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Literatura Portuguesa · 11.

º ano

• Manual
zona de cola

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Oo
1 Manual 2 Caderno de Atividades 3 Livro do Professor*

1 Manual Estrutura das sequências


Todas as sequências se organizam de acordo com um
Estrutura do manual
conjunto de secções que se sucedem, conjugam ou
SEA 0 complementam.
Antes de partir… São elas:
Diagnose, Projeto Individual de Leitura, Portefólio Pré-leitura
SEA 1 Leitura / Compreensão
Viagem ao teatro de Garrett Oralidade
Um Auto de Gil Vicente de Almeida Garrett Escrita com a literatura
SEA 2 Escrita sobre a literatura
Viagem pelas histórias camilianas Pós-leitura
A Queda dum Anjo de Camilo Castelo Branco
378 Viagem à poesia do século XX Alexandre O’Neill 379

SEA 3 Pré-leitura Oralidade


1. Escuta atentamente a emissão do programa Sinais, da TSF, cujo título é “A palavra ‘apenas’”.
Escrita sobre a literatura
1. Relê a terceira estrofe do poema de Alexandre O’Neill da página anterior.
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1.1. Resume os acontecimentos que suscitam a reflexão de Fernando Alves. 1.1. Elabora uma breve apresentação fundamentada de duas palavras que, para ti, se

Viagem com os poetas oitocentistas


1.2. Justifica o título da crónica. assumem habitualmente como “coloridas / Entre palavras sem cor”.

1.3. Comenta, a partir da rubrica radiofónica, a importância que uma palavra/as palavras 1.2. Compara a tua opinião com a dos teus colegas e escrevam conjuntamente um texto
pode(m) ter. que revele as preferências vocabulares da turma.

Almeida Garrett, Antero de Quental, Cesário Verde, Há palavras que nos beijam
Há palavras que nos beijam
Escrita com a literatura
1. Completa, com palavras que consideres adequadas e expressivas, os espaços em branco
no excerto da crónica de Manuel António Pina, em que o autor reflete sobre o tema das

António Nobre, Camilo Pessanha


Como se tivessem boca. palavras e da sua relação com os seres humanos. Toma atenção à classe das palavras que
deves utilizar em cada caso (indicada entre parênteses) e seleciona vocábulos que garan-
Palavras de amor, de esperança,
tam a coerência do texto.
De imenso amor, de esperança louca.
As palavras são seres (a) (adjetivo). Mesmo as mais (b) (adjetivo) e mais (c)
5 Palavras nuas que beijas
(adjetivo), dessas que servem, não para (d) (verbo), mas para (e) (verbo), têm (f)
Quando a noite perde o rosto; (nome) e (g) (nome) de sentido que nos deixam de repente ainda mais (h) (adjetivo)
Palavras que se recusam

SEA 4
diante do (i) (adjetivo) mundo de todos os dias. E palavras (j) (adjetivo) e (k) (ad-
Aos muros do teu desgosto. jetivo), pelas quais pensámos um dia ser capazes de (l) (verbo) e envelheceram con-
nosco ou julgávamos (m) (adjetivo), assomam-nos ainda às vezes aos lábios vindas do
De repente coloridas
(n) (nome) da (o) (nome) (ou, quem sabe?, do (p) (nome) do coração) como se
10 Entre palavras sem cor,
nos dissessem: “Sou eu, não me ouves chamar?”
Esperadas inesperadas

Viagem ao teatro de Raul Brandão


Como a poesia ou o amor. PINA, Manuel António, “O ano da morte de José Saramago”, in Notícias Magazine, n.º 945, 4 de julho de 2010

(O nome de quem se ama


Letra a letra revelado Pós-leitura Oralidade
No mármore distraído

O Doido e a Morte de Raul Brandão


15

No papel abandonado) 1. Atenta na primeira estrofe do poema “As Palavras”, de Eugénio de Andrade.

Palavras que nos transportam


São como um cristal,
Aonde a noite é mais forte,
as palavras.
Ao silêncio dos amantes
Algumas, um punhal,
20 Abraçados contra a morte.
um incêndio.

SEA 5
Manuel Cargaleiro, sem título, 1968 5 Outras,
O’NEILL, Alexandre. Op. cit.
orvalho apenas.

ANDRADE, Eugénio, 2013. Coração do Dia


Leitura Compreensão – Mar de setembro. Porto: Assírio & Alvim

Viagem ou Aparição, com Vergílio Ferreira


1. Apresenta a tua interpretação dos dois primeiros versos do poema.
1.1. Identifica a comparação que, na tua opinião, evidencia de forma mais expressiva a
2. Analisa o sentido da segunda estrofe. natureza das palavras.
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3. Comenta a funcionalidade do discurso parentético. 1.1.1. Organiza com os teus colegas um diálogo argumentativo no qual troquem
impressões sobre as diferentes perspetivas apresentadas na resposta à ques-

Aparição de Vergílio Ferreira


4. Faz a descrição da estrutura externa do poema. tão anterior.

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SEA 6
VIAGEM… DO TEXTO AO CONTEXTO
Viagem à poesia do século XX
114 Viagem… do texto ao contexto A Queda dum Anjo 149 A Queda dum Anjo 151

