) ou da escrita (ao ler ou escrever
um texto).
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Mesmo que a pessoa leia um texto com muita atenção e compreensão,
dificilmente as frases serão armazenadas exatamente iguais como aparecem no
texto. Apenas as informações mais relevantes, como palavras-chave e as ideias
centrais, serão necessárias para a compreensão e armazenamento na memória
de longo prazo.
2.3 Percepção
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epistêmica, o conhecimento é contínuo, onde há sempre uma interpretação
abstrata, uma assimilação universal do sujeito sobre aquilo que ele pretende
conhecer. Para Piaget, as estruturas mentais são ativas e agem se
transformando através das interações do sujeito com o meio possibilitando a
compreensão do mundo que o rodeia. A ação/relação de cooperação entre os
sujeitos (professor/aluno) é tida como importante para o desenvolvimento do
conhecimento ser construído na abordagem construtivista/piagetiana. Essa
abordagem é influenciada pela teoria modular de Jerry Fodor, segundo a qual o
humano se desenvolve como produto da interação de mecanismos genéticos e
ecológicos, envolvendo características humanas, variações individuais e
experiências únicas de cada indivíduo.
22
A percepção é uma função cognitiva que se constitui de processos pelos
quais o sujeito é capaz de reconhecer, organizar e dar significado a um estímulo
vindo do ambiente através dos órgãos sensoriais.
2.4 Praxias
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e a organização dos movimentos, orientados para uma finalidade. Durante muito
tempo, os termos motricidade fina, grossa e global foram usados para se referir
a habilidades que são muito mais amplas que isso. Hoje a neurociência
específica que a execução dos atos motores intencionados portanto, dos atos
voluntários coordenados e orientados conforme uma intenção específica é
denominada PRAXIA.
1. Praxia Ideomotora
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2. Praxia Ideatória
3. Praxia Construtiva
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escrita, atividades comuns para a criança. Esta habilidade envolve a síntese
visual (discriminação dos detalhes ou das partes que constituem o todo0, a
elaboração de uma representação mental (integração do objeto em algo
unificado que pode ter um significado) e a reprodução (execução que demanda
um planejamento e o controle dos atos motores). Assim, tem grande importância
nas habilidades que requerem o uso do lápis, no desenho e na escrita, atividades
comuns para a criança.
2.5 Memória
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"A memória recolhe os incontáveis fenômenos de nossa existência em um
todo unitário; não fosse a força unificadora da memória, nossa consciência se
Hering
estilhaçaria em tantos fragmentos quantos os segundos já vividos" Ewald
(1920)
.
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nossos pais, amigos etc. Em outras situações da vida, somos capazes de
identificar comportamentos automáticos que estão, também, intrinsecamente
relacionados à memória. Voltando ao exemplo do carro, muitas pessoas
(aquelas com um tempo considerável de prática) não estão atentas aos seus
movimentos enquanto estão ao volante e dirigem perfeitamente. Acontece ainda
de a pessoa fazer o mesmo trajeto para o trabalho há tanto tempo, que, não raro,
chega ao seu destino sem se lembrar do percurso que tomou. Isso se dá porque
realizamos tão repetidamente certas atividades que é como se nosso corpo
memorizasse os movimentos e pudesse realizá-los automaticamente, sem que
nós tenhamos que estar conscientes dos mesmos.
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um fato, um objeto, uma experiência pessoal, um sentimento ou uma emoção).
Por isso considera-se que a repetição seja uma estratégia necessária para a
memória. Não nos esquecemos, por exemplo, o número do telefone de nossa
casa porque, ao longo de nossa vida, repetimos essa informação inúmeras
vezes. Esse processo interfere na memorização do número exatamente porque
toda vez que repetimos os estímulos, ativamos o mesmo circuito neural. A
ativação contínua reforça esse circuito e torna mais fácil a posterior evocação da
informação armazenada.
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conjuntos de neurônios continuam disparando durante alguns segundos, retendo
temporariamente a informação somente durante o tempo em que ela é
necessária, extinguindo-a logo em seguida. Esse tipo de fenômeno tem duração
extremamente efêmera e não forma traços bioquímicos. É isso o que ocorre na
memória sensorial e na memória de trabalho (ou memória operacional) que
discutiremos mais adiante (Squire & Kandel, 2003).
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este comande a síntese de novas proteínas, que podem ser, por exemplo, canais
iônicos (produzindo alterações funcionais), ou espinhas dendríticas e
prolongamentos axonais (produzindo alterações morfológicas) ( Luria, 1981).
31
Por fim, após o processo de retenção, estaremos aptos a iniciar, caso
assim o desejemos, o processo de evocação das memórias, o qual diz respeito
ao retorno espontâneo ou voluntário das informações armazenadas. A evocação
(ou recuperação) envolve a organização dos traços de memória em uma
sequência coerente no tempo (fenômeno chamado de integração temporal) e
ocorre principalmente no córtex pré-frontal, através de um processo denominado
memória de trabalho, o qual será detalhado mais adiante. Alguns autores
apontam que existem dois tipos de recuperação frequentemente distinguidos:
o reconhecimento e a recordação (Mourão & Melo, 2011b).
32
"puxá-la" da memória. Mais uma vez, é importante destacar que normalmente
esses processos estão relacionados. Quando estamos diante de uma pessoa
conhecida, por exemplo, nós a reconhecemos e, logo em seguida, começamos
a recordar espontaneamente uma série de informações referentes a ela, como
seu nome, o local onde a conhecemos, as conversas que tivemos, se é ou não
uma pessoa interessante etc.
Por muito tempo, acreditou-se que evocar uma informação era reativar o
mesmo circuito neural que foi ativado quando estivemos em contato com esse
estímulo pela primeira vez. Assim, quanto mais parecido fosse o ambiente
externo no momento do armazenamento e no momento da evocação, mais
eficiente seria o nosso processo de evocação, pois mais parecidos seriam os
padrões neurais ativados. No entanto, estudos recentes ( Izquierdo & Medina, 1997
)
demonstraram que tanto os mecanismos cerebrais quanto a bioquímica
envolvidos no processo de evocação são diferentes daqueles envolvidos no
processo de armazenamento.
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novo conjunto específico de informações, ao mesmo tempo, o cérebro está
recebendo outras tantas informações relacionadas à primeira (logo os processos
de aquisição e consolidação estão em curso concomitantemente). Para
exemplificar, imagine que estejamos estudando sobre o átomo. Enquanto
tentamos construir e armazenar uma possível definição para a palavra átomo,
estaremos lendo (adquirindo) outras inúmeras informações que complementarão
tudo aquilo que iremos armazenar sobre esse assunto, bem como estaremos
evocando quaisquer informações prévias que estejam armazenadas em nosso
cérebro e que sejam relacionadas ao tema.
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Conhecendo melhor as peculiaridades e detalhes relativos ao processo
de memorização, os pesquisadores da área classificam a memória em diferentes
tipos. A literatura fala de memória de curto prazo e de memória de longo prazo
desde o século XIX, no entanto, algumas classificações mais recentes levam em
consideração outras características além do tempo de retenção da informação.
Lent (2010)
, por exemplo, propõe que podemos diferenciar as memórias a
partir de duas características centrais: tempo de armazenamento (ultrarrápida,
curto prazo e longo prazo) e natureza da memória (explícita, implícita e de
trabalho).
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Em virtude da extrema dificuldade em classificar as memórias, no
presente artigo apresentaremos uma visão fenomenológica das memórias, ou
seja, nos limitaremos a descrever como cada modalidade de memória se
apresenta à nossa consciência, sem nos preocuparmos com classificações, as
quais, como já dissemos, acabam por ser mais artificiais do que elucidativas.
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Como o principal objetivo deste nosso artigo é justamente tentar sanear
as confusões conceituais, passaremos ao largo de classificações ambíguas. Ao
contrário, nos concentraremos nos fenômenos mais facilmente observáveis
quando se analisa o ato de armazenar e evocar informações. Passemos, então
à descrição dos tipos de memória, de acordo às características que podemos
perceber em cada um desses tipos.
A memória sensorial é aquela que nos permite reter as informações que chegam
até nós através dos sentidos, podendo ser estímulos visuais, auditivos,
gustativos, olfativos, táteis ou proprioceptivos. Caracteriza-se por ter curtíssima
duração, caso o estímulo não seja recuperado. Outro detalhe importante é que
a memória sensorial apresenta capacidade relativamente grande, se comparada
à memória de trabalho (que será discutida no próximo tópico). Isso quer dizer
que, na memória sensorial, registramos mais estímulos do que podemos
recuperar, pois, no caso da evocação da informação, entra em ação da memória
de trabalho, que, como citado, tem capacidade reduzida em relação à memória
sensorial. De fato, a memória de trabalho é capaz de armazenar somente cerca
de 5 a 9 (7 mais ou menos 2) itens, conforme discutiremos no próximo tópico.
Apesar da capacidade relativamente maior de reter informações, nem tudo o que
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fica gravado na memória sensorial se torna consciente para nós, apresentando,
portanto, caráter pré-consciente (Mourão & Melo, 2011a).
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Como veremos mais adiante, a memória de trabalho também se
caracteriza por ser um fenômeno de natureza elétrica. Essa característica nos
leva a concluir que a memória sensorial e a memória de trabalho apresentam
uma natureza diferente das memórias de longa duração, as quais produzem
alterações físicas nos neurônios, modificando a morfologia da circuitaria neural
e força de conexão entre as sinapses. Podemos, portanto, assinalar cinco
características essenciais da memória sensorial: (a) sua matéria-prima são as
informações que chegam até nós pelos sentidos; (b) é ultrarrápida, ou seja,
apresenta curtíssima duração (da ordem de poucos segundos), apesar da
variação de tempo entre diferentes tipos de estímulos (a memória visual, por
exemplo, é mais curta que a memória auditiva); (c) apresenta maior capacidade
de armazenamento que a memória de trabalho, apesar de durar bem menos
tempo que esta; (d) apresenta caráter pré-consciente, ou seja, ocorre antes que
tomemos consciência da informação que os sentidos nos trazem; (e) tal qual a
memória de trabalho, trata-se tão somente de um fenômeno elétrico nos
neurônios, não produzindo alterações morfológicas ou funcionais nas sinapses
(como ocorre com as memórias de longa duração) ( Bear, Connors, & Paradiso, 2008).
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Um modelo conhecido da memória de trabalho é o modelo
multicomponente de Baddeley e Hitch (1974). Segundo esses autores, a
memória de trabalho pode ser dividida em 4 componentes principais:
(a) executivo central (que representa o sistema atencional do cérebro);
(b) esboço visuoespacial (que gerencia e armazena temporariamente
informações a partir de imagens, como se estivéssemos vendo algo
mentalmente); (c) alça fonológica (que gerencia e armazena temporariamente
informações a partir de sons, como se estivéssemos repetindo sons
mentalmente); (d) retentor episódico (que gerencia informações já arquivadas
em nosso cérebro, comparando-as com as novas informações que chegam
através dos sentidos). Portanto, a memória de trabalho é bem mais do que um
sistema de memórias, ela é fundamental na evocação das memórias e no
processamento lógico de informações.
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isso dizemos que a memória de trabalho trabalha com memórias, ou seja, ela é
um sistema de processamento que confronta as informações que estão
chegando ao cérebro pelas vias sensoriais com as informações que já estão
arquivadas nos sistemas cerebrais que compõem a memória de longa duração
(Andrade, Santos, & Bueno, 2004).
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Portanto, a memória de trabalho gerencia as informações contidas em
nossa memória de longo prazo, trazendo à consciência as informações de
maneira sequencial e ordenada, criando um fluxo de pensamento coeso e
coerente, permitindo que, assim, possamos produzir nossas ideias em
consonância com o que a realidade nos apresenta (Goldberg, 2009).
