1. O que é membrana respiratória ou membrana pulmonar? Onde ela se
localiza? Como é constituída?
Membrana respiratória são todas as membranas das porções
terminais dos pulmões – não apenas dos próprios alvéolos – onde ocorre a troca gasosa entre o ar alveolar e o sangue pulmonar. É constituída das seguintes camadas: a. Uma camada de líquido revestindo o alvéolo e contendo surfactante que reduz a tensão superficial do líquido alveolar b. O epitélio alveolar composto de células epiteliais finas c. Uma membrana basal epitelial d. Um espaço intersticial fino entre o epitélio alveolar e a membrana capilar e. Uma membrana basal capilar que em muitos locais funde-se com a membrana basal do epitélio alveolar f. A membrana endotelial capilar
2. Quais os fatores que influenciam a difusão de O 2 e CO2 através da
membrana respiratória?
Os fatores que determinam a rapidez com que um gás atravessará a
membrana são: a. A espessura da membrana b. A área superficial da membrana c. O coeficiente de difusão do gás na substância da membrana d. A diferença de pressão parcial do gás entre os dois lados da membrana A espessura da membrana pode aumentar: a) em decorrência de líquido de edema no espaço intersticial da membrana e nos alvéolos; b) em algumas doenças pulmonares que causam fibrose dos pulmões. A área superficial da membrana respiratória pode ser bastante reduzida nas condições de: a) remoção total de um pulmão; b) enfisema, pois muitos alvéolos coalescem, portanto, as novas câmaras alveolares são muito maiores que os alvéolos originais, mas a área superficial da membrana respiratória diminui devido à perda das paredes alveolares. O coeficiente de difusão depende da solubilidade do gás na membrana e, inversamente, da raiz quadrada do peso molecular do gás. A taxa de difusão na membrana respiratória é quase a mesma da água. A diferença de pressão se dá entre a pressão parcial do gás nos alvéolos e a pressão parcial do gás no sangue dos capilares pulmonares. A diferença entre essas duas pressões é uma medida da tendência resultante das moléculas do gás em moverem-se através da membrana.
3. Compare a composição do ar atmosférico com o ar contido no espaço
morto (ao final de uma inspiração e ao final de uma expiração) e o ar contido nos alvéolos. Porque essa composição é alterada à medida que o ar chega aos alvéolos.
O ar alveolar não tem de forma alguma as mesmas concentrações
dos gases no ar atmosférico. Em primeiro lugar, o ar alveolar é substituído apenas parcialmente pelo ar atmosférico em cada respiração. Em segundo lugar, o oxigênio é constantemente absorvido pelo sangue pulmonar a partir do ar alveolar. Em terceiro lugar, o dióxido de carbono difunde-se constantemente do ar pulmonar para os alvéolos. E em quarto lugar, o ar atmosférico seco que entra nas vias respiratórias é umidificado até mesmo antes de atingir os alvéolos.
4. Explique como a ventilação alveolar (VA) altera as pressões parciais
de O2 e CO2 nos alvéolos e no sangue arterial.
A concentração de oxigênio nos alvéolos, e também sua pressão
parcial, são controladas (1) pela taxa de absorção de oxigênio pelo sangue e (2) pela taxa de entrada de novo oxigênio nos pulmões pelo processo ventilatório. A pressão parcial de CO2 alveolar aumenta diretamente na proporção da taxa de excreção de dióxido de carbono, e cai na proporção inversa da ventilação alveolar.
5. Descreva como é o transporte de O 2 sangue. Qual a vantagem da
curva de saturação da hemoglobina ser sigmoide, ou seja, apresentar uma parte bem íngreme?
Normalmente, cerca de 97% do oxigênio transportado dos pulmões
para os tecidos é transportado em combinação química com a hemoglobina nas hemácias. Os 3% restantes são transportados em estado dissolvido na água do plasma e das células sanguíneas. Assim, sob condições normais, o oxigênio é transportado para os tecidos quase inteiramente pela hemoglobina. Durante o exercício pesado, quantidades extras de oxigênio precisam ser liberados da hemoglobina para os tecidos, o que pode ser atingido com pouca queda adicional na PO2 tecidual por causa da inclinação abrupta da curva de dissociação, ou seja, uma ligeira queda na PO 2 faz com que grandes quantidades de oxigênio extra sejam liberadas da hemoglobina. O nível de oxigênio alveolar pode variar muito – desde uma PO 2 de 60 até acima de 500mmHg – e ainda assim a PO 2 nos tecidos periféricos não varia mais do que poucos milímetros acima do normal, demonstrando claramente a função de “tampão do oxigênio” dos sistema da hemoglobina no sangue.