O escrever de hoje Pré-leitura Pós-leitura

Mário de Sá-Carneiro, Sophia de Mello


1. Observa atentamente o cartoon e descreve objetivamente a situação representada. 1. Lê com atenção o texto de Ricardo Araújo Pereira.
Dizem que o escrever de hoje é dessorado1 de erudição, leviano2, vaporoso3, ginástico,
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estridente, cabalístico4, bafagem5 de brisa, balão aerostático6, fogo chinês, vicejante, on-
dulante, estrepitoso e abismador!
Não é tudo assim. Elogio dos deputados
5 Popularizada a literatura, era necessário despojá-la das alfaias7 graves e sinceras da
ciência, trazê-la da profundeza da erudição à superfície das inteligências vulgares, e vesti-
-la do maravilhoso surpreendedor, já que o
lógico verosímil é repelido da biblioteca da
Breyner Andresen, Alexandre O’Neill, Na quarta-feira da semana passada, só 110 dos 230 depu-
tados estiveram presentes na Assembleia da República.
O país melindrou-se. Eu cá gostei. A debandada é a prova

Manuel Alegre
de que a nossa democracia funciona na perfeição. Não
burguesa e do artista. Para captar a bene- esqueço que os deputados são os representantes do
5
10 volência da leitora, precisava-se da história povo português, e eu estou disposto a apostar que
de uns amores trágicos, urgentes, e lamen- aquilo que eles fizeram é exatamente o que o povo
tosos. Para a do artista, cumpria ampliar- português faria se estivesse no lugar deles: assi-
-lhe a órbita do espírito apoucado, osten- nar o livro de ponto à sorrelfa e pirar-se para
tando-lhe no molde do romance a forma 10 umas férias prolongadas. Nós somos assim,
15 real, augusta, e humanitária da arte. O estilo pelo que me parece muito saudável, poli-
devia ser exagerado como o pensamento: ticamente falando, que os nossos repre-
quimérico8, híbrido, e mentiroso como todas sentantes sejam uma cristalização ainda
as teorias, criadas no caos de todas as práticas. mais espertalhona dessa maneira de ser.
Trabalho exclusivamente do coração, artima- 15 Sim, claro: o país não avança e tal. Mas a
gente diverte-se bastante.
20 nha política, método civilizador, era aquele o único João Fazenda
Sempre que calha haver um ano com
adaptado para cabeças sem cultura, sem sistema,
muitos feriados junto de fins de semana,
prenhes de utopias e fumos de socialismo, como
recebo dezenas de e-mails (às vezes ainda em setembro do ano anterior) que dizem:
ele se escreve em jornais e romances. Criou-se, 20 “Amigos, vem aí um ano com muitas pontes! Comecem já a preparar as férias!” […]
pois, uma escola militante. E o povo aplaude Posso garantir que nunca recebi um único e-mail a dizer: “Amigos, vem aí um ano
25 esses estereótipos baratos consagrados ao povo, com muitas pontes! Vamos todos dar as mãos e, em prol do futuro do nosso país,
Luís Afonso, in Sociedade Recreativa
entenda ou não entenda o que lê, possa ou não trabalhemos a dobrar nesses fins de semana prolongados, para que não haja qual-
André Carrilho, Camilo Castelo Branco, in Única,
possa digerir e dirigir o que entende. […] n.º 1798, 14 de abril de 2007
1.1. Relaciona a sua dimensão metafórica com o momento narrativo apresentado no quer decréscimo de produtividade!” […]

Cenários de resposta dos


O certo é que existe uma escola romântica, excerto de A Queda dum Anjo abaixo transcrito. 25 Saúdo, por isso, o comportamento, bem português, dos nossos parlamentares.
democrata, social e regeneradora. Não tem academias, nem paragem determinada. Mais: compreendo perfeitamente que, regra geral, os deputados evitem compare-
30 É imensa, elétrica e omnipotente. Lá é que se aprende a agradar às turbas, delas se inspira cer na Assembleia da República. Parece que o sítio é muito mal frequentado. E fica-
esta mocidade coroada e corajosa, é dela finalmente que surdem os apodos9 e vaias literá- XXXIII – Escândalos ria muito desiludido se punissem os deputados pelo que fizeram no dia 12. Já lhes
tiraram o direito de viajar em primeira classe. Agora, exigem-lhes presença conti-

questionários do manual e outras


rias para os que sacrificam ao passado o cabedal de inteligência negativa para esta socie-
dade aspiradora. 30 nuada na Assembleia da República. Se continuam a tirar-lhes as regalias todas,
Abriram-se as Câmaras. qualquer dia ninguém quer ir para deputado. Assim, mais vale ir trabalhar. E o mer-
O escritor destas cousas ainda não abriu matrícula, nem pede que o inscrevam ainda A oposição espantou-se de ver o deputado por Miranda conversando muito mão por cado de trabalho já é suficientemente difícil sem termos cem ou duzentos destes
35 à custa de uma boa reputação de folhetinista. Se a escola, em nome do século, do futuro e mão com os ministros. O abade de Estevães ousou perguntar ao seu colega, amigo e corre- espertalhões do parlamento a concorrerem connosco.
da humanidade, o interrogar pela substância útil deste apontoado de palavras, o autor

informações relevantes no Livro


ligionário1, de que rumo estava. Calisto respondeu que estava no rumo em que o farol da
não lhe dá resposta alguma. 5 civilização alumiava com mais clara luz. O desembargador do eclesiástico redarguiu com PEREIRA, Ricardo Araújo, 2007. Boca do Inferno. Lisboa: Tinta-da-China (4.ª ed.)

admoestações benévolas. O morgado sorriu-lhe na cara veneranda2, e disse-lhe:


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CASTELO BRANCO, Camilo, “Introdução a Anátema [1851]”, apud REIS, Carlos, e PIRES,
Maria da Natividade, 1993. História Crítica da Literatura, vol. V. Lisboa: Verbo – Meu amigo, abra os olhos, que não há martirológio3 para as toupeiras. As ideias não
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1.1. Estabelece uma leitura intertextual entre a crónica e A Queda dum Anjo, apontando

do Professor.
se formam na cabeça do homem; voejam na atmosfera, respiram-se no ar, bebem-se na
1. fraco; 2. que denota pouco juízo; 3. leve, pouco consistente; 4. misterioso, obscuro; 5. sopro brando; 6. que se equilibra no água, coam-se no sangue, entram nas moléculas, e refundem, reformam e renovam a semelhanças ao nível das temáticas exploradas e dos meios colocados ao serviço da
ar; 7. instrumentos; 8. fantástico; 9. ditos zombeteiros, chacotas.
10 compleição do homem. crítica pelos autores.