Convém ressaltar que não temos a menor ideia de como se dá, do ponto
de vista neurobiológico, esse processo de evocação de memória. Em outras
palavras, estamos muito longe de compreender: (a) como a memória de trabalho
"sabe" exatamente qual informação deverá buscar por vez nos arquivos de
memória de longo prazo; (b) como ela localiza tal informação; (c) como ela coloca
as informações evocadas na ordem correta a fim de formarem um todo coeso;
(d) como essa sequência de informações evocadas é trazida à luz da consciência
(Bennett & Hacker, 2013).
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Algumas doenças que afetam diretamente a memória de trabalho servem
para ilustrar sua função. Dentre elas, podemos citar a esquizofrenia (bem como
outras várias psicoses). Nessa doença o paciente não consegue manter um fluxo
coerente de ideias - ele pensa diversas coisas ao mesmo tempo e as ideias que
vêm à sua consciência não se juntam de maneira organizada. Assim, ele perde
o contato com a realidade, ficando invadidos por ideias delirantes, caóticas e
sem qualquer sentido (Fuentes, Malloy-Diniz, Camargo, & Cosenza, 2008).
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Como o próprio nome indica, a memória de longa duração (MLD) é aquela
que armazena informações por longos períodos, meses, anos ou até mesmo
décadas. Por isso, a MLD é também conhecida como memória remota. Uma
característica importante da MLD é sua capacidade de guardar informações por
tempo indeterminado, bastando, para tanto, que a memória continue a ser
reforçada com o passar dos anos. Os limites de sua capacidade de
armazenamento são ainda desconhecidos, mas sabe-se que sua capacidade é
muito grande (Bear et al., 2008).
45
respeito a conhecimentos não relacionados a tempo e espaço específicos. Trata-
se de uma memória que não guarda momentos, mas sim fatos (e.g. o significado
das palavras, os conhecimentos de biologia, as regras gramaticais de um idioma,
símbolos etc.). Essa subdivisão da memória declarativa se justifica, pois parece
que as memórias episódicas e semântica se relacionam a diferentes áreas
cerebrais, podendo ser afetadas de maneira distinta em diversas doenças que
acometem o cérebro. Portanto, é possível que um paciente tenha déficits
acentuados de sua memória episódica, a despeito de manter sua memória
semântica praticamente intacta (Hill, 2010).
Como já vimos, para que seja possível guardar tantas informações por
tanto tempo, o cérebro se modifica de algumas maneiras para dar conta do
recado. As alterações possíveis já foram descritas anteriormente, quais sejam:
alterações estruturais (morfológicas) e alterações sinápticas (funcionais) ( Hebb,
1949
).
46
de sinapses modificadas em poucas regiões do cérebro são suficientes. No caso
das "memórias complexas" (todo o conhecimento que aprendemos na escola,
por exemplo), são necessários bilhões de novas sinapses em muitas áreas
cerebrais. Isso quer dizer que quanto mais complexa for uma memória, mais
difusa ela se encontrará no cérebro. E, por outro lado, quanto mais simples, mais
localizada ela estará. No entanto, a consolidação das informações apresenta
ainda outras peculiaridades (Gazzaniga, Ivry, & Mangun, 2006).
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Até certo ponto, o aumento do nível de neurotransmissores associados ao
estado de alerta otimiza a qualidade da consolidação. Isto é, se uma determinada
situação tem "colorido emocional" para o sujeito, ou se ele está atento, é provável
que ele se lembre de muitos detalhes sobre tal situação, mais detalhes do que
ele normalmente lembra sobre as situações cotidianas. Por outro lado, se os
níveis de neurotransmissores se apresentam muito elevados, o armazenamento
da informação é prejudicado, podendo ocorrer perda de muitos detalhes ou
perda total da informação (Mourão & Abramov, 2011).
Vale ressaltar que por mais carregado de emoção que seja um evento,
nunca seremos capazes de nos lembrar de todos os detalhes. Mesmo as
"melhores" memórias não são perfeitas, há sempre algum grau de perda durante
o processo de consolidação. Assim, outra peculiaridade das memórias de longa
duração é seu caráter não estável. Além das perdas que ocorrem logo durante
o processo de consolidação, toda vez que evocamos uma memória, modificamos
mais ainda essa mesma memória. Portanto, com o passar do tempo, ao relatar
uma vivência de nossa infância, por exemplo, estamos cada vez mais distantes
de relatar o que realmente aconteceu. De fato, a evocação nada mais é do que
um processo de edição de fragmentos de memória, os quais são organizados
pela memória de trabalho e pelas funções executivas visando formar um todo
mais ou menos coerente. Por isso cada um lembra de um determinado fato à
sua maneira. A evocação está, portanto, longe de ser uma reprodução fiel das
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informações que foram arquivadas. Trata-se, em verdade, mais de um processo
criativo do que reprodutivo.
49
Parece que a consolidação ocorre durante determinadas fases do sono,
e é por isso que o sono é fundamental para a consolidação de novas
informações. Acredita-se que os sonhos, com seu conteúdo muitas vezes
desconexo, seja nada mais do que a evocação de fragmentos de memória que
estejam sendo descartados para que novas memórias se consolidem.
Entretanto, apesar dessa hipótese ser atraente, é importante ressaltar que o
sono e os sonhos ainda são um mistério absoluto na neurociência. Além do sono,
outros fatores como atenção, motivação, nível de estresse e estado emocional
são fundamentais para uma boa consolidação de memórias, como já foi dito
(Luria, 1981).
50
plenamente em provas testemunhais, principalmente em processos judiciais, já
que é possível fazer alguém acreditar que viveu uma situação que, de fato, não
viveu.
51
Outro papel adaptativo da memória declarativa é o esquecimento e a
extinção. A importância de ambos os processos é óbvia e está relacionada à
economia de sinapses e à otimização na ocupação de áreas do córtex cerebral
com informações. Tão importante quanto conseguir memorizar é conseguir
esquecer. O esquecimento acontece porque somos bombardeados com
incontáveis estímulos o tempo inteiro, muitos dos quais são totalmente
irrelevantes. Por isso, selecionamos as informações mais importantes para
serem arquivadas (Mourão & Abramov, 2011). Se pararmos para pensar, a
atividade de esquecer é mais proeminente que a atividade de armazenar.
Quando assistimos a um filme de duas horas, por exemplo, somos capazes de
relatar tudo o que lembramos a seu respeito em poucos minutos. Portanto, o
esquecimento é um processo tão natural quanto a memorização, sendo
extremamente importante para nós.
52
Como as memórias remotas, uma vez consolidadas, se distribuem
difusamente pelo córtex cerebral, a perda de memórias declarativas -
denominada demência - acontece quando ocorrem lesões corticais extensas.
Isso se dá na doença de Alzheimer, na qual ocorre uma excessiva deposição de
proteínas anômalas formando corpúsculos e emaranhados que impedem o
trânsito de substâncias químicas no corpo celular dos neurônios e nas sinapses.
Outras doenças que podem evoluir com quadro demencial são a doença de
Parkinson em fase avançada e a síndrome de Down, quando os pacientes
atingem idades mais avançadas (Bear et al., 2008).
53
muita repetição para se tornarem consolidadas. Porém, uma vez consolidadas,
se tornam automáticas, inconscientes e extremamente resistentes ao
esquecimento. São exemplos de memórias motoras o aprender a andar de
bicicleta ou o aprendizado do manejo de um instrumento musical. Custamos a
aprender; é necessário repetir muitas vezes; mas uma vez aprendido, não mais
conseguimos esquecer. E nem tampouco somos capazes de explicar (declarar)
como tocamos um violoncelo ou andamos de bicicleta. Só conseguimos
"explicar" mostrando, isto é, tocando o instrumento ou andando na bicicleta. As
regiões cerebrais envolvidas no aprendizado e no armazenamento de
habilidades motoras são as regiões do encéfalo relacionadas à motricidade,
quais sejam, o cerebelo e os núcleos da base (conhecido também como corpo
estriado) (Fuster, 2003).
54
Não sabemos quais regiões do cérebro estão envolvidas no priming, mas
acredita-se que ele seja um fenômeno difuso e que sua localização tenha a ver
com a pista. Se a pista for visual, o priming se associa a disparos de neurônios
do córtex occipital (área visual primária); se a pista for auditiva, disparam
neurônios do lobo temporal (área auditiva primária), e assim por diante.
Entretanto, áreas neocorticais de associação, como o córtex pré-frontal, estão
certamente envolvidas nesse fenômeno, uma vez que o priming envolve
integração temporal de informações (Kandel et al., 2013).
Parece que o priming é mais importante do que imaginamos, pois ele faz
com que tenhamos a tendência de evocar informações sobre as quais já
recebemos alguma pista em algum momento de nossa vida (Kandel et al., 2013).
Ocorre que tais pistas nos chegam, muitas vezes, tão rapidamente que nem
tomamos consciência delas, mas elas serão decisivas para nossas decisões
futuras. Um exemplo claro disso são as propagandas subliminares, nas quais o
cérebro é bombardeado com pistas (e.g. uma determinada marca de
refrigerante). Da próxima vez que formos comprar um refrigerante, nossa
"escolha" acabará recaindo sobre a marca que nos foi apresentada no passado.
55
primeiro lugar, não há como estudar a memória de maneira "pura", pois os
processos de memória estão totalmente ligados a outros processos cognitivos,
tais como função executiva, atenção, emoção, motivação, linguagem, nível de
estresse etc. Além disso, as inúmeras baterias de testes psicométricos que se
propõem a avaliar a memória apresentam um grande inconveniente prático: em
todas elas o examinador escolhe o que e quando o paciente deve guardar e
evocar uma dada informação. Acontece que, na realidade, não é isso o que
ocorre, pois, na realidade, é o sujeito quem decide o que, quando e como deve
lembrar de algo, e isso não é passível de ser medido por meios objetivos (Luria,
1981).
56
cognitiva ainda não estão plenamente estabelecidas (Royall et al., 2002; Stuss
& Levine, 2002; Tirapu-Ustárroz et al., 2002).
57
corticais e subcorticais. Em outras palavras, não há uma função executiva
unitária ou "homunculus" frontal (Stuss & Alexander, 2000). Portanto, essa
diferenciação entre controle geral e funções cognitivas relacionadas é importante
porque auxilia na delimitação de um problema conceitual e possibilita
operacionalização na investigação dessas funções. Para uma maior
compreensão dessas funções faz-se imprescindível analisar como estas se
desenvolvem.
58
As evidências que o processo de envelhecimento também leva a
alterações nas FE vem se acumulando na última década. Treitz, Heyder e Daum
(2007) estudaram pessoas de 20 a 75 anos de idade e encontraram um declínio
significativo em atividade que demandava a inibição de respostas e atenção
dividida. MacPherson, Phillips e Della Sala (2002) sugeriram que o declínio das
FE se deve a deterioração no córtex frontal na região dorso-lateral
especificamente e não a uma deterioração global. Consequentemente, a idade
da pessoa a ser avaliada deve ser cuidadosamente considerada tanto durante a
escolha dos procedimentos a serem utilizados quanto durante a integração dos
resultados.
59
Este grupo de habilidades cognitivas estão principalmente indexadas às
estruturas pré-frontais do cérebro. O córtex pré-frontal dorsolateral, o córtex pré-
frontal ventromedial, o córtex pré-frontal orbitofrontal e o córtex anterior
cingulado são as áreas cerebrais mais vinculadas às funções executivas. Com
os avanços científicos dos últimos anos, você pode obter uma estimativa da
integridade funcional dessas estruturas avaliando as funções executivas. As
funções executivas podem ser treinadas e melhoradas com a prática e o
treinamento cognitivo.
60
O termo cognição é, consequentemente, sinônimo de "acto ou processo
de conhecimento", ou "algo que é conhecido através dele", o que envolve a
coativação integrada e coerente de vários instrumentos ou ferramentas mentais,
tais como: atenção; percepção; processamento (simultâneo e sucessivo);
memória (curto termo, longo termo e de trabalho); raciocínio, visualização,
planificação, resolução de problemas, execução e expressão de informação.
