Você está na página 1de 10

NEUROCIÊNCIA: AMPLIANDO O DIÁLOGO COM A

EDUCAÇÃO
NEUROCIÊNCIA: AMPLIANDO O DIÁLOGO COM A EDUCAÇÃO

                                                           
Autora: MÔNICA MACEDO

Resumo:

Este artigo tem a finalidade de trazer as contribuições da Neurociência para o


entendimento da aprendizagem. Discutiremos algumas abordagens teóricas sobre a
temática, dando relevância e colocando no centro do debate, o ser humano; as
implicações do desenvolvimento neuronal, comportamentos observáveis e
possibilidades de aquisição de habilidades/competências a fim de potencializar
transformações valorosas que trarão contributos para o indivíduo. Faremos uma
interseção entre o campo Educacional e o campo da Neurociência, procurando
aprimorar o olhar sobre esses dois caminhos com o claro objetivo de conhecimento do
indivíduo. Nessa articulação entre os campos da Neurociência e da educação, colocam-
se o espaço da escola, a aprendizagem do aluno, o profissional da educação e o papel da
cultura como elementos fundamentais para a expansão dos conhecimentos e
aprendizagens que aí se dão e que se articulam todo o tempo. Dentro dessa dinâmica, o
cérebro é órgão vital para o entendimento de suas funções e dimensões no entendimento
de sua relação com a aprendizagem humana. A emoção e a atenção como aspectos
influentes nas aprendizagens humanas se fazem necessárias nessa dinâmica.
Destacamos que esses fatores são necessários estarem contemplados pelo olhar docente
para que as aprendizagens possam atender às exigências do seu tempo em diálogo com
as características, limitações e perfis de cada sujeito. O conhecimento por parte de
profissionais da escola e, principalmente, do professor sobre esses aspectos pode
contribuir em muito para o planejamento das atividades para os processos de motivação
dos alunos e constituir num ambiente propício para o avanço e desenvolvimento das
potencialidades humanas.

Palavras-chaves: Educação; Neurociência; Aprendizagem

1- Introdução:

O século XXI traz uma configuração de aprendizagem que tem em seu bojo um corpo
teórico advindo de outros ramos do conhecimento, como a Neurociência, tendo por
desafio primeiro compreender o sistema neuronal e suas implicações e possíveis
desdobramentos para a constituição humana.

Para a educação, o mistério de como acontece a aquisição do conhecimento e todo o


processo e percurso ocorrido dentro do cérebro, revela as potencialidades e fragilidades
do indivíduo, auxiliando com isso uma investigação mais aprofundada do que acontece
no interior da espécie humana.
“É também importante o papel do professor, que deve atuar em conjunto com a família
[...]. Na integração entre família e escola, está o grande sucesso do tratamento do aluno
e da melhoria do ensino de forma geral,”. (OLIVIER, 2013, p.34)

O professor, em conjunto com a família, são os atores principais desse processo


educacional pelo qual o aluno está imerso e se constituindo, e sendo assim, devem trazer
para a formação desse educando elementos colaborativos para que o processo de
aprendizagem aconteça de  maneira significativa na vida desse sujeito.

Dentro do contexto apresentado, o cérebro demonstra para nós, educadores, as múltiplas


e diferentes facetas e oportunidades de conhecimento da máquina humana sendo um
radar para uma investigação mais detalhada do caminho que aluno percorre para a
aprendizagem.

2- Desenvolvimento:

“A Neurociência é o estudo do sistema nervoso: sua estrutura, seu desenvolvimento,


funcionamento, evolução, relação com o comportamento e a mente e, também, suas
alterações” (OLIVIER, 2013, p.18)

A Neurociência é um campo relativamente novo que apresenta contribuições


significativas para compreender e ampliar o entendimento sobre a complexidade da
espécie humana. A partir de suas contribuições, pudemos ter uma ampliação do
conhecimento de seu principal foco de estudos e pesquisas: o cérebro e sua importância
no desenvolvimento de aprendizagens e comportamentos que dizem respeito ao ser
humano.

