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Kelsen não tratou da justiça dentro da Teoria Pura do Direito, até por se referir
ao Direito positivo. Mas, ressaltou a importância daquele problema para uma política
jurídica, à qual caberia decidir sobre a valoração da conduta humana como conteúdo das
normas jurídicas.
Sustentou Kelsen que a justiça é valor constituído por uma norma jurídica que
serve como esquema de interpretação de conduta: é justa a conduta que corresponde a
essa norma, e será injusta a que a contrariar. Discutir sobre justiça, para Kelsen, é tarefa
da ética, ciência que se ocupa de estudar não as normas jurídicas, mas normas morais, e
que, portanto, se apropria da missão de detectar o certo e o errado, o justo e o injusto. E
muitas são as formas com as quais se concebem o justo e o injusto. Enfim, o que é
justiça?
Kelsen assim fala: a ciência não tem de decidir o que é justo, isto é, prescrever
como devemos tratar os seres humanos, mas descrever aquilo que de fato é valorado
como justo, sem se identificar a si própria com um destes juízos de valor. ( 2003, p.16)
Isso não significa dizer que Kelsen não esteja preocupado em discutir o conceito
de justiça, e mesmo buscar uma concepção própria acerca desse valor. Ele diz que toda
discussão opinativa sobre valores possui um campo delimitado de estudo, que para
Kelsen era a ética. Aqui, sim, cabe debater a justiça ou a injustiça de um governo, de um
regime, de determinadas leis. Por isso Kelsen não se recusa a estudar o justo e o injusto;
ambos possuem lugar na sua teoria, mas não um lugar privilegiado ou de destaque na
Teoria Pura do Direito, obra essa que se foca no Direito Positivo. As muitas
investigações sobre a temática da justiça, como por exemplo, a teoria platônica da
justiça, que se tornou uma obra coesa, publicada postumamente (o que é justiça? A
justiça, o direito e a política no espelho da ciência; O problema da justiça; A ilusão da
justiça etc.).
Resposta nenhuma, muito menos, sobre o que seja justiça se pode encontrar,
para Kelsen, nas teorias jusnaturalistas. Em qualquer teoria do Direito natural, qualquer
que seja sua origem e sua proposta, sempre se estará procurando uma constância de
valores imanentes a “natureza”. Ele quer dizer é que a resposta do Direito natural é a
seguinte: a natureza aparece como legisladora; ou melhor, a natureza é a forma
fundamental de todo ordenamento jurídico. Como o conceito de “natureza” é bastante
amplo, esta natureza pode ser: humana; biológica; social; racional. Na avaliação de
Kelsen, a demonstração, método próprio da ciência natural, é confundida com a
avaliação, método próprio das ciências valorativas. O jusnaturalismo, portanto,
procedendo dessa forma, não estaria apto a responder a problemática do que seria a
justiça.
A questão da justiça pode ser tratada por um detido estudo do que é e do que não
é justo/injusto, mas dessa tarefa está isenta a Ciência do Direito, ao estilo kelsiniano, o
que há de se reter de toda essa reflexão é que a teoria da justiça de Kelsen, na verdade é
fruto de sua postura jurídico-metodológica. O relativismo da justiça.
REFERÊNCIAS:
www.jus.com.br/artigos/25714/
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-justica-sob-a-otica-relativista-de-hans-
kelsen