Naturalmente que tais processos mentais decorrem por um lado da transmissão
cultural intergeracional, e por outro, da interação social entre seres humanos que
a materializam1.
61
• adaptabilidade (noção de modificabilidade); e finalmente,
• equifinalidade (noção de vicariedade, ou seja, de execução e duplicação
do pensamento pela ação).
62
informação; ampliação do campo mental em jogo; integração sistemática
da realidade; estabelecimento de relações e de sistemas de relações;
organização e monitorização dos meios necessários; supervisão das
situações e dos problemas; elaboração conceptual; formulação
ideacional; utilização de comportamentos quantitativos; exploração da
evidência lógica; utilização do pensamento dedutivo, inferencial, crítico e
criativo; desenho de estratégias para testagem de hipóteses; planificação,
antecipação e pragmatização de objetivos, fins e resultados; visualização
e interiorização da informação; flexibilização de procedimentos; etc.;
• funções de output, de execução ou de expressão (comunicação clara,
conveniente, compreensível, desbloqueada e contextualizada; projeção
de relações virtuais; transposição psicomotora (transporte ideário,
ideomotor e visuográfico); expressão verbal fluente e melódica;
regulação, inibição, iniciação, persistência, perfeição, verificação,
conclusão e precisão de respostas adaptativas; enriquecimento de
instrumentos não-verbais e verbais de expressão; avaliação e retroação
das soluções criadas; etc.);
63
Aprender a aprender é, portanto, praticar, treinar, aperfeiçoar e redesenvolver
tais funções e capacidades cognitivas, integrando harmoniosamente as
capacidades conativas e executivas, que são pouco estimuladas culturalmente
e escolarmente, por isso, mal adaptadas, deficitárias, frágeis ou fracas em muitas
crianças e jovens que lutam diariamente na sala de aula para terem mais
rendimento e aproveitamento na aprendizagem.
64
De fato, à luz das neurociências, as funções cognitivas operacionais e
sistêmicas, como: o enfoque e a concentração atencionais; o processamento
simultâneo e sucessivo, analítico e sintético, rápido e preciso de dados; a
memória de trabalho; o raciocínio analógico, indutivo e dedutivo; a planificação,
a elaboração e a execução de soluções de problemas e de respostas adaptadas
a situações ou tarefas têm um impacto direto, funcional ou disfuncional,
nas funções conativas e executivas.
65
Pode ser concebida igualmente, como autopreservação, de bem-estar e
de interação social, que incluem representações indutoras
de sentimentos (conscientes ou inconscientes, positivos ou negativos). A palavra
conação tem raízes no termo latino de "conatus" pela primeira vez introduzido
por Espinoza, grande filósofo racionalista do século XVII.
66
As emoções consideradas como: estados ou processos que preparam o
organismo para certos comportamentos; reações psíquicas a determinadas
circunstâncias; esquemas de ação adaptativos; impulsos internos; "inner drives",
somatizações; etc., que precedem os sentimentos e emergem do corpo em
termos evolutivos e desenvolvimentais, podem ser similares a dois tipos de
procedimentos adaptativos: os facilitadores, marcados por inclinações,
predileções, propensões, tendências, etc., e os inibidores, marcados por
bloqueios, resistências, desmotivações, sofrimentos, etc.
67
representação ou autoestima negativas, exatamente porque ela tem, e assume
sempre, uma significação afetiva, isto é, conativa.
69
de desempenho que envolve um sentimento de competência, de prazer, e
mesmo, de liberdade.
70
a opressão, o afrontamento, a indisciplina, o fastio, os mecanismos de defesa,
etc., que podem provocar dissonância e disrupção na aprendizagem e bloquear
e fragmentar as funções cognitivas e as funções executivas.
Como o nosso cérebro está sempre aprendendo, ele também pode aprender
a não aprender ("learned helplessness"), por via do esgotamento das funções
conativas da autoestima, da autodeterminação e da autoconfiança, as
verdadeiras disposições mágicas para gostar de aprender 32,50.
71
Porque as funções cognitivas bem aplicadas e bem sucedidas geram
gratificação, recompensa, entusiasmo, curiosidade e satisfação e produzem uma
representação valorizante no próprio indivíduo, as suas funções conativas
também são enriquecidas, resultando daí: mais empenho; mais esforço; mais
motivação intrínseca que extrinseca; mais estudo; mais perseverança; mais
atenção sustentada; melhor gestão do tempo; mais planificação de esforços;
mais disciplina; mais poder de síntese; mais criatividade; etc. Numa palavra, o
indivíduo investe mais no aperfeiçoamento das suas competências
performáticas e aprende melhor e mais continuadamente, reunindo assim
melhores condições favoráveis à sua autorrealização.
72
Pela importância que as funções executivas têm na otimização e no
controle da prestação cognitiva e conativa, quer em situação de sobrevivência e
de adaptação ao meio, quer de aprendizagem, de comportamento e de interação
social51-55, vejamos em particular alguns dos seus pontos mais relevantes para
a educação e para o sucesso escolar ("academic success").
73
Essa área, em termos evolucionistas16,19,29, é considerada a mais recente
do cérebro humano, a que atingiu comparativamente maior desenvolvimento e
mais conectividade, é igualmente a que leva mais tempo a maturar
ontogeneticamente.
74
São exemplo dessas funções intencionais de sagacidade: a iniciação e a
planificação; a elaboração e organização de estratégias; a sustentação da
atenção; a flexibilidade e a plasticidade comportamental; a mudança estratégica;
a inibição e o autocontrole; a programação, a desprogramação e a
reprogramação de condutas; a monitorização, avaliação e verificação de
respostas adaptativas ou comportamentais; etc, além de outras.
75
emocional, sintomas estes bem conhecidos por médicos, psicólogos,
professores, terapeutas e outros especialistas que acompanham os problemas
de desenvolvimento e de aprendizagem de muitas crianças e jovens.
76
escolar; etc. O estudante, por definição, é um ser executivo, sem pôr em prática
tais habilidades, aprender não vai ser fácil nem prazeroso para ele.
77
Quer na pré-escola ou no 1º ciclo de escolaridade, muito mais ainda no 2º
e no 3º ciclo, e claramente, no ensino universitário, as exigências das funções
executivas eficientes vão sendo maiores. As avaliações ou notas de alunos
com perfis disexecutivos podem não refletir o seu potencial de aprendizagem,
porque são a parte submersa do iceberg das suas capacidades.
78
Sendo funções tão essenciais e necessárias ao sucesso escolar, a cultura
da escola, os arquitetos dos currículos e os próprios professores, na maioria dos
casos, desconhecem os processos executivos dos alunos, não avaliando-os
dinamicamente ou informalmente (em áreas fortes, em zonas de
desenvolvimento proximal ou em áreas fracas), nem tampouco ensinam
sistematicamente estratégias, para que eles sejam ajudados a compreender
como eles pensam, se comunicam, agem e como aprendem.
80
disortografias, dismatemáticas, etc.), a nossa experiência clínica de 40 anos com
mais de 5.500 casos observados e seguidos, evidencia, constata e confirma essa
co-ocorrência de disfunções desenvolvimentais.
81
• flexibilização (autocrítica, alteração de condutas, mudança de
estratégias, detecção de erros e obstáculos, busca intencional de
soluções etc.);
• metacognição (auto-organização, sistematização, automonitorização,
revisão e supervisão etc.);
• decisão (aplicação de diferentes resoluções de problemas, gestão do
tempo evitando atrasos e custos desnecessários etc.);
• execução (finalização e concomitante verificação, retroação e
referenciarão etc.).
82
visuoespacial, visuoconstrutiva, visuográfica e de performance corporal,
cinestésica e lúdica, mais consideradas como aprendizagens não-simbólicas.
Torna-se aqui importante chamar a atenção para que nas relações cérebro-
comportamento é fundamental distinguir que há diferenças cerebrais
significativas, entre a criança e o adulto, assim, entre os efeitos de uma lesão
em um cérebro maturo (onde há mais literatura publicada) e uma disfunção em
um cérebro imaturo e em desenvolvimento, todavia o estudo do caso acima
referido dá-nos uma explicação básica sobre o papel do lobo frontal e,
especialmente, do seu córtex pré-frontal, nas funções atencionais,
comportamentais, cognitivas, conativas e executivas e, consequentemente, na
aprendizagem escolar.
83
O córtex pré-frontal encontra-se imaturo antes dos 20 anos, por certa
turbulência dinâmica da substância cinzenta, a substância integradora, por
excelência, dos circuitos e redes neuronais da aprendizagem, por isso não é de
se estranhar que as síndromes disexecutivas (ou as disfunções executivas)
tenham tantas repercussões no comportamento e na aprendizagem de muitas
crianças e adolescentes53,58,62.
84
melódica, fluente, internalizada, independente e sempre aberta a aperfeiçoar-se
em novas habilidades.
Uma aprendizagem bem sucedida não pode continuar a descurar, como tem
feito a escola tradicional, as evidências neurocientíficas reveladas pelo papel das
funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem.
A escola do futuro deve investir mais na inteligência das crianças e dos jovens
(uma escola inteligente para crianças e jovens inteligentes), mas para tal
mudança, a escola tem de passar, inevitavelmente, pela implementação
generalizada e ampliada da educabilidade cognitiva, conativa e executiva em
todos os graus de ensino57.
85
Muitas querelas de capela entre a pedagogia, a sociologia, a filosofia, a
psicologia, a neurologia e as diversas disciplinas curriculares que se passam no
âmbito da educação são devidas à falta de explicação do papel da cognição, da
conação e da execução nas aprendizagens escolares. Foi nosso propósito neste
texto, adiantar e facilitar alguns dados de compreensão sobre esse assunto tão
premente, com a finalidade de contribuir para melhorar a educação e para
combater o insucesso escolar com as devidas ferramentas.
86
Foi em decorrência dessa dinâmica funcional do processo genético,
neurológico e desenvolvimental (tipo "down-top") que a espécie humana sempre
evoluiu em termos de aquisição de conhecimentos nos seguintes sentidos: do
simples para o complexo; do ato para o pensamento; do gesto à palavra; da
imagem ao conceito; do concreto-somático ao abstrato-metafórico; do não-
simbólico e visuo-espacial ao simbólico e auditivo-temporal; do não-verbal ao
verbal.
87
finalidades, ao mesmo tempo que ignoramos uma espécie de mar de estímulos
ou de selva de informação irrelevante. Os estudantes com déficits nas funções
executivas ou com síndromes disexecutivas enfrentam, por isso mesmo,
enormes obstáculos e intransponíveis barreiras para obter rendimento
minimamente aceitável nas salas de aula tradicionais.
88
estudantes, especialmente os que estão nas margens, e não apenas concebê-
los ou validá-los para os alunos ditos regulares.
Na escola do futuro, nenhum estudante deve ficar para trás e muito menos
excluído de aprender, pois nenhuma criança ou jovem é ineducável.
89
Para enriquecer as funções cognitivas, conativas e executivas, a interação
do professor-aluno tem que ser mais intensa e intencional, o processo ensino-
aprendizagem tem que ser mais mediatizado e com uma acessibilidade
aumentada para todos, onde seja possível focar mais a colocação de perguntas
ou questões de desafio cognitivo, conativo e executivo, onde os alunos tenham
que pensar mais antes de responder, onde as várias funções sejam diretamente
treinadas e onde as estratégias metacognitivas sejam mais trabalhadas. Não
está em jogo o enriquecimento curricular, está mais em jogo o enriquecimento
do potencial de aprendizagem dos alunos32.
90
corretores sintáxicos, as barreiras de muitos alunos com dificuldades ou déficits
cognitivos, conativos e executivos podem ser superadas, porque na nossa
concepção as escolas têm a responsabilidade de intervir nas zonas de
desenvolvimento proximal, de minimizar as barreiras e de maximizar a
aprendizagem de todos os alunos sem exceção.
