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Seminário 3: Troca e transporte de gases

1. O que é membrana respiratória ou membrana pulmonar? Onde ela se


localiza? Como é constituída?

Membrana respiratória são todas as membranas das porções


terminais dos pulmões – não apenas dos próprios alvéolos – onde ocorre a
troca gasosa entre o ar alveolar e o sangue pulmonar.
É constituída das seguintes camadas:
a. Uma camada de líquido revestindo o alvéolo e contendo surfactante
que reduz a tensão superficial do líquido alveolar
b. O epitélio alveolar composto de células epiteliais finas
c. Uma membrana basal epitelial
d. Um espaço intersticial fino entre o epitélio alveolar e a membrana
capilar
e. Uma membrana basal capilar que em muitos locais funde-se com a
membrana basal do epitélio alveolar
f. A membrana endotelial capilar

2. Quais os fatores que influenciam a difusão de O 2 e CO2 através da


membrana respiratória?

Os fatores que determinam a rapidez com que um gás atravessará a


membrana são:
a. A espessura da membrana
b. A área superficial da membrana
c. O coeficiente de difusão do gás na substância da membrana
d. A diferença de pressão parcial do gás entre os dois lados da
membrana
A espessura da membrana pode aumentar: a) em decorrência de
líquido de edema no espaço intersticial da membrana e nos alvéolos; b) em
algumas doenças pulmonares que causam fibrose dos pulmões.
A área superficial da membrana respiratória pode ser bastante
reduzida nas condições de: a) remoção total de um pulmão; b) enfisema,
pois muitos alvéolos coalescem, portanto, as novas câmaras alveolares são
muito maiores que os alvéolos originais, mas a área superficial da
membrana respiratória diminui devido à perda das paredes alveolares.
O coeficiente de difusão depende da solubilidade do gás na
membrana e, inversamente, da raiz quadrada do peso molecular do gás. A
taxa de difusão na membrana respiratória é quase a mesma da água.
A diferença de pressão se dá entre a pressão parcial do gás nos
alvéolos e a pressão parcial do gás no sangue dos capilares pulmonares. A
diferença entre essas duas pressões é uma medida da tendência resultante
das moléculas do gás em moverem-se através da membrana.

3. Compare a composição do ar atmosférico com o ar contido no espaço


morto (ao final de uma inspiração e ao final de uma expiração) e o ar
contido nos alvéolos. Porque essa composição é alterada à medida
que o ar chega aos alvéolos.

O ar alveolar não tem de forma alguma as mesmas concentrações


dos gases no ar atmosférico. Em primeiro lugar, o ar alveolar é substituído
apenas parcialmente pelo ar atmosférico em cada respiração. Em segundo
lugar, o oxigênio é constantemente absorvido pelo sangue pulmonar a partir
do ar alveolar. Em terceiro lugar, o dióxido de carbono difunde-se
constantemente do ar pulmonar para os alvéolos. E em quarto lugar, o ar
atmosférico seco que entra nas vias respiratórias é umidificado até mesmo
antes de atingir os alvéolos.

4. Explique como a ventilação alveolar (VA) altera as pressões parciais


de O2 e CO2 nos alvéolos e no sangue arterial.

A concentração de oxigênio nos alvéolos, e também sua pressão


parcial, são controladas (1) pela taxa de absorção de oxigênio pelo sangue
e (2) pela taxa de entrada de novo oxigênio nos pulmões pelo processo
ventilatório.
A pressão parcial de CO2 alveolar aumenta diretamente na proporção
da taxa de excreção de dióxido de carbono, e cai na proporção inversa da
ventilação alveolar.

5. Descreva como é o transporte de O 2 sangue. Qual a vantagem da


curva de saturação da hemoglobina ser sigmoide, ou seja, apresentar
uma parte bem íngreme?

Normalmente, cerca de 97% do oxigênio transportado dos pulmões


para os tecidos é transportado em combinação química com a hemoglobina
nas hemácias. Os 3% restantes são transportados em estado dissolvido na
água do plasma e das células sanguíneas. Assim, sob condições normais, o
oxigênio é transportado para os tecidos quase inteiramente pela
hemoglobina.
Durante o exercício pesado, quantidades extras de oxigênio precisam
ser liberados da hemoglobina para os tecidos, o que pode ser atingido com
pouca queda adicional na PO2 tecidual por causa da inclinação abrupta da
curva de dissociação, ou seja, uma ligeira queda na PO 2 faz com que
grandes quantidades de oxigênio extra sejam liberadas da hemoglobina.
O nível de oxigênio alveolar pode variar muito – desde uma PO 2 de 60
até acima de 500mmHg – e ainda assim a PO 2 nos tecidos periféricos não
varia mais do que poucos milímetros acima do normal, demonstrando
claramente a função de “tampão do oxigênio” dos sistema da hemoglobina
no sangue.