“A neurociência se constitui como a ciência do cérebro e a educação como ciência do


ensino e da aprendizagem e ambas têm uma relação de proximidade porque o cérebro
tem uma significância no processo de aprendizagem da pessoa”. (OLIVEIRA, 2014, p.
14)

A partir desse ponto, podemos começar a observar e entender como as áreas cerebrais
são mobilizadas para as diversas, múltiplas e diferenciadas aprendizagens realizadas e
como os processos internos de modificação cerebral se dão quando há aprendizagem.

Pesquisas e estudos têm revelado que ocorrem maturações sucessivas do cérebro desde
a vida intra-uterina determinadas pela genética da espécie, pelas atividades específicas
para cada tipo de aprendizagem, pelas possibilidades de recuperação e suas
reorganizações em função de novas aprendizagens ou lesões e acidentes. Todas essas
situações fazem parte do processo de maturação cerebral.

Um dos processos que interessa ao campo da educação é como se dá a função


simbólica, sua constituição e desenvolvimento no campo da aprendizagem das
linguagens. Assim, a aprendizagem da leitura e da escrita, por exemplo, apresenta
relação com essa questão. Nesse sentido, nos diz Elvira Lima:
“É de interesse do professor saber como transformamos informações em novas
memórias, nos apropriando de sistemas simbólicos e construindo conceitos complexos
das várias áreas do conhecimento” (2007, p.6)

E ainda esclarece que:

O processo de aprender conhecimentos organizados em sistema


(como é o caso de todas as áreas das ciências, bem como as das
artes) tem como resultado uma mente acostumada a observar,
categorizar, analisar. Estas capacidades vão ser utilizadas na
vida cotidiana, por exemplo, nos processos de tomada de
decisão: a pessoa disporá da possibilidade de considerar um
evento de vários pontos de vista, refletir, estabelecer relações
entre os fatos, hierarquizá-los, antes de tomar uma decisão.
(2007, p.6)

Dentro desse panorama da Neurociência, o cérebro é a peça chave para entender e


avançar com todos os processos de aprendizagem humana e a cultura apresenta papel
fundamental nessa articulação entre o desenvolvimento humano e a aprendizagem de
um modo geral. São através de redes neuronais criadas pelas sinapses entre os neurônios
que possibilitam esse trabalho com o foco na aprendizagem humana. Em cada sujeito,
essa rede neuronal será formatada de acordo com a história de vida de cada um.

O cérebro funciona de forma integrada e altamente complexa e a partir das experiências


se forma a memória.

“De tudo o que o cérebro processa, algumas coisas ficam armazenadas na memória (que
chamamos de memória de longa duração) e outras são esquecidas (permanecem
brevemente na memória e desaparecem, chamadas de memória de curta duração)”.
(LIMA, 2007, p.8)

Nesse processo de maturação cerebral que o cérebro realiza e


que dura em média 20 anos ocorrem mudanças significativas.
Essas mudanças provocam alterações no funcionamento da
memória, da percepção, da emoção e da atenção. Entender o
funcionamento do cérebro é de fundamental importância para
todos, pois assim conseguiremos administrar os conflitos entre o
desenvolvimento humano e a aprendizagem. (CORRÊA,
2015https://www12.senado.leg.br/institucional/programas/prime
ira-infancia/artigos/artigos-ano-2015/uma-visao-
neuropsicopedagogica-do-desenvolvimento-humano-da-vida-
intrauterina-ate-a-primeira-infancia.-a-influencia-do-afeto-do-
estimulo-e-da-alimentacao-nas-alteracoes-neuroquimicas-do-
cerebro-luiz-antonio-correa-ano-2015)

Por isso, o interessante é que a escola tenha entendimento disso para que possa planejar
experiências em que os alunos posam avançar. Isso é uma necessidade que se coloca na
perspectiva do século XXI.
Nesse sentido, entender a aprendizagem humana é uma prerrogativa para novos e
diferentes comportamentos humanos. As novas memórias que vão sendo formadas
ampliam as redes neuronais. Os conteúdos guardados se reorganizam em conteúdos que
servem para a formação e ampliação de novas memórias. isso, a prática pedagógica
atual precisa entender desses mecanismos. Caso contrário, dá-se espaço para a não-
aprendizagem.

