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DE QUE FORMA O ORGANISMO SE DEFENDE DE POTENCIAIS

AGENTES AGRESSORES EXTERNOS?

Através do sistema imunitário – Conjunto de células/ órgãos que


contribuem para a nossa integridade:

Protegendo o organismo de potenciais agentes


agressores biológicos/ infeciosos (bactérias, vírus,
fungos,…) e químicos (toxinas);
Praticando a autovigilância – reconhecer e eliminar
células próprias alteradas (células cancerosas).

Uma das maiores competências do sistema imunitário


consiste na distinção do que é próprio, do que nos é
estranho.
DE QUE NOS TEMOS DE DEFENDER?

Organismos patogénicos – bactérias, vírus, protozoários, fungos,


pequenos animais parasitas.

As bactérias e vírus são os que mais frequentemente nos afectam.

Vírus da gripe Bactéria que provoca a cólera


ME, x140 000 ME, 40 000
DE QUEM NOS TEMOS DE DEFENDER?
COMO ACTUAM OS VÍRUS E BACTÉRIAS?

https://www.youtube.com/watch?v=5DGwOJXSxqg&t=216s
COMO ACTUAM OS VÍRUS E BACTÉRIAS?

✓Não são considerados verdadeiros seres vivos sobretudo


porque não se conseguem reproduzir nem desenvolver
metabolismo de forma independente;
✓ São parasitas intracelulares obrigatórios – só manifestam
características vitais no interior de células vivas por eles
invadidas;
✓ Existem diferentes tipos de vírus, no entanto geralmente têm
a mesma constituição:
• invólucro protetor de natureza proteica – cápside;
• material genético (DNA ou RNA)
✓ Alguns vírus são rodeados por uma membrana de natureza
lipídica.
COMO ACTUAM OS VÍRUS?
COMO ACTUAM AS BACTÉRIAS?
COMO ACTUAM as BACTÉRIAS?

✓ São células procarióticas;


✓ O DNA tem uma molécula principal, geralmente de forma
circular – nucleoide;
✓ Podem possuir pequenos anéis de DNA com genes acessórios –
plasmídeos;
✓ Não possuem organelos membranares mas possuem ribossomas
e todas as estruturas necessárias à biossíntese e transformações
energéticas;
✓ Reproduzem-se autonomamente, geralmente por divisão
binária;
✓ Muitas bactérias coabitam em verdadeira cooperação com o
organismo humano, outras vivem como parasitas provocando
diversas doenças atacando e destruindo as células animais de
diversas formas.
COMO ACTUAM
AS BACTÉRIAS?
COMO DISTINGUIR O PRÓPRIO DO NÃO PRÓPRIO?

Na superfície das células existem glicoproteínas – MARCADORES –


que são diferentes das moléculas presentes nas células de outras
espécies e mesmo de outros membros da mesma espécie.

São codificados por um conjunto de genes localizados no


braço curto do cromossoma 6 (espécie humana) –
COMPLEXO MAIOR DE HISTOCOMPATIBILIDADE

Este complexo é poligénico; os genes são


polimórficos(mais de 40 alelos por locus) e
co-dominantes
Gera uma grande variedade de combinações
genotípicas possíveis o que dificulta a existência de
marcadores iguais.
COMO DISTINGUIR O PRÓPRIO DO NÃO PRÓPRIO?
Sistema
imunitário

Vasos linfáticos Células efetoras Órgãos linfoides

Órgãos linfoides Órgãos linfoides


primários secundários

● Timo ● Adenoides
● Medula óssea ● Amígdalas
● Gânglios linfáticos
Formação/ ● Baço
maturação dos
linfócitos) ● Apêndice
● Tecido linfático
✓ Quando o sistema imunitário deteta marcadores diferentes dos que são próprios
do organismo, quando deteta sinais de perigo ou quando reconhece células
próprias modificadas desencadeia uma resposta imunitária.

1ª LINHA - DEFESA NÃO ESPECÍFICA/INATA

Pele, mucosas, secreções e cílios

2ª LINHA - DEFESA NÃO ESPECÍFICA/INATA

Fagocitose, resposta inflamatória, interferão e


sistema de complemento

3ª LINHA - DEFESA ESPECÍFICA/ADQUIRIDA


Reconhecimento → Reacção → Acção

- Imunidade humoral ou mediada por anticorpos


- Imunidade celular ou mediada por células
✓ A defesa não específica, ou imunidade inata,
inclui o conjunto de processos através dos quais o
organismo previne a entrada de agentes
estranhos e os reconhece e destrói, quando essa
entrada acontece.