6. Descreva como é o transporte de CO2 no sangue.

Para começar o processo de transporte de dióxido de carbono, ele se


difunde a partir das células dos tecidos na forma de dióxido de carbono
molecular dissolvido. Ao entrar nos capilares dos tecidos, o dióxido de
carbono inicia uma série de reações químicas e físicas quase instantâneas,
que são essenciais ao seu transporte.
O dióxido de carbono no estado dissolvido corresponde a apenas 7%
do total transportado.
O dióxido de carbono dissolvido no sangue reage com a água
formando ácido carbônico. Essa reação é acelerada em 5 mil vezes pela
enzima anidrase carbônica, ocorrendo em uma fração de segundo.
Em outra fração de segundo, o ácido carbônico formado nas hemácias
dissocia-se em íons hidrogênio e íons bicarbonato. Grande parte dos íons
hidrogênio então combina-se com a hemoglobina nas hemácias, pois a
proteína da hemoglobina é um poderoso tampão ácido-base. Por sua vez,
muitos dos íons bicarbonato difundem-se das hemácias para o plasma,
enquanto os íons cloreto difundem-se para as hemácias tomando o seu
lugar.
Uma combinação reversível de dióxido de carbono com água nas
hemácias sob a influência da anidrase carbônica é responsável por cerca de
70% do dióxido de carbono transportado dos tecidos para os pulmões.
Quando um inibidor da anidrase carbônica (acetazolamida) é
administrado a um animal, o transporte de dióxido de carbono torna-se
muito deficitário.
O dióxido de carbono reage diretamente com radicais amina da
molécula de hemoglobina, formando o composto carbaminoemoglobina.
Essa combinação é uma reação reversível que ocorre com um elo fraco, de
maneira que o dióxido de carbono é facilmente liberado para os alvéolos,
onde a PCO2 é menor do que nos capilares pulmonares. A quantidade de
dióxido de carbono que pode ser carregada dos tecidos periféricos para os
pulmões representa cerca de 30% da quantidade total transportada.

7. Descreva os efeitos Bohr e Haldane.

Efeito Bohr: enquanto o sangue atravessa os tecidos, o dióxido de


carbono difunde-se das células para o sangue, o que aumenta a PCO 2 do
sangue que, por sua vez, aumenta a concentração de H 2CO3 (ácido
carbônico) e íons hidrogênio no sangue. Esses efeitos forçam o oxigênio
para fora da hemoglobina, liberando quantidades maiores de oxigênio aos
tecidos.
Desvio para a direita: (1) Mais íons hidrogênio; (2) CO 2 elevado; (3)
Aumento da temperatura; (4) Aumento do BPG.
Efeitos exatamente opostos ocorrem nos pulmões, onde o dióxido de
carbono difunde-se do sangue para os alvéolos, reduzindo a PCO 2 do
sangue e diminuindo a concentração de íons hidrogênio. Portanto, a
quantidade de oxigênio que se liga à hemoglobina a qualquer PO 2 alveolar
torna-se consideravelmente maior, permitindo, assim, um transporte maior
de oxigênio aos tecidos.
Desvio para a esquerda.

Efeito Haldane: a ligação do oxigênio com a hemoglobina tende a


deslocar dióxido de carbono do sangue.
Esse efeito resulta do simples fato de que a combinação de oxigênio
com hemoglobina nos pulmões faz com que a hemoglobina se torne um
ácido forte, o que desloca dióxido de carbono do sangue e para os alvéolos
de duas maneiras: (1) quanto mais ácida a hemoglobina, menos ela tende a
se combinar com o dióxido de carbono para formar carbaminoemoglobina,
deslocando, assim, grande parte do dióxido de carbono presente na forma
carbamino do sangue. (2) A maior acide da hemoglobina também faz com
que ela libere muitos íons hidrogênio, e estes se ligam aos íons bicarbonato
para formar ácido carbônico. Por sua vez, o ácido carbônico dissocia-se em
água e dióxido de carbono, e o dióxido de carbono é liberado d sangue para
os alvéolos e, finalmente, para o ar.

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