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98 Viagem ao teatro de Garrett Um Auto de Gil Vicente 99

Paula – El-rei, que vem achar a infanta sua filha com um homem escondido em sua câ- Leitura Compreensão

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mara. – Devaneai agora à vontade: já completastes a vossa obra.
95 Bernardim (caindo em si, e com tranquilidade) – Não tenhais receio. Estou perfeitamente 1. Relaciona as referências ao rei nas segunda e terceira falas de Beatriz com as palavras de
em meus sentidos. – Beatriz, um derradeiro adeus – um adeus até ao Céu! – A rola, que D. Manuel no início da cena II do terceiro ato (página 88).
perdeu o companheiro, deixa-se morrer de míngua sobre o ramo lascado da árvore em 2. Partindo da leitura atenta do verbete abaixo, justifica a utilização do adjetivo “fatal” na
que lho mataram… – Estas águas, em que já baloiça o navio em que te levam – Bea- caracterização do anel feita por D. Beatriz (l. 21).
triz!… (Ajoelha e esconde o rosto entre as mãos da infanta.) estas águas que me roubam
100 tudo… (Ouve-se grande alarido.)
Paula – El-rei que entra… Fatal adj. 2 gén. 1. traçado pelo destino ou fado; 2. que traz consigo a
Bernardim – Que tomem também a minha vida. (Arremessa-se, pela varanda do galeão, desgraça e a infelicidade; 3. que causa a morte; 4. que não se pode alterar
ao mar.) nem evitar; inevitável; irrevogável • Do latim fata–le-, “idem”

Dona Beatriz – Ai! (cai sem sentidos.8) Grande Dicionário da Língua Portuguesa, 2010. Porto: Porto Editora
105 Paula (olha para o rio, e volta em desespero) – Já vai seguido o galeão!

3. Esclarece as interpretações contraditórias de Paula e D. Beatriz acerca da “surpresa” (l. 21)


da noite anterior.

4. Analisa as falas de Bernardim Ribeiro, explicitando os seus traços românticos, nomeada-


mente no que diz respeito a:
conceção e caracterização da mulher amada;
papel da morte;
linguagem e recursos expressivos.

5. Aponta dois elementos cénicos que contribuem para intensificar o dilema expresso por
Paula na cena XIII.

6. Reconstitui, com base no excerto, as fases do desenvolvimento emocional de Bernardim


no final da peça.

7. Comenta a importância da fala de D. Manuel com que termina a peça de Garrett.


Cena Última
8. Identifica o momento temporal em que decorrem os acontecimentos das cenas transcritas.
Dona Beatriz, Paula Vicente, El-Rei Dom Manuel e Séquito
8.1. Relaciona-o com o dos atos anteriores e apresenta uma interpretação simbólica
Paula ajoelha junto à infanta estendida no chão, e lhe beija a mão muitas vezes, leva-a dessa progressão.
ao coração, e levanta-se precipitadamente. – Neste mesmo instante entra el-rei. Ver Glossário p. 109

Dom Manuel – O último adeus, minha filha, um abraço ainda! (Todos rodeiam a infanta.)
110 Já o galeão vai navegado! Tomou-a o susto. – Filha! (Aparte.) Eu constrangi sua von- Escrita com a literatura
tade. – Meus Deus, se eu matei a minha filha!
1. Transforma as cenas finais de Um Auto de Gil Vicente (cenas XII a XIV) num texto narrativo.
GARRETT, Almeida. Op. cit.
Considera, para além das falas das personagens, as informações fornecidas nas didascá-
1. provação, sofrimento ou infelicidade que testa a resistência ou a coragem; 2. castigo, penitência; 3. alivia da pena, con- lias, e apresenta o relato através de um narrador homo ou autodiegético. Podes integrar
sola; 4. salvou, libertou (do castigo); 5. ciúmes; 6. haste, caule; 7. ceife, corte (do verbo “segar”); 8. "Na nota E ao canto nono momentos de diálogo e breves passagens descritivas.
do poema Camões, se promete ilustrar o ponto destes amores de Bernardim Ribeiro e de sua romanesca vida. Mas não me
atrevo por ora a cumprir tal promessa. Aqui atirei com ele ao mar porque me era preciso; e o público disse que era bem ati- Começa por planificar o teu texto e, depois da textualização, revê cuidadosamente a tua

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rado. É o que me importa. Se ele foi ou não a Saboia depois, como eu já cuidei averiguado, se andou doido pela serra de produção, corrigindo eventuais falhas, aperfeiçoando o discurso e enriquecendo-o esti-
Sintra, também me não atrevo a certificar, – O que parece mais certo é que não morreu de paixão porque depois foi feito
listicamente.
comendador da Ordem de Cristo, e governador de S. Jorge da Mina, onde talvez morresse de alguma carneirada; materialís-
simo e mui prosaico fim de tão romântica, saudosa e poética vida. Aprendei aqui, ó Beatrizes deste mundo!" (A. Garrett).