✓ A resposta do organismo é sempre a mesma,


qualquer que seja o agente invasor e qualquer
que seja o número de vezes que este contacta
com o organismo.

✓ Não se verifica especificidade, nem memória.


Pathogen Splinter

Chemical Macrophage
signals Fluid
Mast cell
Capillary Phagocytosis

Red blood cells Phagocytic cell

Fagocitose:
✓ Capacidade que algumas células têm de, após identificarem substâncias estranhas, as
envolverem e digerirem.
- Neutrófilos
- Macrófagos (que se desenvolvem a partir de monócitos)
✓ Da digestão intracelular resultam compostos que podem ser expulsos ou aproveitados
pela célula
Resposta inflamatória

Dor
Calor

Febre
Rubor

Edema
Resposta inflamatória
✓ Libertação de substâncias químicas (histamina e citoquinas)
Vasodilatação Aumento da permeabilidade Quimiotaxia Resposta
dos capilares sistémica

Aumento do fluxo Libertação de Migração de leucócitos Febre e ↑


sanguíneo fluido para a zona lesada de leucócitos
Resposta inflamatória
Sistema de complemento

Algumas proteínas do sistema


complemento ativadas:
➢ aumentam a vasodilatação e a
permeabilidade do capilares
➢ Estimulam a quimiotaxia
➢ facilitam a fagocitose
➢ Provocam a lise das células
Sistema de complemento
Sistema de complemento
✓ Sistema constituído por uma série de proteínas (cerca de 20) que circulam normalmente no
plasma sanguíneo em estado inativo.

✓ A ativação da primeira (por um agente patogénico ou pela ligação de um anticorpo a um


antigénio) produz uma série de reações em cadeia, em que cada proteína ativa a outra,
numa sequência pré-determinada.

✓ As proteínas complemento uma vez ativadas podem fixar-se na membrana da bactéria


invasora, abrindo poros nas membranas, conduzindo à sua lise.

✓ Os efeitos do sistema de complemento traduzem-se na lise de bactérias, na limitação da


mobilidade de agentes patogénicos (facilitando a fagocitose), na atração de leucócitos ao local
de infeção (quimiotaxia), no aumento da permeabilidade dos capilares
INTERFERÃO
✓ A defesa específica, ou imunidade adquirida, inclui o conjunto de processos através dos
quais o organismo reconhece os agentes invasores e os destrói de uma forma dirigida e
eficaz.
✓ Ao contrário do que acontece com a defesa não específica, a resposta do organismo ao
agente invasor melhora a cada novo contacto.
✓ Verifica-se especificidade e memória.
✓ É desencadeada alguns dias após o início da invasão de agentes patogénicos.
• As moléculas ou células estranhas são
identificadas pelos linfócitos (possuidores de
Reconhecimento recetores específicos para essas moléculas)

• Preparação dos agentes específicos que vão


fazer a sua intervenção no processo
Reação

• Os agentes do sistema imunitário neutralizam


e/ ou destroem as células ou moléculas
Ação estranhas.
✓Os linfócitos inicialmente são iguais mas
posteriormente sofrem um processo de maturação
que pode ocorrer em diferentes locais.

✓Os linfócitos originam-se na


medula óssea vermelha a partir de
linfoblastos migrando para o timo
(Linfócito T) ou permanecendo na
medula óssea (linfócito B).
✓ A maturação destas células
corresponde à aquisição de
recetores específicos de antigénios.
Quando tal acontece tornam-se
células imunocompetentes.
✓O conjunto de linfócitos com
recetores para um determinante
antigénico constitui um clone.
Seguidamente, os linfócitos passam para a circulação sanguínea e linfática
e acumulam-se em órgãos como o baço, amígdalas e gânglios linfáticos.
Durante o processo de
maturação, os linfócitos
adquirem também a
capacidade de distinguir
o que é próprio do que é
estranho ao organismo.
ANTIGÉNIOS

✓ Um antigénio é qualquer molécula que


ativa o sistema imunitário, sendo capaz
de desencadear uma resposta específica
de um linfócito.
✓ Pode ser uma molécula pertencente a
um vírus, bactéria, protozoário, parasita
ou moléculas estranhas ao organismo
como as que se encontram no pólen, no
pelo dos animais ou nas células de
tecidos transplantados.
Um antigénio possui várias regiões capazes
de serem reconhecidas pelas células do
sistema imunitário - determinante antigénico
ou epítopo.

