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A ESCOLA CONTEUDISTA COMO GATILHO PARA TRANSTORNOS PSICOLÓGICOS

MODERNOS

De que maneira o ensino baseado em conteúdos têm deixado crianças e adolescentes


precocemente afetados por crises de ansiedade e picos depressivos.

Antes de tudo, comecemos do começo: o conteudismo praticado pela maciça maioria das escolas
no Brasil com milhões de alunos é um grande erro científico e não se justifica em termos
pedagógicos.

E sim, vamos admitir desde já: praticamente a totalidade dos que são pais hoje foram formados
em escolas conteudistas entre a década de 80, 90 e 2000 - e isso não significa que só por esta
razão o conteudismo seja válido, eficiente e correto.

Pesquisas atuais baseadas na evolução das melhores formas de ensino das novas gerações,
atrelados à hiper conectividade e ao excesso de informações disponíveis, demonstram como
quando sujeitamos as crianças a uma rotina conteudista em uma escola está levando seus
cérebros a um conflito psicológico com consequência danosas em um futuro próximo.

Muitos pais já tem vivenciado essa realidade em suas casas - crianças com crises de ansiedade,
ataques de pânico ou crises depressivas - sem que os pais tenham qualquer ferramenta que os
auxilie a socorrer seus filhos de maneira efetiva durante esses eventos.

Adolescentes em total descompasso emocional e sem relações interpessoais potencializadas


pelos aplicativos de isolamento humano (com milhares de amigos em redes sociais), desgastados
e estressados com conteúdos cumulativos, excessivos e literalmente “vomitados” pelos que
adotam o conteudismo como formação educacional.

Aceitar até mesmo o óbvio muitas vezes é difícil para pais e cuidadores de crianças e
adolescentes do século 21. Admitir que deixamos nossos filhos entregues a educadores forjados
em despejar conteúdo em série, para cumprir apostilas e bater metas de cursinhos e de páginas
por “semana” pode ser muito dolorido - afinal queremos o melhor para eles - e não que fiquem
doentes.

Certamente que há uma polêmica aqui institucionalizada - mas que poucos tem a coragem de
cutucar: o sistema de transferência do conhecimento via “funil” - onde a cabeça dos alunos é vista
como um buraco vazio - e o professor é o detentor do líquido “conhecimento” que é despejado -
talvez não poderia ser melhor expressado do que nesta figura de linguagem.

Olhe para o seu passado educacional e veja você mesmo: foi assim que você foi educado -
milhares de apostilas, centenas de tarefas, provas sem sentido que medem a capacidade de
decoreba - e dispensam a capacidade de raciocínio crítico e lógico.

Lembrou das fórmulas e datas dos eventos históricos que precisou decorar para tirar 10 e passar
de ano?

Não? Perfeito! Está comprovado o quão ineficaz e falho é a sistemática do ensino conteudista.
Na geração atual, onde os dados e as informações educacionais estão ilimitadamente disponíveis
nas pontas dos dedos, serem formados em uma escola conteudista é um atentado psicossocial à
saúde mental destas pessoas em formação!

Obrigar as mentes da nova geração a se sujeitar a rotinas enfadonhas, desinteressantes e


monótonas de memorização (sem sequer ensinar técnicas de fazê-lo) apenas pelo despejo
indiscriminado de toda a “sabedoria” setorizada e bancarizada do século 19 e 20 - tende a causar
crises imprevisíveis em saúde mental para crianças e adolescentes.

Sob o argumento do “bom ensino” que os pais formados em escolas conteudistas alegam querer
para seus filhos - não percebem que sequer estão formando seus herdeiros para o desemprego e
a infelicidade plena.

Conteudismo ensina hard skills.

O mundo contemporâneo quer soft skills.

Não sabe o que significam estes termos? Ponto negativo do conteudismo mais uma vez!

Conteúdo “empelotado” sem significado e iteração só serve para uma coisa no mercado atual:
transtornos psicológicos levando nossa infância e juventude precocemente a quadros
psicossomáticos que os obrigarão cada vez mais cedo a tomar remédios contra a ansiedade,
fazer terapia e a terem dificuldades de relacionamento interpessoal.

Engana-se quem pensa que a dita socialização que ocorre nos meios educacionais desses alunos
é suficiente para protegê-los ou curá-los de tais transtornos - pelo contrário - podem até piorar o
quadro - especialmente se a competição pelos que conseguem decorar mais versus os que
conseguem decorar menos trouxer a humilhação para o meio escolar em cada sala desse imenso
Brasil.

Talvez esta seja a razão pela qual o ENEM atualmente adota uma postura cada vez menos
conteudista - só os pais daquela época é que não percebem - e ainda vão criticar seus filhos que
não tirarem boas notas nas provas. Ponto negativo para o conteudismo!

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