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4 e-Manual Premium (exclusivo para o Professor) 5 e-Manual do Aluno

São ainda apresentados ao longo das sequências: Construção do saber


Projeto individual de leitura • Propostas de trabalho para construção autónoma de
saber, com informações de apoio ao trabalho dos
• Atividades para desenvolvimento do projeto, com
textos nos Recursos do Projeto (e-Manual Premium)
sugestões de leituras contextualizadas com autores
e obras do programa 118 Viagem pelas histórias camilianas

Leitura Compreensão
Camilo: o autor e a obra 119

1. Interpreta a afirmação: “Tão grande é a nomeada de V. Ex.ª que nem se faz mister o apelido”
Um homem que escreveu tão depressa

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(ll. 5-6). quanto viveu
2. Justifica a opção do remetente de não “tratar pelo título” (l. 2) Camilo Castelo Branco. A vastidão da bibliografia camiliana é motivo mais do que suficiente para desper-
Um Auto de Gil Vicente 107 342 Viagem à poesia do século XX
tar-nos a curiosidade acerca da sua vida. Com efeito, a mais de uma centena de títu-
3. Resume as avaliações contraditórias da obra de Camilo apresentadas nos parágrafos dois
los, que, durante (a) anos (1850- (b) ), apareceram com a chancela de Camilo
a quatro.
Castelo Branco sugere-nos, desde logo, que estamos em presença de um caso invul-
Projeto Individual de Leitura Projeto Individual de Leitura 4. Comenta o efeito de sentido produzido com a comparação do autor a um “franco-atirador” (l. 41). 5 gar de fertilidade literária, passível, no entanto, de uma qualquer explicação. Aquela
que se nos afigura mais verosímil é a de buscarmos na vida do homem as motivações
5. Analisa a expressividade da frase “Matéria não falta aí…” (l. 44), no contexto da reflexão mais próximas para a sua obra, apesar de reconhecermos, desde já, que a obra literá-
1. Atenta no texto da contracapa da obra Os Dias da Febre de João Pedro Marques. 1. Lê atentamente o poema.
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sobre a “sátira política” (l. 43) do autor de A Queda dum Anjo. ria é, parafraseando o poeta, um fingimento. A de Camilo é, decerto, também um
6. Regista as informações biográficas de Camilo Castelo Branco apresentadas no texto. fingimento, mas um “fingimento verdadeiro”. […]
“Os Dias da Febre narra as circunstâncias que conduziram ao reencontro de Robert e Elvira,
e o que dele decorreu. O cerne da ação situa-se em 1857, quando Lisboa estava a ser atingida O poema (I) 10 Dissemos, e insistimos, que a vida de Camilo poderá justificar, até certo ponto, a
sua fecundidade literária, porque este homem escreveu tão depressa quanto viveu,
por uma epidemia da febre-amarela que mataria quase 5 mil pessoas. É nesse contexto alar-
sem, todavia, escrever à pressa. Mencionemos, por isso, alguns episódios da vida ca-
mante e febril que a intriga se desenvolve e que o leitor é convidado não só a conviver com as Esclarecendo que o poema
5 figuras da época, mas também a percorrer a cidade em toda a sua diversidade […]. Isto signi- é um duelo agudíssimo
Construção do saber miliana que possam fornecer-nos tal justificação.
Filho de pai solteiro, que perdeu aos (c) anos, então já órfão de mãe, Camilo
fica que não estamos apenas perante um romance sobre uma epidemia, a morte e o amor: quero eu dizer um dedo 1. Faz uma pesquisa sobre a vida e a obra 15 deixa (d) , onde nascera, e vai com a (e) viver para Vila Real, para casa da sua
Os Dias da Febre é também uma viagem pelos sons, os cheiros, as gentes, as casas, os costu- agudíssimo claro de Camilo Castelo Branco que te per- (f) Rita que, conluiada com o amante, defrauda as crianças na herança a que ti-
mes, as cores – numa palavra, pela vida – da Lisboa de meados do século XIX.” 5 apontado ao coração do homem mita, com a informação recolhida, com- nham direito. Aos 16 anos, casa-se, em Ribeira de Pena, com (g) , a Quininha, um
falo pletar os dados biográficos do autor em ano mais nova do que ele. O nascimento da filha (h) perturbou, decerto, Camilo,
1.1. Estabelece pontos de aproximação entre a ação do romance e a de Um Auto de Gil
com uma agulha de sangue falta no texto da página seguinte. que se viu pai aos 18 anos. Estamos em (i) , ano em que decide sair de Vila Real e
Vicente, de Almeida Garrett.
a coser-me todo o corpo Para o efeito, podes consultar, entre 20 vir para o (j) , matriculando-se na Escola Médica, que não chegará a completar,
1.2. Lê o excerto do livro. à garganta outros textos, os verbetes/capítulos dedi- tendo perdido um ano, pelo menos, por faltas. Aos 21 anos […], Camilo inicia uma
cados a Camilo nas obras: José Passos, Escritório de Camilo, sem data regular colaboração jornalística no Nacional e no Periódico dos Pobres, dois jornais
A carruagem percorreu ruidosamente os últimos metros de 10 e a esta terra imóvel ideologicamente antagónicos, o que nos permite antever o profissional da pena que
onde já a minha sombra AA.VV. Biblos – Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa, vol. 1.
calçada estreita e escura e desaguou na luz intensa do Rossio, de- sempre seria.
é um traço de alarme Lisboa: Verbo
tendo-se junto ao Teatro D. Maria II. Carlos desceu vagarosamente 25 Viúvo de Quininha, aos 22 anos, continua Camilo a escrever para viver. Por vezes
[…]. Fixou o seu olhar opaco na mulher e, estendendo a mão, AA. VV. História da Literatura Portuguesa – O Romantismo, vol. 4. Mem Martins: Alfa com dificuldades que não adivinharia, já que alguns dos seus escritos jornalísticos
JORGE, Luiza Neto, in CRUZ, Gastão (seleção e prefácio), 2004.
5 grande como uma pá, ajudou-a a descer. Depois, cumprimentou Quinze Poetas Portugueses do Século XX. Lisboa: Assírio & Alvim BUESCU, Helena Carvalhão (coord.). Dicionário do Romantismo Literário lhe granjearam fortes inimizades. […]
discretamente alguns conhecidos e, com Elvira pelo braço, entrou Português. Lisboa: Caminho Em 1857, temo-lo em Viana do Castelo a chefiar a redação do jornal A Aurora do
no teatro. […] Lima. Parece que a razão fundamental por que terá ido para Viana se prendeu com a
CABRAL, Alexandre. Dicionário de Camilo Castelo Branco. Lisboa: Caminho
Elvira e Carlos estavam a sentar-se nos seus lugares, no cama- 1.1. Interpreta: 30 estadia, nessa cidade, de Ana Plácido […].
rote, quando soaram as pancadas de Molière e a sala começou a COELHO, Jacinto do Prado (dir.). Dicionário de Literatura Portuguesa, vol. 1.
a. a definição metafórica de poema apresentada na primeira estrofe; Ana Plácido entra, então, na vida de Camilo para não mais sair dela. Foi ela a sua
10 escurecer. Elvira ainda teve tempo de reparar que os lugares esta- Porto: Figueirinhas
mulher fatal, que compartilhou com ele a felicidade da casa de São Miguel de Ceide,
vam quase todos ocupados. Por ela, teria gostado de estar mais em b. a imagem utilizada na quadra; FRANÇA, José-Augusto. O Romantismo em Portugal. Lisboa: Livros Horizonte mas também o infortúnio duma cela da Cadeia da (k) , onde ambos estiveram pre-
cima do palco, na primeira fila se possível, mas Carlos achava que os camarotes eram preferí- c. a relação sujeito poético/destinatário descrita ao longo do poema. sos alguns meses por acusação do marido de Ana Plácido, o rico comerciante lis-
LOPES, Óscar, e SARAIVA, António José. História da Literatura Portuguesa. Porto:
veis à plateia, pois preservavam as senhoras do risco e incómodo de se sentarem ao lado de 1.2. Propõe um novo título para o poema, fundamentando a tua escolha com dois argu- boeta (l) , desejoso de vingar o escândalo adulterino de Camilo com a sua mulher.
Porto Editora 35
algum atrevido. mentos decorrentes da leitura do texto. Os sintomas duma (m) irremediável vêm, por fim, juntar-se a esta vida senti-
15 O pano abriu-se devagar, deixando ver um cenário fantástico […]. PAIS, Amélia Pinto. História da Literatura Portuguesa – Uma Perspetiva Didática,
1.3. O poema de Luiza Neto Jorge integra a antologia Quinze Poetas Portugueses do mental e socialmente atribulada. O (n) , em 1890, aos (o) anos, foi, por isso, a
Depois, a peça começava a correr em direção ao seu núcleo central: o amor intenso, mas vol. 2. Porto: Areal
Século XX, organizada por Gastão Cruz, que contempla igualmente textos de Fer- única saída que Camilo encontrou para poder morrer livre, isto é, perdidos os olhos
proibido, de um oficial inglês, o médico do regimento recém-chegado, por uma bela mulher indispensáveis para a sua sobrevivência como escritor, sua profissão de sempre, não
nando Pessoa, Jorge de Sena, Eugénio de Andrade, António Ramos Rosa e Herberto
francesa, casada com um importante cidadão local. A peça tinha algumas passagens franca- REIS, Carlos. Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea. Lisboa: Universidade 40 quis o autor de A Queda dum Anjo suscitar compaixão ou caridade. Escreveu livre-
Helder, entre outros poetas de novecentos.
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mente ousadas e eróticas, tanto no que os amantes diziam um ao outro, como no que faziam. Aberta
REIS, Carlos, e PIRES, Maria da Natividade. História Crítica da Literatura Portuguesa mente, por isso escolheu morrer livremente.
20 Havia uma cena em que a bela francesa permitia que o médico lhe pegasse no pé descalço. E Se te interessa conhecer a produção poética nacional do século passado, faz a lei-
[O Romantismo], vol. V. Lisboa: Verbo
uma outra onde, já à saída de cena e a caminho dos bastidores, se sugeria um beijo apaixo- tura integral da obra e elabora uma ficha de leitura sobre ela. Arquiva-a, depois, no TRIGO, Salvato, “Introdução”, in CASTELO BRANCO, Camilo, 1999. A Queda dum Anjo. Porto: Civilização (adaptado)