Cada pessoa tem uma grande diversidade de


linfócitos B e T com diferentes recetores
permitindo reconhecer um número incalculável
de antigénios.
Imunidade mediada por anticorpos ou
imunidade humoral

Imunidade mediada por células ou


imunidade celular
✓A imunidade humoral é
mediada por anticorpos que
circulam no sangue e na linfa e
que são produzidos após o
reconhecimento do antigénio
por linfócitos B.

✓ Um anticorpo é uma proteína


(solúvel) específica, produzida
em resposta à presença de um
antigénio com o qual reage
especificamente.
✓ Os anticorpos são cadeias polipeptídicas designadas por imunoglobulinas (Ig).
✓ Têm a forma de um Y e são formadas por 4 cadeias polipeptídicas: 2 cadeias pesadas e
2 cadeias leves.
✓ Possuem uma região constante, muito semelhante em todas as imunoglobulinas e uma
região variável, distinta e própria de cada tipo de anticorpo, onde se estabelece a ligação
com o antigénio, formando o complexo antigénio-anticorpo.
✓ Dado a sua forma de Y, cada anticorpo tem 2 regiões variáveis e por isso 2 locais de
ligação ao antigénio.
1. Os linfócitos B reconhecem
os antigénios através de
recetores específicos.

2. Após a ligação antigénio - recetor, 3. Plasmócitos - de vida


verifica-se a ativação dos linfócitos relativamente curta
que possuem esse tipo de recetor; produzem anticorpos que
Os linfócitos multiplicam-se se difundem através do
originando-se dois tipos de clones: sangue e da linfa.

4. Células memória -
permanecem vivas
durante um longo
The Immune
período de tempo, Response HD
prontas a responder Animation -
quando necessário. YouTube
✓ A imunidade celular é mediada pelos
linfócitos T e é particularmente efetiva
na defesa do organismo contra
agentes patogénicos intracelulares
(parasitas multicelulares, fungos), pela
destruição de células infetadas por
bactérias ou vírus e contra células
cancerosas (vigilância imunitária).

✓ É também responsável pela rejeição


de enxertos e de transplantes.

Destruição de uma célula infetada


por um linfócito TC
https://www.youtube.com/watch?v=4s6IzVbyq-4
The Immune Response HD Animation - YouTube
As células apresentadoras podem ser macrófagos, que fagocitaram e
processaram agentes patogénicos, podem ser linfócitos B, células infetadas,
células cancerosas ou células de outro organismo.
1. O processo tem início com a
apresentação do antigénio aos
linfócitos T auxiliares (TH).

Após fagocitar e digerir agentes


patogénicos, formam-se
fragmentos de moléculas com
poder antigénico que são
inseridos na membrana do
macrófago.

Assim, os macrófagos exibem na sua superfície o antigénio,


apresentando-o aos linfócitos TH que o reconhecem devido aos
recetores específicos que possuem, ficando ativados
2. O clone de linfócitos T auxiliares divide-se e diferencia-se em
linfócitos T citotóxicos (TC) e linfócitos T de memória.

Os linfócitos T auxiliares também libertam mediadores químicos


(citoquinas) que estimulam a fagocitose, a produção de interferão
e a produção de anticorpos pelos linfócitos B.
3. Os linfócitos T citotóxicos (TC) são ativados pelos antigénios
presentes em células infetadas ou em células cancerosas.
4. Os linfócitos T citotóxicos (TC) ligam-se às células estranhas ou
infetadas e libertam sobre elas citotoxinas induzindo a sua
apoptose
5. Os linfócitos T de memória desencadeiam uma resposta mais rápida e
vigorosa num segundo contacto com o mesmo antigénio.
Imunity - OMS (Pacote Báscio) - YouTube
MEMÓRIA IMUNITÁRIA
Resposta secundária

Primeira exposição ao antigene X


ao antigene X

Segunda exposição ao antigene X e


Concentração de anticorpos

primeira ao antigene Y
Anticorpos X
Resposta primária Anticorpos Y
ao antigene X Resposta primária
ao antigene Y

Mais rápida Resposta Imunitária 2ª Mais intensa Dias

Inside the Lab That Invented the


COVID-19 Vaccine - YouTube
Maior duração
MEMÓRIA IMUNITÁRIA
There are four
types of COVID-
19 vaccines:
here’s how they
work - YouTube
All Types of
COVID-19
Vaccines,
How They
Work,
Animation. -
YouTube

RNA Vaccines
(mRNA Vaccine) -
Basis of Pfizer and
Moderna COVID-19
vaccines,
Animation -
YouTube
✓ O sistema imunitário pode revelar várias
deficiências no seu funcionamento dando
origem a desequilíbrios e doenças.