As dificuldades de aprendizagem são resultado de vários


aspectos que interferem na aquisição de novos esquemas e na
reorganização do cérebro para produção de novos
comportamentos. Elas dependem da interação do individuo com
o ambiente. O ambiente, na verdade, leva ao desenvolvimento
de comportamentos adaptativos que podem dificultar ou
propiciar a aprendizagem. Motivação, incentivo pela leitura e
saúde física são fatores fundamentais na aprendizagem.
(CORRÊA,
2015https://www12.senado.leg.br/institucional/programas/prime
ira-infancia/artigos/artigos-ano-2015/uma-visao-
neuropsicopedagogica-do-desenvolvimento-humano-da-vida-
intrauterina-ate-a-primeira-infancia.-a-influencia-do-afeto-do-
estimulo-e-da-alimentacao-nas-alteracoes-neuroquimicas-do-
cerebro-luiz-antonio-correa-ano-2015)

O papel da cultura também é de fundamental importância, pois conjugada com a


bagagem biológica da espécie humana vai potencializar as aprendizagens vida afora.
Esse desenvolvimento se dá de maneira interna e externa e o sujeito aprendente vai
estabelecendo múltiplas relações durante todo esse percurso.

O desenvolvimento da função simbólica se dá pela via cultural e é uma antecipação para


o aprendizado da leitura e da escrita. Esses processos são altamente complexos e
requerem um amadurecimento das funções superiores como a atenção, por exemplo.

O desenvolvimento da função simbólica é fundamental para as aprendizagens de um


modo geral. Por exemplo, o simples fato de nomear objetos é como que dar corpo a esse
objeto e assim, vai criando sentidos. A capacidade de lidar com símbolos é condição
necessária, por exemplo para a aprendizagem da leitura e da escrita. O desenvolvimento
de aprendizagens formais, vão alterando os processos mentais e assim, cada vez mais
ampliando e aprofundando as complexidades dessas aprendizagens. Esse
desenvolvimento dependerá da cultura e dos processos biológicos do cérebro.

Esses processos estão ligados à formação de redes neuronais. Essa, por sua vez, se
forma pela conexão entre neurônios. Com o passar do tempo, as informações que vão
sendo trabalhadas pelos neurotransmissores vão constituindo a memória. Assim, as
aprendizagens vão ocorrendo ao longo da vida e do desenvolvimento humano e podem
ser alteradas a todo o tempo. Ao mesmo tempo, isso cria uma rede de informações que
ficam arquivadas e que podem ser evocadas em qualquer tempo.

Isso possibilita aprender. Para aprender é necessário ativar a atenção, a memória e a


percepção através de ações mentais, que nada mais são que operações de pensamento.
Para isso, cada conhecimento formal necessita desenvolver uma estrutura interna e uma
metodologia própria. Como nos diz Nascimento, em relação à memória:

Uma das mais importantes associações ao conhecimento é a


memória. O que fará com que um indivíduo obtenha uma
memória eficaz é a repetição da informação relacionada à
associação da mesma a uma informação preestabelecida, ou
seja, uma informação nova aliada às informações antigas.
Decorar uma informação não é a mesma coisa que armazená-la
e poder utilizá-la de acordo com o contexto escolhido. As
crianças podem construir suas memórias por meio de imagens,
músicas, afetos. Isto vai depender do as estimulou de maneira
favorável.(2016,p.30)

A plasticidade cerebral é um outro aspecto interessante nesse conjunto da


Neurociência.Quanto mais nova a pessoa, mais capacidade de plasticidade ela possui.
Os bilhões de neurônios nos possibilitam uma capacidade de aprender enorme.

Na plasticidade cerebral, áreas do cérebro que são responsáveis por determinada função,
podem assumir outras. Ao mesmo tempo, ela acaba auxiliando em aprendizagens afins.

O desenvolvimento dos sentidos também apresenta uma grande importância nas


aprendizagens, na qual a percepção e o seu desenvolvimento são a base para essa
evolução dos sentidos.

Os sentidos se desenvolvem entre si e na falta de algum deles os demais se


potencializam, se ampliam para poder “suprir” a falta de algum deles.