nado, na boca, e se via, projetada no cenário, a sombra dos dois amantes, enlaçados. teu Projeto Individual de Leitura.
Elvira, que fora conquistada desde o primeiro momento, estava perfeitamente imóvel, 2. Caso te cativem as antologias poéticas, podes ainda ler uma das coletâneas abaixo sugeridas.
chegada para a frente, com os cotovelos apoiados no rebordo de marroquim1 do camarote, e
25 seguindo todo o enredo com extremo interesse e atenção. Identificara-se de imediato com a FANHA, José, e LETRIA, José Jorge. Cem Poemas Portugueses no Feminino.
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vivacidade da francesa, deixara-se encantar pela gentileza do médico e tomara partido por FANHA, José, e LETRIA, José Jorge. Cem Sonetos Portugueses.
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aquela paixão clandestina. Nunca condenaria uma mulher que seguisse, como a francesa se- FANHA, José, e LETRIA, José Jorge. Cem Poemas Portugueses do Riso e do Maldizer.
guia, os ditames do seu coração. Nunca! Carlos, por seu lado, cedo começara a agitar-se na
MOURA, Vasco Graça. 366 Poemas que Falam de Amor.
cadeira. Sentia-se algo incomodado e perguntava a si próprio como é que certas cenas tinham

• Glossário temático
30 sido autorizadas num espetáculo público e num teatro nacional em Lisboa. PEDROSA, Inês. Poesia de Amor (Antologia de poesia portuguesa).