A educação da criança e do jovem na era digital tem que ser cada vez
mais amiga dos seus corpos, dos seus cérebros e das suas mentes, caso
contrário muitos problemas de cognição, de conação e de execução, ou seja, de
adaptação, de aprendizagem e de integração social vão emergir sem
necessidade.
91
Agora que você já sabe o que é a neuropsicologia, é hora de entender
sobre as atuações do profissional da área.
92
• Avaliações;
93
2. Tratamento (Reabilitação) – Com o diagnóstico em mãos é possível realizar
as intervenções necessárias junto aos pacientes, para que possam melhorar,
compensar, contornar ou adaptar-se às dificuldades. Essas intervenções podem
ser no âmbito do funcionamento cognitivo, ou seja, no trabalho direto com as
funções cognitivas (memória, linguagem, atenção, etc.) ou com um trabalho
muito mais ecológico, no ambiente de convivência do paciente, junto de seus
familiares, para que atuem como co-participantes do processo reabilitatório;
junto a equipes multiprofissionais e instituições acadêmicas e profissionais,
promovendo a cooperação na inserção ou re-inserção de tais indivíduos na
comunidade quando possível, ou ainda, na adaptação individual e familiar
quando as mudanças nas capacidades do paciente forem mais permanentes ou
de longo prazo.
94
Para desenvolver a sua carreira como especialista em Neuropsicologia é
imprescindível ter as seguintes habilidades:
• Graduação em Psicologia;
• Especialização em Neuropsicologia
• Ser ético;
• Escuta atenta;
• Muita atenção;
• Pensamento crítico;
95
6.2 Mercado de trabalho da Neuropsicologia
96
uma busca realizada por iniciativa dos familiares ou do próprio paciente. Há
ainda a possibilidade de atuação em instituições psiquiátricas e na realização de
Perícia Forense.
97
cerebral normal, causados por doença, lesão, disfunção ou modificações
experimentais (Lezak et al., 2004). Assim sendo, um dos objetivos da AN é traçar
inferências sobre as características funcionais do cérebro de um indivíduo
(Benton, 1971). Esta avaliação deve possibilitar um diagnóstico e a
documentação do estado do paciente; verificar a ocorrência de distúrbios
cognitivos, comunicativos e/ou emocionais, relacionados à lesão/disfunção
cerebral; desvendar a natureza dos sintomas, a etiologia, o prognóstico e a
descrição das características de cada caso; determinar a magnitude das
sequelas dessa lesão; seguir a evolução do quadro e, por fim, oferecer
orientações terapêuticas (bases para a reabilitação). A AN utiliza técnicas
especiais de avaliação das funções neurocognitivas do indivíduo para o
estabelecimento de correlações entre seus desvios e as lesões/disfunções
cerebrais (Rodrigues, 1993).
98
instrumentos, pode ser do tipo exploração flexível (tarefas, provas ou testes
específicos, selecionados para cada caso) ou uma exploração sistemática
(triagens, baterias breves e extensas, aplicadas na íntegra) (Lezak et al., 2004).
Ainda, a avaliação considerada funcional em Neuropsicologia pressupõe a
compreensão da inter-relação entre os comportamentos (desempenhos)
apresentados e as demandas ambientais (pessoas, regras sociais, barreiras
físicas, rotinas, compromissos, interesses). É também chamada de avaliação
ecológica.
99
A avaliação é uma questão central em Neuropsicologia e deve ser
considerada num contexto amplo. Suas inúmeras metas/objetivos são
completamente e substancialmente diferentes das da avaliação psicológica. A
avaliação psicológica, que constitui uma das funções exclusivas do psicólogo,
nos remete aos primeiros estudos e desenvolvimento dos testes psicológicos no
final do século XIX com a introdução da abordagem psicométrica. A avaliação
neuropsicológica, apesar de poder utilizar complementarmente aportes
psicométricos, sempre ultrapassa o conceito da psicometria, não sendo, em
hipótese alguma, sinônimo de avaliação psicológica.
101
Instrumentos de exame afasiológicos amplamente utilizados atualmente,
tais como a Boston Diagnostic Aphasia Examination (Goodglass & Kaplan, 1974)
ou o Aachener Aphasie Test (Huber, Poeck, Weniger & Willmes, 1983),
resultaram do resgate feito por Norman Geschwind do sistema originalmente
proposto por Wernicke. Foi sob a supervisão de Geschwind que Harold
Goodglass, um linguista, e Edith Kaplan, uma psicóloga, desenvolveram a
Bateria Boston Diagnostic Aphasia Examination, a qual é internacionalmente
usada, apesar dos limites para uso em países onde ainda não foi normatizada.
Da mesma forma, em uma geração prévia, o trabalho psicométrico de McBride
e Weisenburg (McBride & Weisenburg, 1935) foi realizado sob inspiração dos
conceitos desenvolvidos pelo neurologista Nielsen (Caplan, 1987). Merecem
destaque, ainda, os procedimentos diagnósticos desenvolvidos por Lissauer
para as gnosias visuais (Geschwind, 1965), Dejerine para a leitura (Bub, Arguin,
& Lecours, 1993), Liepmann para apraxias (Goldenberg, 2003), Gerstmann
(1940) para gnosias digitais e orientação direita-esquerda, Head para esquema
corporal (Head & Holmes, 1911/1912), e Henschel para acalculias (Boller &
Grafman, 1983), dentre outros.
102
Os pesquisadores de áreas distintas, entre eles muitos médicos, linguistas
e fonoaudiólogos, contribuíram também com instrumentos psicometricamente
validados, tais como o Token Test (de Renzi & Vignolo, 1962), o Mini-mental
State Examination (Folstein, Folstein, & McHugh, 1975) e a Frontal Assessment
Battery (Dubois, Schlachevsky, Latvin, & Pillon, 2000). Não pode deixar de ser
mencionada a longa tradição de exame do estado mental em Psiquiatria e
Neurologia, a qual foi formalizada do ponto de vista neuropsicológico em obras
como aquelas escritas por Strub e Black (1993) e Hodges (1994). Todo esse
corpo acumulado de conhecimentos é "patrimônio" da Neuropsicologia como
área interdisciplinar de pesquisa e atuação profissional e não reserva de
mercado de uma classe profissional.
103
e argumentos apresentados constituem ferramentas para a o fato de existir, há
séculos, uma categoria de instrumentos neuropsicológicos, os quais não se
constituem em testes psicológicos. Tais instrumentos foram, são e serão
desenvolvidos a partir das necessidades diagnósticas percebidas pelos diversos
profissionais atuando na área interdisciplinar de Neuropsicologia. A utilização de
técnicas estatísticas de validação e normatização decorre da filosofia de
assistência à saúde baseada em evidências, a qual é prevalente em nossa
época.
104
criança como integrante de grupos problemáticos, e sim de evitar que tais
dificuldades possam impedir o desenvolvimento saudável da criança.
Testes utilizados
Inteligência
105
Os testes de inteligência para crianças medem primariamente habilidades
essenciais ao desempenho acadêmico.
106
uma análise fidedigna. A escala também permite recolher algumas informações
sobre a organização do comportamento da criança.
107
Embora o QI não seja uma medida para localizar disfunções cerebrais, o
resultado de QI contribui para dar maiores informações sobre o nível geral de
funcionamento do paciente e, assim, servir de referência para outras funções
mais específicas, como memória, linguagem, etc. Tanto o Stanford-Binet como
o WISC-III e o WIPPSI são administrados individualmente a cada sujeito.
108
Tradicionalmente, a inteligência está relacionada com as habilidades
acadêmicas, porém existem outros tipos de inteligência (como, por exemplo, a
caracterizada pela capacidade de relacionar idéias complexas, formar conceitos
abstratos, derivar implicações lógicas através de regras gerais) que, muitas
vezes, não é possível mensurar através dos testes convencionais. A este
respeito, Primi9,10 salienta que, nas abordagens da inteligência, duas são
tratadas como fundamentais: a inteligência cristalizada (que prioriza o
conhecimento) e a inteligência fluida (que prioriza o raciocínio). A primeira se
refere à profundidade das informações adquiridas via escolarização e
geralmente é usada na resolução de problemas semelhantes ao que se
aprendeu no passado (como nos testes tradicionais de inteligência). A segunda
se refere à capacidade de processamento cognitivo, ou seja, a capacidade geral
de processar informações ou as operações mentais realizadas quando se
resolvem problemas relativamente novos.
109
organizado em duas formas: A) para estudantes da 6ª à 8ª série do ensino
fundamental; B) para alunos da 1ª à 3ª série do ensino médio.
Memória
110
O WRAML (do inglês Wide Range Assessment of Memory and Learning
_ Short Form) é um instrumento psicométrico destinado a avaliar a capacidade
de aprender e memorizar ativamente vários tipos de informação em pacientes
na faixa etária de 5 a 17 anos (memória visual, aprendizado verbal, memória
para histórias).
Linguagem
111
os seguintes tópicos: órgãos fonoarticulatórios, hábitos orais e desenvolvimento
da linguagem.
Lobos frontais
Nos últimos anos, cresceu muito o interesse pelas funções do lobo frontal.
É nessa parte do cérebro que se encontram as maiores diferenças entre os seres
112
humanos e seus antepassados na evolução. Os lobos frontais constituem uma
das maiores regiões do encéfalo, com funções ainda pouco conhecidas, embora
nos últimos anos tenham se acumulado importantes conhecimentos sobre suas
atividades. Agora se sabe que é no lobo frontal que se situam as habilidades
humanas mais complexas, como o planejamento de ações seqüenciais, a
padronização de comportamentos sociais e motores, parte do comportamento
automático emocional e da memória.
114
ineficiência de conceitualização inicial e a dificuldade em encontrar soluções
para problemas cotidianos, bem como o nível de perseveração, que vem a ser o
problema que muitas pessoas têm de ficar remoendo um mesmo assunto ou
repetindo um mesmo comportamento motor. Pode ser aplicado a partir dos 6
anos de idade.
Lobos parieto-occipitais
115
Escala do Desenvolvimento Infantil de Bayley (Bayley Scale of Infant
Development _ Bayley II-Bsid-II)
116
A reabilitação neuropsicológica caracteriza-se por um conjunto de práticas
em que o profissional de saúde atua junto com o paciente atingido por diferentes
tipos de lesões, seja por acidentes ou decorrentes do processo de
envelhecimento, como acidentes vasculares cerebrais, doença de Alzheimer,
etc. A reabilitação neuropsicológica pretende reduzir os efeitos de déficits
cognitivos e alterações de comportamento emocionais que se constituem como
obstáculos ao desempenho adequado em tarefas do cotidiano, ou seja, melhorar
o aproveitamento das funções total ou parcialmente preservadas por meio do
ensino de estratégias compensatórias, aquisição de novas habilidades e a
adaptação às perdas permanentes. Sendo possível, desta forma, melhorar a
qualidade de vida dos pacientes e familiares.
117
a avaliação e a reabilitação neuropsicológica contribuem para a identificação,
documentação e tratamento das alterações cognitivas e comportamentais
presentes em diversas situações onde o sistema nervoso central é afetado. O
papel que a neuropsicologia desempenha dentro do contexto da psicologia,
enquanto ciência e profissão, encontra-se vinculado a sua história. Assim, para
compreender as perspectivas atuais da área, torna-se necessária uma breve
revisão histórica.
118
Alexander Luria foi um dos primeiros autores a relatar seus esforços
sistemáticos para reabilitação de pessoas com lesão encefálica após a Segunda
Guerra Mundial (Boake, 2003). Os trabalhos de Leonard Diller, realizados no
Centro Medico da Universidade de Nova York, com pacientes com acidente
vascular encefálico que apresentavam problemas com escaneamento visual,
propiciou o desenvolvimento de programas de treinamento específicos e
representam outro marco na história da reabilitação neuropsicológica. Ben-
Yishay (1996) desenvolveu uma visão holística para reabilitação
neuropsicológica através da realização de exercícios cognitivos, psicoterapia e
atividades terapêuticas junto a este grupo.