            A partir desses estudos sobre a Neurociência podemos perceber suas


contribuições para as aprendizagens que também se apresentam no campo escolar e
pedagógico. Ela possibilita outros esclarecimentos e entendimentos que podem
contribuir para as práticas educativas, fortalecendo um rol de conhecimentos que podem
auxiliar nas relações de aprendizagem e de ensinagem. Professores podem acessar esses
conhecimentos como mais um contributo no planejamento de suas atividades e nas
relações que desenvolve com seus alunos, de forma a interferir na promoção de
atividades mais significativas e motivadoras para a aprendizagem.

2.1- Um destaque para a emoção e a atenção

A emoção é um dos aspectos de grande importância para adaptar e garantir a


sobrevivência da espécie humana, pois ela permite ao ser humano avaliar uma situação
para a tomada de decisão. Ela se origina no sistema límbico que se localiza em nosso
cérebro e participa de todos os processos de aprendizagem. A emoção é muito
importante nesse sentido, pois é ela a responsável por formar novas memórias, que por
sua vez, são formadas a partir da emoção. Portanto, as experiências, imagens e
informações serão marcadas pela emoção, acompanhando assim, os processos
perceptivos.
A emoção vai se conjugar as ações da atenção e da percepção. Cientistas têm revelado o
papel das emoções na influência da tomada de decisões, deixando para trás a idéia de
que o raciocínio é o responsável por esses processos de maneira única e absoluta, como
nos diz Lima que “a consciência da ação se dá na a experimentação da emoção.
(2007,p.19)

Complementando esses processos, a tenção se junta para determinar os processos de


aprendizagem. A atenção nos permite escolher o objeto para o qual vamos canalizar
nossa percepção.

Nascimento coloca que:

Se a emoção é um fator favorável à aprendizagem, a motivação


é outro fator importante. Não aprendemos se não estivermos
motivados a aprender. Há em nosso cérebro um sistema
dedicado à motivação e à recompensa. Quando somos afetados
positivamente por alguma coisa, os centros de prazer produzem
dopamina, neurotransmissor responsável pelo bem-estar. Tarefas
muito difíceis desestimularão os alunos, fazendo com que os
mesmos abandonem as atividades propostas. O conselho é que
as primeiras atividades sejam simples para que possam estimular
e motivar o aluno a continuar fazendo até o fim. A partir da
motivação, então é que poderíamos utilizar alguma atividade
mais complicada também para desafiar o cérebro motivado do
aluno. Por isso mesmo, é que a escola tem de ser um ambiente
que motive e não se preocupe apenas em transmitir conteúdos.
Cérebros motivados terão um melhor desempenho quando vão
enfrentar desafios. (2016, p.27-28)

Relvas complementa:

Em virtude de o cérebro ter esse mecanismo que esvazia a si mesmo, para aprender
mais, o professor deve emoldurar os conteúdos de maneira agradável (não importa a
disciplina), sendo criativo e multifuncional... O processo de ensino- aprendizagem deve
ser excitado e, ao mesmo tempo, minimizar a excitação, dentro do que se pretende
atingir, para não perder o foco. (2014, p.39)

A Neurociência então torna-se mais um campo importante para as relações de


aprendizagem. Aprender é mudar o comportamento avançando em suas
potencialidades.As potencialidades dos alunos na escola precisam ser trabalhadas de
forma a se desenvolverem de maneira positiva. Para isso, a atenção, a emoção e a
memória são fatores que devem ser pensados e aprofundados para que nos auxiliem em
mais atividades motivadoras e assertivas.

Precisamos conjugar atividades que possibilitem a complementaridade entre o


funcionamento cerebral e a internalização do material simbólico. Essa junção avança o
desenvolvimento humano, provocando saltos qualitativos.

 
2.2- A importância da escola e dos professores:

Sabemos que a escola ainda é o local, o espaço para muitos alunos que precisam
constituir suas aprendizagens. Então, a escola tem grande importância, pois é a
oportunidade que esses muitos têm de ampliarem suas capacidades. A escola precisa ser
acolhedora, desafiadora e democrática, possibilitando o contato dos alunos com o
conhecimento e refletindo sobre as diferenças que daí decorrem.