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No final de cada sequência surge um glossário


relacionado com os textos e os autores estudados
Leitura para informação
Ficha formativa
• Textos informativos, com sugestões de exploração nos No final de cada sequência surge uma ficha formativa
Recursos do Projeto (e-Manual Premium) com a estrutura do Exame Nacional sobre os conteúdos
• Esquemas de apoio ao estudo das obras do programa trabalhados.
Mário de Sá-Carneiro 353 326 Viagem ou Aparição, com Vergílio Ferreira 272 Ficha Formativa Viagem ao teatro de Raul Brandão 273

Leitura para informação Leitura para informação Grupo I Grupo II


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A poesia de Mário de Sá-Carneiro Os elementos trágicos em Aparição Faz a leitura atenta do excerto de O Doido e a Morte que se segue. Lê com atenção o poema abaixo transcrito.
Em homenagem publicada no n.º 2 da revista Athena
Descrição assente na sensualidade, na sedução carnal e num
(novembro de 1924), escreve Fernando Pessoa: “Morre Sr. Milhões – És uma sombra e bff… (Sopra-lhe e o outro estremece) faço-te desaparecer como
Ser doido-alegre
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Sofia comportamento e numa ideologia marcados pelo apelo ao


jovem o que os Deuses amam é um preceito da sabe- uma sombra. Tenho de suprimir a ninharia da vida. Estas duas coisas não podem mais
desviante.
doria antiga. E por certo a imaginação, que figura coabitar – esta estupidez e este sonho dorido e imenso, o grotesco de todos os dias, quando
Caracterização Apresentação centrada nos traços disformes e invulgares Ser doido-alegre, que maior ventura!
5 novos mundos, e a arte, que em obras os finge são de
do outro lado galopa e passa uma coisa sôfrega e imensa. Tu não te podes chamar Baltazar
que conferem à personagem uma aparência serena e Morrer vivendo p’ ra além da verdade.
os sinais notáveis d’ esse amor divino. Não conce- personagens 5 Moscoso, e ao mesmo tempo existir o céu estrelado. Venham todos os fantasmas!
inofensiva. A sua ingenuidade aparente revelar-se-á como É tão feliz quem goza tal loucura
dem os Deuses esses dons para que sejamos felizes, Carolino incapacidade de compreender cabalmente as teorias de Governador Civil – Acudam! acudam! acudam! Que nem na morte crê, que felicidade!
senão para que sejamos seus pares. Quem ama ama Alberto, acabando por deturpá-las para justificar o(s) seu(s)
ato(s) de loucura e de destruição. Sr. Milhões – Não posso viver com isto, frenético e doirado, e regular a existência como o
só a igual, porque o faz igual com amá-lo. […] 5 Encara, rindo, a vida que o tortura,
maquinismo dum relógio; não posso às mesmas horas – eu nisso sou como um pêndulo –
10 “[…] Génio na arte, não teve Sá-Carneiro nem Espaço Os espaços do Alentejo simbolicamente associados à desgraça. Sem ver na esmola, a falsa caridade,
fazer certa coisa imunda num buraco de secção elíptica, quando o mundo está cheio de
alegria nem felicidade nesta vida. Só a arte, que fez ou Que bem no fundo é só vaidade pura,
Indícios recorrentes, ao longo da ação, do final fatídico da história de Alberto em 10 gritos e o meu pensamento se eleva às mais altas elucubrações filosóficas. Pff! pff! Não, não
que sentiu, por instantes o turbou de consolação. Se acaso houver pureza na vaidade.
Presságios Évora (omnipresença da discussão sobre a morte, alusões a “espetros”, a estátua posso com este esplendor e esta abjeção, este ridículo e este desespero – e vamos morrer!
São assim os que os Deuses fadaram seus. Nem o de Florbela Espanca). vamos enfim morrer! (Vai carregar no botão). Já que não tenho, tal como preciso,
amor os quer, nem a esperança os busca, nem a
15 glória os acolhe. Ou morrem jovens, ou a si mes-
A atitude existencialista de Alberto Soares é um desafio à Governador Civil – Alto! alto! alto! 10 A felicidade que esse doido tem
organização social estabelecida – ele é considerado um De ver no purgatório um paraíso...
mos sobrevivem, íncolas1 da incompreensão ou elemento desestabilizador da pacata cidade de Évora. Sofia, Sr. Milhões – Soou a hora.
da indiferença. Este morreu jovem, porque os Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro por seu lado, provoca, seduz, não estabelece laços,
15 Governador Civil – Morrer! Mo… Mas eu não estou doente! Nem a cabeça me dói… Então Direi, ao contemplar o seu sorriso,
Deuses lhe tiveram muito amor […]”. Hybris desafiando a moral instituída e afirmando, assim, a sua
Ai quem me dera ser doido também
consciência da angústia que marca a condição humana e eu hei de ser governador civil e morrer?! Então eu hei de ter talento e morrer?!
Estas palavras, escritas por quem melhor o conheceu e compreendeu, resumem o (desafio)
P’ra suportar melhor quem tem juízo.
que muitos procuram ignorar; Carolino leva a loucura às Sr. Milhões – É hora de morrer.
20 destino trágico daquele que foi seu companheiro da aventura órfica2, fiel discípulo e
últimas consequências, tentando, através da sua atitude, o
“único grande amigo”. Incompreendido pelos contemporâneos, como os demais “malu- assassínio, ultrapassar a sua própria condição de ser Governador Civil – O senhor é cruel. Não me dispute os últimos momentos. ALEIXO, António, 2007. Este Livro que Vos Deixo....
Cruz Quebrada: Casa das Letras (15.ª ed.)
quinhos de Orpheu”, Mário de Sá-Carneiro teve sempre em Fernando Pessoa um leitor humano, desejando alcançar uma essência divina.1
Sr. Milhões – O que eu sou é seu amigo. Tenho estado aqui a prepará-lo para a grande hora
atento e crítico, que muito contribuiu para afinar a sua personalidade literária e, após o
Pathos As personagens experimentam o sofrimento face à 20 da libertação. Há mais alguma coisa que lhe possa fazer? Vai agora?
suicídio, para lhe divulgar a obra junto do grande público. […] descoberta e à sua incapacidade de encontrar “soluções”.1
(sofrimento)
Governador Civil – O senhor é pior que um inquisidor. Não me tire os últimos segundos, os Responde, de modo completo e cuidado, às perguntas apresentadas.
25 Foi Pessoa o primeiro a render preito3 ao génio de Mário de Sá-Carneiro, que não lhe
permitiu ter “alegria nem felicidade nesta vida”. Essa genialidade teve expressão, de Elementos Ágon (conflito) O conflito interior das personagens. segundos dum condenado à morte. Aposto que está a gozar com a minha agonia. Em troca 1. Delimita as diferentes partes do poema, fundamentando a tua resposta.
facto, numa ânsia de absoluto, lograda4 e consciente do seu logro5, que constituiu certa- da tragédia da vida dou-lhe tudo o que quiser, a minha influência, o meu dinheiro, as minhas peças, a
O reconhecimento funciona, na obra, ao nível da descoberta
mente um dos motivos profundos do suicídio do poeta. A forma obsessiva como na sua clássica glória. 2. Com base nas duas quadras, indica três traços que caracterizam o “doido-alegre” (v. 1).
Anagnórise do próprio “eu” e do processo de redobramento que
obra alude ao suicídio, seja nos contos, seja nos poemas, seja na correspondência en- (reconhecimento) caracteriza a construção das personagens; Alberto 25 Sr. Milhões – Recuso, sou intransigente nos meus princípios. 3. Comenta a importância do último terceto na construção do sentido global do soneto.
30 viada a Fernando Pessoa (vejam-se, sobretudo, as cartas de março e abril de 1916) mos- reconhece-se, parcialmente, noutras figuras humanas.1