✓ Algumas doenças resultam de uma reação


excessiva do sistema imunitário –
hipersensibilidade - em relação a agentes
estranhos inócuos ou aos próprios
constituintes do organismo.

✓ Outras doenças resultam da incapacidade do sistema imunitário


responder com eficácia aos agentes que ameaçam o organismo
– imunodeficiências.
✓ As alergias são estados de
hipersensibilidade (respostas exageradas)
a determinados antigénios específicos do
meio ambiente designados por
alergénios, geralmente inofensivos como:
• Pólen
•Ácaros
• Pó
• Esporos
• Pelo de animais
• Produtos alimentares
• Produtos químicos

✓ Podem conduzir a consequências graves com lesões de tecidos e


órgãos.
Primeira
exposição

Segunda
exposição
•Vasodilatação dos capilares
•Aumento da permeabilidade
•Obstrução das vias respiratórias
•Produção de muco e secreções
•Espirros e tosse
O antigénio (alergénio) entra no organismo e
é captado por células apresentadoras que
ativam linfócitos T específicos.

Os linfócitos T auxiliares produzem


mediadores químicos que ativam linfócitos B.
Estes diferenciam-se em plasmócitos.

Síntese e libertação de grandes


quantidades de IgE pelos plasmócitos.

O anticorpo IgE liga-se, pelo segmento


constante a vários tipos de células
O antigénio entra de novo no
organismo.

O alergénio combina-se com a IgE


existente na superfície dos mastócitos,
desencadeando a libertação de histamina.

A histamina provoca a dilatação dos vasos


sanguíneos, causando a saída de fluídos e
edemas; origina a secreção de grandes
quantidades de muno; causa a contração
dos bronquíolos pulmonares.
Mastócito libertando grânulos
de histaminas.
✓ Inicia-se, geralmente, mais de 12 horas
após a exposição ao antigénio.
✓ Está associada a reações imunitárias
mediadas por células (imunidade celular)
com respostas muito intensas dos linfócitos T
e macrófagos que podem provocar lesões
nos tecidos.
✓ Os eczemas de contacto, por exposição
repetida a lixívia, cosméticos, cimento, tintas,
metais, etc, enquadram-se nestas alergias.
Eczema de contacto
Algumas reações alérgicas podem conduzir a um
choque anafilático, que é provocado pela
diminuição brusca da pressão arterial em
consequência do aumento da permeabilidade dos
vasos sanguíneos.

Os sintomas das alergias podem ser tratados com


anti-histamínicos.
As doenças autoimunes resultam de uma
reação de hipersensibilidade do sistema
imunitário contra antigénios próprios.

Existem vários tipos de doenças autoimunes,


sujos sintomas se relacionam com o tipo de
Esclerose múltipla
tecido que é atacado e destruído pelo sistema
imunitário do próprio organismo.

Lúpus
Artrite reumatoide
Diabetes insulino-dependente
Imunodeficiência congénita ou inata

✓ Pode ser causada pela falta de linfócitos T, que se traduz por uma maior
sensibilidade a agentes infeciosos intracelulares, vírus e cancros, e/ou a falta de
linfócitos B, que se traduz numa maior sensibilidade a infeções extracelulares.
✓ A imunodeficiência grave combinada (SCID) caracteriza-se pela ausência de
linfócitos T e B. Os doentes são extremamente vulneráveis e apenas
sobrevivem em ambientes completamente estéreis.
✓ O tratamento pode ser conseguido por transplante de medula óssea ou
terapia génica.
Imunodeficiência adquirida (SIDA)
✓ O HIV é um retrovírus que infeta
principalmente os linfócitos TH, mas
também outros linfócitos,
macrófagos e células do sistema
nervoso.

✓ No interior da célula hospedeira,


o RNA viral é transcrito para cDNA
pela transcriptase reversa e é
integrado no genoma da célula.
Quando ativo, o DNA viral dirige a
produção de novos vírus que
causam a destruição da célula
hospedeira e infetam novas
células.
Imunidade

Ativa Passiva

O indivíduo é estimulado Aquisição de anticorpos


a produzir os seus provenientes de outro
próprios anticorpos organismo

Natural: infeção de Artificial: ativação de Artificial:


um agente linfócitos B por Natural: anticorpos
patogénico com contacto com o anticorpos presentes em
ativação de antigénio presente presentes no soros extraídos
linfócitos B nas vacinas leite materno de outros
indivíduos.

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