119
consenso no âmbito da neuropsicologia quanto a teorias capazes de subsidiar a
compreensão de como as funções neuropsicológicas se desenvolvem e se
organizam no contexto da população geral. Assim, a criação de estratégias em
reabilitação nem sempre estão fundamentadas no conhecimento teórico que se
tem sobre determinada função ou patologia.
120
Wilson (2003b) propôs algumas diretrizes para nortear as práticas em
reabilitação neuropsicológica: a) o processo de reabilitação é considerado como
uma parceria entre as pessoas com lesão, suas famílias e os profissionais de
saúde; b) o planejamento de objetivos tem se tornado um dos métodos mais
usados para delinear o plano de reabilitação; c) os déficits cognitivos, emocionais
e psicossociais encontram-se conectados e todos devem ser considerados
durante os programas terapêuticos; d) tecnologia representa uma parte
importante na compreensão da lesão e na compensação das dificuldades
apresentadas por este grupo; e) reabilitação tem começado durante a terapia
intensiva antes mesmo da estabilização das condições médicas do paciente; e
f) compreende-se reabilitação cognitiva como uma área de atuação que
necessita de uma vasta base teórica que incorpore diferentes modelos e
metodologias derivadas de diversos campos da psicologia e neurociências.
121
próprios indivíduos são melhor recordados quando comparados com itens
fornecidos por outrem (Lengenfelder, Chiaravalloti, & DeLuca, 2007).
122
2008). Tucker e Reed (2008) ressaltam que, como a intervenção em reabilitação
constitui-se apenas como uma variável dentre várias que influenciam o
funcionamento da pessoa ao longo do tempo, a pesquisa em psicologia da
reabilitação deve se expandir para incluir diversas abordagens teóricas e
metodológicas. Assim, metodologias tradicionais, como o desenho de grupos
clínicos com amostragem aleatória, estudos longitudinais (Fay, Yeates, Wade,
Drotar, Stacin & Taylor, 2009) ou estudo de caso (Mateer, 2009) seriam utilizadas
juntamente com estudos meta analíticos (Babikian & Asarnow, 2009) e
pesquisas qualitativas para criar evidências que fundamentem as intervenções
em reabilitação.
123
A criação de parâmetros nacionais de avaliação de programas de
reabilitação neuropsicológica através do amplo debate entre profissionais e
clientes, assim como da realização de estudos sistemáticos sobre o tópico
também se fazem necessárias. Tais parâmetros poderão subsidiar as políticas
públicas de reabilitação e fundamentar a inserção do neuropsicólogo em equipes
interdisciplinares de reabilitação, o que ampliará o mercado de trabalho para o
neuropsicólogo.
124
mudanças socioculturais e os avanços tecnológicos levaram a um aumento no
número de vítimas de lesões cerebrais ocasionado por acidentes
automobilísticos (Abrisqueta-Gomez, 2006), acidentes decorrentes de esportes
radicais, vítimas da violência, entre outros. Além disso, o aumento na expectativa
de vida trouxe consigo a necessidade de estudos sobre o envelhecimento normal
e também sobre as doenças decorrentes do processo de envelhecer (acidentes
vasculares cerebrais, doença de Alzheimer e demais tipos de demências,
hipertensão arterial etc.). Desse modo, ficam claras as implicações sociais que
o estudo da reabilitação neuropsicológica traz para a população.
125
No processo de avaliação, apenas mensurar quantitativamente as
funções cognitivas e considerá-las representativas do funcionamento cognitivo
traz implicações sérias, pois déficits cognitivos diferentes podem gerar escores
gerais idênticos ou globalmente deficientes. A análise do comportamento pode
contribuir nesse processo por dar subsídios para que o profissional faça uma
análise aprofundada a respeito das contingências ambientais que podem
interferir no desempenho cognitivo do paciente. Por exemplo, é possível que um
paciente com dificuldades de interação social decorrentes de algum distúrbio ou
lesão neurológica viva em um ambiente familiar pobre de interações sociais, o
que contribui para o agravamento desse aspecto.
126
Apesar de haver alguns estudos sobre o emprego de procedimentos
comportamentais na reabilitação neuropsicológica, a literatura disponível é ainda
bastante restrita. Uma pesquisa realizada nas bases de dados Medline e
PsycINFO com o termo “behavioral neuropsychology” e o cruzamento de termos
como: “neuropsychological rehabilitation”, “neuropsychological training”,
“cognitive rehabilitation”, “cognitive training” e “behavior therapy”, “behavioral
therapy”, “behavior analysis” e “behaviorism”, visando abarcar a produção
científica dos últimos 16 anos, resultou em somente um artigo de revisão. Essa
restrição parece se dever não tanto à escassez de estudos sobre reabilitação
neuropsicológica que empregam procedimentos comportamentais, mas talvez à
falta de percepção por parte dos profissionais de reabilitação, de que muitos dos
procedimentos que eles empregam são comportamentais.
127
nenhum profissional tem o direito de afirmar que esse cuidado é intrínseco à sua
filosofia pessoal ou uma parte natural de determinada teoria ou prática. Durante
algum tempo houve uma negação do uso de procedimentos comportamentais
quando, na realidade, essa abordagem foi central no trabalho de muitos dos
profissionais que a negam. Neuropsicólogos que trabalham com reabilitação e
que têm formação em abordagens psicodinâmicas tendem a rejeitar ou negar o
fato de que empregam procedimentos comportamentais, alegando que estes
objetivam “treinar” o cliente a se comportar de certo modo, desconsiderando
seus desejos, emoções, pensamentos e personalidade (nomeados eventos
privados pelo behaviorismo). Há um equívoco nesta afirmação, em relação ao
objetivo da psicologia comportamental. Segundo o próprio Skinner (1974/2006),
os eventos privados são importantes e exercem influência sobre o
comportamento tanto quanto os eventos ambientais. Assim, o behaviorismo de
Skinner considera que os eventos privados não são superiores ou mais
importantes que os eventos públicos, ambos são igualmente importantes para a
análise do comportamento. O sentir é tão importante quanto o fazer, diz Skinner
(1974/2006; 1953/1998).
128
motivos que envolvem a sobrevivência da espécie (herança filogenética). Já a
atenção voluntária, segundo Vygotsky (Luria, 1984), não possui raiz biológica,
mas, sim, social. Quando a mãe nomeia um objeto no ambiente e aponta para
ele com o dedo, por exemplo, a atenção da criança é atraída para aquele objeto,
e este objeto começa a se sobressair do resto, não importando se ele origina um
estímulo forte, novo ou importante. Essa direção da atenção da criança por meio
da comunicação social, palavras ou gestos marca um novo estágio de
importância fundamental no desenvolvimento desta nova forma de atenção, a
organização social da atenção, que posteriormente originará um tipo de
organização mais complexa de atenção, a atenção voluntária. Essa explicação
é compreendida pela psicologia comportamental como um processo de
condicionamento operante. Quando a mãe chama a atenção da criança para um
estímulo e esta o atende, recebe um reforço positivo da mãe, geralmente um
reforço social (elogios, atenção, carinho), o que faz aumentar a probabilidade de
que a criança atenda a próximos estímulos apontados pela mãe.
129
A neuropsicologia pode ser definida como o estudo científico das relações
cérebro-comportamento (Horton, 1994; 1997). Nesse sentido, o desempenho
neuropsicológico pode ser influenciado tanto por variáveis orgânicas quanto por
variáveis ambientais (Horton e Puente, 1990 apud Horton, 1994). A psicologia
comportamental se propõe a estudar as relações entre o sujeito e o ambiente
que o cerca. Desse modo, seria natural pensarmos em uma possível e vantajosa
integração entre neuropsicologia e terapia comportamental. Essa integração
existe e é chamada de “neuropsicologia comportamental”. Iniciou-se em 1978,
quando foi fundado um grupo com esse nome durante o encontro anual da
Association for Advancement of Behavior Therapy (AABT) (Horton, 1994). A
neuropsicologia comportamental pode ser definida como:
130
O interesse por uma interface entre neuropsicologia e terapia
comportamental parece ter surgido com William Gaddes (1968, apud Horton,
1997), o qual argumentou que esta união seria especialmente útil para os
distúrbios de aprendizado da infância.
Wilson (2003) cita Lane (1977), que publicou uma detalhada descrição do
trabalho de Itard com um garoto com problemas de comportamento como sendo
o início da aplicação de procedimentos comportamentais na reabilitação. Itard
utilizou-se de aproximações que hoje são conhecidas como modelagem; ele
também empregou o que hoje chamamos de encadeamento (dividiu uma
habilidade mais complexa em partes mais simples e ensinou primeiro as mais
simples até conseguir instalar a habilidade mais complexa), além de demonstrar
preocupação com a questão da generalização.
131
Descrições da utilização de procedimentos comportamentais em adultos
lesionados cresceram bastante na década de 1970, segundo Wilson et al.
(2003). Entretanto, foi na década de 1980 que os procedimentos
comportamentais passaram a ser aplicados mais rigorosamente para problemas
cognitivos. As publicações da época expuseram as diversas razões pelas quais
métodos comportamentais são apropriados e eficientes para pessoas com
lesões cerebrais. Os autores listam algumas dessas razões:
132
ou como o ambiente interfere no comportamento. Para obter esses dados, é
necessária a utilização de uma avaliação comportamental, que freqüentemente
já faz parte do tratamento em si.
133
Para o planejamento de um programa de reabilitação, a avaliação
neuropsicológica e a avaliação comportamental são igualmente importantes e
também complementares (Wilson et al., 2003). Neste artigo, será dada ênfase à
avaliação comportamental, já que o objetivo é apresentar a aplicação da
abordagem comportamental na reabilitação neuropsicológica.
134
melhoras nos testes e ainda assim não conseguir atingir um nível de
funcionamento adequado em suas casas. Do mesmo modo, melhoras funcionais
podem ser obtidas sem que haja melhoras nos testes padronizados (Wilson et
al., 2003).
135
ocorre em determindado período. Registros de intervalos (observar se o
comportamento ocorre ou não em certo período) são úteis quando o
comportamento apresenta uma freqüência tão alta que se torna inviável contar
o número de vezes em que ele ocorre. Registros de duração medem por quanto
tempo o paciente se engajou em certo comportamento. Instrumentos para
registro incluem contadores, cronômetros ou aparelhos que são operados
diretamente pelos movimentos do paciente. Também podem ser utilizados
gravadores de voz e vídeo.
136
Uma infinidade de procedimentos comportamentais pode ser empregada
na reabilitação neuropsicológica. É importante que o programa de reabilitação
seja bem estruturado, o que facilita a escolha das melhores técnicas a serem
empregadas. Wilson et al. (2003) e McGlynn (1990) sugerem alguns passos para
o planejamento do tratamento:
137
4) Identificar motivadores ou reforçadores. Podem ser verbais (“parabéns”,
“você diminuiu 30 segundos para fazer esta tarefa”) ou algo mais concreto
como na Economia de Fichas, em que, após adquirir determinado número
de pontos, o cliente pode escolher algum prêmio (passeios, maior tempo
de visita, ir ao cinema etc.). O tipo de reforçador escolhido deve ser
valorizado pelo cliente. Por exemplo, atenção pode ser um reforçador
eficiente para certo indivíduo, mas pode ser aversivo para um outro
indivíduo que é retraído. Assim, a observação comportamental cuidadosa
é essencial na escolha dos reforçadores mais poderosos para cada
indivíduo.
5) Especificar os passos do tratamento de maneira que um novo membro da
equipe possa implementar as atividades caso seja necessário substituir
algum profissional. Investigar que tipos de técnicas comportamentais
serão mais eficazes para cada problema e analisar quais são as
habilidades cognitivas que o cliente deve possuir para se beneficiar de um
procedimento.