O papel da escola é promover conhecimento e garantir que seus alunos possam ter suas
capacidades intelectuais desenvolvidas para que possam acessar o conhecimento
acumulado culturalmente pela humanidade.

Relvas afirma que:

Sendo assim, a escola desempenhará bem o seu papel quando


for capaz de ampliar e desafiar a criança à construção de novos
conhecimentos, incidindo para tanto, nas zonas de
desenvolvimento proximal (momento em que o aprendizado
ainda não se consolidou e exige a intervenção do outro
indivíduo no processo de aprender) e real (capacidade de
desempenhar tarefas sem necessidade de outro indivíduo, ou
seja, a aprendizagem consolidada) de cada educando. (2014,
p.71-72)

Dentro desse cenário, o professor é o profissional que deve garantir essa boa
aprendizagem e a sala de aula se torna o espaço propício para promover as
aprendizagens necessárias ao desenvolvimento do aluno. Assim, tanto o professor
quanto a sala de aula precisam, entre outros aspectos, emanar afeto, pois ele é fator
preponderante para a aprendizagem significativa.

Nesse sentido, a escola e o professor precisam estimular a construção de um ambiente


socioafetivo para mobilizar as potencialidades dos alunos, pois todos podem aprender.

O professor é modelo de identidade para o aluno, tendo consciência ou não disso, e


agente de regras sociais. Portanto, como adulto da relação e profissional capacitado, ele
deve se preocupar em desenvolver atividades que construam esse ambiente para
aprender. Por isso, a afetividade é um outro fator que entra no jogo que se desenvolve
nas relações de ensinar e aprender.

Relvas contribui mais uma vez:

A Neurociência estuda o sistema nervoso central em pleno


desenvolvimento no aspecto neuroquímico, biológico, celular,
anatômico, fisiológico, psicológico, emocional e social para que
o educador e o professor possam compreender, dificuldades,
transtornos de aprendizagem e comportamentais que possam se
apresentar em sala de aula. A Neurociência vem como um
suporte para que os educadores possam promover uma aula
melhor, pensando e aplicando recursos que estimulem os canais
sensoriais dos estudantes. A contribuição da Neurociência nas
práticas pedagógicas está diretamente relacionada aos estímulos
cerebrais, promovidos por meio de jogos e dinâmicas que
estimulem todos os sentidos do aluno, a fim de ocorrer um
aumento de capacidade de raciocínio. (2014, p.118-119)

Nesse sentido, garantir uma aprendizagem interessante é desejo de todo o professor,


porém não é uma tarefa fácil. A Neurociência então é um dos caminhos que pode
auxiliar o professor a desenvolver aulas e atividades mais motivadoras, a partir de
metodologias mais criativas, motivadoras e assertivas, pois conhecendo melhor o
funcionamento cerebral, o professor terá a oportunidade de pensar metodologias mais
eficientes.

Através dessa abordagem é possível trabalhar mais de perto com as diferenças, pois
cada aluno apresenta um perfil diferenciado, com características próprias que o
professor precisará se voltar. Com isso, ele estará desenvolvendo um trabalho mais
inclusivo. Com o estudo científico da aprendizagem, ele poderá acompanhar os diversos
desempenhos na sala de aula ajustando às necessidades de cada aluno, pois

Todas as crianças têm direito a uma educação de qualidade onde


suas necessidades individuais possam ser atendidas e onde elas
possam se desenvolver em um ambiente enriquecedor e
estimulante de seu desenvolvimento cognitivo, emocional e
social, seja ele regular ou especial. (RELVAS, 2017, p.31)

Percebemos que aprender é algo que nos envolve por completo e por isso, a escola e o
professor precisam atentar para vários campos de conhecimento, dentre eles, a
Neurociência.

Faz todo o sentido conhecer o educando na sua integralidade e nas suas especificidades,
para que a ação educativa tenha uma finalidade e objetividade em prol do
desenvolvimento de cada aluno, em todas as escolas.