tra como o “mal de viver” cedo se lhe instalou na alma (“tédio”, “náusea”, “dor” são alguns 4. Identifica dois dos recursos estilísticos presentes no texto, realçando a sua expressivi-
Katastrophé Morte física de Cristina e de Sofia. Anulação de Carolino. BRANDÃO, Raul, 2001. O Doido e a Morte. Lisboa: Colibri
dos nomes que dá ao seu cansaço de viver) e como as razões invocadas nas últimas (catástrofe) dade.
cartas (dificuldades financeiras, complicações amorosas) foram apenas o pretexto ime- O destino está omnipresente ao longo da obra mas “Alberto,
diato do seu ato de desespero. Como tem sido sublinhado em diversos estudos críticos, ele próprio, concretiza-se em agente do destino, já que será Responde, de modo completo e cuidado, às perguntas apresentadas.
toda a obra de Sá-Carneiro é uma encenação do suicídio e a ele conduz. […] ele que irá despertar os inconscientes adormecidos e
35
Ananké chamá-los à descoberta, que […] será uma maldição punível, 1. Localiza o excerto na globalidade da obra a que pertence. Grupo III
O poema “Quase” [cf. Caderno de Atividades, pp. 64-65] é, na nossa poesia, uma das mais lúcidas e
(destino) por vezes, com a própria vida. Como elemento “perturbador”,
pungentes formulações da frustração, da impossibilidade de absoluto, do percurso de as- ele vai, inconscientemente, associar-se à força do próprio 2. Aponta dois dos traços de carácter de cada uma das personagens, fundamentando a tua
censão e queda que o autor de “Vislumbre” levou até às últimas consequências. Em inúme- resposta com elementos textuais. Num texto bem estruturado, de cem a duzentas palavras, apresenta as tuas impressões de
destino, precipitando-se e aos que o ouvem para um
ras metáforas, surpreendentes ora pela sua bizarria ora pelo seu dramatismo, Sá-Carneiro desenlace trágico.”2 leitura da peça O Doido e a Morte de Raul Brandão.
3. Interpreta as palavras do Sr. Milhões, no contexto em que ocorrem: “Tu não te podes cha-
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40 glosou essa mágoa de ser “quase”, de não chegar “além”, e n’ “Os Últimos Poemas” (escritos
1. JACINTO, Conceição, e LANÇA, Gabriela, 2001. Aparição – Vergílio Ferreira. Porto: Porto Editora (adaptado e mar Baltazar Moscoso, e ao mesmo tempo existir o céu estrelado.” (ll. 4-5)
entre novembro de 1915 e 1916) deixou-nos uma imagem ora autopiedosa ora impiedosa com supressões); 2. GONÇALVES, Maria da Graça Verschneider, e SANTOS, Teresa Paula, 1998. Introdução ao
estudo de “Aparição”. Coimbra: Almedina (2.ª ed.) 4. Sintetiza a crítica social veiculada pelo diálogo entre os dois interlocutores.
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2 Caderno de Atividades 4 e-Manual Premium
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s do Programa Recursos do Projeto em contexto.
um) • Fichas de trabalho sobre as sequências de ensino- • Registos áudio e vídeo
o: o autor e a obra 119
-aprendizagem segundo a estrutura de Exame • Registos radiofónicos
Nacional (com sugestões de resolução)
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• Transcrição de registos áudio e radiofónicos
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• PowerPoint® didáticos (apoio ao estudo das obras/