6) Monitorar o progresso. Isso deve ser feito de acordo com o que foi
planejado.
7) Avaliar. Isso poderá ser feito por meio de registros ou de um estudo de
caso experimental.
8) Fazer modificações, caso sejam necessárias.
9) Planejar a generalização. Essa é uma parte crucial da reabilitação, pois
os clientes têm dificuldade para transferir o que foi aprendido no ambiente
terapêutico para a vida cotidiana. Isso pode ser feito mediante treinos fora
do ambiente das sessões e instruindo os familiares a incentivar o cliente
nos mais diversos ambientes, o que ajudará a promover o aprendizado e
a generalização do que foi reabilitado. É importante não ter expectativas
de que a generalização ocorrerá espontaneamente, pois na maioria das
vezes ela não ocorre.
138
8.2 Reabilitação neuropsicológica pediátrica
139
A investigação neuropsicológica em crianças, adultos e idosos pode ser
feita por baterias fixas (por exemplo, WISC-III) para investigação global de
funções cognitivas, como atenção, memória, linguagem, entre outras,
ou flexíveis, em que o examinador seleciona alguns testes para investigação
aprofundada de uma função específica (Bernstein e Waber, 1997). A escolha da
bateria dependerá do objetivo da avaliação, da queixa e dos achados
propriamente ditos. Tanto a anamnese quanto a observação rigorosa do
comportamento infantil podem acrescentar informações relevantes (Lefèvre,
1989). Essas informações retratam o comportamento cotidiano da criança, e
podem, portanto, facilitar a compreensão da família acerca dos resultados da
avaliação e fortalecer tanto a participação da mesma no programa de reabilitação
quanto a escolha de estratégias.
140
Entretanto, peculiaridades da infância em relação a outras fases do
desenvolvimento humano devem ser consideradas. Cérebros imaturos são
regidos por princípios próprios, os quais são influenciados por maturação
cerebral, evolução no uso de estratégias cognitivas, a aquisição de
conhecimentos via ensino formal e cultura, bem como, no caso de lesões
cerebrais, características intrínsecas à reorganização cerebral (Santos, 2002).
Portanto, a recuperação é primeiramente determinada pela idade, localização
neural e função envolvida, mas também por fatores como patologia bilateral,
presença de convulsões, estágio de desenvolvimento da função cognitiva, entre
outros (Hartlage e Long, 1997). Para ilustrar essas peculiaridades, são
ressaltadas, a seguir, algumas diferenças entre a neuropsicologia pediátrica e a
de adultos.
141
substrato neural distinto ou, como já mencionado, não ser indicativo de um dano
cerebral estrutural (Bernstein e Waber, 1997).
142
adequados e alternativos para alcançar metas funcionais específicas (Ben-
Yishay, 1981). O sucesso de um programa de reabilitação cognitiva consiste na
reintegração do paciente junto ao seu ambiente social e profissional, no caso da
criança, a reinserção escolar (McCoy et al, 1997).
143
potencialidades e limitações específicas. No entanto, dentre as diversas
estratégias de tratamento, destacam-se aquelas apoiadas no auto-
monitoramento, auto-controle e meta-cognição para o treino cognitivo de funções
cognitivas e gerenciamento dos ambientes escolar e familiar. O uso dessas
estratégias tem demonstrado que, quando a percepção sobre as alterações
cognitivas e comportamentais é ampliada, os pacientes compreendem melhor
suas próprias dificuldades e são mais motivados para o tratamento e ativos na
própria reabilitação (Prigatano, 1997). Essas estratégias tornam-se mais efetivas
quando inseridas em um modelo de reabilitação que integre as múltiplas
necessidades do paciente.
144
domínio e controle, envolvem o aprendizado de estratégias compensatórias que
são individualizadas para cada paciente e um começo de generalização das
estratégias holísticas. Os últimos estágios, aceitação e identidade, requerem do
paciente a incorporação de suas experiências (positivas e negativas) dentro de
um auto-conceito, planejamento de ações futuras baseadas em estratégias
aprendidas para deliberar e tomar decisões, podendo orientar e auxiliar pares
em situações similares (Fletcher-Janzen e Kade, 1997).
146
conseqüência, estimuladas, o que contribui para a automatização das mesmas.
Por outro lado, duas desvantagens devem ser consideradas: 1) a bateria
Halstead-Reitan não é validada para a população brasileira; 2) avaliações
consecutivas podem refletir o efeito de aprendizagem pelo desempenho repetido
de alguns testes, daí a necessidade de mais versões de cada tarefa empregada.
147
O modelo de intervenção DNRR (Developmental Neuropsychological
Remediation / Rehabilitation) foi desenvolvido em atenção às dificuldades de
aprendizagem, isto é, de linguagem falada e ou escrita, coordenação,
autocontrole e atenção. O DNRR supõe sete passos. No primeiro, o perfil
neuropsicológico é traçado; a seguir, esse perfil é contrastado com as demandas
do ambiente (comportamento, nível acadêmico, aspectos psicossociais). No
terceiro passo, são feitas predições quanto aos déficits passíveis de recuperação
a curto ou longo prazo mediante a intervenção, levando em conta os recursos da
família, comunidade e ambiente psicossocial. O passo seguinte é o plano de
tratamento e sua respectiva monitoração. No sexto passo, o plano de tratamento
é reajustado em função da monitoração. O sétimo passo é a reavaliação
neuropsicológica para modificar e clarificar o plano de intervenção (Rourke,
1994).
148
O tratamento medicamentoso de sintomas residuais pela administração
de antidepressivos, anticonvulsivantes, anxiolíticos e anti-histamínicos em
pacientes com lesões cerebrais deve ser constantemente monitorado, pois
efeitos colaterais, como sedação, confusão e prejuízos de memória podem influir
em ambos, avaliação neuropsicológica e reabilitação cognitiva (Prigatano, 1987).
Por essa razão, o diálogo entre os médicos e o neuropsicólogo a esse respeito
é essencial.
149
É importante dizer que a maioria dos pacientes necessita de reabilitação
de outras funções, além das cognitivas, e em diferentes fases de seu
acometimento. Assim, neurologia, psiquiatria, fisiatria, fonoaudiologia,
fisioterapia e terapia ocupacional, entre outras especialidades, interagem
constantemente com a neuropsicologia. Por exemplo, crianças com lesões
adquiridas e adultos jovens se beneficiam da mobilização e estimulação para
recuperação da consciência, a chamada neurorreabilitação (Eilander, 2003). No
caso de lesões congênitas, grupos de estimulação neuropsicomotora precoce e
de psicopedagogia contribuem para o desenvolvimento de habilidades
necessárias para a interação com o meio. Quanto mais cedo o pediatra e/ou
neurologista encaminhar o paciente para programas de reabilitação cognitiva,
maiores serão as oportunidades de a criança e sua família receberem
atendimento e orientação especializados, o que propiciará a estimulação
adequada de suas capacidades intelectuais.
150
No Brasil, a Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação realizou um estudo
no qual crianças com TCE foram aleatoriamente distribuídas em dois grupos de
intervenção. O primeiro foi tratado diariamente pela equipe hospitalar, e o
segundo recebeu atendimento domiciliar por membros da família que foram
previamente treinados e monitorados para realizarem exercícios de estimulação
motora e cognitiva. A comparação entre a avaliação basal e os escores, após
um ano em medidas como a Escala Wechsler de Inteligência, revelaram
melhores resultados para crianças cuja família participou ativamente do
tratamento (Braga, 2003).
151
ressonância magnética funcional (IRMf), entre outras técnicas, em amostras
pediátricas, tem aumentado progressivamente para a localização de funções
críticas (Logan, 1999), avaliação de correlatos neurais da plasticidade cerebral
(Hertz-Pannier et al., 2000), para estabelecimento da relação entre função e
estrutura no decorrer do desenvolvimento cognitivo cerebral (Nelson et al., 2000)
e para comparações entre etapas de treinamento cognitivo (Olesen, Westerberg
e Klingberg, 2004). A participação do neuropsicólogo é fundamental, tanto na
elaboração dos paradigmas cognitivos empregados em neuroimagem funcional
quanto na interpretação do valor clínico dos resultados obtidos.
152
Em virtude do aumento do número de diagnósticos precoces em
pacientes com doença de Alzheimer (DA), está crescendo a procura por
tratamentos que visam a melhora das funções cognitivas, além de possível
retardo no progresso da doença.
153
Entre os atuais tratamentos medicamentosos para a DA, os inibidores de
acetilcolinesterase (ChEI) têm demonstrado eficácia no controle temporário de
sintomas, como melhora das funções cognitivas e das dificuldades na realização
das atividades da vida diária em pacientes com DA leve a moderada (De Vreese
et al., 2001). Entretanto, terapias que envolvem intervenção não
medicamentosa, como a reabilitação neuropsicológica, também têm
apresentado melhora na cognição dos pacientes, além de promoverem apoio e
informações aos familiares (De Vreese et al., 2001).
154
“O objetivo da reabilitação cognitiva é capacitar pacientes e familiares a
conviver, lidar, contornar, reduzir ou superar as deficiências cognitivas
resultantes de lesão neurológica” (Wilson, 1996), fazendo com que estes
passem a ter uma vida melhor, com menos rupturas nas atividades comumente
realizadas. Para isto, propõe-se a ensinar a pacientes, familiares e/ou
cuidadores estratégias compensatórias e organização para produção de
respostas, propiciando melhora das funções cognitivas e da qualidade de vida.
155
relacionamento interpessoal, afetando a estrutura familiar. O paciente com DA
torna-se, com o decorrer da doença, dependente dos familiares ou dos
cuidadores. Então, a orientação sobre a doença e seu prognóstico diminui a
ansiedade e a depressão gerada pela presença de doença grave na família
(Bottino et al., 2002).
156
existe em idosos com DA, exercícios cognitivos feitos na reabilitação podem agir
positivamente no cérebro desses pacientes.
157
Habilidade refere-se ao conhecimento e à capacidade de como realizar
algumas ações antes do conhecimento de fatos ou eventos (Gardner et al.,
2000). Essas duas formas de conhecimento muitas vezes são independentes.
Com relação à memória, é a maneira utilizada por cada um para ajudar na
memorização, como organização, categorização e associações, e que tem
aplicação na vida prática em subtestes de memória. Geralmente, as habilidades
são utilizadas de maneira espontânea.
158
Para estimular o funcionamento da memória, é importante ressaltar que
há mais de um caminho possível. Por exemplo, para aprender uma seqüência
de palavras, pode-se aplicar o método de categorização semântica ou fonêmica,
dependendo da preferência e da habilidade particular de cada um.
159
situações, além de adquirir novas habilidades para lidar com problemas atuais
que as habilidades antigas não podem resolver.
Em pesquisa realizada por De Vreese et al. (1998) (classe I), dois grupos
de idosos, o primeiro formado por 30 sujeitos com queixas subjetivas de memória
e o outro por 20 sujeitos com queixas subjetivas e objetivas de memória (declínio
da memória episódica verbal sem interferir nas atividades de vida diária),
receberam sessões de treino de memória com duração de 90 minutos, uma vez
por semana, por um período de três meses. Este treino combinava várias
técnicas mnemônicas e estratégias de aprendizagem estruturadas, a fim de
obter efeitos psicoterápicos e pedagógicos. Ao final do tratamento, verificou-se
que os sujeitos que tinham também queixas objetivas de memória tiveram maior
benefício dos treinos e que os ganhos qualitativos eram maiores que os
quantitativos.
160
sucessos da reabilitação, bem como o momento mais propício para iniciar um
tratamento e a população que irá recebê-lo.