Esse é o desafio da contemporaneidade e a Neurociência está presente para desbravar


questões e aspectos que podem auxiliar os processos educativos, Alves coloca que

Para ensinar, é necessário aprender como o outro aprende ou


mesmo estabelecer sinergia entre linguajares. O ensino e a
aprendizagem é sempre uma via de mão dupla. Para que haja
mudança de comportamento, é necessário que haja um novo
acoplamento, um novo ressignificado, mesmo que mínimo, do
que é percebido. Quem percebe pelo olhar que lhe pertence.
Como dissemos, para que o aprender e o ensinar aconteçam, é
necessário que as palavras nos toquem, que sejamsentidas,
percebidas, assimiladas e acomodadasem nossa alma. É no
acolhimento das palavras que acolhemos a palavra. Com uma
nova colheita, temos novas aprendizagens, novos processos de
ensino e de aprendizagem. (2017, p. 212)

 
 

3- Considerações finais:

O presente artigo buscou trabalhar a questão da Neurociência e sua relação coma


educação. Apresentamos em linhas gerais alguns aspectos que se intercambiam coma
educação.

A Neurociência vem possibilitando um diálogo com vários campos de conhecimento,


dentre eles, o da educação. Ambos são campos vastos e que requerem de nossa parte um
profundo mergulho para então, nos debruçarmos em questões e aspectos que podem ser
discutidos e analisados à luz desses conhecimentos.

O cérebro se apresenta como um foco catalisador de pesquisas e estudos em busca de se


perceber e analisar o potencial do seu desenvolvimento, o que contribuirá para a
sustentação da espécie humana e dos seus possíveis avanços.

Nesse sentido, a escola e o professor não podem se apartar dessa realidade. A


Neurociência vem nos possibilitar a quebra de paradigmas, trazendo novos dilemas da
atualidade. Essa atualidade vem acelerando e criando novos modelos de vida, onde a
potencialidade humana pode ser inimaginável.

Ao mesmo tempo, precisamos desenvolver habilidades afetivas e sociais que dêem


sustentação a novas aprendizagens, trabalhando com nossa memória, atenção e emoção
e assim, reavaliando outras aprendizagens possíveis.

Nesse contexto, a questão da diferenciação de cada ser humano, suas necessidades e


características devem ser trabalhadas para que se possa garantir a sobrevivência da
espécie. Portanto, a Neurociência se coloca no debate atual e central de desenvolver
nossas potencialidades, buscando aprender e ensinar numa outra perspectiva. Sabendo
que não existe uma única resposta mas várias perguntas a serem refletidas, a
Neurociência pode ser um contributo no entendimento do ser humano e na sua relação
com o conhecimento.

Referências:

ALVES, Maria Dolores Fortes in PEDRO, Waldir. Guia prático de Neuroeducação:


Neuropsicopedagogia, Neuropsicologia e Neurociência. Rio de Janeiro: Wak Editora,
2017.

LIMA, Elvira de Souza. Neurociência e Aprendizagem. Editora Inter Alia, São Paulo,
2007.

NASCIMENTO, André. Neuroescola: os novos rumos da educação. Rio de Janeiro:


Wak Editora, 2016.
OLIVEIRA, Gilberto. Neurociências e os processos educativos: um saber necessário na
formação de professores. Educação Unisinos 18(1):13-24, janeiro/abril 2014

OLIVIER, Lou de. Transtornos de Comportamento e Distúrbios de Aprendizagem. Rio


de Janeiro:Wak Editora, 2013.

RELVAS, Marta Pires. Sob o comando do cérebro: entenda como a Neurociência está
no seu dia a dia. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2014.

__________________ (org.) Que cérebro é esse que chegou à escola? As bases


neurocientíficas da aprendizagem – 3ª Ed. Rio de Janeiro. Wak Editora, 2017.

CORREA, Luiz Antonio.  Disponível em


<2015https://www12.senado.leg.br/institucional/programas/primeira-infancia/artigos/
artigos-ano-2015/uma-visao-neuropsicopedagogica-do-desenvolvimento-humano-da-
vida-intrauterina-ate-a-primeira-infancia.-a-influencia-do-afeto-do-estimulo-e-da-
alimentacao-nas-alteracoes-neuroquimicas-do-cerebro-luiz-antonio-correa-ano-2015>
Acesso em 02 de jan de 2019.

Você também pode gostar