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• Exemplo de resolução de prova de Exame Nacional


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autores do Programa)
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• Glossários globais de termos literários e de recursos
• Outros (Inter)Textos por sequência
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• Materiais de apoio à rubrica “Construção do saber”


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Por vezes
alísticos 20 Sequência 6 Viagem à poesia do século XX Ficha de trabalho 15 Sequência 6 – Poesia do século XX 67

• Materiais de apoio à exploração dos textos da rubrica


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eu com a
A poesia de Mário de Sá-Carneiro
ela a sua
Grupo I
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de Ceide, As influências

“Leitura para informação”


ram pre- Lê atentamente o poema de Sophia de Mello Breyner Andresen.
ante lis-
Decadentismo Sensacionismo
mulher.
da senti-
e Simbolismo
Paulismo
e Futurismo O hospital e a praia
or isso, a
E eu caminhei no hospital
os olhos
Culto da Beleza Reforço dos traços comuns Associações insólitas Onde o branco é desolado e sujo

• Caderno de Atividades
pre, não
eu livre- Gosto: ao Simbolismo no domínio Sensações brutais; Onde o branco é a cor que fica onde não há cor
· pelos símbolos · das sinestesias Experimentalismo ao nível E onde a luz é cinza
· pelas imagens brilhantes · da metáfora do significante gráfico das
(adaptado) · da construção sintática palavras e ao nível fónico
· pelas transposições de 5 E eu caminhei nas praias e nos campos
sensações e sinestesias (sobretudo com a
acumulação de O azul do mar e o roxo da distância
Temática do sonho e da onomatopeias) Enrolei-os em redor do meu pescoço

• Livro do Professor e outros materiais de apoio


evasão
Conceção do poeta como
Caminhei na praia quase livre como um deus
4/17/14 2:05 PM “exilado da beleza”
Não perguntei por ti à pedra meu Senhor1
10 Nem me lembrei de ti bebendo o vento
O vento era vento e a pedra pedra

(editáveis)
Os temas
E isso inteiramente me bastava

Drama identitário – crise de personalidade E nos espaços da manhã marinha


Egolatria ou egotismo exacerbado (“megalomania egolátrica”, segundo Óscar Lopes e António José Saraiva) Quase livre como um deus eu caminhava
O mito de Narciso
Inadequação para a vida e para os sentimentos E todo o dia vivi como uma cega

– Planificação por sequência de ensino-aprendizagem


15

Autopiedade e ternura
Hipertrofia do eu Porém no hospital eu vi o rosto
Dispersão Que não é pinheiral nem é rochedo
Labirinto E vi a luz como cinza na parede

– Guia do Professor (soluções, sugestões e informações


Imagem da ponte E vi a dor absurda e desmedida

s
Desdobramento do “eu” em outros
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner, 1995.
Oposição sonhos altos (sonho de Além)/incapacidade de voo, com consequente queda e frustração – “Ícaro Obra Poética II. Lisboa: Caminho (2.ª ed.)
estatelado”
Perda, queda e frustração

relevantes)
1. Deus.
Paixão pelo abismo e pela morte
Incapacidade de fruir
Evasão (sono, esquecimento, drogas, regresso à infância)
Nostalgia da infância Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas ao questionário.

– Materiais de apoio ao desenvolvimento do PIL


Autoironia
1. Refere um efeito de sentido produzido pela anáfora “E eu caminhei” (vv. 1 e 5).
(Quadro elaborado a partir de: LOPES, Óscar, e SARAIVA, António José, 2005. História da Literatura Portuguesa. Porto: Porto 2. Interpreta o valor simbólico das seguintes palavras: “branco” (vv. 2 e 3), “cinza” (vv. 4 e 18), “azul” e
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Editora (17.ª ed.); PAIS, Amélia Pinto, 2005. História da Literatura em Portugal – Uma perspetiva didática, vol. 3. Porto: Areal;
“roxo” (v. 6).
ROCHA, Clara, 1995. O essencial sobre Mário de Sá-Carneiro. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda)

3. Caracteriza a atitude do sujeito poético descrita ao longo da segunda, da terceira e da quarta

– Grelhas de avaliação (escrita, oralidade, PIL e portefólio)


estrofes.

tiva
– Soluções, grelhas de correção e cotações das fichas
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eúdos
formativas do manual

ul Brandão 273
3 Livro do Professor* – Correção das atividades de grupo do manual

• Estrutura e organização do manual


O acesso à versão definitiva do e-Manual Premium
• Planificação por sequência de ensino-aprendizagem é exclusivo do Professor adotante e estará disponível
• Guia do professor para o manual: a partir de setembro de 2014.
– cenários de resposta dos questionários
– sugestões de outras atividades
– informações relevantes
– remissões para os Recursos do Projeto 5 e-Manual do Aluno
O acesso ao e-Manual do Aluno é disponibilizado,
gre” (v. 1).

(e-Manual Premium)
do soneto.

a expressivi-

gratuitamente, na compra do manual em papel,


mpressões de
* Disponível na versão definitiva do e-Manual Premium no ano letivo 2014-2015, e poderá ser adquirido
a partir de setembro de 2014. autonomamente através da Internet.
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Conteúdos ricos e diversificados, com


indexação em cada página, para uso
exclusivo dos professores.

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Grelhas de avaliação Planificação anual por sequência

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