Citrin e Dixon (1977) (classe I) realizaram estudo com TOR com sessões
semanais com grupo treinado, e grupo-controle que não foi treinado. Os
resultados revelaram melhora na orientação do grupo treinado, enquanto o
grupo-controle permaneceu inalterado. Além disso, houve diferenças na lista de
comportamento utilizada, com melhora em certos comportamentos no grupo que
sofreu intervenção.
161
tiveram melhora no mini-exame do estado mental (MEEM), enquanto o grupo-
controle piorou. Entretanto, após intervalo de um ano, estas diferenças não foram
mais verificadas.
162
Outra técnica para trabalhar a memória é a terapia da reminiscência, que
visa trabalhar a memória remota do paciente, com fatos significativos de sua
vida, como canções, hábitos antigos, entre outros. No entanto, Spector et al. (De
Vreese et al., 2001) concluiu que somente um estudo pôde ser registrado e,
neste não foram encontrados benefícios significativos comparando o grupo
tratado com o grupo-controle. Assim, apesar de haver sugestões de efeitos
positivos dessa técnica, a ausência de estudos controlados impede uma
avaliação mais objetiva de sua eficácia.
163
Wilson et al. (1989) observaram que por meio da prática repetitiva e
utilizando mecanismos de memória implícita, pacientes amnésticos podem ser
treinados em tarefas complexas. No entanto, Squire (1987) faz uma crítica de
que esta aprendizagem implícita, por ser rígida e muito específica, não permite
ao paciente fazer um uso flexível do que foi aprendido. O que se sugere é que
sejam feitos treinos em conhecimentos específicos com aplicação direta na vida
diária.
Assim, deve-se ter claro que o objetivo desta técnica não é restabelecer
habilidades de memória, mas fornecer informações úteis para resolver
problemas do dia-a-dia.
165
pois, no final da 3a sessão, já foi capaz de nomear sete pessoas. Além disso,
apesar de a paciente não ter sido sistematicamente trabalhada com informações
semânticas sobre as pessoas das fotos, foi notado que na reaprendizagem ela
melhorou também a capacidade de armazenamento das informações relevantes
sobre cada pessoa. Clare (2001) (classe II) utilizou o método em seis pacientes
com DA, idade entre 65 a 75 anos, e resultado no MEEM entre 21 e 26 pontos.
Treinou aprendizagem e reaprendizagem de nomes e informações, além de uso
de auxílios externos para memória. Foi observado melhora na memória dos
pacientes e esta permaneceu até seis meses após o término dos treinos. A
autora salienta a importância do método para reaprender atividades novas, e que
os resultados obtidos são melhores em atividades que demandam memória
implícita. No entanto, como a última também não reconhece e corrige os erros,
estes devem ser evitados. Ainda segundo Clare, “é importante no treino com
esses pacientes dar ênfase à codificação das informações, e não só no ‘não
esquecer’; é importante que eles experienciem o sucesso”.
166
iniciaram sessões semanais de 60 minutos de reabilitação cognitiva por um
período de cinco meses. A eficácia das intervenções foi avaliada pela escala de
impressão clínica global (CGI), Clinical Dementia Rating (CDR), MEEM,
Alzheimer’s Disease Assessment Scale-cognitive subscale (ADAS-Cog), bateria
neuropsicológica, questionário de atividades de vida diária básicas (Katz 1960)
e instrumentais (Lawton, 1969). O estudo revelou que a associação de técnicas
de reabilitação cognitiva ao tratamento medicamentoso pode auxiliar na
estabilização ou resultar até mesmo em uma leve melhora dos déficits cognitivos,
principalmente da memória, e funcionais (Bottino et al., 2002).
167
O PEI destina-se a todas as pessoas, independentemente da idade, nível
de escolaridade ou experiência profissional, que necessitem desenvolver seu
potencial cognitivo. Aplica-se, especialmente, à desmotivação para o estudo,
problemas de memória, baixo rendimento escolar e dificuldades de
aprendizagem, hiperatividade, dificuldades de atenção, síndrome de Down,
dificuldades de raciocínio e abstração, desordens perceptivas, entre outros.
De acordo com Da Ros (1997), uma sessão de utilização do PEI prevê quatro
etapas:
168
(3) Discussão e desenvolvimento do insight (20 a 25 minutos): estimula-se o
pensamento divergente, recapitulam-se conceitos e vocabulários, controla-se a
impulsividade, promove-se a transcendência (fazer o paciente levar para sua
vida cotidiana conceitos que estão sendo trabalhados no instrumento); a
intenção é mediar as respostas;
169
O PEI é composto por vinte e um instrumentos, divididos em duas
categorias: PEI Básico e PEI Standard. Neste artigo nos restringiremos
essencialmente ao PEI Básico.
170
Operações mentais trabalhadas: identificação, comparação,
diferenciação e classificação.
c) Orientação Básica no Espaço: as tarefas deste instrumento
colocam uma grande ênfase no vocabulário e conceitos relativos à
orientação de objetos no espaço e a capacidade de relacionar um ou
mais objetos espacialmente. Operações mentais: discriminação figura-
fundo, identificação, raciocínio indutivo e dedutivo, categorização,
percepção, orientação espacial e pensamento comparativo.
d) Comparando e Descobrindo Absurdo: neste instrumento, a tarefa
principal é descobrir e entender a natureza de um absurdo (uma
incongruência) entre duas situações criando um estado de
desequilíbrio na situação. Através do processo de observação,
discriminação, comparação e classificação o paciente será capaz de
identificar a relação que gerou o absurdo. Neste instrumento, trabalha-
se o processo de indução porque requer a adoção de um
comportamento organizado e planejado ao identificar as partes e
buscar a relação entre as partes e conclusão do todo. Operações
mentais trabalhadas: observação, análise, discriminação,
classificação, investigação, comparação, interiorização, raciocínio
indutivo e dedutivo.
e) Identificando Emoções: através do processo de decodificação de
expressões dos sentimentos, o mediado aprende como definir a
natureza e a origem das emoções em vários contextos
comportamentais/sociais. Operações mentais deste instrumento:
identificação, diferenciação, comparação, raciocínio indutivo e
dedutivo, observação, análise, nomeação e solução de problemas.
f) Desde a Empatia à Ação: este instrumento utiliza atividades de
analisar cenas e colocar-se no lugar do outro. As operações mentais
são: identificação, diferenciação, comparação, classificação, análise e
síntese, decodificação e codificação, representação mental,
categorização, raciocínio analógico, raciocínio dedutivo e indutivo e
pensamento seqüencial e inferencial.
g) Três Canais de Atenção: é um instrumento que vivencia as diversas
formas de processar cognitivamente uma mesma situação; a pessoa
é levada a manipular, criar uma imagem mental e representá-la para,
171
posteriormente, reconhecê-la graficamente. Operações mentais
trabalhadas: representação mental, diferenciação das formas usando
os atributos que foram internalizados através da manipulação,
envolvendo a comparação, a síntese e a seriação.
2. O PEI Standard, voltado para populações acima de 9 anos de idade
e adultos, possui uma série de quatorze instrumentos: Organização de
Pontos; Orientação Espacial I, Comparações, Classificações,
Percepção Analítica, Orientação Espacial II, Ilustrações, Progressões
Numéricas, Relações Familiares, Instruções, Relações Temporais,
Desenho de Padrões, Relações Transitivas e Silogismo.
Através de exercícios com lápis e papel, estruturados em unidades de
complexidade cognitiva crescente e de mediação, o paciente é levado
a entender o seu processo mental, favorecendo a aprendizagem e a
metacognição, possibilitando-lhe, assim, aprender a aprender e
melhor utilizar seu potencial.
No entanto, a organização, o conteúdo, o programa e a duração
dependem das características da população alvo e dos objetivos
específicos pretendidos. No PEI Básico, os instrumentos não
necessitam serem utilizados de maneira ordenada, portanto o
terapeuta tem a flexibilidade na escolha dos instrumentos, de acordo
com as necessidades do seu paciente.
172
A reabilitação neuropsicológica vai além da reabilitação cognitiva; ela é
mais abrangente. A reabilitação cognitiva ocupa-se especificamente do
tratamento das funções cognitivas (atenção, memória, percepção, compreensão
etc.) e tem como objetivo promover uma melhora do desempenho em tarefas
que demandam funções cerebrais determinadas.
173
A importância da avaliação neuropsicológica não se limita à apresentação
de diagnóstico e prognóstico, mas também está em direcionar o processo de
reabilitação cognitiva. Permite obter a inferência das características estruturais
e funcionais do cérebro e do comportamento em situação de estímulo e resposta
definidas, formular, planejar e executar estratégias as quais compõem o plano
de reabilitação neuropsicológica.
174
O planejamento das atividades de reabilitação neuropsicológica necessita
da definição dos objetivos específicos (a curto ou longo prazo), estabelecimento
de metas a serem alcançadas e uma avaliação sistemática dos resultados
obtidos.
175
aprendido e de novos que levem o paciente a refletir sobre seu aprendizado, a
fim de melhorar seu autocontrole e autogerenciamento na vida diária,
aprendendo a lidar melhor com seus déficits neuropsicológicos.
176
Quanto maior a complexidade das ações causadas pelo cérebro, maior a
necessidade de novos processamentos. (Damásio, 2006). Por mais essa
constatação, verificamos a importância da utilização do programa do PEI na
reabilitação neuropsicológica, reforçando o enriquecimento cognitivo, não só
aumentando a unidade de atenção, implementando as estratégias de
experiência mediada, mas também implementando uma estratégia de
processamento informativo.
177
Input:
Elaboração:
Output:
178
Assim, o PEI pode ser usado como um instrumento terapêutico em muitos
casos de distúrbios ou lesões neurológicas, tais como Síndrome de Down,
TDHA, dificuldades de aprendizagem etc., porque as disfunções cognitivas não
se encontram necessariamente associadas com lesões em áreas corticais
particulares, mas tendem a serem sensíveis ao efeito de uma lesão cerebral,
independente de sua localização. Quando usado com rigor neuropsicológico e
clínico, baseado nas necessidades específicas e nos perfis neuropsicológicos
dos indivíduos, o PEI pode ajudar fortemente nesta organização sistêmica e no
seu desenvolvimento funcional, porque o PEI reflete uma modificação
progressiva e qualitativa. (Fonseca, 2005)
179
As formas geométricas vão sendo apresentadas uma a uma, para o
paciente explorar as características das peças, através da manipulação tátil, e
reconhecer as diferentes formas (quadrado, triângulo, polígonos variados,
formas segmentadas irregulares) iniciando das formas mais simples para as
mais complexas.
180
que seja o mais preciso possível, nos detalhes e tamanho da forma explorada,
através da mediação do terapeuta.
Cada forma geométrica deve ser explorada bem, nos três canais
(manipulação, reprodução e reconhecimento) para depois ser passada para
outra figura. O mediador pode tanto avançar séries quanto voltar às anteriores,
sendo flexível e criativo para responder as necessidades do mediado e do
desenvolvimento cognitivo, ajudando a criança a explorar e a observar como está
realizando as propostas. As formas combinam os elementos familiares que foram
percebidos e os elementos novos que devem ser identificados e registrados. As
formas que se assemelham a objetos familiares (escada, estrela, chave...),
ajudam o paciente a nomeálas.
181
O TDAH tem ocupado destaque, a partir dos anos 80, na vida de pais e
profissionais de saúde, sendo um dos distúrbios mais comuns na infância. À vista
disso, o presente artigo abordará o Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade sobre os aspectos da avaliação e reabilitação neuropsicológica.
Além disso, sabe-se que não existem dois cérebros iguais, mas todas as
pessoas possuem vias motoras e sensoriais que são padronizadas. É válido
ressaltar ainda, que a maior parte do sistema nervoso é construída ainda no
182
período embrionário. Porém, existem casos em que o cérebro de uma pessoa
não funciona da mesma maneira que funciona em outros indivíduos no mesmo
estágio de desenvolvimento. (COSENZA, 2011).