6. Descreva como é o transporte de CO2 no sangue.
Para começar o processo de transporte de dióxido de carbono, ele se
difunde a partir das células dos tecidos na forma de dióxido de carbono molecular dissolvido. Ao entrar nos capilares dos tecidos, o dióxido de carbono inicia uma série de reações químicas e físicas quase instantâneas, que são essenciais ao seu transporte. O dióxido de carbono no estado dissolvido corresponde a apenas 7% do total transportado. O dióxido de carbono dissolvido no sangue reage com a água formando ácido carbônico. Essa reação é acelerada em 5 mil vezes pela enzima anidrase carbônica, ocorrendo em uma fração de segundo. Em outra fração de segundo, o ácido carbônico formado nas hemácias dissocia-se em íons hidrogênio e íons bicarbonato. Grande parte dos íons hidrogênio então combina-se com a hemoglobina nas hemácias, pois a proteína da hemoglobina é um poderoso tampão ácido-base. Por sua vez, muitos dos íons bicarbonato difundem-se das hemácias para o plasma, enquanto os íons cloreto difundem-se para as hemácias tomando o seu lugar. Uma combinação reversível de dióxido de carbono com água nas hemácias sob a influência da anidrase carbônica é responsável por cerca de 70% do dióxido de carbono transportado dos tecidos para os pulmões. Quando um inibidor da anidrase carbônica (acetazolamida) é administrado a um animal, o transporte de dióxido de carbono torna-se muito deficitário. O dióxido de carbono reage diretamente com radicais amina da molécula de hemoglobina, formando o composto carbaminoemoglobina. Essa combinação é uma reação reversível que ocorre com um elo fraco, de maneira que o dióxido de carbono é facilmente liberado para os alvéolos, onde a PCO2 é menor do que nos capilares pulmonares. A quantidade de dióxido de carbono que pode ser carregada dos tecidos periféricos para os pulmões representa cerca de 30% da quantidade total transportada.
7. Descreva os efeitos Bohr e Haldane.
Efeito Bohr: enquanto o sangue atravessa os tecidos, o dióxido de
carbono difunde-se das células para o sangue, o que aumenta a PCO 2 do sangue que, por sua vez, aumenta a concentração de H 2CO3 (ácido carbônico) e íons hidrogênio no sangue. Esses efeitos forçam o oxigênio para fora da hemoglobina, liberando quantidades maiores de oxigênio aos tecidos. Desvio para a direita: (1) Mais íons hidrogênio; (2) CO 2 elevado; (3) Aumento da temperatura; (4) Aumento do BPG. Efeitos exatamente opostos ocorrem nos pulmões, onde o dióxido de carbono difunde-se do sangue para os alvéolos, reduzindo a PCO 2 do sangue e diminuindo a concentração de íons hidrogênio. Portanto, a quantidade de oxigênio que se liga à hemoglobina a qualquer PO 2 alveolar torna-se consideravelmente maior, permitindo, assim, um transporte maior de oxigênio aos tecidos. Desvio para a esquerda.
Efeito Haldane: a ligação do oxigênio com a hemoglobina tende a
deslocar dióxido de carbono do sangue. Esse efeito resulta do simples fato de que a combinação de oxigênio com hemoglobina nos pulmões faz com que a hemoglobina se torne um ácido forte, o que desloca dióxido de carbono do sangue e para os alvéolos de duas maneiras: (1) quanto mais ácida a hemoglobina, menos ela tende a se combinar com o dióxido de carbono para formar carbaminoemoglobina, deslocando, assim, grande parte do dióxido de carbono presente na forma carbamino do sangue. (2) A maior acide da hemoglobina também faz com que ela libere muitos íons hidrogênio, e estes se ligam aos íons bicarbonato para formar ácido carbônico. Por sua vez, o ácido carbônico dissocia-se em água e dióxido de carbono, e o dióxido de carbono é liberado d sangue para os alvéolos e, finalmente, para o ar.