183
A partir da década de 1980 o TDAH finamente passou a ser reconhecido
como entidade definitiva quando o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM- III), da Associação Psiquiátrica Americana,
estabeleceu critérios para a definição do transtorno. A última revisão publicada
em 2013, é o DSM-5, que será explanado a posteriori. (MIOTTO, 2017)
184
Afetando cerca de 5,29% da população mundial, e de 3 a 5% das crianças,
o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), é definido como um
transtorno neurobiológico que afeta o neurodesenvolvimento cerebral e envolve
um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade (WHITBOURNE,
2015).
185
Para Couto, Junior e Gomes (2010) há ainda uma deficiência que afeta o
sistema de recompensa, levando o indivíduo com diagnostico de TDAH a ter
menos paciência para atividades de recompensas tardias, antecipando as
consequências de seus atos, respondendo perguntas antes mesmo de terem
sido terminadas.
186
O TDAH, como já mencionado, afeta principalmente crianças (em sua
maioria meninos) nas fases pré-escolar e escolar com sinais de hiperatividade-
impulsividade, causando dificuldades de aprendizagem, em se relacionar tanto
com a família quanto na vida escolar. Apresentam dificuldades, também, para se
organizar, seguir instruções, cumprir tarefas entre outros (SCOTTA, 2014). Algo
que pode ser facilmente confundido com transtorno de oposição, quando não
diagnosticado corretamente. As dificuldades podem afetar a vida escolar e o
rendimento acadêmico, levando a um alto número de evasão escolar e
repetições de disciplinas sucessivamente, notas baixas e colocação em classes
de educação especial, devido a dificuldade de acompanhar as outras crianças
de mesma faixa etária (WHITBOURNE apud WILENS, FARAONE,
BIEDERMAN, 2015).
187
Com uma menor propensão a demonstrar sintomas de hiperatividade-
impulsividade, os adultos acometidos pelo transtorno, normalmente, continuam
com os sintomas de desatenção. Tendo dificuldade de organização de
atividades, cometer erros por desatenção, perder coisas, bem como dificuldades
em manter o foco. Nas mulheres, o nível de comportamentos de alto risco são
menores que nos homens, apresentando mais casos de disforia, problemas de
organização e desatenção. Já no grupo masculino, há mais casos de
envolvimentos com acidentes de trânsitos, bem como envolvimentos com drogas
e tendências a hipersensibilidade e hiper-reatividade, resultando em ataques de
raiva e mau humor intenso (WHITBOURNE, 2015).
188
Com relação à interação social, o TDAH afeta os portadores
independentemente da fase da vida, sendo apresentado de diversas formas
entre as diferentes faixas etárias causando enormes transtornos com o passar
do tempo (WHITBOURNE, 2015).
189
Frequentemente, esses comportamentos acabam sendo diagnosticados
de forma errada como transtorno desafiador e de oposição, o que causa muito
sofrimento tanto para os pais, quanto, principalmente para as
crianças/adolescentes, visto que a identificação precoce do TDAH pode
amenizar ou, até mesmo, eliminar tais comportamentos (CHARACH, 2010).
190
Na idade adulta, visto que o TDAH, nessa fase, afeta de forma diferente
da fase infantil, a questão de interação social segue o mesmo critério.
Normalmente, por terem deficiências no funcionamento executivo, encontram
problemas com relação a organização de tarefas, são desregrados em horários
e manejo do dinheiro bem acompanhar atividades no trabalho, o que resulta
numa maior troca de empregos. A rotatividade não se atem apenas a vida
profissional, mas igualmente em relacionamentos conjugais devido a seu
comportamento impulsivo, conflitos e discussões com relação a desorganização,
atrasos crônicos, esquecimentos e falta de confiabilidade de forma geral
(ROBINS apud WHITBOURNE, 2015).
Comorbidades no TDAH
191
Ainda de acordo com a pesquisa, influências genéticas comuns com os
sintomas de desatenção estão presentes na dislexia, sintomas da hiperatividade-
impulsividade são encontrados nos problemas de transtorno desafiador e de
oposição e o TDAH com sintomas do espectro autista (ROMMELSE, 2010).
192
aproximadamente um terço das crianças que são encaminhadas a
acompanhamento com profissional por condutas desviantes de
comportamentos, podem ter dificuldade de linguagem, mas que não foi
identificado anteriormente.
193
pouco acima da nuca; e a temporal, corresponde a parte lateral, onde ficam os
ouvidos (SCOTTA, 2014).
A área do lobo frontal é a mais afetada pelo TDAH, que pode ser
subdividido em quatro partes: giro pré-central, frontal superior, frontal médio e
frontal inferior. Essas regiões estão comumente relacionadas as áreas motoras,
área de Broca, área que interliga o comportamento bem como a memória de
trabalho. Além do lobo frontal, o TDAH afeta também, o lobo temporal e o
sistema límbico (SCOTTA, 2014).
194
Outras funções afetas na região frontal do cérebro incluem a memória de
trabalho, planejamento e a internalização da fala, presentes nas funções
executivas, e áreas da função cognitiva, que estão relacionadas com a
desatenção, dificuldades da aprendizagem e da linguagem. Há, ainda,
disfunções na amígdala cerebral, acúmbens e hipocampo, responsáveis pela
regulação das emoções, motivação e o sistema de recompensa, ao qual fazem
parte do sistema límbico (ABDA, 2017).
195
e prazer, mantendo a atenção do individuo em determinada tarefa, ainda que a
mesma não gere muito prazer e nos ajuda na realização de atividades que
consideramos desagraveis. Pessoas com TDAH tem dificuldades na finalização
de tarefas devido a pouca produção desse neurotransmissor, dificultando de
seguirem um caminho determinado por um longo período de tempo (SCOTTA,
2014).
196
Segundo Tisser (2017) a Avaliação Neuropsicológica (AN) é uma
avaliação sistemática que envolve uma série de procedimentos técnico-
científicos que estuda a relação entre o cérebro e o comportamento. A avaliação
neuropsicológica é um artifício prático que se utiliza a diversas circunstâncias,
equivale então, a um exame perceptível para avaliar a integridade do
desempenho cerebral, expressa dificuldades psicológica ou neurológica, tratam-
se da aplicação de técnicas de entrevistas, exames quantitativos e qualitativos
de exame das funções que compõem a cognição abrangendo processos de
atenção, percepção, memória, linguagem e raciocínio. Do mesmo modo é
conceituado um exame proveitoso no sistema de diagnóstico e em contexto de
pesquisa clínica quando está implicada a presença cognitiva e comportamental.
A avaliação pode ser formada por meio de baterias fixas, baterias breves
e baterias flexíveis. As baterias fixas são fundamentais dentro da circunstância
de pesquisas ou serviços especializados em determinadas doenças
neurológicas onde é essencial uma avaliação o mais preciso possível. Ela
consente às equipes a sistematização de dados e possibilita a visão comparativa
de casos. As baterias breves, mais apropriadas para aplicação em ambiente
ambulatorial ou de internamento hospitalar proporcionam apenas um resultado
indicativo de alteração e propõe possíveis áreas de investigação, mas não
consente uma avaliação mais detalhada. Na avaliação clínica, onde é comum a
diferença de manifestações, a abordagem por meio de baterias flexíveis é a mais
197
indicada. A partir da exigência, o profissional seleciona as técnicas apropriada
com flexibilidade, pois o processo de avaliar acaba por sugerir áreas a serem
investigadas em profundidade, (MaderJoaquim, 2010 apud Souza; Carvalho;
Dias; Costa, 2012).
Não se encontra uma bateria fixa de testes para avaliar o TDAH. Sendo
assim os instrumentos utilizados para a avaliação diferenciam de acordo com a
exigência do paciente e a escolha do profissional.
198
WAIS III), as técnicas grafo-projetivas, o Bender, Escala Benzick, os critérios do
dsm IV e em alguns casos a lista de REY. (Coelho; Bastos, 2011).
199
De acordo com Capovilla et al. (2007) para avaliação de crianças
brasileiras têm sido desenvolvidas versões de testes tipicamente empregados
para avaliar itens das funções executivas, tais como Teste de Steroup, Trilhas e
Testes da Torre de Londres que analisam atenção seletiva, controle inibitório,
flexibilidade e planejamento, respectivamente. Simultaneamente a tais testes,
têm sido usados Testes de Memória de Trabalho Auditivo e de Memória de
Trabalho Visual, bem como uma versão do Teste de Fluência Verbal FAS. (apud
SOUZA et al. 2012).
200
resposta a mudanças nas circunstâncias ambientais (Miguel, 2005 apud
Souza et al, 2012). No que se refere aos testes projetivos pode-se utilizar
o Rorschach e o TAT
201
Mcmillan e Greenwood (1993), apud Cantiere et al, (2012). Ressaltam que
a reabilitação neuropsicológica deve percorrer pelos campos da neuropsicologia
clínica, análise comportamental, retreinamento cognitivo, psicoterapia individual
e grupal. A investigação do comportamento proporciona, frente a seus inúmeros
procedimentos, a promoção de aprendizagem e alterações comportamentais
numa reabilitação neuropsicológica. A utilização da abordagem comportamental
para a reabilitação é uma técnica de raciocínio clínico e não um amontoado fixo
de métodos que devem ser seguidas rigidamente.
202
Embora existam estudos relacionados aos procedimentos
comportamentais na reabilitação neuropsicológica, percebe-se que ainda existe
uma grande limitação. Esse fator pode estar relacionado não propriamente pela
restrição de pesquisas sobre reabilitação neuropsicológica que utilizam
procedimentos comportamentais, mas possivelmente pelo não conhecimento
dos profissionais de reabilitação, que grande parte dos procedimentos usados
são comportamentais. (CANTIERE et al, 2012).
203
Nas atividades que exigem domínio da função executiva, propõe-se: Jogo
dos Sete erros, objetivo treinar habilidade de atenção, viso construção espacial.
Habilidades requeridas atenção difusa, atenção concentrada, memória
operacional e viso construção espacial. Ligar os pontos objetivo treinar
habilidade de atenção e flexibilidade cognitiva. Habilidades requeridas atenção
concentrada, atenção difusa, memória operacional e flexibilidade de cognitiva.
Construção de blocos objetivo treinar habilidade de atenção e memória.
Habilidade requerida atenção concentrada, atenção difusa e memória
operacional. Dominó baseado em imagens e contas matemáticas objetivo treinar
habilidade de atenção, memória. Habilidade requerida atenção difusa, atenção
concentrada e memória operacional. Quebra-Cabeças objetivo treinar habilidade
de atenção, memória e viso construção espacial. Habilidade requerida atenção
difusa, atenção concentrada, memória operacional e viso construção espacial.
Memória objetivo treinar habilidade de atenção e memória. Habilidade requerida
atenção difusa, atenção concentrada e memória operacional.
204
resultados satisfatórios no desenvolvimento de outras habilidades. (MISSAWA E
ROSSETTI, 2008 apud CANTIERE et al, 2012).
REFERÊNCIAS:
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- https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
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- https://blog.ipog.edu.br/saude/o-que-a-neuropsicologia/
205
- http://www.revistapsicopedagogia.com.br/detalhes/62/papel-das-funcoes-
cognitivas--conativas-e-executivas-na-aprendizagem--uma-abordagem-
neuropsicopedagogica
- https://neurosaber.com.br/funcoes-executivas-o-que-sao-e-para-que-servem/
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- file:///C:/Users/Ana%20Paula/Downloads/25373-92516-1-PB.pdf
- Reabilitação neuropsicológica de déficits de memória em pacientes com
demência de Alzheimer, Renata Ávila 1; Eliane Miotto2 - REVISÃO DE
LITERATURA, Rev. Psiq. Clín. 29 (4):190-196, 2002
- https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1315.pdf
206
Curso de Capacitação e Aperfeiçoamento
em Reabilitação Neuropsicológica
https://bit.ly/2MBgnSi
207